Pesquisar neste blogue

quarta-feira, novembro 30, 2005

o Silêncio como Prova de Vida,,, entra mudo e sai calado,,,

artigo de Henrique Monteiro, transcrito daqui.(cartoon de Francisco Espada)
Nunca as Élites que controlam o mundo, controlam apenas um lado numa disputa. Se eles o fizessem, então não poderiam garantir o resultado. Não é dessa forma que eles jogam o jogo. Em cada disputa importante eles controlam as lideranças bipolarizando as facções, dando a ideia que "batalham entre elas", mas apenas isso, dando essa ideia apenas para consumo público. Ganhe quem ganhar, o essencial na exploração do sistema está salvaguardado, e a parte "perdedora" fica igualmente garantida. Por isso Soares e Alegre dizem que "dormirão descansados mesmo que percam".

O regresso do Buiça

Luis Salgado de Matos, artigo do "Público"

Várias personalidades têm defendido o reforço dos poderes presidenciais. O Dr. Rui Machete (*), constitucionalista e homem prudente, defendeu que o Presidente tenha o poder de demitir livremente o Governo. O Dr. Pinto Balsemão (**), um jornalista e ex-chefe de Governo, propôs um regime presidencial à francesa, segundo diz a imprensa. Ambos convergem nas justificações. Machete considera que “vivemos numa situação dificil, em termos financeiros, o que pode exigir uma acção mais prolongada, com medidas ainda mais severas”. Se o Presidente não é solidário com o Governo, demiti-lo-á.
Quando a impopularidade das medidas for excessiva – e a crise ficará sem remédio. O Dr. Balsemão afirma: “habituámo-nos a discutir tudo e durante muito tempo e o País precisa de medidas rápidas”
Estes remédios são aterradores. Em primeiro lugar, aumentam as expectativas dos cidadãos. Ambos pressupõem – talvez contra a própria vontade – que o Estado tem decisões a tomar que podem enriquecer-nos. Aliás, Machete observa com lucidez que os “manifestos eleitorais” dos candidatos presidenciais são programas de Governo”. Com a honrosa excepção do Dr. Soares, todos os candidatos limitam-se a aumentar expectativas, aumento apoiado de modo explicito ou implicito na acção estatal – isto é: em mais impostos.
Aqueles remédios são letais. Em Portugal, temos um Presidente da República e um Chefe de Governo. O Presidente é o chefe do Estado e arbitra os conflitos entre o chefe do Governo e os cidadãos. O Chefe do Governo é o responsável do Executivo. O Presidente dissolve a Assembleia para devolver o poder ao eleitorado – e não pode imiscuir-se nas intrigas partidárias porque não tem o direito de demitir o Primeiro-ministro.
No regime presidencial, o chefe de Estado não se distingue do chefe do Governo. Em Portugal o chefe do Estado chefiou o executivo só em dois periodos: quando o Rei D. Carlos impôs João Franco contra os partidos; e quando Sidónio Pais chefiou ele próprio o governo. As duas experiências acabaram a tiro: D. Carlos foi assassinado no Terreiro do Paço pelos srs Buiça e Costa, Sidónio foi assassinado quando saía da estação do Rossio. O General Eanes começou a trilhar este caminho, mas parou a tempo.
É inevitável que assim seja. O chefe de Estado era árbitro e passou a jogador. Os espectadores matam o árbitro quando não obtêm o resultado que desejam. E nem todos os espectadores-cidadãos desejam o mesmo resultado. Os portugueses aprovam o Presidente da República e condenam os partidos. Por isso, os partidos é que precisam de tratamento – pois, estando mal, são indispensáveis. Ora o Presidente não consegue tratar dos partidos. Reforçar o Presidente é adoecer o que está bem – e manter o que está mal ou esboçar a guerra civil.
Os candidatos deviam pensar duas vezes antes de apelarem ao regresso do Buiça”.

* Notas (xatoo) para a compreensão do porquê do interesse destes dois cavalheiros em ter em Portugal um regime de democracia musculada com um Homem-forte à frente do Governo-Presidência com um programa ao serviço da ditadura mundial yankee do IV Reich. Ora,,,e muitos ainda se lembram,,,governados por um Professor de Finanças já nós fomos por mais de 40 e muitos anos. Vejamos:
* Rui Machete é Presidente da Fundação Lusa-Americana para o Desenvolvimento (FLAD) um organismo que trabalha em estricta colaboração com a Embaixada Norte-Americana em Portugal.
** Francisco Pinto Balsemão é o representante máximo em Portugal do Grupo Bilderberg, tida como uma associação semi-secreta dos grandes interesses Económico-Financeiros que decidem na verdade sobre as directivas a seguir nas economias a nivel mundial pelos Governos.

* a ler: "Autoritarismo de Estado e Sociedade Civil em Portugal" por Manuel Villaverde Cabral

terça-feira, novembro 29, 2005

tanto faz votar não,,, como sim

(recorte de titulo do artigo de Jo Leinen no "Publico" de hoje)

Está em marcha nova ofensiva para fazer ressuscitar a famigerada Constituição Europeia, chumbada de forma contundente pelo voto popular da França e da Holanda. A estratégia parece ser agora a de fazer passar a aprovação pelo Parlamento Europeu, num simulacro de "ratificação democrática" pelos mandatários, eleitos, mas certamente não mandatados para resolver sobre esta questão fundamental. A manobra de diversão lançada por Freitas do Amaral "criticando a pérfida Albion" foi uma "deixa" para dar visibilidade às novas imposições de Tony Blair: "os fundos de Coesão da UE aumentam coesão mas falham competividade" - Londres quer que os parceiros aceitem cortes no Orçamento da União Europeia, nomeadamente na questão da PAC, conceito que é caro à noção de "terrain" do povo francês.
Mais uma vez se tentam jogadas de cúpula, sem que os interesses e os reais desejos de decidir sobre si próprios sejam levados em conta numa verdadeira refundação europeia pelos povos europeus.
A directiva Bolkestein ambiciona abrir completamente o "mercado de serviços na Europa". É uma concepção ultra liberal que implica que serviços possam ser comprados ou vendidos como uma qualquer mercadoria.
Educação, cultura, saúde, comunicações audiovisuais não são mercadorias!!
Todos os cidadãos Europeus deviam ter a segurança de que em toda a parte receberão serviços de qualidade.

www.stopbolkestein.org/

Stop Bolkestein !

NÃO a uma Europa socialmente retrógrada!
NÃO a uma Europa educacionalmente regressiva!

Instigada pelo anterior Comissário Europeu Frits Bolkenstein (um liberal holandês), um esboço de directiva (lei Européia) sobre a livre circulação deserviços dentro da União Européia está correntemente sob discussão. Se for adoptada, esta directiva Européia resultará na comercialização de todos os serviços na União. Isto significaria que sectores essenciais tais como a cultura, educação, cuidados de saúde e todos os serviços relacionados com os sistemas nacionais de segurança social poderiam ser expostos às mesmas formas de competição económica que os bens comerciais. Esta mercantilização conduziria inevitávelmente à deterioração de sistemas de pensão, segurança social e cuidados de saúde em favor the seguros privados. Também incluiría a desregulamentação dos sistemas de ensino e o fim de qualquer tipo de excepção cultural. Mais ainda, a aplicação desta directiva poria em questão direitos dos trabalhadores tais como estão estabelecidos pelas leis nacionais dos países da União. Desde Março deste ano, certos partidos políticos e uma hoste de corporações nacionais e Européias (associações, sindicatos, etc.) tocaram o alarme e apelaram às forças progressistas para que fizessem um esforço concertado para lutar contra este projecto de lei que representa um passo atrás em termos de direitos sociais. Apesar destes esforços, uma grande maioria de estados membros aparece agora a favor da rápida adopção deste projecto lei. Como a aprovação por unanimidade não é requerida para esta decisão, nenhum governo isolado e muito menos um partido político, é capaz de prevenir a adopção desta directiva.

