“BORN INTO BROTHELS” Um Documentário de Zana Briski e Ross Kauffman
21 e 25 de Abril – Fórum Lisboa
Paralelamente à exibição do documentário no IndieLisboa 2005 estará patente uma exposição, organizada pela Fundação “Kids With Cameras”, com as fotografias das crianças: http://kids-with-cameras.org/home/
Descoberto no Festival de Sundance de 2004, “NASCIDOS EM CASAS DE PUTAS” é uma narrativa memorável da viagem ao submundo sórdido de uma das maiores cidades do mundo, sem cedências fáceis ao sentimentalismo.
Quando em 1968 Louis Malle filmou Calcutta sem a mise-en-scéne do “pobrezinho”,o olhar estupefacto devolvido pelos indianos á câmara de filmar, foi visto do lado de cá, no mundo desenvolvido, com a mesma estupefacção pelos incrédulos espectadores, cientes de que a crua realidade despida de exotismo ou pitoresco sobre a Colonização, se produzia afinal ao mesmo tempo que o filme. Habituados (e apenas interessados) em deliciarem-se com a beleza estética do Taj Mahal as boas consciências ocidentais da classe média incomodaram-se, chegando o caso até a provocar um incidente diplomático entre a França e a Inglaterra, quando o filme de Malle foi exibido pela BBC. Passados quase 40 anos, pouco ou nada mudou na Índia, apesar da linguagem neoliberal moderna enfatizar as virtudes pseudo-tecnológicas neocoloniais do “novo gigante asiático”. O sistema de castas permanece imutável apesar da sua pretendida ilegalização, a violenta descriminação contra os 400 milhões de “Dalits”(a Índia tem 1 bilião de habitantes) como são agora designados os “Intocáveis” está bem viva na diferenciação social assente sobre centenas de sub-castas. Um “Brâmane” continua a acreditar que se a sombra de um “Dalit” o tocar ele ficará “poluído” e apenas se purificará chapinhando sobre si a água do Ganges, o rio Sagrado.Colónias de leprosos são ainda comuns.Nas aldeias, os poços são usados sempre pelas mulheres da mesma casta.Nas cidades ditas desenvolvidas, milhares de crianças nascidas dessas sub-castas,num ambiente de prostituição, vagueiam semi-nus e cheios de vícios pelas ruas, alguns doentes, num cenário da mais abjecta pobreza, solidão e fragilidade. Cineastas espiolhando a vida deste submundo, como forma de entretenimento ou de pesquisa “sociológica”, não são benvindos. Como forma de aproximação a realizadora,“a Tia Zana”, “adoptou” estas crianças de 10 a 14 anos, ensinando-as a fazer fotografia, depois a usar a câmara de filmar. “BORN INTO BROTHELS: CALCUTTA’S RED LIGHT KIDS” é um pungente documentário sobre os filhos das mais de 7000 prostitutas do bairro de Sonagchi em Calcutá que descobrem na fotografia uma possibilidade de contornarem um destino quase fatal, e tem vindo a coleccionar prémios por quase todos os eventos por onde tem passado, tendo este ano já arrecadado o Óscar para o Melhor Documentário. Na estreia do filme a maioria das mães destas crianças não esteve presente.Convidadas, alegaram não ter 25 cêntimos para pagar a uma ama com quem deixassem os seus bebés.
O filme coloca questões:aqui não há desemprego, segurança social, ou serviços de saúde social- que esperança poderão ter estas mães quando ficarem velhas?-Como se sentirão estas crianças quando têm a sorte de ir para a escola?-quantos homens precisam estas mulheres de servir por dia para alimentarem os seus filhos?- ganharão o suficiente?,,, ou pressionarão desde logo as suas jovens filhas a entrarem cedo na “indústria” do sexo?. Chegados aqui, pensar-se-á que a propensão da “esquerda” para cultivar a desgraça das culturas menos afortunadas, é um tique,,, as coisas não serão bem assim,,,só vêem a parte da realidade “que não interessa”,,,Mas, há pior!!
Noutro documentário,”The Day my God Died” de Andrew Levine filma-se o chocante comércio de crianças-escravas, cujos pais as vendem para praticar sexo em bordéis. Na Índia existe uma crendice de que quem fizer sexo com uma criança de 7 anos essa virgem lhe fornece vigor, não importando se se está doente ou contaminado pela Sida,,,sendo elas virgens não transmitem a doença e fica-se curado, pelo que a procura é superior á oferta, condição de Mercado essencial para a prosperidade do negócio, segundo os cânones liberais da moral vigente.
Indigne-se aqui neste site do Brasil. (eles tambem conhecem bem estas situações)
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