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O primeiro destes enigmas continua sem resposta, mas o segundo de facto deixou de o ser, graças àquele que há mais de meio século é o mais fiel, e talvez o mais intimo, amigo e admirador do general Ariel Sharon: o jornalista israelita (de Direita) Uri Dan.
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No livro recentemente publicado, Uri Dan sugere abertamente que o amigo mandou liquidar o Rais: “Mal Sharon recuperou liberdade de acção, na sequência do encontro de 14 de Abril de 2004 com o presidente Bush, o estado de saúde de Arafat deteriorou-se. Transportado em Outubro para o Hospital Militar de Percy, em Clamart, morreu a 11 de Novembro. Só regressou a Ramallah para ser enterrado” (pag. 403). E põe os pontos nos “i”: “O meu artigo no Maariv começa desta forma: Ariel Sharon irá figurar nos livros de história como aquele que liquidou Arafat sem o matar” Farão as três palavras finais alusão ao método utilizado?
A liquidação de um presidente democraticamente eleito precisava de um acordo, pelo menos tácito, do presidente norte- americano. Ora, Uri Dan revela que Bush permaneceu impávido quando ouviu as palavras de Sharon sobre as intenções que tinha em relação a Arafat. “Sem dar a Sharon autorização para liquidar Arafat”, escreve, “também não procurou impor-lhe novos compromissos” (pag. 401). Mais um detalhe significativo. O tempo passa e Uri Dan pergunta ao primeiro- ministro israelita por que razão não faz nada em relação a Arafat: “Não o matamos, não o expulsamos. Ele goza então de imunidade absoluta?” – “Deixa-me resolver as coisas à minha maneira!”, responde o general. E Uri Dan acrescenta: “Coisa invulgar entre nós, ele pôs bruscamente fim à nossa conversa” (pag. 403).
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"As tensões do mundo contemporâneo (e este livro refere, precisamente, uma grande e permanente tensão de agressões repetitivas) vão contribuindo para o redespertar progressivo do interesse pelas temáticas relativas ao destino ou à vocação transcendente do homem" (do prefácio)
Matar pela conquista de espaço vital voltou a ter a mesma ideia religiosa, sagrada, que presidiu aos tempos mais obscuros durante a Idade Média. É o progresso - desta feita, porque vem a par com a tecnologia, ainda mais negro.
(fonte: Al-Jazeera, via Palestina Libre)
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