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segunda-feira, maio 28, 2007

Imaginem! ¿Quem está por detrás dos combates no norte do Líbano?

Leia-se este recorte de um jornal de ontem (clique na imagem para ampliar). Dá para perceber quem são os “guerrilheiros da neófita Fatah Al-Islam?” Não dá.

Franklin Lamb, um cooperante da Comissão da ONU para os Direitos Humanos (UNHCR) descreve no Counterpunch.Org a forma como envergando uma esfarrapada camiseta que guardou da guerra Hezbollah-Israel de Julho do ano passado, entrou no campo de Nahr el-Bared com a missão de levar ajuda alimentar, colchões e roupas aos refugiados palestinianos. “Perguntei-me quem estava por trás dos acontecimentos que tiveram uma erupção tão rápida e violenta depois de um suposto “assalto a um banco” onde, dependendo da posição ideológica da pessoa com quem se fala, “bandidos mascarados” embolsaram 150 mil, 1.500 ou 150 dólares. Parece que cada meio noticioso em Beirute tem a sua fonte de “informação confidencial” – como costumava dizer o 1º Ministro assassinado Rafic Hariri: “¡no Líbano, não creias em nada do que te dizem e acredita só em metade do que vês!

Conforme nos aproximávamos do baluarte da Fatah Al-Islam depois de mais de três dias de bombardeamentos ao ritmo de 10 a 18 obuses por minuto, mais de 100 mortos, à vista das casas carbonizadas de onde exala um cheiro pútrido a carne queimada, ficámos sujeitos aos franco atiradores do exército libanês que impedem a entrada de água ou alimentos para os 45.000 habitantes do gueto. Algumas áreas estão destruidas em mais de 70 por cento; não há electricidade. O exército confisca as câmars dos jornalistas e controla a informação. Apenas 40% da população foi evacuada. No campo de Badawi onde havia 15 mil pessoas estão agora 28 mil. Em Bared disseram-nos que o Exército teria de destruir todas as casas para expulsar os guerrilheiros.
Das pessoas com quem conseguimos falar, todas afirmaram que os militantes da Fatah Al-Islam (FAI) começaram a chegar nos fins do Verão de 2006 e nenhum deles tem parentes no campo; são da Arábia Saudita, Paquistão, Argélia, Iraque Tunes e outros sitios. Não há palestinianos entre eles excepto os poucos delegados e afirmam ser pagos pelo grupo Hariri. Desmentem a informação que estejam a ajudar a população: "tudo o que fazem é rezar nos intervalos dos treinos militares”

Se virmos os dramáticos antecedentes dos 433.276 refugiados palestinianos nos 12 campos oficiais e 7 semiclandestinos do Líbano não surpreende que tenham simpatias pela Al-Qaeda, seja lá o que isso fôr, senão mesmo filiados em organizações como agora a FAI, os Soldados de Damasco (Jund al-Shams, “Sham” en árabe significa a Siria, Líbano, Palestina y Jordania), Filhos dos Mártires (Ibns al-Shaheed) as Comunidades da Iluminação (Issbat al-Anssar ou Issbat al-Noor) e muitos outros. Depois da invasão do Iraque e do Afeganistão, e do novo alento de Bush para que Israel possa destruir o Libano e as fontes de revolta, a situação assemelha-se hoje aos anos 80 da guerra civil, quando começaram a chegar grupos para resistir à invasão aprovada pelos EUA. Porém, hoje, em vez de militantes chiitas pró Hezbollah, os grupos actuais são islamitas sunitas contra o Hezbollah, financiados por patrocinadores comprometidos com a obscessão da Casa Branca em debilitar o Hezbollah depois da derrota de Israel em Julho de 2006.