Só um um esforço conjunto da parte da sociedade civil dentro da União poderá impedir este desenvolvimento. Temos que agir rápidamente.
Estamos a convidar-te para dizeres um claro NÃO a uma Europa socialmente retrógrada assinando a petição electrónica à disposição neste site e enviando-a por e-mail ao maior número de gente possível.
assinar aqui:
http://www.stopbolkestein.org/index.cfm?Content_ID=1472851

os Novos Príncipes

António Negri esteve em Lisboa para participar num debate sobre Michel Foucault. Autor, com Michael Hardt, do “Império”, que se tornou uma bíblia dos defensores da “ globalização alternativa”, os dois acabaram de lançar em português o livro “Multidão”, onde analisam a possibilidade de uma democracia à escala global. A jornalista Ana Sá Lopes d` “O Público” entrevistou Negri no Instituto Franco-Português, onde decorreu o debate sobre Foucault, e dada a importância do que ficou dito, e por não estar disponível online, resolvi transcrever a entrevista que se segue.(embora outras entrevistas mais ou menos similares estejam disponíveis p/e aqui)

P – "Qual é a sua interpretação dos recentes acontecimentos em França?
António Negri – Há muitas explicações para o que se está a passar em França. Há quem pense que se trata de um conflito étnico-religiosos, há quem pense que tem origem em elementos provocadores. Eu penso que as razões fundamentais são sociais. É uma demonstração da crise do neoliberalismo. Mas, atenção, não penso que se trate de uma questão interna da França. São contradições que atravessam todo o capitalismo desenvolvido. É uma realidade extremamente violenta, mas extremamente demonstrativa. Não foi uma insurreição, um movimento politico. Foi um movimento que pôs um problema.
P – Mas a direita respondeu e as sondagens confirmam que reforçou o seu poder. É uma contradição?
A.N. – Não é uma contradição, é uma complementaridade. É evidente que a direita tentou dramatizar a situação, colocando em cima da mesa toda a temática securitária. Mas, repare, já tive experiências extremamente pesadas na minha vida que me demonstraram sempre que quando se opta pela repressão e pela provocação nunca se consegue resolver os problemas. A direita pode ter hoje uma pequena vantagem, quando chama “escumalha” e “bandidos” e apela à capacidade de os reprimir, de os pôr no lugar. Mas eu penso que perdeu.
P – Como é possível, segundo António Negri, ser-se hoje de esquerda?
A.N. – Eu acredito que sou de esquerda, mas não sei se aqueles que se autodenominam partidos de esquerda são de esquerda. Há um problema de lógica. Eu sou de esquerda, sou contra a guerra, sou a favor dos pobres, sou a favor das mulheres e de todos os excluídos da sociedade. Sou, sobretudo, a favor de um projecto politico económico que seja profundamente egualitário. Isso significa ser-se de esquerda. Mas os partidos que se autodenominam de esquerda são a favor da guerra, são a favor de certas divisões sociais e do sucesso individual do capitalismo. Os partidos de esquerda estão em crise, incapazes de produzir modelos sociais alternativos ao modelo capitalista. Estão numa posição de subordinação. Veja-se o problema da imigração, a propósito dos acontecimentos de Paris. A esquerda não disse uma palavra sobre a imigração. Na Itália, passa-se exactamente o mesmo. Há um etnocídio às portas do Mediterrâneo, há centenas de pessoas que morrem, é uma coisa horrível.
P – Porque acha que a esquerda não diz uma palavra sobre imigração?
A.N. – É evidente que a força de trabalho e a produção mudaram. A força de trabalho é hoje móvel, intelectual, flexível. A produção exige hoje mobilidade, mas tem que haver meios para isso. Um meio será, por exemplo, alterar o modo de concessão de cidadania. É uma reforma basilar que as pessoas podem fazer e estas não são necessáriamente reformas de esquerda.
P – Sobre a guerra do Iraque, disse uma vez que se tratava de uma forma dos Estados Unidos atacarem a Europa. Mas não pensa que a Europa está alheada da guerra?
A.N. – Penso que a classe dirigente e a elite europeia estão completamente ultrapassadas.
P – Mas porquê?
A.N. – Durão Barroso é agora chefe da Comissão Europeia, antes dele foi Romano Prodi e já conhecíamos insuficiências profundas nas instituições. Eu sou profundamente europeísta e penso que a única possibilidade de reorganizar a nova ordem mundial plural terá de ser baseada no poder continental. A Europa é necessária, mas é necessária uma Europa que compreenda as novas formas de trabalho, que não seja controlada pelos lobbies corporativos. Tudo isso é absolutamente necessário, é preciso um movimento a favor da Europa, um movimento real, que não será o Parlamento Europeu nem a Constituição giscardiana. É necessário criar um verdadeiro movimento constituinte da Europa. È absolutamente necessário fazê-lo, até porque hoje os americanos perderam.
P – Acredita mesmo que os americanos perderam?
A.N. – Os americanos ensaiaram um golpe de Estado sobre a ordem global, mas perderam. Perderam porque do lado económico tiveram de pagar a guerra e do lado militar não a ganharam. Não têm força para bloquear aquilo que se passa na América Latina, o que se passa na China. Estão verdadeiramente ultrapassados. Bem, veremos o que se vai passar na Europa. São problemas que nos temos que confrontar nos próximos anos. Espero que se venha a criar um profundo élan verdadeiramente multitudinário e proletário que possa reavivar o desejo da Europa profunda, encarada como uma necessidade. A Europa é a nossa Pátria, não? É o nosso espaço politico. De manhã, quando acordo, às vezes nem consigo perceber se estou em Itália ou se estou em França… Há qualquer coisa profundamente real no ser-se europeu.

P – Falou de uma Europa proletária… O que é isso?
A.N. – Quando falo em proletariado, falo nos trabalhadores intelectuais, nos trabalhadores dos serviços. Falo das mulheres, falo em toda a quantidade de energia utilizada no trabalho. Falo da sabedoria, falo de tudo isso quando falo do proletariado. Há uma nova capacidade, uma nova força do novo proletariado. Eu prefiro falar em multidão.
P – No “Império” António Negri e Michael Hardt deram o exemplo de São Francisco de Assis como um dos pilares de onde podia nascer o novo comunismo…
A.N. – Esse exemplo não é nosso, é de Maquiavel. Escrevêmo-lo exactamente porque gostávamos de ver como é que as pessoas reagiam. Maquiavel diz que a religião cristã estará terminada se perder o exemplo de São Francisco de Assis e de São Domingos. É o mesmo que se passa com o Socialismo. O socialismo terminará, e o comunismo acabará, não terá possibilidade de resistir e de se renovar, se não for através da solução das necessidades reais das pessoas. Foi Maquiavel que o disse. É politicamente realista".

