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quarta-feira, maio 09, 2007

"a vertigem das urnas": mortos à mingua num buraco

Manon Lescaut, no drama lírico de Puccini estreado em 1893, é uma gaja boa como o milho, frivola, que, ao arreganhar o decote ao Chevalier Des Grieux o lança ora nos píncaros da felicidade, ora na desgraça do amor que os remete irremediavelmente para a pobreza e imoralidade. Na sua desmesurada ânsia de luxo Manon transmite ruína e dissipação – os dois amantes, outrora ricos e nobres, acabam a sobreviver de furtos e trapaças. Descoberta, Manon é punida como ladra com a deportação para os Estados Unidos – o Chevalier Des Grieux numa derradeira prova de amor consegue também ele autorização para ser deportado acompanhando a amada excomungada. Por fim, no meio de atrozes sofrimentos e privações no deserto além Atlântico, Manon, debilitada pelas penúrias do degredo sucumbe nos braços do amante recordando docemente os tempos em que tinham sido felizes.
Antes, em 1884, baseado também na novela do Abade Prévost, Jules Massenet tinha escrito a peça como ópera cómica. Na versão contemporânea transmitida hoje no Canal Arte, Manon qual personificação da França actual, é uma puta de cabaret que trabalha no varão e se envolve com o proprietário do bordel: um tal Chevalier de,,, Sarkozy – portanto: temos nova desgraça à vista,,, com epílogo trágico agendado para o mesmo clássico destino












Não foi por acaso que o alegado recém escolhido presidente francês aceitou ("escolheu") descansar das agruras da campanha a convite do presidente da multinacional Havas (o grupo lider mundial nas receitas de publicidade na Internet, p/e fortemente envolvido no controlo da "liberdade de imprensa" no Brasil ou na liofilização da imagem dos recentes atentados "terroristas" na Turquia).

O responsável criativo (chamemos-lhe assim) pelo marketing politico do grupo é o badalado Jacques Séguéla (auto-intitulado de "socialista" convicto) e que já meteu a mãozinha em "eleições" em mais de uma vintena de paises - qualquer semelhança com os processos de escolha dos dirigentes neoliberais, que emporcalham a Politica na era da globalização, é pura coincidência?
Cada vez temos mais razões para crer, para quem quer saber destas coisas, que Sarkozy, à imagem de Sócrates, é um fato de marca com um gajo bem-falante metido lá dentro

Para uma explicação mais técnica do panorama, passemos então a palavra à autora do excelente "Sociocracia":
"Num universo de cerca de 44,5 milhões de eleitores, Sarkozy recebe 18,98 milhões de votos a que corresponde a percentagem de 42,69% (arredondado às centésimas por aproximação). Royal recebeu 16,79 milhões de votos; ou seja: 37,76% dos votos (idem); considerando em ambos os casos, claro está, o total de eleitores, como tem de ser em DEMOCRACIA.
Somando abstenções com os votos brancos e nulos, constata-se que 8,7 milhões de leitores se recusaram a votar em algum destes candidatos. Repare-se que são mais eleitores do que a totalidade dos eleitores portugueses. Portanto, há um pequeno "país" maior do que Portugal que não quis nenhum destes candidatos. Portanto, Royal perdeu por mérito próprio… mas Sarkozy também não ganhou. É o mesmo cenário em toda a parte onde vigora este sistema eleitoral vigarista e nazi.
Os estúpidos alienados pela política e pela propaganda dominantes, que não sabem pensar pela sua cabeça, acham “isto” normal. Não percebem, esses cretinos, que estando em causa a governação dum país, não é admissível que alguém seja eleito, sem restrições, com uma percentagem tão diminuta de votos.
Para governar bem um país, com genuína legitimidade, é imprescindível o apoio duma maioria esmagadora da população… Ou então vivem-se crises atrás de crises, instabilidades e bloqueios, conflitos e problemas sociais, num ciclo vicioso maldito, porque não pode ser doutro modo, porque os dados estão viciados.
Estou a não considerar o facto de Sarkozy ter fama de neo-con e de estes serem useiros e treinados em fraudes eleitorais (fraude mesmo, viciação dos votos e dos números), fraudes para que costumam preparar a “opinião pública” através da manipulação das sondagens. Ainda resta saber se Sarkozy ganhou mesmo ou se foi eleito pela fraude… Mais uma vez se constata a imprescindibilidade e urgência na implementação da valoração da abstenção"
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