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domingo, fevereiro 19, 2012

Ao entrar na Bulhosa calcem-se as galochas, pois pode muito bem tropeçar-se nesta trampa

"Civilização, a Ocidental e a do Resto do Mundo" ("Civilization – The West and the Rest", Niall Ferguson) edição da Civilização Editora, proprietária das Livrarias Bulhosa

Começa assim, na badana: “No quattrocento a Inglaterra era um miserável charco de água estagnada, Constantinopla estava devastada pela peste, os reinos da Europa mergulhados em conflitos; na China a civilização dos Ming florescia. Quanto à América do Norte, no século XV era uma região inóspita e anárquica comparada com os domínios dos Astecas e dos Incas. A ideia de que o Ocidente viria a dominar os Outros durante a maior parte da metade do milénio seguinte seria fantasiosa. E, porém, foi o que aconteceu...
... O que caracterizava a civilização da Europa Ocidental e que consistiu num trunfo em relação aos aparentemente superiores impérios do Oriente? A resposta, segundo Niall Ferguson, é que o Ocidente desenvolveu cinco “aplicações-chave” e mais uma, a Ciência, ” que os Outros não possuíam

Não possuíam? a saber, a civilização chinesa desenvolveu quatro grandes invenções na antiguidade, 1.o fabrico de Papel desde 206 a.n.e. e difundido para Ocidente a partir do ano 25 da nossa era; 2. a Bússula, conhecida há mais de 5000 anos começou no ano 960 a se associada à navegação; 3. As Técnicas de Impressão aplicadas para produzir livros com chapas gravadas e depois do ano 100 com caractéres móveis; 4. a Pólvora, utilizada em fogos de artificio a partir do ano 618, durante a dinastia Tang - o que o Oriente efectivamente não “descobriu” foram as aplicações-chave do Ocidente do sr.Ferguson para aplicar a Ciência ao desenvolvimento da guerra e do genocídio como técnica de limpeza de terreno conquistado

Em “a Ascenção do Dinheiro” o galo-da-india Ferguson já tinha “demonstrado” que o ovo sai do cu da galinha: que “a actividade financeira é a base do progresso humano”, omitindo o que se pode considerar “progresso” e se, como cu toda a gente tem, a actividade financeira é exercida em beneficio de todos. Tendo em conta o seu currículo, a Time considerou Niall Ferguson uma dos 100 personalidades mais influentes do mundo.

Mas o pior (para o autor é o melhor), nem são as labregas falcatruas ideológicas, mas sim o estilo. Começa por referir o “quattrocento” mas nem uma única linha sobre as relações mercantis italianas pré-capitalistas. Como assunto sério e verdadeiramante determinante para a análise marxista a questão da propriedade privada dos meios de produção a partir da era industrial ficará evidentemente omissa. Quando chega ao marxismo a pena do bestunto atinge a subtileza “científica” de um latrineiro. Aqui fica uma pequena amostra:

“O marxismo é uma mistura de filosofia de Hegel, que apresentava o processo histórico como dialéctico, e da economia politica de Ricardo, que postulava dividendos menores para o capital e uma “lei de ferro” de salários baixos; o marxismo pegou na repugnância de Carlyle em relação à economia industrial e substituiu a nostalgia pela utopia. Marx era um individuo odioso. Era um parasita porcalhão e desleixado e um polemista selvagem, e gostava de se gabar de que a mulher nascera “baronesa Von Westphalen”, mas não deixou de fazer um filho à criada. Na única ocasião em que se candidatou a um emprego (de escriturário no caminho de ferro), foi rejeitado por ter uma caligrafia péssima. Tentou jogar na bolsa mas não tinha jeito nenhum. Durante quase toda a sua vida dependeu das esmolas de Engels, para quem o socialismo era um passatempo para depois de jantar, a par da caça à raposa e das mulheres; de dia, geria uma fábrica do pai, em Manchester (cujo produto patenteado era conhecido por “fio de diamante”). Em toda a história, nenhum homem mordeu com mais gosto a mão que o alimentou do que Marx ao morder a do Rei do Algodão. A essência do marxismo era a crença de que a economia industrial estava condenada a gerar uma sociedade intoleravelmente desigual, dividida entre burguesia (proprietária de capital) e proletariado…”etc.

Mais uma vez, e voltando ao principio, como é que a Bulhosa quer pagar a tempo e horas os salários aos seus funcionários, se anda a editar e a tentar vender trampa desta?
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1 comentário:

Fada do bosque disse...

Olá xatoo.

O seu passarinho é um cromo! não larga o pessoal e ás vezes dou comigo a dizer:- sai daí, pá! :))