"Pobres, sempre os tereis entre vós" (Jo 12,8), disse Jesus Cristo interpelando Judas

a luta de classes transposta para a Igreja, a Esquerda da teologia da Libertação (Leonardo Boff e Joseph Comblin), a ideia de Paz metida ao Barulho, ou a visão Reaccionária do processo de "autodemolição" da Igreja" e a penetração da "fumaça de Satanás" no Templo de Deus, segundo Paulo VI,,,???

segunda-feira, novembro 28, 2005

o Futuro

Qualquer Sistema que façam sem nós
será derrubado
Já os avisámos antes
e nada do que construíram ficou de pé
Ouçam enquanto se debruçam sobre os vossos planos
Ouçam enquanto arregaçam as mangas
Ouçam mais uma vez
Qualquer Sistema que façam sem nós
será derrubado
Têm os vossos medicamentos
Têm as vossas armas
Têm as vossas Pirâmides, os vossos Pentágonos
Com toda a vossa erva e balas
já não podem caçar-nos
Tudo o que revelaremos sobre nós
será este aviso
nada do que construíram ficou de pé
Qualquer Sistema que façam sem nós
será derrubado

Leonard Cohen (in Any System)


Quando se perfilam no horizonte soluções de democracia musculada para consumo interno dos insignes portugueses que ficarem, na expressão dos anos 60 de Jorge de Sena – “os insignes ficantes”, agora com a aliança tácita Cavaco-Sócrates a “governá-los" num regime presidencialista, e passados 30 anos desde que o actual sistema de corrupção assente nos partidos políticos vem sendo construído com os resultados à vista, é interessante comparar aquilo que fizemos com, por exemplo, as primeiras medidas tomadas pelo governo revolucionário de Cuba logo após a tomada do Poder.

a Revolução Cubana e o cinzento Novembro português

Salvaguardadas as distâncias para a época, veja-se aqui, como curiosidade histórica, qual foi o plano de 20 pontos adoptado pelos revolucionários de Castro,,, Independentemente da diferença de ideologias e de culturas, o que terá entre nós, ficado por fazer no 25 de Abril?,,,(atenção especial aos pontos 7, 14 e 17)

clique na imagem para ampliar

sábado, novembro 26, 2005

O golpe continuou a 26 de Novembro e por aí fora,,,

A Alta Autoridade para a Comunicação Social (AACS) criticou ontem a “generalidade da imprensa no caso do arrastão de Carcavelos. Segundo a AACS “os media deveriam ter assumido publicamente o seu erro e formulado um pedido de desculpas à opinião pública em geral e às comunidades de raça negra e de emigrantes em geral em vez de praticamente omitir ou menorizar o desmentido da Policia às descrições iniciais”. É sempre assim – uma mentira difundida com grande impacto mediático inicial para servir fins predeterminados e depois o silêncio e a segregação. É assim, a golpes de mentiras, que se constrói a opinião pública das massas amorfas. Enquanto as verdades que interessam ficam submersas num oceano de futilidades e fait-divers absolutamente irrelevantes servidas em catadupa. A nova Censura é assim,,,
----
Um estado dentro de outro Estado – era assim que era vista a Instituição Militar antes do 25 de Abril em Portugal



o 26 de Novembro ainda não acabou:

“O Chefe do Estado-Maior do Exército (CEME), general Valença Pinto, quis fazer do 30.º aniversário do 25 de Novembro de 1975 - quando morreram três militares na luta entre facções do ramo - um dia de "unidade e paz entre tropas do Exército e dos Comandos". Para a exibição pública de coesão interna, num momento de imposição de reformas às Forças Armadas, só convidou o general Ramalho Eanes - "como representante de todos os militares" envolvidos naquele combate político-militar. O coronel Vasco Lourenço contactado, mostrou irritação "Estranho que não convidassem quem esteve a comandar [as forças moderadas] como n.º 2, a seguir ao Presidente da República e CEME" Costa Gomes”.(DN 26/11/2005)

Si Vis Pacem, Para Bellum?

O golpe militar de 25 de Abril de 1974 não incomodou particularmente os poderes instituídos, nomeadamente as estruturas da NATO ou o Regime da Ditadura de Franco aqui ao lado em Espanha. A figura do General Spínola tranquilizava-os totalmente. As lutas do povo português levadas a cabo pela emancipação das classes mais desfavorecidas, haveriam de arrastar o MFA a radicalizar essas exigências, e aí a situação mudou, com a Espanha a apoiar abertamente a criação do grupo terrorista ELP, a inventona da célebre “matança da Páscoa”, os movimentos independentistas na Madeira e Açores, enfim a contribuir activamente para desestabilizar o país. A intenção do golpe de Direita que repusesse a normalidade (mas agora muito convenientemente que parecesse democrática) de antes do 25 de Abril, esteve sempre presente.
O mito de golpe de Esquerda em que assentou o golpe de Direita em 25 de Novembro de 1975 já vinha sendo construído desde pelo menos a Reunião da NATO de 30 de Maio onde ficou decidido destribuir armas por organizações civis conotadas com o Partido Socialista. As decisões politicas eram tomadas então em Assembleias Populares dentro das Forças Armadas. Pela primeira vez o Poder sentiu que podia ser posto em causa na disputa pela escolha entre uma “Democracia de raiz nacional própria construída sobre Bases Populares” (que pela primeira vez em séculos poria em causa as desproporcionadas hierarquias da Instituição Militar em Portugal) e a “Democracia Parlamentar Burguesa” em que se apoiam os regimes conotados com a exploração Imperialista. O papão acenado, no auge da disputa entre os dois blocos hegemónicos, era o de que Portugal se transformaria na “Cuba da Europa” (o que era um autêntico susto para os interesses americanos, nomeadamente no petróleo de Angola que já então exploravam em exclusivo),,, como se nas democracias nórdicas não houvesse instituições de base institucionalizadas que controlam eficazmente as cúpulas politicas por forma a que estas não possam decidir pondo em causa os interesses do Povo, ou seja – o interesse Nacional de facto, e não como figura de estilo para o discurso retórico de politicos e militares que servem tudo menos isso. O caso dos soldados Mercenários envolvidos nas guerras do Iraque e do Afeganistão (antes no Kosovo),,,
prova isso mesmo – que esse envolvimento só serve para que o país pobre e desprovido de recursos que somos, sustente em mordomias uma despropositada e numerosa hierarquia militar de generais e altos cargos (em “Guerra Permanente”) que vivem faustosamente à custa de um povo depauperado.

* relacionado: "Canhões e Capitalismo" por Robert Kurz
* "Alternatives To Permanent War" in "Human Rights Now"

sexta-feira, novembro 25, 2005

efeméride - o golpe militar de 25 de Novembro de 1975

DEZ RÉIS DE ESPERANÇA

Se não fosse esta certeza
que não sei de onde me vem,
não comia, não dormia,
nem falava com ninguém.
Acocorava-me a um canto,
no mais escuro que houvesse,
punha os joelhos à boca
e viesse o que viesse.
Não fossem os olhos grandes
do ingénuo adolescente,
a chuva das penas brancas
a cair impertinente,
aquele incógnito rosto,
pintado em tons de aguarela,
que sonha no frio encosto
da vidraça da janela,
não fosse a imensa piedade
dos homens que não cresceram,
que ouviram, viram, ouviram,
viram, e não perceberam,
essas máscaras selectas,
antologia do espanto,
flores sem caule, flutuando
no pranto do desencanto,
se não fosse a fome e a sede
dessa humanidade exangue,
roía as unhas e os dedos
até os fazer em sangue.

