O assassinato de Ribeiro dos Santos, a 12 de Outubro, marcará o movimento estudantil contra a ditadura até ao 25 de Abril. É a primeira vez que ocorre um facto de tal gravidade e as ondas de choque deste crime não só arrumarão de vez uma já utópica "normalização da vida universitária", como generalizam, nas gerações liceais urbanas, uma combatividade que cresce até à queda do regime.
Na noite do assassinato, os ânimos dos trezentos estudantes reunidos no Técnico impõem a pacífica aprovação do comunicado "À população", a paralisação geral da universidade e a ida em massa ao funeral. Quando a urna sai da casa de Ribeiro Santos, no Largo de Santos, o carro funerário está à porta já aberto. Porém, para surpresa de muitos, o caixão é conduzido para o lado oposto, aos ombros de alguns estudantes. O objectivo é levá-lo em desfile até à Ajuda, pela rua das Janelas Verdes. A polícia carrega, derruba o caixão e substitui os estudantes por agentes. Há vinte presos e bastantes feridos, entre os quais alguns polícias. No cemitério, onde se voltará a juntar parte dos manifestantes, entoa-se o hino nacional em ambiente de grande consternação. Do Alto da Ajuda, para onde correm outros, descerão grupos que prolongarão os confrontos pela noite. São atacados bancos em vários locais e a embaixada americana tem os vidros partidos. Dentro dos muros do hospital-prisão de Caxias também há agitação (...) (aqui)
1 comentário:
isto passou-se num tempo em que os portugueses ainda se indignavam...
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