Perante a pulverização de votos que se adivinham e a eleição de uma miriade de pequenos grupos politicos na composição do próximo executivo municipal, a Câmara continuará ingovernável, tanto mais que não existe qualquer projecto para a cidade proposto pelos partidos, que não tenha como principal fundamento a conservação de lugares ao serviço dos,,, partidos. Neste quadro, uma das originalidades das eleições intercalares em Lisboa seria o dos eleitores deixarem de fora o vereador independente José Sá Fernandes, ou seja, o principal responsável pela denúncia dos factos que levaram à queda do executivo do PSD- Santana -Carmona.
João Teixeira Lopes:
"José Sá Fernandes e o Bloco de Esquerda deram um exemplo claro e afirmativo de abrangência e unidade ao convocarem todas as forças não comprometidas com o torpe status quo da Câmara Municipal de Lisboa no sentido de apresentarem uma alternativa coerente e ganhadora. As reacções são conhecidas: o PCP, sempre tão ufano na reivindicação unitária, cedeu aos insultos. O PS, de forma atrapalhada, invocou questões processuais e dificuldades burocráticas. Helena Roseta desmarcou uma reunião já agendada para discutir a magna questão.
Sejamos frontais: o sectarismo e os protagonismos carismáticos e narcísicos impediram a convergência necessária. Em consequência, o Bloco de Esquerda apresentará uma candidatura própria, encabeçada por José Sá Fernandes. O vereador e o Bloco de Esquerda foram a face visível do combate à corrupção na autarquia lisboeta, a alternativa consistente à opacidade dos procedimentos, ao facilitismo, às redes clientelares de interesses e às sombras que tentam esconder tais esquemas na névoa suja da mentira. Pelo espaço público, contra a privatização do direito à cidade; pela mistura social contra os ghettos de ricos (condomínios fechados) e pobres (habitação social mal construída e à pressa, segregadora e estigmatizante); pelo verde contra o betão; pelo cosmopolitismo contra a xenofobia. Sá Fernandes foi um tribuno atentíssimo e bem preparado contra a prepotência e o atropelo à lei. O Bloco de Esquerda orgulha-se de o ter como seu símbolo, embora sempre respeitando o seu estatuto de independente.
Eis chegada, pois, a altura de confrontar projectos. Venham as ideias, tranquem-se a sete chaves os protagonismos vãos. Se há projectos e não apenas vaidades pessoais, que entrem na liça da argumentação racional e democrática. Poupem-nos ao discurso demagógico anti-partidos, forma fácil e rasteira de dissolver a cidadania activa numa desconfiança generalizada que não separa o trigo do joio. O Bloco orgulha-se de ser um partido político, mas nada tem a ver com a corrupção, o tráfico de influências, os podres poderes. Nascemos para os combater. Em Lisboa, no país, no mundo"
(publicado no Esquerda.net)
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