Com o boicote árabe aos paises Ocidentais comprometidos com o apoio a Israel, e a subsequente crise petrolífera, a situação internacional agravou-se – no Pentágono, alma-mater da Nato, não havia dinheiro para sustentar as intervenções militares imperialistas no Sueste asiático. Na sociedade civil principal fornecedora de carne para canhão assente no recrutamento obrigatório, a contestação popular sofria uma escalada similar à da guerra: enquanto quando se ouvia Nixon na rádio se desligava o botão, milhões enchiam as ruas e praças em protestos contínuos. O movimento reivindicativo pela Paz obrigou a substituir o recrutamento compulsivo de civis pela contratação de profissionalizada de voluntários para as forças armadas. Onde se iria buscar dinheiro para pagar a mercenarização do sistema? Fácil, não há dinheiro, faz-se! Em 1971 Nixon deixou por decisão unilateral de medir internacionalmente os dólares em ouro e começou a desvalorizar as despesas “pagando-as” com papel impresso. E que fazer relativamente à contestação popular, reivindicações salariais, lutas operárias? fácil – deslocaliza-se a produção para lugares longínquos onde os custos de mão de obra são quase insignificantes, ganham-se biliões sobre biliões, vemo-nos livres de sarilhos em casa pelo desarmar da classe operária. O motor do capitalismo, numa inversão radical da criação de valor deixa de ser a produção, para passar a ser uma espécie de anti-valor pelo consumo das massas indiferenciadas.
Nessa época, em Portugal o 25 de Abril acontece a contra corrente. País fortemente atrasado, carente da modernização do capitalismo para se poder integrar na nova divisão internacional de trabalho, com os Estados Unidos de olhos e dentes postos na exploração dos territórios de língua portuguesa “independentes”, as ajudas no sentido de integrar o país no sistema neoliberal em ascenção (no Consenso de Washington) não se fizeram esperar. No dia seguinte ao golpe, os ingénuos capitães, uns sim outros nem tanto, quase todos à margem de membros do exército de filhos do Povo, cumpriam a sua obrigação hierárquica – foram falar com dois Generais. Foi o principio do fim… Se antes no fascismo, havia quem fizesse carreira dissidindo do regime, ao contrário, quase 40 anos depois, no actual paradigma não há quem cumpra uma carreira e chegue a General sem demonstrar cabalmente que é ideologicamente de extrema-direita.
E são muitos. A seguir analisar-se-á o que contestam e porque é que estas vetustas personagens se podem transformar no orgulho do Cavaco Silva
recorte do jornal Publico em 2006
há coisas que fizemos melhor
e algumas que são destruídas pela ganância
e por politicas erradas, mentirosas
Agora vivemos na sequência
de decisões que não compartilhámos
e somos apenas sobreviventes
de um vasto tufão de poder
.
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