António Gedeão


* Cronologia do golpe militar de 25 de Novembro de 1975, aqui.
* a subida ao Poder de um obscuro capitão que tinha chumbado no exame da 4ª classe - a ler aqui, na Wikipedia
* a versão dos acontecimentos relatada por Álvaro Cunhal, aqui.
* que restará da Constituição de 25 Abril redigida pela Assembleia Constituinte eleita pelo povo em 1976, e revista em 1982, 1989, 1992, 1997, 2001 e 2004?
* o autor da "biblia do PREC"
* Bibliografia
* Otelo Saraiva de Carvalho, um homem da noite lisboeta, em Cuba

quinta-feira, novembro 24, 2005

Tortura, neo-esclavagismo, Censura e Guerra

* comentário do leitor "ElecKtron" no Expresso Online:
Pactuar com a CIA, não é nada de outro mundo, pois sendo esta a Agência mais falsa e anti-democrática que existe no mundo, faz os seus pactos com a escumalha da mesma laia, ou alguém tem duvidas sobre a integridade duvidosa deste governo?
* Bush planeou bombardear a Al-Jazeera com séde no "território amigo" do Qatar
* segundo diz uma noticia que fez capa ontem no "Daily Mirror", porque
a Al-Jazeera denuncia a Tortura e os crimes que se cometem no Iraque
* assim como tambem o PCP e o BE os denunciam no caso dos aviões da CIA que fazem escala em Portugal
* terão os acólitos de Bush equacionado tambem a possibilidade de bombardearem a italiana RAI quanto esta estação disponibilizou os Vídeos dos ataques dos EUA a Fallujah com napalm e fósforo branco?, claro que
* existem Centros de detenção na Europa e não só!

“Não saber, Não perguntar. É desta maneira que o mundo dito “livre” tem optado por reagir às noticias sobre as práticas de tortura autorizada pela administração de Washington para o combate ao terrorismo”
(Ana Sá Lopes, no Público 20/11)

* a CIA não tem terroristas, claro que não, é tudo muito assépticamente profissionalizado - contratam empresas que fornecem mão de obra para proceder às torturas

* Quanto à "invenção Al-Queda" - façam uma pesquisa ao que foi o relatório "Able Danger", da autoria da mesma CIA, onde se assinalavam com antecedência os acontecimentos do 11/Setembro - houve uma estação de rádio lá nos confins da parvóniawest que até deu a noticia duas horas antes,,, e alguem da Casa Branca também começou a falar para a Fox 5 minutos antes do 1º embate dos aviões. Estes factos até já têm página na Wikipedia.
O julgamento dos Nazis no Tribunal de Nuremberga fez esta semana 60 anos. Para quando o julgamento dos redactores do PNAC americano? o programa NEO-FASCISTA de tomada do Poder mundial onde textualmente se fazia referência à necessidade de criar um acontecimento "tipo um novo Pearl Harbour", para os Estados Unidos terem um pretexto para lhe dar inicio?

Os culpados pelos crimes perpretados desde que George W. Bush tomou o Poder estão identificados! - a começar pelos autores do PNAC - da esquerda para a direita:
Vice-Presidente "Dick" Cheney, Jebb Bush governador da Flórida, Donald Rumsfeld, secretário da Defesa, Paul Wolfwitz agora no Banco Mundial, Lewis Libby chefe de Gabinete de Bush (despedido recentemente para salvar a face de Cheney no caso Rowe da invenção das Armas de Destruição Macissa), John Bolton agora embaixador na ONU, Dov Zakheim sub-Secretário da Defesa, e o redactor do documento Eliot Cohen.
Depois destes sinistros personagens a lista de cumplices é, infelizmente para a Humanidade, já muito longa,,,

* relacionado,,, a ler, o artigo do antigo ministro do Ambiente britânico Michael Meecher (que se demitiu por causa da guerra contra o Iraque) - "The War on Terrorism is Bogus"

quarta-feira, novembro 23, 2005

Eixo para a Paz - a fundação de um Movimento Internacional contra a Dominação Global

sobre esta iniciativa, nem uma palavra foi publicada nos orgãos de "comunicação" social portugueses, apesar de lá estar presente José Saramago.
Réunião de Lideres da Contestação Mundial
Ligações:
O sitio oficial "Axis for Peace" : www.axisforpeace.net
a Declaração Final : www.axisforpeace.net/article680.html
as Fotografias da Conferência: www.axisforpeace.net/rubrique13.html
Resumo das intervenções: www.voltairenet.org/rubrique616.htm

o Foro Iberoamerica

Meia-dúzia de linhas num jornal, com a menor importância possivel, e em paralelo com a Cimeira Ibero-Americana dos politicos reunidos em Salamanca debaixo do fogo dos holofotes mediáticos,,, reuniam-se, dias antes, discretamente em Lisboa no Hotel Tivoli, um grupo de mais de cem participantes, que se auto-intitularam de "grupo de reflexão privado" para a América Latina. 500 anos depois, continuam a ser sempre o mesmo bando de piratas caras-pálidas quem pretende resolver a vida dos indígenas.

Neste lote de pesos pesados, compareceu como habitualmente a nata da máfia do Bloco Central: Pinto Balsemão (PSD); Durão Barroso (PSD); Jorge Sampaio (PS); o ex-1º ministro espanhol Felipe Gonzalez (PSOE) Rui Machete da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD); Jardim Gonçalves (BCP);João Rendeiro (BPP); Ricardo Baião Horta (Cimpor); Francisco Sanchez (EDP); o filho de Roberto Marinho da TV GLOBO; Gustavo Cisneros do grupo venezuelano de TV CISNEROS envolvido no golpe para destituir o presidente Chavez; ex-presidentes da Argentina, Uruguai e Nicarágua; Manuel Arango do grupo mexicano Concord; governadores locais sul americanos e outros pequenos oligarcas de somenos importância.
Venha então, quem negue que os assuntos tratados não se relacionem com a exploração neo-colonial conforme se analisou no post anterior. Devemos começar por discutir o projecto de construção da OTA, tendo somente como leit-motiv o facto de ser apenas plataforma e placa giratória para a exploração neo-colonialista dos territórios do espaço lusófono e da América Latina, ao serviço do Império - politica da qual Barroso, ao "Senhor Banalidades" como é conhecido na Europa o cão-de-fila-pró-americano armado em importante, cabe a tarefa de rato de porão que consiste em "partir a Europa" em beneficio desta opção Atlântica.

O projecto politico-económico Atlântico tem outras vertentes: a geo-estragégia Militar, (José Dirceu e a criação de Forças Armadas Sul Americanas unificadas) e até a componente Ambiental é re-equacionada através das ONGs recicladas pelo relatório Bruntland (Agenda 21) para as politicas de apoio à exploração - tudo sob o manto diáfano das melhores das "boas intenções". Neoliberais, esquecem-se por lapso, de acrescentar.

