semitismo cultural com epilogo numa "estória do judeu Pessoa"
"Durante a guerra franco-prussiana (1870-1871) Nietzsche alistou-se no exército alemão, mas o seu ardor patriótico logo se desvaneceu, pois, para ele, a vitória da Alemanha sobre a França teria como consequência "um poder altamente perigoso para a cultura". Nessa época, aplaudia as palavras do seu colega em Basiléia, Jacob Burckhardt (1818-1897), que insistia junto dos seus alunos para que não tomassem o triunfo militar e a expansão de um Estado como indício de verdadeira grandeza" - a escola historiográfica de filosofia judaizante (que ao canibalizar os valores iluministas da época, por exemplo, pela filosofia da "renascença judaica" de Moses Mendelssohn) advogou a compartimentação de temas isolados por épocas estanques (encarnado pela figura de Jacob Burckhardt, que por surpreendente que possa parecer foi o inventor da expressão "renascença italiana" nada e criada na Suiça em 1855, (1) uma invenção tardia portanto, que tem mais a ver com os interesses a estabelecer na época em que foi escrito o livro do que com os acontecimentos relatados propriamente ditos - os nacionalismos europeus, sionismo incluido), ou seja, trata-se de fabricar História no sentido diametralmente oposto ao da Escola dos Annales dos enciclopedistas do Iluminismo francês (d`Alembert, Diderot, d`Holbach, Voltaire) a filosofia humanista genuina nascida da Revolução que advogava o estudo da História levando sempre em linha de conta periodos longos e as respectivas evoluções interclassistas entre as sucessivas épocas.
"Derrubar ídolos esse sim é meu ofício" disse Nietzsche depois de despir a farda - se a sua empreitada reaccionária tivesse perdurado bem que podia ter servido para derrubar o nosso mito mais nietzscheziano, o do judeu Fernando Pessoa: o poeta da "Mensagem" cuja idiossincracia era a elegia ao nosso promitente ditador - "Mensagem dedicada ao nosso Presidente-Rei" - ditador a sério que era para ter sido Sidónio Pais, mas que por obra e graça de uma abençoada bala nos cornos, não teve tempo para ser; os portugueses de boa cepa, da vinha que alimentou um milhão deles, tiveram de se contentar com o subproduto Salazar. A miséria. Contudo o mito da alma fascista pessoana permanece intacto. E o método historiográfico de estudar e compartimentar as Artes e a Cultura de Burckhardt também (das recentes comemorações oficias da República não saiu nem um indicio da obra de Pessoa relacionada como o Sidonismo - por estas e por outras, e porque o Poder sabe muito bem que a cultura conquista mais mentes que um Exército sem farda de intelectuais desempregados - é que o Ministério veio agora (em época de crise aguda, como Sócrates, Cavaco e quejandos o sabem muito melhor) distribuir generosamente mais uns milhões pelo nicho de mercado dos profissionais da Kultura da classe dominante
(1) "The Renaissance: Made in Switzerland"
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