Uma simples mistificação dos economistas da escola neoliberal norte-americana, fazendo tábua rasa da distinção entre o Valor de Uso e o Valor de Troca das mercadorias de Karl Marx em “O Capital” moldou o mundo do pós-guerra tal e qual o conhecemos. Neste sentido, só o Presente é nosso, não o momento passado nem aquele que aguardamos, porque um está destruido, e do outro, se não lutarmos, não sabemos se existirá.
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quarta-feira, maio 04, 2005
Salmo 21
Porque me Abandonáste?
Deus, meu Deus, porque me abandonaste
Sou uma caricatura de Homem
O desprezo do povo
Fazem chacota de mim em todos os jornais
Rodeiam-me de tanques blindados
Tenho metralhadoras apontadas para mim
Cercado de vedações
De arame electrificado
Todos os dias me põem numa lista
E já me tatuaram um número
Tiraram-me fotografias contra os muros
E podem-se contar todos os meus ossos,
Como numa radiografia
Ficaram-me com toda a identificação
Levaram-me nu para a câmara de gaz,
E mandaram repartir as minhas roupas e sapatos
Grito pedindo morfina e ninguem me ouve
Grito já dentro da camisa-de-forças
Grito toda a noite no hospital dos loucos,
Na sala dos doentes incuráveis
Na ala dos contagiosos
No asilo dos velhinhos
Agonizo banhado em suor na clinica do psiquiatra
Afogo-me com o balão de oxigénio
Choro na esquadra de policia
E no pátio do presidio
Na sala de tortura
No orfanato
Estou contaminado pela radioactividade
Ninguem se chega a mim, para não se contagiar
Porém, eu posso falar de ti aos meus irmãos
Enaltecerte-ei na reunião do nosso povo
Irão soar os meus hinos no meio deste grande povo
Os pobres terão um banquete
O povo celebrará uma grande festa
O Povo novo que vai nascer
in “Canto Cósmico”
padre Ernesto Cardenal