É impossível não ver aquilo que o grande capital não consegue esconder: o Poder concentrado no “establishment americano” (Democratas&Republicanos ou “Socialistas”&Social-Democratas) tem um plano global para monopolizar os recursos naturais do planeta, com o objectivo de manter o abastado modo de vida das classes dominantes no Ocidente.

terça-feira, novembro 22, 2005

“Não há comparação nenhuma entre quem foi para a guerra de África e os que estão a fazer esta guerra no Afeganistão. Nós fomos porque éramos obrigados, estes vão porque são mercenários. Estão lá porque querem, para ganhar dinheiro”
Carlos Pinto Coelho (24 Horas 20/11)

Noticia do República em 21/11 de 1975:
“As intercomissões de Soldados e Marinheiros exigem um pré de 2500 escudos, porque “a Burguesia já provou que pode pagar”

Realmente, passados 30 anos, parece que sim. A burguesia agora, ainda por cima, também é outra, cresceu. Globalizou-se. O soldado morto no Afeganistão, um jovem de trinta anos, estava a construir uma moradia no Alandroal, com dinheiro sujo de sangue. Quanto se ganha agora de pré nas Forças Armadas ao serviço dos interesses criminosos de expansão Imperialista?,,, Esta gente é perigosa. O espectáculo feito em redor do funeral da vítima, a presença de “altas individualidades", as missas do bispo Torgal Ferreira –“assim se paga a liberdade” disse ele invocando na inversão de valores tudo o que há de mais retrógrado nos instintos humanos, as associações de Comandos em peso - os cães-de-fila do contra-golpe que derrubou o 25 de Abril, enfim a ocupação do espaço público nos orgãos de comunicação social com assuntos do foro interno dos militares profissionalizados, sem que estivessem alguma vez legitimados democráticamente para fazerem aquilo que andam a fazer. O mais chocante de tudo, sem dúvida, é a posição da Igreja, sempre silenciosa em relação aos crimes do Poder, mas que afinal se “compreende”, porque é do Poder que a Hierarquia católica se alimenta, sempre manipulando a crendice mais abjecta, ontem branqueando o Fascismo, com um padre por cada batalhão que seguia para a guerra colonial, hoje com os rituais que legitimam assassinios e torturas ao serviço do Império.

domingo, novembro 20, 2005

a União Europeia de olho neles,,,

1 - Na comissão parlamentar realizada com o grupo de peritos do Conselho da Europa encarregue da avaliação de Portugal no domínio da corrupção o presidente da comissão parlamentar de Assuntos Económicos, João Cravinho, alertou para a necessidade de Portugal ter uma estratégia específica anti-corrupção na administração pública, lamentando a falta de uma lei-quadro sobre esta questão.Os peritos, que pertencem ao Grupo de Estados Contra a Corrupção (GRECO), estiveram em Portugal para fazerem "uma radiografia" dos mecanismos de combate à corrupção no âmbito da administração pública e das entidades económicas privadas.

2 - Luis Salgado de Matos no Público
14/Novembro:
“Dentro de poucas semanas, o Banco Central Europeu (BCE) passará a recusar garantias dadas plos paises com economias deficitárias. Consequência? Aumentará o juro pago por estes maus alunos. Entre os quais Portugal.Desde que há euro, quando um banco português aparecia a pedir dinheiro emprestado ao BCE e dava como garantia dívidas do Estado português – ou de empresas portuguesas bem classificadas - o banco aceitava as garantias – e emprestava. Dentro em breve, o BCE dirá: “desculpe, você tem a classificação A- (A menos), dada pela agência Standart&Poor’s e por isso não aceito as suas garantias”.
Continue a ler mais, aqui.

sábado, novembro 19, 2005

Argel - anos 60 - A luta pela emancipação, continua!

“Get Rich or Die Trying”(Enriqueça ou morra tentando!)
sentencia o “Rapper 50 Cents” um irónico americano na moda entre os miudos dos suburbios.

Mas, quem são afinal os “beurs”, os novos bárbaros que invadiram os "banlieus" das cidades francesas, onde atingem já 15% do total dos naturais?
É muito simples saber quem são.Porque não são novos. A seguir à guerra o capitalismo francês precisou de mão de obra e foi buscá-la ao que então era território francês: a Argélia. Hoje esses imigrantes e descendentes continuam, como é normal, ligados ás suas raizes étnicas e culturalmente diferenciados em relação aos valores da França onde são marginalizados em “zonas urbanas sensíveis”
Por outro lado, os que ficaram em África, todos eles com parentes na diáspora, aspiram a ter o mesmo estatuto dos seus compatriotas “franceses”. Em Anjouan, um pequeno arquipélago africano antiga colónia francesa pediu-se recentemente numa manifestação a integração do país na França, onde se viam fotografias de Chirac e bandeiras francesas aos gritos de “França para Todos!”. Portanto o conceito de França transcendeu a noção de pátria ou de país, para se transformar em simbolo na luta pela utopia da igualdade, liberdade e fraternidade sociais, que são afinal os valores universais desde sempre ansiados e nunca alcançados da Revolução Francesa. Mas, ¿o que pensam os governantes de direita francesa destas questões?,,, sejam de direita ou de “esquerda” os Poderes constituidos têm agido sempre no sentido descendente do apagar das Luzes,,,

as Memórias dos Imigrantes - a continuação do Colonialismo por outros meios, ou de como Transformar o Medo em Fúria, chamando à colação o album “Music for a New Society” de John Cale.

A luta armada na Argélia teve início em 1954 e foi das guerras mais sangrentas pela independência de um país das travadas em África.O idealismo que então presidia à emancipação social de todos os homens como iguais ancorava-se em obras teóricas, em autênticos gritos de revolta e de cólera, como o “Discurso sobre o Colonialismo” de Aimé Cesaire ou os “Danados da Terra” de Frantz Fanon, (um activista oriundo da Martinica). Em França os campos extremaram-se contudo ainda mais depois do ensaio teórico “Retrato do Colonizado precedido do Retrato do Colonizador” da autoria de Albert Memmi em 1957. As guerras pelas independências tinham-se entretanto generalizado a todos os continentes, numa espécie de luta de classes mundial. Os franceses tinham abandonado a Indochina depois da derrota histórica em Dien-Bien-Phu e o imperialismo americano tomava posições contra o avanço das ideias comunistas no Vietname no inicio do conflito que haveria de deixar o país dividido em dois. Em 1959 os revolucionários de Fidel Castro, coadjuvados pelo militante internacionalista Ernesto Guevara tomavam o poder em Cuba. Em Abril de1961 no rescaldo da vitória sobre os invasores da Baía dos Porcos Fidel desafia os EUA proclamando: -“As ideias Socialistas são as ideias revolucionárias da época histórica actual”.
Em 17 de Outubro de 1961 seguindo um apelo da Frente Nacional de Libertação, o movimento independentista da Argélia, 30 mil imigrantes argelinos desarmados, homens mulheres e crianças sairam dos bairros da lata dos arredores onde viviam para se manifestarem no centro de Paris. A policia disparou sobre eles, foram presos mais de 11 mil. Na manhã seguinte havia dezenas, senão centenas, de cadáveres a boiar no Sena. O chefe da policia de então, Maurice Papon, viria a ser condenado em 1998, não por estes crimes, mas por outros cometidos contra a humanidade durante a segunda grande guerra. (O sangrento episódio de Paris é agora lembrado no filme “Nuit Noire” de Alain Tasma; sobre isto, tambem Michel Foucault escreveria depois duas obras cruciais - "Vigiar e Punir" e "A Vontade de Saber").
Em 1962, finalmente a Argélia tornou-se Independente. É então aí, à capital Argel que convergem os revolucionários de todo o mundo em luta pela libertação. O Movimento dos Paises não alinhados, que procedia da Conferência de Bandung realizada na Indonésia, procurava estruturar-se, tendo como um dos seus mais destacados militantes anti-colonialistas o marroquino Mehdi Ben Barka que tinha conduzido Marrocos à independência em 1956.

