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terça-feira, agosto 18, 2009

a hiperinflação global (II)

(continuação do post anterior - tradução anotada do artigo de Webster Tarpley)




















“A pressão interna nos EUA provém do facto que as ajudas aos bancos e os empréstimos sobre a dívida pública, não correspondem a bens materiais, são ficticios e “apoiados” numa massa de derivados financeiros que cresce exponencialmente e que por fim terão forçosamente de ser indexados aos valores dos bens efectivamente produzidos. Some-se isto ao factor mais importante, o pânico em redor do dólar nos mercados de câmbios internacionais e torna-se evidente que tudo aponta para uma situação de hiperinflação. O patrão mor do lobie financeiro judeu-americano Ben Shalom Bernanke ganhou a alcunha de Ben “Helicopter” Bernanke da sua famosa performance de bombardear com caixotes de dólares os buracos dos bancos como forma de estimular a economia para a resgatar da Depressão - aliás, uma demolição planeada. A cena recorda-nos que o perfil das lideranças financeiras anglo-americanas, desde Gordon Brown, Alistair Darling, and Mervyn King até Summers, Geithner, e Bernanke são decididamente hiperinflacionárias, embora todos afirmem que tal é impossivel.














A situação de hiperinflação alemã em 1923 foi gerada internacionalmente, não foi devido a causas internas da Alemanha. Tratou-se de uma campanha de guerra económica da Grã Bretanha e da França contra o seu derrotado rival. A Alemanha assinou os Acordos de Rapallo conjuntamente com a Rússia Soviética criando uma combinação económica que excedeu os objectivos anglo-franceses. Com a finalidade de abortar o potencial de Rapallo criando o caos na economia alemã, a coligação anglo-francesa destruiu sistematicamente o valor dos marcos alemães nos mercados de câmbios internacionais, tirando vantagens do sistema de indemnizações de guerra decidido em Versalhes e pela ocupação francesa da zona industrializada do vale do Ruhr. O marco caía cada dia que passava quando a sua taxa de câmbio era anunciada na Bolsa de Londres. Hoje em dia são as enormes quantidades de dólares detidos internacionalmente que tratam de aniquilar as notas verdes emitidas pelos Estados Unidos.

A única maneira da deflação actualmente se resolver seria se alguém como o popular ideólogo autodidacta da escola austríaca Ron Paul tomasse o poder e executasse a alternativa “libertária” ao sistema continuado de ajudas a Wall Street da administração Obama. É evidente que haveria de imediato um crash deflacionário, o qual na sua opinião seria automaticamente seguido por uma retoma. Ron Paul (uma lebre na corrida dos judeus Sionistas) é um representante moderno da assim chamada “escola liquidacionista” à qual pertenceu Andrew Mellon, o secretário de Estado do Tesouro dos EUA nos anos 20. Mellon procurou executar a liquidação de valores excedentários detidos em stocks, fundos (bonds), créditos imobiliários e postos de trabalho desnecessários na conjuntura. O chanceler alemão Heinrich Brüning, outro liquidacionista, cortou selvaticamente os beneficios dos desempregados ("nanny state", o equivalente ao falso “Estado minúsculo” de Ron Paul) no auge da situação de depressão ajudando a desencadear a debacle de Janeiro de 1933. Os liquidacionistas tendem a ser pessoas endinheiradas que acreditam que continuarão a ter dinheiro mesmo depois de todos os outros se terem precipitado na bancarrota – quando eles estariam aptos a comprar valores sob stress de perda e trabalhadores desempregados e desesperados a qualquer preço. Mas os liquidacionistas obviamente não podem ser a solução para a depressão de uma sociedade inteira.

As recentes reuniões dos lideres do expandido grupo de paises do G-8 em L'Aquila na Itália ficaram marcadas pela crescente falta de credibilidade do Dólar norte americano, o qual devido às politicas financeiras criminosas de Wall Street que têm dominado as administrações Bush e Obama, não podem continuar por mais tempo a representar o papel de moeda única mundial. O presidente russo Medvedev pugnou por uma nova moeda global no sentido de pressionar o regime financeiro representado por Obama na direcção de uma reforma séria do sistema monetário internacional, a qual é clara e urgentemente o processo a decidir antes de qualquer outro. Naturalmente, funcionários dos oligarcas financeiros como Larry Summers, Tim Geithner e Ben Bernanke pretendem continuar a desempenhar o papel de ditadores da actual divisa mundial, e não a serem forçados a negociar o fim da hegemonia anglo-americana do dólar. O mundo precisa de ir mais além, para um novo processo alargado do sistema monetário mundial no qual o euro, o yen, o dólar, o rublo, a moeda chinesa e possivelmente uma nova moeda latino-americana e outra Árabe possam ser todas incluidas. Será importante proceder à transição para o novo sistema da forma mais ordeira possivel, porquanto um catastrófico colapso do dólar a curto prazo não será vantajoso para ninguém e apenas representará um passo decisivo para a ruina universal.

