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quarta-feira, abril 06, 2005

OPUS DEI - Cujus regio, ejus religio


os 3 pilares da Sociedade - o Padre, o Militar e o Banqueiro
George Grosz - 1926

Oficialmente, a Opus Dei é apenas uma associação católica internacional. A sua actividade limitar-se-ia ao conselho espiritual dos seus 79.303 membros (ou seja 1.506 padres, 352 seminaristas e 77.445 laicos). Membros que ela escolheu entre a nata latino-americana e europeia. Entre eles patrões de multinacionais, magnatas da imprensa e da finança, chefes de Estado e de governo. De cada um, ela exige uma austera disciplina e uma completa obediência. Também, embora finja ignorar as suas actividades políticas “pessoais”, pode através deles impor os seus valores aos povos.
Esta seita foi fundada a 2 de Outubro de 1928 por um jovem padre espanhol, de origem modesta, o abade Escrivá. Tratava-se para os adeptos de chegar à santidade participando na instauração de um regime teocrático do qual Escrivá era o profeta. A guerra civil surgiu‑lhes como a ocasião inesperada de estabelecer o Estado católico dos seus sonhos. O abade Escrivá tornou-se director de consciência do general Franco. Em conjunto, reabilitaram o velho princípio «Cujus regio, ejus religio» (tal governo num Estado, tal religião neste Estado).
A Opus Dei empreendeu seleccionar e formar as elites da ditadura até controlar o essencial do poder. Assim, nos anos 70, o governo do almirante Carrero Blanco foi qualificado de “monocolor”: de dezanove ministros, doze eram Opusianos. Embora não tenha exercido nenhuma responsabilidade directa no regime, o “padre” não cessou de aconselhar o generalíssimo. Foi ele que sugeriu o restabelecimento da monarquia de direito divino, da qual Franco foi proclamado regente vitalício.
O abade Escrivá tencionava fazer-se proclamar regente quando ocorresse o falecimento do Caudilho. Foi por isso que se fez nobilitar em 1968 sob o título de Msr Escrivá Balaguer, marquês de Peralta. Mas este plano foi alterado dado que no ano seguinte Franco designou o príncipe Juan Carlos I de Bourbon para lhe suceder. Contas feitas, Msr Balaguer tinha outras ambições. Desde o fim da Segunda Guerra mundial, tinha-se instalado em Roma e empregava-se a estender o seu poder na América Latina. Oratórios da Opus tinham sido instalados nas embaixadas espanholas que facilitaram os seus contactos com as elites locais. Prodigalizou os seus conselhos espirituais a todos aqueles que ambicionavam lutar contra o comunismo e firmar a fé católica no seu país. Assim se precipitou para Santiago do Chile em 1974 para celebrar uma acção de graças com três dos seus “filhos espirituais”, o general Pinochet, o almirante Mérino e o general Leigh.
Monsenhor de Balaguer teria querido estender a sua “Obra” na Europa mas foi impedido parcialmente pelo isolamento diplomático de Espanha. Os seus objectivos eram recrear uma internacional anticomunista (comparável à aliança Franco-Mussolini-Hitler durante a guerra civil), romper o isolamento da Espanha franquista e favorecer a construção europeia.
Em 1957, fez criar em Madrid, pelo arquiduque Otto von Habsburg Lothringen, o Centro europeu de documentação e de informação (CEDI) e, graças a dois outros dos seus “filhos espirituais”, Alcide de Gasperi e Robert Schuman, pesou na redacção do tratado de Roma que levou à criação da Comunidade Europeia. Como o general Franco, o “padre” faleceu em 1975. Foi erradamente que se acreditou que a Opus Dei desapareceria no inferno com eles. O progresso foi retomado três anos mais tarde, em 1978. Aproveitando as intrigas que paralisavam o Sagrado Colégio, a Opus Dei conseguiu convencer os cardeais a eleger um dos seus pregadores como Papa: o arcebispo de Cracóvia, Karol Wojtyla. Desde então, a seita ia poder desviar em seu proveito o aparelho diplomático do Estado do Vaticano e a organização religiosa da Igreja católica.


