O ministro fez chantagem sobre uma jornalista para a impedir de publicar factos relevantes sobre actos ilegais na governação (uso de dados dos serviços secretos nacionais para empresas privadas). Relvas desmentiu existir chantagem sobre a jornalista. O jornal Público, onde em principio deveria ser publicada a peça jornalistica, cede à chantagem do ministro, acede ao email da colaboradora sem o seu conhecimento ou autorização e apaga-lhe as mensagens comprometedoras trocadas com o gabinete do ministro Relvas. A jornalista (Maria José Oliveira) fica sem meios de prova susceptiveis de fundamentar a queixa junto da Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC) e acaba por ser obrigada a demitir-se do jornal por declarada quebra de confiança. Face ao escândalo e apenas com a informação oficial disponibilizada pelo governo e pelo jornal corporativo a ERC resolve ainda assim pronunciar-se sobre o caso.
a ERC é (foi) laboriosamente composta por elementos afectos aos dois partidos do centro politico que monopolizam os governos há 4 décadas. Apesar da evidência, continua a fazer-se crer que a ERC tem como principal objectivo "assegurar o livre exercício do direito à informação e à liberdade de imprensa". Como resultado do complot, sempre que há politicos acusados a ERC concluiu sempre pela falta de provas - neste caso, após um relatório de 600 e muitas páginas e 5 semanas de trabalho, escrevendo que "não foram comprovadas as denúncias de que Miguel Relvas tenha ameaçado promover um blackout informativo de todo o Governo em relação ao jornal e divulgar na Internet um dado da vida privada da jornalista". Quanto aos mais estados de alma (1) escreve-se que “não cabe à ERC pronunciar-se sobre” o “tom exaltado” do ministro, que aliás “poderá ser objecto de um juízo negativo no plano ético e institucional". O que não será dificil, conhecendo-se, como se conhecem, as habilidades de "empreendorismo" corruptoras do ministro Relvas e da tribo governativa da qual é uma dos pilares essenciais (2)
a ERC suga ao erário público em salários e despesas de funcionamento 4 milhões de euros por ano (3) para produzir não apenas deliberações vazias de conteúdo, mas conclusões tendenciosas e escamoteadoras da verdade dos factos (votadas por três votos a favor do PSD contra dois votos do PS) a ERC não escreveu no comunicado final que ainda assim (e para despistar) o regulador considerava inaceitável a ameaça do ministro ao "Público"
Contas feitas, existem quatro regras de ouro que presidem à eleboração dos relatórios da ERC: 1.Nunca esquecer quem é o dono da organização. 2. Fazer algumas críticas à parte mais poderosa sem que incidam no essencial. 3. Explicar que as diversas versões envolvidas são contraditórias, logo irresolúveis e 4. Escrever um vasto lençol justificando por que não se chegou a nenhuma conclusão. Centrando-nos então na pergunta de Manuel António Pina: E não se pode exterminá-los? - Não, porque quem poderia exterminá-los seriam o PSD e o PS (4)
Toulouse-Latrec, "O Jockey", (quase a cair do Cavalo, mas ainda não foi desta)
fontes
(1) "Regulador engasga-se sempre que há politicos acusados" (2)Roseta acusa Relvas de ter tentado beneficiar com fundos europeus empresa de Passos Coelho (ver video no 5Dias)
(3) "E não se pode exterminá-los?"
(4) a ERC tem 5 membros. "1 ex-deputada que omite na biografia que é ex-deputada do PSD; uma ex-jornalista amiga do ministro Relvas; um ex-governante do PS; um ex-assessor de Jorge Coelho na Mota-Engil; e o presidente Carlos Magno, um contador de anedotas próximo de Relvas, escolhido por ele e aceite pelo PS". Estavam à espera de quê da ERC?
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