As taxas de crescimento económico sob o regime de Bretton Woods entre 1944 e 1971 foram as mais elevadas na história escrita antes ou depois desse periodo. Isto foi cumprido através do dirigismo do Estado na forma de estreitas faixas isoladas entre as diversas divisas, combinadas com reservas de ouro que regulamentavam os excedentes ou os défices entre nações, as quais preveniam o principio realista indispensável para restringir a tendência hiperinflacionária do centro capitalista anglo-americano. O novo sistema monetário internacional deverá incluir a abolição do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Mundial nas suas formas actuais, na medida em que estas instituições estrangulam o progresso económico e o desenvolvimento do sector financeiro. Depois disso, o objectivo do novo sistema monetário será reiniciar a exportação de bens essenciais de alta tecnologia do tipo mais moderno disponiveis nos EUA, Europa e Japão com destino aos paises empobrecidos de África, Ásia do Sul e certas partes da América Latina.

O Governo Federal dos EUA (e os dos seus Estados subsidiários) deverão pôr fim aos pedidos de empréstimo e começarem eles a emprestar

Os Estados Unidos precisam, no sentido de liquidar a bolha dos derivados, da ajuda da taxa Tobin de 1% de imposto sobre as transações financeiras especulativas, incluindo futuros, fundos opcionais, stocks, bonds, commodities, câmbios sobre o estrangeiro, etc.
Caso tivesse sido aplicada a taxa Tobin na Califórnia esta teria resolvido a situação de défice do Estado. Os 16 maiores bancos de Wall Street (1) são instituições fantasma que precisam de ser dimensionadas e liquidadas de acordo com o capítulo 7 do código das falências com todos os seus derivados a ir pelo esgoto abaixo. As hipotecas sobre casas, explorações agricolas, pequenas indústrias e negócios deverão ser banidas no minimo pelo periodo de cinco anos ou pelo periodo que durar a depressão, o qual se prevê seja cada vez mais alongado. Para providenciar a concessão de crédito, a Reserva Federal deverá ser redimensionada e nacionalizada, servindo de veiculo que faculte crédito à taxa Zero apenas para as actividades produtivas, não para actividades especulativas. Para reavivar a procura de crédito o Estado e os Governos Locais devem implementar grandes projectos de construção, como hospitais, energias alternativas, linhas ferroviárias TGV, reactores nucleares de última geração, reconstruir sistemas de fornecimento de água, auto-estradas, etc. As fábricas de automóveis deverão ser reconvertidas para estes e outros propósitos: polos cientificos no campo da exploração e colonização espacial, física de alta energia e a pesquisa biomédica deverão também ser subsidiadas no sentido da modernização tecnológica. A segurança social cujas pensões têm vindo a ser destruidas, precisam de ser impulsionadas por beneficios gratuitos dos serviços nacionais de saúde para todos aqueles que perdem seguros de companhias declaradas insolventes devastadas pela especulação dos derivados. Estas são medidas simples que são requeridas de imediato para a manutenção da civilização humana na América do Norte. Até que medidas como estas sejam levadas a cabo nos Estados Unidos, o mundo inteiro continuará a cair numa depressão económica cada vez mais profunda”

Podemos reconhecer algumas destas medidas nas actuais intenções estratégicas de Obama e José Sócrates, mas as essenciais decerto não são sequer equacionadas, porque ambos trabalham efectivamente para manter a hegemonia da infima elite financeira dos 3 por cento de multimilionários globais. J.M.Brandão de Brito, um researcher do BCP recorda no jornal “I” de ontem que a Time escarrapachou a cara de Lorde John Maynard Keynes na capa com a legenda: “agora somos todos keynesianos” (em 1965 mas poderia bem ser em 2008) e lembra que “os apoios estatais para combater a crise têm um risco: se a estagnação persistir, teremos uma perigosa explosão na dívida pública” – no actual paradigma é isso mesmo que se pretende, que os Estados se endividem e os seus cidadãos sejam onerados em impostos e na alta generalizada do custo de vida com o pagamento de juros às mesmas elites supracionais de sempre agregadas em redor da Reserva Federal americana. E isto acontecerá de igual modo, quer seja Sócrates, Ferreira Leite ou qualquer outra coligação neoliberal a ser investida no poder. Pelo que as tricas sobre assessores que trabalham nos programas uns dos outros não passam de meros fait-divers

(1) De facto, longe da morte vaticinada de Wall Street, na concentração de capitais em curso a obra judaica Goldman Sachs acaba por permanecer sozinha na medida que actualmente é a única empresa firme em Wall Street
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