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“Dos modelos (de
antevisão climática), já concluimos que em 2025 (estamos a meio de 2007), haverá problemas sérios de falta de água: na Peninsula Ibérica (única região da Europa com essa ameaça), na Manchúria, na Austrália, na Namíbia (onde toda a água dos esgotos já é tratada e reutilizada), nos Estados do Oeste dos Estados Unidos, num prolongamento do deserto do Texas. Dos modelos também concluimos que por volta de 2100, daqui a 93 anos, os glaciares da Terra terão desaparecido. Entretanto, continuando a retroceder, os fluxos de água no Verão vão diminuir e a água disponivel será reduzida. Mas em Portugal temos projectos de grande exploração do “maior lago artificial da Europa”.
Com que água?”
Prof. Anthímio de Azevedo
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“Enquanto o clima da Terra mudar, a Terra é um planeta vivo. Da sua história climática temos dois testemunhos: os gelos da Gronelândia que nos dão 15.000 anos e os da Antártida que nos dão 420.000 anos. O sistema climático global, ou o clima de toda a Terra, é composto por cinco subsistemas: a Atmosfera (todos os gases), a Hidrosfera (todas as águas), a Litosfera (todas as rochas), a Criosfera (todos os gelos) e a Biosfera (todos os seres vivos: animais e plantas). Estes cinco subsistemas estiveram em equilíbrio, apesar de e com as suas interacções.
O desiquilíbrio começou com a Revolução Industrial, mais precisamente em 1785. Em pouco mais de dois séculos colocámos o planeta Terra à beira do desastre, e não é exagero, por desiquilíbrios que os subsistemas referidos não conseguem compensar. E o vilão foi o único animal que destrói o seu ambiente: o homem”. A citação do metereologista Anthimio acaba aqui. No restante, do artigo publicado na “
Seara Nova”, não se dá qualquer pista para entender que os homens não são todos iguais, que ocupam posições muito diferenciadas na
cadeia de interesses que forma o sistema responsável pelo descalabro e, sobretudo, porque é que foi muito mais fácil provocar um deserto do que a partir de agora será recuperá-lo.
No relatório da
WMO “
Climate Change 2007: Mitigation of Climate Change” que sumariza indicações necessárias e urgentes para os decisores politicos constam diversos gráficos que são eloquentes: os EUA, uma minoria de 300 milhões em termos demográficos, consomem mais de 25% de toda a energia de origem fóssil produzida no planeta e são responsáveis por mais de 28% das emissões globais de CO2, contra 11,4 % da Europa e menos de 5% de todo o continente Africano.
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Perante estes dados concretos, observáveis até nos vestígios residuais do capitalismo global, é curioso constatar como o chefe de fila da “
Refundação Comunista” Fausto Bertinotti nas “
Teses da Maioria” apresentadas ao V Congresso, concluiu que “a noção clássica de imperialismo, nos termos definidos por Hilferding, Rosa Luxemburg e Lenine,
passou à história, sendo hoje inadequada”.
A luta de classes acabou? - Embora estejamos todos em posições
iguais perante as consequências ambientais e sociais que são “distribuidas” aos pobres pelo capitalismo financeiro de produção sionista, não é crível que se possa daí inferir que as condições de acumulação do capital que explora os trabalhadores nos paises desenvolvidos (subtraindo-lhes as mais-valias) e os consumidores (pela subtracção dos antivalores acrescentados a mercadorias supérfluas) tenham alguma vez mudado no essencial.
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“
Rapport secret du Pentagone sur le changement climatique”, de Peter Schwartz e Doug Randall, Ediç. Allia, Paris.
O Departamento de Defesa do Pentágono encomendou este estudo porque queria ter uma noção do impacto sobre a segurança dos EUA no caso de uma mudança climática súbita.
As conclusões foram tão alarmantes que não o divulgaram. Os autores do relatório consideram provável que, a manterem-se as práticas industriais actuais, se verifique um aquecimento constante até 2010, seguido de um arrefecimento que produziria no planeta uma perturbação com consequências geopolíticas nos 30 anos seguintes: desaparecimento de cidades no litoral devido à subida do nível do mar, perturbações da produção agrícola e da energia, deslocação de populações, rarefacção da água potável, fomes, revoltas generalizadas, etc. Quanto a nós, este cenário arrepiante e algo catastrofista tem, ainda que indirectamente, a grande vantagem de reclamar todos os esforços dos que apostam em pôr termo ao “desenvolvimento” suicída imposto pela globalização capitalista. Muitos dos perigos previstos podem concretizar-se, alguns já estão em curso e por isso há que acabar com a ameaça, antes que ela acabe connosco.
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O Professor Kenneth S. Deffeyes, da Universidade de Princeton, um dos mais eminentes geólogos dos EUA, autor de “
Beyond Oil”, diz (pág.98) o que se segue:
“(...) em resumo, o carvão é barato, o carvão é versátil, e as principais economias industriais têm vastos depósitos de carvão. Face à eminente escassez de petróleo, um plano de jogo possivel é: 1) substituir o gás natural por carvão para a geração de energia eléctrica; 2) substituir o combustivel dos automóveis e camiões por gás natural; e 3) preservar o petróleo remanescente para a aviação.(...).
Mais adiante o Prof. Deffeyes acrescenta: “Fantasiar acerca de uma frota de automóveis não poluentes a pilha de combustivel (
fuel cell) para daqui a vinte anos
não compensará o declínio da produção petrolífera nesta década” (sic).
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Foi sem dúvida o conhecimento antecipado destes dados que levou a Admistração americana a decidir-se pela ocupação do Iraque a partir de onde, com o apoio do Sionismo internacional de que são representantes, estabelecerá as raizes que lhe permitirão tomar posse administrativa de todo o Médio Oriente e da sua produção petrolífera. A partir daí muda-se de paradigma, dando-se livre curso à “
Indústria Climática” onde os investimentos e os interesses das grandes
multinacionais,
as mesmas de sempre servindo as mesmas élites de sempre, há muito tomaram a dianteira.
Fique-se então a saber que,
de cada vez que um activista ambiental a partir de agora levantar a sua bandeira pela defesa ecológica do planeta, sem que se afirme inequivocamente como anticapitalista, estará indirectamente a contribuir e a apelar ao lucro indispensável para a acumulação capitalista sob o novo paradigma: o do Imperialismo Biológico – as aves de rapina da humanidade que precisaram de destruir para ganhar, querem agora continuar a lucrar com as consequências da destruição.
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Neste contexto, passe o próximo carnaval eleitoral Hillary-Obama, não haverá grande surpresa se o "eleito" para a nova gerência da gestão imperialista vier a ser
o sonso Al Gore (que é actualmente depositário de milhões nas suas actividades ditas ecológicas - vendidas a 36 mil contos cada conferência). Conforme Gerald Ford, como primeiro acto da sua administração perdoou os crimes que Nixon cometeu, assim Gore perdoará também a
Bush, cujos crimes, na óptica americana, são
um mal necessário.
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Entre nós, na periferia, a
Fundação Gulbenkian, ela mesma “
produto cultural” da actividade de um mecenas petro- multimilionário que chegou a porto seguro oriundo de uma das zonas mais pobres e inóspitas do planeta, enquanto mantém inúmeros interesses em explorações petrolíferas, organiza ela própria um
importante fórum sobre “
alterações climáticas”, pese embora o facto de a maioria dos dados e nomes citados neste post
não constarem do programa.
"
aprende a nadar companheiro, que a maré se vai levantar"
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