7 de Maio. O figurão que arenga à tropas yankees estacionadas na provincia de Helmand no Afeganistão é o secretário de Estado da Defesa Robert Gates. Segundo o artigo de Joe Klein na TimeMagazine “ele deu volta no Iraque (onde voltaram as grandes petrolíferas depois de mais de 40 anos de excomunhão) ultrapassou os falcões do Pentágono (a partir que substituiu o desastroso Rumsfeld) e faz vencer a tese da guerrofilia imperialista sobre as falsas boas intenções do jovem cadete civil B. Obama. Não é bem isto que dizem os entreparêntesis na ideia do articulista, por acaso até sugere o contrário, mas, parafraseando Saramago, saiu assim a escrita e é assim que fica.
Gates: “Eu não faço manutenção. Nunca faço um trabalho apenas para manter o status quo”. De forma que, se pensaram em mudança e isto é dito por um indigitado para o cargo pela administração Bush, é uma revolução o que está (continua) em marcha, a “revolução neocon”
Ora, ouvir o que um tipo destes vai altifalando para os Media é o mesmo que ficar encharcado daquela chuva miudinha que molha os tolos. Deixemos pois a cassete das virtudes positivas da distribuição da democracia à bomba, pois não é o Gates que vem agora ao caso; Mas sim aquelas duas portentosas máquinas que enquadram a cena. São Humvees artilhados com as últimas novidades em tunning. Estas maravilhas da tecnologia ao serviço da erradicação da pobreza são fabricadas em Orion, Michigan, pela General Motors, a lendária empresa que simbolizava o poderio industrial imperialista e que agora declarou falência.
Não se trata aqui de uma qualquer superação do paradigma de fabrico em outsourcing (toyotismo) que ocorreu na indústria automóvel mundial no pós-guerra, nem de sustentar emprego nas miríades de pequenas empresas fornecedoras, (como a Ibermoldes que viu por um canudo as contrapartidas negociadas por Paulo Portas com o Pentágono). Pelo contrário, no que concerne à parte fulcral da GM trata-se de manter a bem tradicional linha de montagem clássica, porque os veículos militares sofisticados não são objectos que se andem por aí a mandar fazer fora. A noticia que a GM pretendia vender a linha Hummer aos chineses da Sichuan Tengzhong Heavy Industrial Machinery pode dar lugar a equívocos: na verdade o negócio de 500 milhões engloba apenas a versão brinquedo dos Humvees Sport destinados ao mercado civil. (de que aliás a China já fabrica alternativas)
Para que serve o dinheiro extorquido pela rede de endividamento global comandada pela Reserva Federal norte americana?
Os portugueses de bolsos assaltados por impostos inergúmenos têm uma vaga experiência destas coisas de falência eminente, basta lembrar o desastroso negócio de Ferreira Leite da venda de receitas fiscais ao Citigroup, instituição que vamos encontrar aqui um pouco mais à frente. A GM declarou falência na segunda feira passada, mas horas depois do processo de protecção ter entrado no tribunal, o presidente Obama veio a público com uma acção de spin ao afirmar “O que eu não estou nada interessado em fazer é gerir a General Motors”. Justificava-se pela intervenção do Estado com uma ajuda de 60 por cento do valor da empresa, qualquer coisa como 50 mil milhões (bilions) de dólares, pagos mais uma vez com o dinheiro dos contribuintes para assegurar a posição dos accionistas e para garantir o sucesso da linha remanescente de produção da GM, hellas, a linha de produção militar.
Como nota Greg Palast: “Lixar 40 mil trabalhadores dos 60 mil postos de trabalho que a GM possuía não é coisa para ter estragado o dia a Jamie Dimon, o administrador do JP Morgan Chase Bank que em conjunto com o Citibank (a grande Banca que controla a Reserva Federal) geriu o processo de intervenção sob a supervisão de Steven Rattner o assessor de Obama a quem chamam de “Car Czar”. Os trabalhadores despedidos da GM perdem, para além dos salários, os benefícios descontados para efeitos de reforma, seguros de cuidados médicos e as poupanças convertidas em acções da empresa, enquanto os investidores esperam receber de volta a 100 por cento todos os seus capitais ali investidos, que se estimam em 6 mil milhões (bilions) de dólares. Um privilégio!, não há-de a sociedade de grandes accionistas investir em carros de combate para lhes defender a guita
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