Procurava-se dar inicio a um movimento universalista cujo desafio era o de encontrar o ponto de equilibrio entre a URSS e a China para garantir a ajuda de ambas na luta contra o Imperialismo americano – Movimento que seria fundado numa próxima Conferência chamada Tricontinental a realizar em Havana. Por Argel passou Che Guevara em trânsito para a sua participação na guerrilha do Congo, então ainda uma colónia Belga. Data desta altura o seu famoso discurso a enviar á “Tricontinental” onde se proclamava “É preciso criar dois, três, muitos vietnames!”, discurso onde se fazia já uma menção explicita ao colonialismo português e aos Movimentos de Libertação das nossas colónias.
A capital argelina tornara-se o núcleo intelectual da contestação revolucionária internacional. Aí se encontravam os exilados das colónias portuguesas nomeadamente Amilcar Cabral que faziam eco das correntes libertadoras vindas do continente americano.Uma das figuras mais poderosas do movimento negro nos Estados Unidos, Malcom X encontrava-se em Argel em 1964. O Ideal perseguido era uma acção concertada contra a dependência do sistema Capitalista, a liquidação das Bases militares estrangeiras, oposição às armas nucleares, ao apartheid e à segregação racial. Todos eles objectivos tanto de então, como de Agora, eram de libertação total! - Contra estas insurreições do Terceiro Mundo, tornou-se obsessiva a repressão internacional. Então como Agora.
Um golpe de Estado na Argélia em 1965 levou ao poder o coronel Boumediene que reconduziu a ex-colónia novamente a uma dependência da França. Outro golpe militar destituiu Sukarno na Indonésia, com a influência directa de Kissinger, onde foram mortos meio milhão de militantes comunistas. Ben Barka foi condenado à morte pelas autoridades marroquinas, foi raptado em Paris a 29 de Outubro de 1965 e o seu corpo nunca chegou a ser encontrado. (ver o “Caso Ben Barka”). Che Guevara foi assassinado pela CIA em 1967. Amilcar Cabral foi assassinado em 1973. Henry Curiel o dirigente da rede activa “Solidariedade” anti-apartheid fundador do Congressso Nacional Sul-Africano, que ajudava os desertores americanos que se recusavam a ir para o Vietname, foi assassinado em 1978. Malcom X tinha sido assassinado com apenas 39 anos, em 1968.
É preciso ser-se mesmo distraído (ou mal intencionado!) para não se ver aqui, que existe um movimento de repressão Oficial organizado, de assassinatos politicos, primeiro contra a emancipação do colonialismo, depois contra a luta anti-neocolonial, agora contra a emancipação social, enfim, a guerra tem sido sempre, e ainda o é hoje, contra o Socialismo.Hoje, oficialmente, porque não estamos com eles, somos todos "terroristas".
O mundo que os Criminosos, os verdadeiros Terroristas de Estado, têm construido está à vista de todos – mas,,, os seus crimes, que dia após dia evoluem tanto em sofisticação como em descaramento, algum dia serão julgados?
----
* A história da Argélia é a história do Mundo. Que lhe aconteceu depois da "independência"?
* Laurence Thieux:
"Os que ficaram - Argelia: imobilismo político, dependência económica e tensões sociais"
* Aqui se conta o golpe de Estado de 1992 patrocinado pelo Ocidente em que a Frente Islâmica (FIS) muçulmana foi impedida de ganhar as eleições, a repescagem e o recair da culpa na guerrilha,tudo em nome dos interesses económicos franceses:
“A Long and Dirty War”, na edição portuguesa do Le Monde Diplomatique: "A difícil transição na Argélia"
* "Vinte anos de dificuldades das Familias argelinas"
* "Estado de Depressão - a situação das mulheres na Argélia"
* Desenvolvimentos posteriores:
www.algeria-interface.com CENSURADO
www.liberte-algerie.com

sexta-feira, novembro 18, 2005

Embora circule por aí, entre os nossos intelectuais assépticamente bem pensantes, uma onda de anti-determinismo,,, ninguem tem dúvidas que a História, pelo menos a que é oficialmente ensinada aos putos nas escolas, é pré-determinada e construida a golpes de força.

Amanhã, já ninguem se lembrará do que foi feito ontem?
entretanto o Exército Britânico, em dificuldades para recrutar novos voluntários, oferece 500 libras aos soldados que tragam um parente para ser alistado para o Iraque,,,

quinta-feira, novembro 17, 2005

Novas do protectorado Lusitano


“As projecções ontem avançadas pelo Banco de Portugal representam um cenário mais pessimista para a economia portuguesa em 2005 do que o utilizado pelo Governo na elaboração do Orçamento do Estado para 2006. Se o PIB for menor em 2005, isso não terá impacto no défice orçamental em 2006?. No OE 2006, o “motor” do crescimento da economia é as exportações (previam-se que crescessem 5,7% em 2006); mas os números do Banco de Portugal mostram uma tendência decrescente para as exportações”.
Significa isto, trocado por miudos, que a “crise” e a estagnação vão continuar, quiçá até a agravarem-se, com o aumento crescente do desemprego e a degradação do poder de compra das classes médias. Imagine-se a favor de quem,,,
A situação não tinha de ser assim. Foi assim desde o Governo de direita de Durão Barroso que em 2001, mandatado por um pacto meio-secreto meio-oficial celebrado nas Lajes, conivente com Sampaio, colocou Portugal na órbita incondicional norte-americana. A opção atlântica era expectável. Portugal é, tem sido nos últimos 300 anos, uma colónia anglo-saxónica de facto, mais precisamente desde Wellington, que nos veio ajudar a expulsar os franceses. Azar foi que nunca mais houve quem os conseguisse expulsar a eles próprios, além bem pelo contrario, do problema se ter posteriormente agravado, com a colonização cultural inglesa. O que não era previsivel quando os portugueses elegeram Barroso, era que este envolvesse o protectorado lusitano em politicas, mais do que de direita, de indole neo-fascista em sociedade com os Estados Unidos e de imediato tivesse dado inicio ao desmantelamento do Estado Social para angariar “mercado livre” para privatizar em favor das multinacionais estrangeiras. Que não se fazem rogadas para vir fazer fortuna de forma usurária, ou não fosse o espirito judaico-sionista-evangélico o de lucrar com os novos pobres a expensas do seu endividamento e da sua subsquente miséria.

É disso que vivem os abutres e também os politicos de direita e da “esquerda fingida” bem instalada no sistema, meros “artistas mediáticos” contratados para espectáculos préviamente combinados pelos gananciosos predadores económicos. Esta “democracia”, mais do que uma comédia lúgrube onde os direitos humanos são deitados ás malvas, repete-se sempre, cada vez mais, como uma Farsa.
Mas afinal, além da Banca e das Empresas Parabancárias (as antigas casas-de-prego do portugal-salazarista, óbviamente evoluiram!) quem recolhe os lucros fabulosos dos enormes aumentos do custo de vida destes últimos 4 anos? dos desmesurados preços dos combustiveis? Do aumento incomportável dos impostos, desde Ferreira Leite, Bagão e agora, na mesmissima linha, do amigo Sócrates das promessas de mentira?,,, para onde vai e a que se destina esse dinheiro? – esse dinheiro é para pagar os custos da guerra, seja contra um “terrorismo” meio invisivel meio inventado, seja em agressões pura-e-duras contra paises onde se vislumbrem interesses económicos para saquear, nomeadamente o petróleo do Iraque e o que mais a seguir se verá.
Estas politicas de rapina e estes alinhamentos criminosos, têm um único fim – sustentar as élites parasitárias, em Portugal imensamente desmesuradas num país pobre e pequeno, que sustentam o Império e por ele são sustentadas, por via do espólio dos mais desfavorecidos nesta sociedade de castas que têm vindo diligentemente a construir à sombra do Bloco Central, desde Abril, nestes últimos 30 anos. Será por eleger o inerrarável Cavaco Silva que o povo português poderá aspirar a inverter esta situação?,,, óbviamente é da gente de Cavaco que tenho estado aqui a fazer e a resumir a triste estória. Daqueles cujo cinismo e hipocrisia lhes permite, com uma mão fazer pactos criminosos com os Neoliberais de Bush, enquanto com a outra mão têm recebido e delapidado chorudos subsidios financeiros da União Europeia. Votar na gente de Cavaco é apunhalar a Europa humanista que conhecemos em prol duma América dos predadores com pretenções a dominar um mundo semi-destruido.
A opção não pode, nem deve, ser resolvida pelas contas viciadas de um obscuro professor de Finanças, um falso cristão meio mudo e nhurro, sem a menor sensibilidade social, para quem não existe vida alguma fora das tabelas do Excel.

