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terça-feira, agosto 26, 2008

Si, Si Puede?

a Convenção do Partido Democrata começou ontem em Denver; e sobre a verdadeira natureza do evento como de costume os Media nacionais plantam noticiários light: espalhafatoso acontecimento no Pepsi Centre, informação Coca-cola sobre as figuras envolvidas. Sabe-se que Barack Obama foi apresentado pela esposa Michelle e que discursaram os cunhados e os filhos tecendo loas às qualidades da celebridade como homem de familia. Hoje é a vez de Hillary convencer os relutantes a votar no senador do Illinois e Al Gore, como detentor do Nobel do novo paradigma capitalista asséptico será o único a discursar no mesmo palco, o estádio de basebol Invesco perante 75 mil espectadores onde Obama será entronizado (muito show-off com um final já cozinhado) onde, para a coisa acabar em bem, em glória eterna, algumas fontes admitem que o candidato acabaria assassinado (uma velha mania americana) – em virtude das sua qualidades inatas, como disse o agora promitente vice Joe Biden, o rei das gaffes, em 2007 - Obama é “o primeiro [candidato presidencial] afro-americano articulado, brilhante, limpo e bem parecido”. Enfim, um preto muçulmano porreiro!, em tempo mal caracterizado pela New Yorker, cuja verdadeira imagem em função dos apoios na medida em que se disponibiliza como marioneta Sionista deveria ser mais a de um rabi judeu.

Como escreve Serge Halimi em artigo de 1ª página no “Le Monde Diplomatique”, “Barack Obama tem sorte. Quer suceder a um dos presidentes mais impopulares da história do seu país, é jovem, é mestiço, e o mundo inteiro parece estar à espera que ele seja eleito para a Casa Branca. Parece pois mais bem armado que qualquer outro candidato para “renovar a liderança americana no mundo” (1). Ou seja, para reabilitar a marca América, para fazer com que as intervenções dos Estados Unidos no estrangeiro sejam mais bem executadas, por terem melhor aceitação – e mais aliados.
Incluindo as intervenções militares, em particular no Afeganistão: “construirei” promete, “um exército do século XXI e uma parceria do século XXI tão poderosos como a aliança anticomunista que venceu a Guerra Fria, para continuarmos em toda a parte na ofensiva, de Djibuti a Kandahar” (2). Aos que ainda imaginam que a possibilidade de virem a ter um presidente “multicultural” de pai queniano significaria ipso facto o advento de uma América new age e uma dança de roda em que todos os compinchas do mundo dariam as mãos, o candidato democrata já fez saber que se inspiraria mais na política externa “realista e bipartidária do pai de George Bush, de John Kennedy e, em certos aspectos, de Ronald Reagan”, do que nos Pink Floyd ou em George McGovern (3). O multilateralismo não é para amanhã; o imperialismo será contudo mais soft, mais hábil, mais concertado e quiçá um pouco menos mortífero – embora os oito anos de embargo impostos pela presidência de Bill Clinton tenham morto um número enorme de iraquianos...” (ler o resto)

¿ os direitos humanos vigentes no sinistro campo Gitmo de Guantanamo tendem a alastrar à generalidade do povo americano?

Topando de gingeira que os espera mais do mesmo, pequenas multidões de manifestantes ocorrem a Denver para protestar contra as mesmas previsiveis politicas de sempre. E que encontram? Vontade de mudança, como dizem os milhentos cartazes “Yes We Can Change”. Si, Si Puede para os hispânicos, Sim, nós sabemos, eles estão mudando o Povo – aqui está o que as pessoas encontram quando pretendem exercer os seus direitos constitucionais – a cidade de Denver em lock out barrada por forças policiais usando armas de controlo de multidões, prisão e encarceramento em caso de protesto em edificios jaula cercados de arame farpado, sem casas de banho, água ou camas. Sejam benvindos à Convenção Nacional dos Democratas. Este alerta vermelho foi decidido com antecedência pelos “democratas” e as detenções dos activistas concertadas com as autoridades locais. Com esta acção preventiva ninguém saberia sequer da existência de protestos. Por sorte o repórter Rick Sallinger da cadeia de tv local Denver Channel 4 conseguiu captar e revelar estas imagens dos locais destinados às detenções em massa.

Notas:
[1] Barack Obama, «Renewing American Leadership», Foreign Affairs, Nova Iorque, Julho de 2007.
[2] Ibidem. De resto, uma tal ambição implicará um acréscimo do orçamento do Pentágono e o acrescentamento de «65 000 soldados
e 27 000 fuzileiros» nas forças armadas norte-americanas.
[3] Discurso de Greensburg (Pensilvânia), 28 de Março de 2008
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