David Welch
Para se compreender o que se está a passar com a FAI é necessária uma breve, porém tenebrosa introdução ao “Clube Welch” do Líbano. O clube deve o nome ao seu padrinho, David Welch, adjunto da secretária de Estado Condi Rice, que é um homem de mão do governo de Bush dirigido pelo judeu-americano Eliot Abrams (the last neocon standing). São membros chave do Clube Welch o veterano de guerra civil libanesa, senhor feudal da guerra Walid Jumblatt do Partido “Socialista” Druso (PSP), Samir Geagea, um terrorista que passou onze anos na prisão condenado por massacres contra cristãos pela Falange e Milicias Libanesas (LF), o mesmo grupo que coordenou também o massacre de 1700 palestinianos em 1982 em Sabra-Chatila (então dirigido por Elie Hobeika), o multimilionário Xeique Saad Hariri, líder do Movimento Futuro Sunita (FM).
Para formar as novas milicias, o PSP e a FM reuniram antigos extremistas dos antigos campos que haviam sido marginalizados durante a ocupação síria do Líbano, formando células para servir de cobertura a projectos anti-Hezbollah – o plano era culpar a Al-Qaeda e a Síria com acções de “terroristas islamitas”, entre as quais as FAI, desde que não comprometessem “o Clube”. Cada combatente recebia 700 dólares por mês, o que não é nada mau no actual Líbano.

A primeras das milicias financiada pelo Clube Welch, estabelecida pelo FM foi a Jund-al-Sham, também conhecida por Jund-el-Sitt (soldados de Sitt, onde "Sitt" em Sidón, Ain-el-Hilwa e os suburbios pertencem a Bahia Hariri, a irmã de Rafiq Hariri, tía do Xeique Saad, deputado no parlamento); a Fatah-al-Islam (o nome, sagazmente inventado, une a Fatah do idioma palestino e a palavra Islam como em Qaeda) que tem 400 combatentes pontualmente pagos até antes dos acontecimentos da semana passada. Os dirigentes reciberam apartamentos de luxo con vista para o mar em Trípoli onde armazenaram armas e residíam quando não estavam no campo de Nahr-al-Bared. ¿Adivinhem quem é o dono dos apartamentos?

Os grupos actuaram seguindo directivas do presidente do Clube, Saad Hariri. ¿O que correu mal? ¿Porquê “o assalto ao banco” a a matança em Nahr el-Bared?
Segundo membros da FAI, o governo de Bush entrou em pânico desde que Seymour Hersh anda a espalhar a notícia que a disciplina no Iraque-pós-Bush está em queda livre, enquanto os serviços de informações do Hezbollah sabiam antecipadamente dos planos de Clube Welch e juram que impedirão por todos os meios a guerra civil sunita-chiita. Então, a semana passada, as coisas começaram a correr mal para o Clube Welch – a FM “suspendeu” a transferência do pagamento dos ordenados à FAI habitualmente feita através do Banco propriedade da família Hariri; a Fatah-al-Islam, tratou de negociar pelo menos uma verba de subsistência sem que o conseguissem e sentiram-se atraiçoados (muitos dos seus combatentes são adolescentes facilmente frustados se não conseguem enviar o dinheiro às suas familias) Membros da milicia assaltam o banco, mas quando subtraem os cheques que lhes deviam ser destinados verificam que os valores que o Partido FM recebe é na realidade muito superior àquilo que habitualmente recebem.

A imprensa controlada pelo FM afirma que os prejuizos causados pelo roubo é muito superior ao produto do assalto e que o Clube Welch vai obter das companhias de Seguros, ainda por cima, um imenso beneficio.
As forças de segurança, a policia do Líbano atacam os apartamentos da Fateh-al-Islam em Trípoli; o ataque correu-lhes mal e viram-se forçadas a chamar o Exército. Numa hora a FAI começou as represálias contra soldados e civis desencadeando o massacre. Como continuaram a não lhes pagar lutam agora contra o Exército, que não se dá conta de estar a ser vítima da conspiração do Clube Welch.

(Dos desenvolvimentos e previsões pode ler mais aqui, traduzido em castelhano)
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