Portugueses! Tenham vergonha na cara, se estão a pensar votar num gajo* destes!,,, para nosso Presidente,,,

Ps (* peço desculpa pela ligeireza do léxico empregue, e pelo estilo panfletário, mas estes termos não se destinam a ser lidos pelos “doutores” da tal casta pseudo-erudita,,, justamente a gente de Cavaco – esses, e as Vanessas deste país, têm a “poesia” do Rui Veloso e da Kátia e as obras intelectuais da Margarida Rebelo Pinto)
"(...) porque Cavaco simboliza aquilo que mais náuseas me provoca: a banalização de tudo, o sucesso ranhoso e vazio, o atropelo dos valores e das pessoas, o autoritarismo descabelado, a demagogia, o nacional-carreirismo e os favores, a aldrabice e a cunha, a indiferença, o elogio da pirosice, a ignorância e a escandalosa nulidade cultural, etc, etc..."
Al Berto, "NEM MAIS - jornal do movimento de jovens apoiantes incondicionais de Sampaio", 1995

Vitor Constâncio tinha previsto que o PIB crescesse 1,75%, mas agora já só augura 0,3%

A vida dos economistas é esta: jogarem com números a bel-prazer dos intere$$es dominantes, conforme o vento sopra no jogo dos mercados descontrolados. Eu digo-vos o que vai acontecer com a eleição do Cavaco, outro funcionário do Banco de Portugal:
Quando (e se) o Cavaco se apanhar em Belém, o amigo José Sócrates vai esticar ao máximo, até ao limite socialmente possivel, sem confrontos graves de rua, esta politica iniciada pelo team Barroso. Quando a situação se tornar insustentável, e isso será a muito curto prazo,,, o (des)governo de Sócrates será dissolvido,(depois de cumprida a tarefa, o Poder sabe sempre recompensar magnânimamente os seus fiéis serventuários), e por um método à escolha do novo Sr. Presidente, será empossado um novo governo de tecnocratas dominado pelo PSD de António Borges (o nº2 consultora Britânica Goldman Sachs) com Morais Sarmento como 1º Ministro, depois de se verem livres do mini-empecilho Marques Mendes.
Tudo isto já foi escrito no vento pelo Grupo Bilderberg, concertado entre o padrinho Balsemão, os católicos da Opus Dei e a maçonaria de Soares,,,a promoção artificial de sectores da extremistas Neonazis para que o grande Centrão se possa parecer afirmar como moderado,quando em boa verdade se assume sempre e cada vez mais de extrema direita etc,etc.,,, mas que diacho! - nós podíamos fazer uma bela surpresa a nós mesmos, e estragar a festa a esta gente,,,

+ Links anti-Cavaco:
Cavaco Fora de Belem
Stop Cavaco
Hiper-Cavaco

quarta-feira, novembro 16, 2005

O fim da sociedade de bem-estar alemã e a crise da União Europeia

a receita barroso "His Master Voice": 16% IVA...19% IVA + privatizações de serviços públicos = receitas extraordinárias - (menos) assistência social = Estado neoliberal
ou de como proceder à portugalização da Alemanha.
Merkel (CDU) e Müntefering (SPD)

Robert Kurz:
"Durante muito tempo pareciam bem definidas as fronteiras mundiais entre a miséria em massa e o relativo bem-estar em massa. A linha de demarcação separava essencialmente o Norte do Sul do planeta. Essa constelação no entanto foi apenas um produto da história posterior à Segunda Guerra Mundial. Nos centros capitalistas, a mobilização das indústrias fordistas desencadeou um impulso sem precedentes de trabalho em massa e acumulação de capital, ligados à ascensão dos sindicatos e da social-democracia. A "automobilização" da sociedade ia de par com a construção crescente de uma rede de segurança social (o Estado do bem-estar), especialmente profunda na Alemanha Ocidental e em parte na França. Até mesmo no espaço anglo-saxónico de tradicional liberalismo económico os governos trabalhistas no Reino Unido e a "grande sociedade" do presidente Lyndon Johnson nos USA, na tradição do "New Deal", criavam novas estruturas sociais. O sociólogo alemão Ulrich Beck descreveu a ascensão social na era fordista do pós-guerra como "efeito elevador": apesar da continuação das diferenciações sociais, a sociedade como um todo era elevada a um patamar superior".
Continue a ler aqui: "A Descer no Elevador da História"

Keynes,Ricardo e as Finanças alemães: www.dw-world.de

segunda-feira, novembro 14, 2005

em plena crise identitária europeia,,,

"As esquerdas (em Portugal) não conseguiram - ou não quiseram, ou não puderam - encontrar um candidato único à presidencia. A ter havido, deveria ter sido alguém vindo de fora dos aparelhos partidários, de modo a ultrapassar divergências e a estabelecer uma plataforma mobilizadora"
Miguel Vale de Almeida

30 Ideias para despertar a Esquerda

no "Liberation" (via BdE)

domingo, novembro 13, 2005

a Direita intelectual e o Fascismo liberal

À figura chamada Oximoron, aplica-se uma palavra,
um epíteto que parece contradizê-la;
do mesmo modo, os gnósticos falaram de uma luz escura;
os alquimistas de um sol negro

Jorge Luis Borges

The Great Portuguese Disaster

"EU não preciso de vos falar, VÓS sabeis,,, mas vou-vos aparecer para vos salvar, irmãos,,,assim tenhais FÉ!"

Por cortesia do venerável blogue "oJumento" (que deus nosso senhor lhe mantenha a alma imaculada) publicamos a imagem que actualmente corre célere pelo mundo levando a boa-nova, colhida ontem nas ruas da nossa abençoada "Santa Lisboa da Virgem". Voltaram os saudosos tempos das centenas de camionetas carregadas de patêgos que vinham dar louvações ao Senhor. Segundo a fonte fidedigna que sem dúvida é uma repórter da TVI eram praí uns quinhentos mil, ou mais. Mas, saudades desses tempos de opressão e perseguição é coisa que a maioria do povo português decerto não tem!,,, Beatos de todas as religiões,uni-vos: Aproveitai e Instrui-vos:
"Preenchei os papelinhos que as vossas paróquias destribuiram pelas vossas quase 300 dioceses desta capital miraculosa, formulai um desejo e escrevei-o sem peias encomendando-o a Nossa Senhora, (se vier alguma guita em anexo, dir-vos-ei tambem que estais salvos, e nós tambem, amen) o nosso departamento de Marketing trabalhará o material colectado e recebereis um email com este endereço que vos habilitará a ter um chat em tempo real com Deus: www.talkwith-me.pá
----
Em tom mais sério:,,, a Fé é assunto do foro íntimo de cada um e deve ficar dentro das Igrejas - Os poderes públicos resolveram deitar às malvas a Concordata; mas nós devemos exigir o fim do financiamento da Igreja pelo Estado. E que cesse, de imediato, a tentativa de fazer renascer o obscurantismo religioso próprio da Idade Média, que remeteu os povos da Europa do Sul para um atraso civilizacional secular, em favor de uma Sociedade onde pontifica a minoria de meia-dúzia de nababos burgueses e mais uma pequena multidão de anafados abades, bispos e diversas eminências pardas da parasitária hierarquia falsamente católica sustentada com subsidios públicos - enquanto persiste uma cada vez maior e escandalosa condição de desigualdade social entre os portugueses.
«Os "bárbaros" só o são porque nós os produzimos com as nossas economias sem coração e com as nossas políticas de mentira»
disse o Padre Mário de Oliveira. Convém meditar sobre isso, em vez de lamuriar por aí pelas avenidas as ladaínhas beatas conformistas da miséria.

