
Entrevistada pelo canal “Euronews” sobre a re-estruturação da dívida em curso na Grécia, uma cabeleireira local respondia deste modo à sigla na gíria técnica em inglês “Haircut” (Corte de Cabelo) que designa o tipo de operações financeiras de "reestruturação da dívida": “já sabemos que quanto mais cortamos o cabelo mais ele cresce”
Na sua ingenuidade a cabeleireira está certa: ao “perdoar” parte dos títulos em risco de default por outros novos , com um prazo mais longo, novas garantias e com outros juros, a dívida expande-se no tempo e vai crescendo cada vez mais. No final o endividado pagará quase tanto ou mais como se não tivesse havido a operação de re-estruturação (haircut). Por exemplo, a divida portuguesa resultante da bancarrota de 1892 que foi depois renegociada com os credores estrangeiros só acabou de ser paga em 2001, recorrendo a sucessivos empréstimos pelo caminho para pagar juros. Quer dizer, cortam tanto e tantas vezes até que um dia o objecto do corte fica irremediavelmente careca

o “Sistema da Dívida” e a Crise da Grécia - Maria Lucia Fattorelli, Novembro 2011:
A auditoria da dívida Grega (e por simbiose a portuguesa) deve ser integral, isto é, a auditoria deve cuidar não somente dos números referentes a cada emissão ou transacção com titulos soberanos e sua contabilização, mas também deve olhar para todos os aspectos e circunstâncias que levaram a Grécia a esse ponto, tais como:
1. Qual a parcela da dívida soberana grega correspondente a dívida emitida para salvar bancos?
2. Qual a responsabilidade do Banco Central europeu e da Comissão Europeia na evolução do processo de endividamento grego?
3. Qual a responsabilidade das agências de risco pelo rebaixamento dos titulos gregos, provocando a elevação das taxas de juros?
4. Quais as responsabilidades do FMI e da Comissão Europeia pelas suas imposições ao governo grego para que implementasse reformas contra o povo, beneficiando os bancos?
5. Qual a responsabilidade dos bancos por :
a. Não revelarem a realidade acerca do volume de dívida grega com o objectivo de impulsionar a tomada de sucessivos novos empréstimos, tornando a dívida exagerada?
b. Especularem com os titulos gregos no Mercado secundário com o objectivo de promover a contínua elevação das taxas de juros e forçar a intervenção do FMI?
c. Jogarem em Bolsa com derivativos, “Credit Default Swaps” e outros papéis tóxicos?
6. Qual a origem da dívida grega? A Grécia efectivamente recebeu essa quantia? Onde foram parar esses recursos? Quem se beneficiou desses empréstimos? Qual o propósito dessas dívidas?
7. Quais as dívidas privadas que foram transformadas em dívidas públicas? Qual o impacto dessas dívidas privadas sobre o orçamento grego?... www.divida-auditoriacidada.org.br
2 comentários:
é refresco......
refresco?! como vamos a seguir pelo mesmo caminho, é pior, é malagueta
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