João Paulo II constituiu o seu gabinete quase exclusivamente de Opusianos e empregou-se a quebrar qualquer resistência no seio da Igreja. Para isso fez isolar – “por razões de saúde” – o superior dos jesuítas, Pedro Aruppe, e nomear um administrador provisório da sua ordem na pessoa de um Opusiano, o padre Dezza. Mas não ousou dissolver a companhia de Jesus. Operou uma gigantesca retoma de controlo dos padres latino-americanos, culpados de compartilharem as análises marxistas e de se oporem às ditaduras católicas.
Dois homens serviram com zelo a sua política: Msr Josef Ratzinger, prefeito da Congregação para a doutrina da fé, e Msr Alfonso Lopez Trujillo, presidente do Conselho pontifical para a família. Um centro de vigilância foi instalado em Bogotá, dotado de um computador de capacidade estratégica, cujos terminais estão instalados na cidade do Vaticano. Inscreveram-se em fichas todas as actividades políticas dos religiosos latino-americanos. Foi a partir destas informações que foram nomeadamente assassinados por “esquadrões da morte” o padre Ignacio Ellacuria ou Msr Oscar Romero. Enfim, João Paulo II promulgou um novo código de direito canónico, cujo artesão principal foi um prelado da Opus, Msr Julian Herranz-Casado, tornado depois presidente do Conselho pontifical para a revisão dos textos legislativos.
Por outro lado, dotou a Obra de um estatuto à medida, o de “prelatura apostólica”. Doravante os membros da Opus Dei escapam à autoridade dos bispos no território dos quais residem. Obedecem apenas ao seu prelado e este ao Papa. A sua organização tornou-se um instrumento de controlo das Igrejas locais ao serviço do poder temporal do Vaticano. Um destino que não pode deixar de recordar o de uma outra seita que reinou pelo terror religioso sobre a Espanha do século XVI antes de impor o seu fanatismo sobre a Igreja universal: a Inquisição.
Enfim, o papa confiou a administração da “Congregação para a causa dos santos” a um Opusiano, Rafaello Cortesini. João Paulo II empenhou-se num processo canónico do abade Escriva de Balaguer e proclamou a seu beatificação no dia do seu próprio aniversário, a 17 de Maio de 1992. Esta mascarada levantou vivas polémicas na Igreja romana. Todos os testemunhos opostos à “causa do santo” foram rejeitados sem ser ouvidos, enquanto seis mil cartas postulares foram incluídas no processo. Elas emanavam nomeadamente de sessenta e nove cardeais, de duzentos e quarenta e um arcebispos, de novecentos e oitenta e sete bispos e de numerosos chefes de Estado e de governo.

Texto de Thierry Meyssan, publicado no Réseau Voltaire em 25/01/1995

28 comentários:

Anónimo disse...

fernando jiménez lablanca

Anónimo disse...

fernando jiménez lablanca y rubio
"fernando jiménez lablanca y rubio"

Anónimo disse...

do opus dei as obras do demo

Anónimo disse...

les finances occultes de l´opus dei, golias- editions.fr

Anónimo disse...

¿encontrarás dragones?

Anónimo disse...

pensando siempre en libertad: víctimas 12, 13 y 14

Anónimo disse...

la información del entorno privado de carrero blanco pudo salir de los círculos religiosos íntimos de inspiración Opus "La Capilla", "El templete" y "B5"m formados también por jesuítas.......

Anónimo disse...

las finanzas ocultas del opus dei....

Anónimo disse...

carrero saltó por los aires cuando se enfrentó con el opus......

Anónimo disse...

jesús vicente chamorro

Anónimo disse...

"ministerio de educacion nacional"

Anónimo disse...

"eduardo aya goñi"

Anónimo disse...

"francisco aya zulaica"

Anónimo disse...

gregorio posada zurrón (q.e.p.d.)

Anónimo disse...

gregorio posadas zurrón(q.e.p.d.)

Anónimo disse...

narconón

Anónimo disse...

wojtila.....¿judeu?

Anónimo disse...

fernando jiménez lablanca.....¿opusino "progre"?

Anónimo disse...

"jiménez lablanca y rubio"

Anónimo disse...

josé raya mario y eduardo aya goñi, mencionados en libro de doña pilar urbano.....

Anónimo disse...

me temo amigo josé manuel que porque bildu forma parte del sistema y mario conde, no.......

Anónimo disse...

aviones b5 ¿vietnam?

Anónimo disse...

los guardias civiles también tienen madre

Anónimo disse...

fernando herrero tejedor, opusino

Anónimo disse...

hijo de luis herrero en colegio retamar, pozuelo

Anónimo disse...

alfredo duro(córdoba, getafe) ha despreciado al gallego diego lópez

Anónimo disse...

jesús vicente chamorro citroen ds

Anónimo disse...

"alfredo duro ha despreciado a diego lópez" "alfredo duro ha faltado al respeto a diego lópez"