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sábado, junho 16, 2012

Grécia, Periodo de Reflexão

o Euro nasceu sob a falsa premissa, simples propaganda, de que iria uniformizar a economia e as condições sociais de todos os povos europeus. Como não existe um “povo europeu único”, mas apenas uma vontade trapalhona nesse sentido a partir de cima por parte das elites dominantes, o processo estava talhado à partida para a falência. Mas foi nisto que demasiados sectores acreditaram – com uma moeda única, seríamos todos iguais. Mas, como vamos vendo, não foi nada disto que aconteceu. O Euro, como instrumento de determinados interesses, rapidamente se converteu num refúgio de capitais em fuga da previsível debacle da especulação financeira norte-americana. Uma década depois, toda a Europa se tinha convertido num enorme depósito de resíduos tóxicos, contabilizados como bons nos balanços dos Bancos.

O Euro foi um instrumento dessas estratégias transnacionais privadas que privilegiam o sector Financeiro ao sector produtivo, visando precisamente a apropriação deste último, ignorando fronteiras e soberanias nacionais. É esta a “nova Europa” contra a velha Europa do estado de bem estar de que falava Donald Rumsfeld, ou que levou ontem o seu discípulo José Manuel Fernandes a escrever: “o choque entre os alemães que fazem contas e todos os outros, os que estão aflitos, não tem solução possível”. De facto, deste modo não, quando no BCE se decide sobre a massa monetária, decidem ao serviço do Capital transnacional e não na melhoria da situação social dos povos, dos trabalhadores enfiados à força num sistema que é alheio aos seus interesses. A versão adoptada quando se decidiu criar o Euro, foi a versão alemã do Bundesbank (tecnicamente dependente do Dólar cumprindo os Acordos de Basileia), segundo o qual no BCE teria de haver total independência do poder bancário e financeiro (privados) relativamente ao poder Político e ao Estado. Dependendo da natureza de classe por onde se analise o problema, tudo seria de facto muito diferente se o banco central emissor de moeda (segundo as quotas percentuais dos países que integram o BCE) não fossem “independentes” e estivessem politicamente dependentes dos Parlamentos nacionais.

Grécia: Sair da Crise é sair do Euro

Na medida em que a situação se agrava, de repente toda a gente que concorda com a permanência no Euro começou a defender a ideia de uma renegociação da Dívida que conduziu o país ao actual estado caótico de desastre nacional. O mais recente aderente à tese de prolongar o pagamento da dívida durante gerações a um juro mais favorável é nem mais nem menos que o partido conservador Nova Democracia, que deste modo se junta à ex-coligação Syriza (agora igualmente um Partido, aspirante a caçar os 50 deputados extra que a lei do Poder vigente oferece ao Partido mais votado. Costas Lapavitsas diz mesmo que a actual corrida aos bancos que colocam milhares de milhões de euros no exterior é uma coisa favorável. Quer assim o escolham, quer não escolham, a saída ou a expulsão do Euro é inevitável. Assim, depois do relançamento do dracma com uma desvalorização perto dos 50%, a nova moeda seria beneficiada pelo regresso desses capitais, a reinvestir numa nova economia ao serviço das pesssoas e não dos bancos. A propaganda social democrata fervilha: "Eu, ou Papariga para 1º Ministro, porque não?" sugere cinicamente Alexei Tsipras (Syriza). Face ao coro geral da permanência no Euro, há contudo uma voz dissonante, que afirma que a Grécia deve mover-se desde já de forma soberana, caminhar com as suas próprias forças, abrindo caminho por sua iniciativa, negando dependências externas. Alex Papariga (KKE): Devemos sair do Euro, repor e socializar os direitos adquiridos




Os resultados das eleições na Grécia serão conhecidos às 19,30 de amanhã Domingo (hora de Lisboa). O Comité para a Anulação da Dívida Pública Portuguesa (CADPP) estará no Rossio a partir das 18 Horas, com a manifesta intenção de apoiar o Syriza, se é que este partido virá a representar o povo grego e se tornar merecedor de tal solidariedade dos outros povos europeus
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