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segunda-feira, outubro 10, 2005

Falência da Economia Capitalista – o regresso às Cavernas


Os discursos que os maquiaveis pós-modernos ululam clamando a vitória da economia sobre a politica, a moral e a ética – remete para um risco geral de retrocesso civilizacional. As práticas fraudulentas dos novos “príncipes” nas gestões correntes empresariais que se generalizam, remetem para o embrutecimento das consciências expurgadas de todos os valores, substituidos por razões de eficácia, de interesses próprios, enfim, pela eliminação da noção da sua própria culpa.
A longa lista de falcatruas pontuais* - as práticas de mostrar resultados ficticios e inflacionados para obter lucros indevidos - pela sua relevância remetem para a existência de uma inegável crise conjuntural, enquanto localmente a nivel individual os pequenos furtos se sucedem. Apesar disso, os comentadores e suas partenaires nas televisões em Portugal fazer crer que tudo se resume às actividades criminosas de um insignificante “bando dos Quatro”que com o presidente da Madeira são Cinco, nas autarquias, ao utilizarem empresas municipais paralelas para encobrirem resultados e delegarem prejuizos. Como Santana Lopes utilizou a EPUL para relegar os custos das negociatas com terrenos de propriedade da Câmara de Lisboa. Mas estas práticas, como única sobrevivência do capitalismo, são generalizadas em todos os lados e a todos os níveis. O caso que fundou a bíblia virtual dos vigaristas e inaugurou a era da economia da trapaça foi o dos executivos da WorldCom uma empresa-simbolo da economia norte-americana, que falsificaram o balanço da multinacional, lançando cerca de 4 biliões de dólares de perdas como se fossem investimentos da empresa para encobrir uma dívida gigantesca de US$ 41 biliões e manter em alta a cotização das acções em Bolsa. Quando o caso se tornou conhecido em 2002 as acções da companhia que valiam 95 dólares cada, passaram a valer meia-dúzia de cêntimos. Bernard Ebbers julgado por estas fraudes poderia ter sido condenado a 85 anos de prisão. Mas trata-se de gente próxima da Administração Bush que até às vésperas do estoiro estavam potencialmente indigitados para postos-chave no governo dos EUA, tal como p/e Kenneth Lay, da Enron, outro caso similar. Noutro caso de irregularidades em demonstrações financeiras de empresas americanas, a Xerox anunciou que reclassificará US$ 6,4 biliões em receitas, referentes a um período de cinco anos. Com a generalização destas práticas é crivel que o próprio PIB norte-americano esteja altamente inflacionado por valores ficticios. Mesmo assim o défice da conta-corrente dos Estados Unidos continua a aumentar, prevendo-se que alcance os 900.000 milhões de dólares correspondentes a 6,7 % do PIB em 2006. O tempo da hegemonia deste tipo de economia está em tempo de finados. A saída para a sua rentabilização foi a guerra, que tem custos astronómicos – até quando?
Muito oportunamente José Saramago intitula o seu próximo romance de as “Intermitências da Morte” – com lançamento em Lisboa a 11 de Novembro.
"Eu é que os topo!"

Convém lembrar que segundo Timothy Garton Ash “a civilização em que vivemos é protegida por uma camada extremamente fina – basta um abalo – e ela estala passando cada um a lutar furiosa e instintivamente pela vida como cães selvagens”.Nesta óptica é interessante ler o dossier intitulado “Crime e Terrorismo Doméstico”
No seu livro "Manias, Panics & Crashs" (1978), um clássico da história mundial da especulação financeira, Charles Kindleberger, professor emérito do Massachusetts Institute of Technology (MIT), afirma que todas as vezes que as bolhas especulativas ocorrem parecem ser diferentes, mas na realidade têm inúmeras semelhanças entre si. A crise que antecedeu o crash de 1929 tem inúmeras semelhanças com o momento actual.

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