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quinta-feira, maio 17, 2007

Otelo e a Classe Operária

Opinião pública é uma coisa que só existe nos pequenos lugarejos. Nas capitais desaparece, substituída pela opinião que se publica.

«Nem militares nem padres porque o meu sonho foi sempre morrer sem intermediários»
Boris Vian

o Entre dois imperialismos,
"o Gato Félix
" toca o bombo,
Almada Negreiros, Museu do Chiado

Otelo Saraiva de Carvalho, 70 anos, a cada 25A faz habitualmente o pleno nas efemérides da imprensa côr de burro quando foge. Este ano transvazou-se do razoável ao autobiografar-se no Jornal de Letras; mas, sendo o estratega de Abril, não se pode dizer mal do gajo, sob pena de quem ousar fazê-lo ser metido no mesmo saco dos nacionalistas que gozam que nem uns perdidos com episódios, como por exemplo o do "minete fardado" num filme patrocinado pela SIC do bilderberg`er Pinto Balsemão.
Ficou famosa a deslocação de Otelo a Cuba, quando foi comandante do Copcon - pá para aqui, pá para acolá, toda a gente na ilha de Fidel se entreolhou embascada com a falta de cultura politica de tão insigne auto-enviado em nome da Revolução portuguesa; falhada por isso mesmo: por falta de cultura dos magalas responsáveis e por via disso, da assumpção das responsabilidades perante os compromissos assumidos no programa do MFA - que foram postos em causa, sem qualquer reacção do então graduado em General. Depois do 25 de Novembro os colegas dos Comandos aviaram-lhe as malas e fizeram-no regressar ao posto de Major (de onde nunca se deveria ter atrevido a sair).

A Questão do Exército tem a ver com a Questão do Estado, que é essencialmente um Aparelho de Repressão de uma Classe sobre outra

Em 1959 num almoço dos finalistas dos cursos do Exército, da Força Aérea e da Escola Naval, no Palácio de Belém (que já na época era mal frequentado) estiveram presentes, além do anfitrião - a Múmia da Ditadura Américo Thomás - os alunos Otelo Saraiva de Carvalho, Martins Barrento que viria a ser chefe do Estado Maior do Exército e o famigerado futuro Major das Batatas: Valentim Loureiro (foto JL) - saidos todos da mesma fornada, cada um ocupou o seu nicho de mercado: Otelo, bon-vivant dos bas-fon lisboetas durante periodo áureo da guerra colonial que enriqueceu toda uma geração de oficiais e sargentos lateiros militaristas, viria a notabilizar-se por, enquanto comandante do Copcon, mandar reprimir e encarcerar os primeiros presos politicos pós-25 de Abril, numa manifestação na Estefânia em que militantes do MRPP afrontaram milicias do Partido "Comunista"-MFA. Esse foi justamente o 1ºacto onde foi possivel avaliar a natureza de classe do Poder saído da revolução de Abril - nada mais do que uma nova etapa na modernização da exploração capitalista.
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