Álvaro Sobrinho, agora filantropo, elabora o seu curriculo (no original em inglês): "Comecei a minha carreira no Banco Espírito Santo Angola (BESA), trabalhando para me tornar o CEO e presidente do banco, durante uma década de júbilo ao leme durante a rápida ascensão da economia angolana. Durante o tempo do meu exercício,
o BESA viu o seu lucro líquido subir de 3,2 milhões de dólares para cerca de 339 mil milhões e
aumentou a concessão de crédito de 21 milhões para 5 mil milhões, e (1), como tal, fomos vencedores dos prémios "Melhor Banco de Angola" concedidos pelo World Finance e pela revista "Global Finance".
Tendo estado fortemente envolvido no sector financeiro, em 2013 juntei-me como presidente executivo ao emergente "Banco Valor", que tem neste momento a mais rápido crescimento em Angola e - na minha opinião - é o banco mais ambicioso na região (...) Além dos meus interesses empresariais,
encontro-me envolvido em várias e maravilhosas organizações de filantropia e caridade, particularmente nas áreas da ciência, educação e desenvolvimento juvenil." - no seu site Álvaro Sobrinho define-se como "homem de negócios" dedicado à filantropia em Àfrica.
Desde 2012 patrocina o "Duke of Edinburgh International Award", fazendo companhia a Bill Gates na ajuda às gentes africanas, em particular em Luanda onde é o mecenas dos "Meninos de Mussulo"
(alvaro-sobrinho.com)
(1) Como é sabido, a quase totalidade dos empréstimos concedidos em Angola pela "
jubilosa gestão de Sobrinho" num valor de quase a totalidade do crédito concedido nesse último ano pelo BESA veio a verificar-se ser
fraudulenta, "dinheiro entregue a destinatários que não existem".
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Álvaro Sobrinho nem sequer foi ouvido na "investigação" |
Na
Comissão de Inquérito que decorre no Parlamento português a deputada do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, quis saber porque não foi constituída uma garantia antes de 2013, uma vez que a situação de grandes volumes de crédito mal parado tinha sido já detetada em 2012 nas contas do BES-Angola que eram auditadas pela KPMG Angola. Só em 2013 foi feita a reavaliação das hipotecas dadas como garantia a esses créditos centrados no sector imobiliário, que levou à concessão da garantia pessoal de Luanda negociada directamente entre Ricardo Salgado e o presidente angolano José
Eduardo dos Santos. As perdas relativas a Angola aproximam-se do valor da recapitalização feita através do Fundo de Resolução do BES,
4900 milhões de euros, ali colocados pelo Estado Português. Só depois de decidida a Resolução do BES é que
Angola revogou a garantia (1) e as perdas foram assumidas na sua totalidade pelo banco mau. O crédito concedido pelo BES à filial angolana foi transferido para o Novo Banco a preço zero. Por sua vez o Novo Banco receberá o crédito mal parado em Angola
(se vier a receber) nas seguintes condições ditadas por Angola: 80% do capital emprestado, 2,8 mil milhões, "desaparecem" e
os 20% remanescentes serão pagos em duas vezes, a 1ª tranche de 333 milhões é reduzida a capital do (BESA) agora renomeado em Angola por
"Banco Económico" dentro de 18 meses; a 2ª tranche se 332 milhões será paga a 10 anos podendo ser reconvertida em capital do banco angolano, o que lhe dará uma participação de 9,9%, ou seja a não ter direito a nada no que toca a intervenção no Conselho de Administração. Entretanto o "Banco Económico (BESA)" já foi recapitalizado com novos acionistas angolanos,
à revelia do BES o qual foi impedido de participar na Assembleia Geral de accionistas que ditou as condições. Enquanto isso (1),
o fiador dos investimentos, o presidente Eduardo dos Santos, tinha-se posto ao fresco...
Como é sabido, em Portugal a "Auditoria Forense"
não encontrou o rasto dos milhões (e mesmo que encontrasse, o Banco de Portugal apressou-se a informar que não os divulgaria
) - o dinheiro saiu para a Suiça através da Eurofin e Ricardo Salgado só tinha uma conta no BES de 180 mil euros. Esta
trama ao mais alto nivel deixa subentendido ser mais que certo
ser «o mexilhão que vai pagar o calote da elite angolana». Para a caída do pano está guardado o facto dos fundos financeiros internacionais lesados pela manigância da divisão do BES em dois
avançarem para o tribunal europeu contra a chamada "Resolução do BES" cujo Fundo de Resolução não tem dinheiro
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