Uma simples mistificação dos economistas da escola neoliberal norte-americana, fazendo tábua rasa da distinção entre o Valor de Uso e o Valor de Troca das mercadorias de Karl Marx em “O Capital” moldou o mundo do pós-guerra tal e qual o conhecemos. Neste sentido, só o Presente é nosso, não o momento passado nem aquele que aguardamos, porque um está destruido, e do outro, se não lutarmos, não sabemos se existirá.
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quinta-feira, maio 12, 2005
Guerra das Estrelas, Episódio III - Uma vingança da Finança Mundial
Resumo do excelente artigo de Slavoj Zizek, publicado no nº de Maio do “Le Monde Diplomatique”
Competindo com o cristianismo, o budismo de tendência New-Age regista um certo entusiasmo, como se de uma tentativa de tornar aceitável o desenvolvimento do capitalismo financeiro e o stress ligado ao progresso tecnológico se tratasse.
A “Vingança dos Sith” não escapa a esta influência.
“Finalmente é-nos apresentado o momento crucial da saga – o momento da transformação do Bem na figura de Anakin Skywalker no malvado Darth Vader o paradigma acabado do Mal, onde é estabelecido um paralelo entre o “individuo” e a “politica da Sociedade”
Ao nivel do individuo, a explicação apoia-se num género de budismo pop: “ele transforma-se em Darth Vader porque se prende às coisas”,,, explica George Lucas.”Ele não consegue separar-se da mãe,da namorada, ele não consegue renunciar aos objectos”.Esta ligação torna-o ávido.E quando se é ávido, está-se no caminho para o lado negro porque se tem medo de perder o que se possui”.
A Ordem dos Jedi aparece, por oposição, como uma nova versão da Comunidade do Graal celebrada pelo compositor Richard Wagner em Parsifal. É reveladora a explicação politica: “Como se transformou a República num Império? (em paralelo a questão de como se transformou Anakin em Darth Vader?),,, Como é que uma Democracia se transforma numa ditadura? Não é por o Império ter conquistado a República, mas porque o Império é a própria República”
O Império nasce da corrupção inerente à República: “Um belo dia a princesa Leia e os seus amigos acordaram e disseram: “Isto já não é a República, é o Império - Somos nós os Maus!”
Que paralelismos podemos tirar daqui? No momento em que a Tecnologia e o Capitalismo Ocidental aparentemente triunfam à escala planetária, a herança judaico-cristã enquanto “superestrutura ideológica”, parece “ameaçada” pelo assalto do pensamento asiático New-Age. O Taoismo Chinês encontrar-se-à a um passo de se tornar a ideologia hegemónica do capitalismo selvagem mundial?
A aparente chave e a lição crítica a reter é que não nos devemos comprometer de corpo e alma no jogo capitalista, mas que porem podemos fazê-lo,,, mantendo uma distância interior.O Taoismo, um sistema de pensamento religioso e filosófico, constitui um sincretismo que se desenvolveu na China desde o século VI antes de Cristo!,,, tornou-se, com o Budismo, uma das duas grandes religiões chinesas.O Taoismo preocupa-se sobretudo com o “Individuo”, com a sua vida espiritual, ou até especulativa.
Se fizermos as contas, sob uma perspectiva meramente quantitativa à influência desta doutrina emergente, o Papa Ratzinger lá terá as suas razões, em querer sossegar as hostes de crentes ocidentais, tementes a uma nova Idade das Trevas. Ao tempo do seu remoto antepassado São Bento, a Igreja de Roma tinha-se transferido para Constantinopla, enquanto o Império Romano entrava em rápido declínio, consumido por guerras,males económicos e desordem social.
Abstraindo-nos destas extrapolações, alheias a este ultimo episódio da Guerra das Estrelas, o filme em si, segundo alguma crítica que já o visionou, é bastante medíocre,,,
,,, o que é bastante compatível com as filas à porta das salas de cinema americanas em contagem decrescente para a estreia mundial a 19 de Maio.
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