Naquela manhã, o ministro da Defesa russo leu uma declaração pública omitindo dois pontos fundamentais: de onde tinham vindo os mísseis e para onde se dirigiam. Essa omissão teve dois objetivos, disse o chefe dos serviços de informação russo ao seu colega estadunidense numa comunicação feita momentos depois do ataque contra a Síria ter sido lançado - e interceptado: "Atacar Damasco é atacar Moscovo", disse então o oficial russo. "Omitimos a verdade na nossa declaração oficial para preservar as relações entre o nosso país e os Estados Unidos e para evitar a guerra. Portanto, vocês devem reconsiderar agora mesmo as vossas políticas, abordagens e intenções em relação à crise síria, assim como podem estar certos de que não conseguirão eliminar a nossa presença no Mediterrâneo". Foi nesse momento que o governo dos Estados Unidos pediu que Israel se responsabilizasse pelo lançamento dos dois misseis - e que, literalmente, sentiu o chão a fugir-lhe debaixo dos pés... até que surgiu uma declaração oficial dos israelitas, que dizia que "os misseis teriam sido disparados no contexto de um exercício militar conjunto EUA-Israel, e que tinham caído no mar, nada tendo a ver com a crise síria". O que foi prontamente desmentido por uma fonte diplomática citada pelo diário árabe As-Safir
A fracassada intenção de atacar o povo Sírio é um episódio que marca, decididamente, o principio do fim dos Estados Unidos como hiperpotência imperialista num imaginado e sonhado mundo unipolar sujeito a uma nova ordem ditatorial.
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Na carta de Vladimir Putin ao povo dos Estados Unidos oportunamente publicada no New York Times o presidente da Federação Russa foi certeiro: se um País possuir a bomba nuclear ou armas químicas letais torna-se intocável e pode ameaçar quem quiser? - efectivamente, assim parece: uma informação desclassificada pela CIA revela que Israel também possui armas quimicas (fonte); os Estados Unidos é o país que mais incumpre os compromissos assumidos na Convenção Internacional Contra Armas químicas (fonte); a Grã-Bretanha, Israel e os Estados Unidos usaram armas químicas durante a última década (fonte); a Alemanha confirma ter vendido 100 toneladas de quimicos (de uso duplo, civil e militar) à Síria (fonte) e um ex-oficial do Pentágono, Michael Maloof, deu uma entrevista na qual. citando fontes classificadas, afirma que a Al-Qaeda e o Al-Nusra possuem significativas quantidades de gás Sarin na Síria (fonte);
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No entanto, após a divulgação a 16/09 do relatório da ONU que confirma a utilização de armas químicas na guerra civil da Síria, Estados Unidos, França e Reino Unido voltaram a afirmar que o ataque foi feito pelo governo de Bashar Al Assad (fonte); de facto, o relatório é inócuo e não atribuiu culpas claramente a nenhum dos lados do conflito (fonte); a Rússia contrapõe que o relatório da ONU não demonstra quem é o responsável (fonte); e o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia rematou afirmando que as conclusões da ONU são politizadas e tendenciosas - é neste contexto, depois da Rússia ter declarado haver irregularidades, que se tornou obrigatório tomar a decisão do regresso dos inspectores da ONU à Siria, o que deverá acontecer esta semana...com uma agenda imposta
1 comentário:
Uma pista vital está na nomeação do perito sueco Ake Sellstrom como o chefe da equipe da ONU que aterrou em Damasco três dias atrás. Sellstrom serviu no bando selecto dos inspectores de armas da ONU no Iraque...
É aqui que a controvérsia das armas químicas e a abertura de um processo sírio no Conselho de Segurança da ONU oferece uma pausa para respirar e quebrar o ímpeto do exército de Assad e a insolência do Hezbollah e do Irão.
Será isto um prelúdio para um cenário tipo Iraque? Sem dúvida, Sellstrom está a andar na ponta dos pés perigosamente próximo rumo aos stocks de armas de destruição maciça de Bashar, ou de alguma coisa, a qual os EUA (e Israel) sempre quiseram segurar.
A única tarefa assinalada ao inspector de armas Sellstrom quando ele aterrou em Damasco com a sua equipe era inspeccionar três sítios específicos para determinar se foram utilizadas armas químicas na Síria. Ele não tinha um mandato mesmo para nomear a parte responsável.
http://resistir.info/moriente/siria_22ago13.html
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