sábado, novembro 12, 2005

Judith Miller, a repórter do New York Times, foi despedida

na sequência do escândalo "Plamegate", "Rowegate", "Bushgate", "Barrosogate",,, enfim "NEOCONSgate", Judith Miller, ela própria que se define como sendo de centro-direita, explica aqui, na sua página internete as razões da saida do seu jornal de sempre, onde permaneceu 28 anos e ganhou diversos prémios, entre os quais o prestigiado Pulitzer.

www.judithmiller.org/news/index.php

! cortar na educação dos pobres, aumentar receitas aos ricos

Segundo o prof. José Gil “a extrema dureza de certas medidas orçamentais fez ver a todos, pela primeira vez, que a crise nacional é extremamente grave”

Contrapondo ao à-vontade do primeiro ministro para fazer o que lhe apeteça, com suporte na actual maioria absoluta (a ler: "o amigo da onça")– perante a afirmação de Sócrates de que “há uma baixa taxa de conflitualidade na sociedade portuguesa”, o filósofo afirma que “a verdade é que a baixa taxa de conflitualidade” esconde inibições ancestrais na expressão do descontentamento, individual e colectivo, passividade, fantasmas de represálias, receios inconscientes de punições, medo e culpabilidade perante a eventualidade de se opor ao poder, no espaço público”(na “Visão”)
Por essa razão o Governo exerce um excesso de poder,,, permitido pela população. A permissividade dos cidadãos é determinada pelo grau de consciência que a população adquire no exercicio activo dos seus direitos de cidadania. Se a revolta popular latente por ter sido aldrabado por promessas cínicas ao eleger Sócrates, ainda assim consegue estar em niveis tão baixos, esta passividade ignorante dos cidadãos deve-se a um trabalho sistemático de décadas na desinformação e incultura, levada a cabo de forma intensa e a todos os níveis.

A Câmara Municipal de Santiago do Cacém (com gestão de maioria Comunista) gastou 1,5 milhões de euros na construção e apetrechamento do novo espaço cultural inaugurado há cerca de um mês, uma Biblioteca em Santo André construida sem quaisquer apoios comunitários. O Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central (PIDDAC) vai conceder em 2006 uma verba de 500 EUROS 500 para a gestão do projecto. Será apenas caricato? Ou a mensagem é esta: vejam televisão, estúpidos!
----
Chomsky é o intelectual mais influente do mundo, segundo votação efectuada pelos leitores da revista inglesa “Prospect”. Noam Chomsky o maior linguista norte-americano vivo ( o pai da gramática generativa) que se tem notabilizado pela sua crítica impiedosa ao controle corporativo (empresarial) dos Media, tem criticado violentamente de igual forma o Governo dos EUA.(independentemente de ele ser “republicano” ou “democrata”)
Conduzidos por Arundhati Roy, uma activista indiana, podemos ler aqui (traduzido para português)o que Chomsky tem para dizer sobre esta e muitas outras questões:
portugal.indymedia.org/
Atente-se por isso, que ver televisão – o entorpecimento hipnótico pelas imagens – dá resultados imediatos ao Poder. Vaclav Havel o presidente checo e um obscuro pseudo-intelectual com pretensões a lider ideológico ficou em 4º lugar na votação, à frente de figuras como o filósofo alemão Jurgen Habermas (7º), a activista anti-globalização Naomi Klein (11º) ou do teólogo Francis Fukuyama (21º)

Vaclav H. - apenas mais um vulgar escriba ideológo de meia-tigela?
um mero produto televisivo, ou algo ainda mais tenebroso?

sexta-feira, novembro 11, 2005

Zeitgeist

amanhã vou ao mercado e espero apanhar um carapau
<º))))><
no mínimo,tão bom como este,,,

e por oposição aos desajeitados manipuladores do défice, convém ler:
Eugénio Rosa
"Benefícios e outros privilégios fiscais mantêm-se no Orçamento para 2006, determinando elevadas perdas de receitas para o Estado"

A crise ecológica e a inundação do dinheiro


Gerhard Schroeder em conferência recente num Sindicato: (desde quando um governante se desloca a um sindicato em Portugal?),,,comentou:
- “Não queria nomear quaisquer exemplos de catástrofes onde vocês possam ver o que acontece quando não existe organização do Estado, mas todos sabem que estou a falar da América”.
Aproveitando o mote, vamos então a números:
- Nos paises de economias liberais, do centro capitalista, a ajuda às vítimas não pode pôr em causa os orçamentos de Estado, nomeadamente nas já insuficientes verbas para investigação e desenvolvimento, educação, cuidados médicos e para procura de energias alternativas. Ou pode?
- 192.424 quartos de hotel estão ainda alugados à ordem das vítimas evacuadas do furacão que atingiu New Orleans que representam U$ 11 milhões de dólares de custos por dia para a FEMA, cujas verbas não constavam no seu “budget” anual.
- U$ 2 biliões de dólares foi o capital disponibilizado para comprar 300.000 tendas pré-fabricadas e caravanas. Até à ultima semana de Outubro, dessa quantidade, apenas 7.308 tinham sido entregues e ocupadas.
(Fonte: A.P./Time)
- Como gastar quase 1 bilião de dólares por dia com a reconstrução (entregue na maioria às incontornáveis empresas ligadas à Administração Bush) sem cortar nos programas federais? – Um facto é que os efeitos, no imediato, se têm repercutido no maior custo da alimentação, na subida dos combustíveis, na perda de empregos, e no bloqueio aos cuidados de saúde.

quinta-feira, novembro 10, 2005

a Ascenção do Dinheiro aos Céus

Os limites estruturais da valorização do capital, o capitalismo de casino e a crise financeira global

Capital real e capital que rende juros
"A relação contraditória entre trabalho e dinheiro é uma das muitas estruturas esquizóides do mundo moderno. O trabalho, como dispêndio abstracto de energia humana no processo da racionalidade empresarial, e o dinheiro, como forma fenoménica do "valor" económico assim produzido (ou seja, duma fantasmagoria fetichista da consciência social objectivada) são as duas faces da mesma moeda. O dinheiro representa ou "é" nada mais que "trabalho morto", tornado realmente abstracto na forma duma coisa, no fim-em-si-mesmo capitalista, que consiste numa acumulação sempre acrescida de tal meio fetichista. O humano "processo de metabolismo com a natureza" (Marx) tornou-se um abstracto e em si insensato dispêndio de força de trabalho, justamente porque o dinheiro se autonomizou do agente humano, na forma fetichista potenciada do capital: não é a necessidade humana que guia o dispêndio de energia; pelo contrário, a forma "morta" dessa energia, autonomizada como coisa, subordinou a si a satisfação das necessidades humanas. A relação com a natureza, tal como as relações sociais, tornaram-se meros processos de passagem para a "valorização do dinheiro".Porém, este processo de valorização, em que o meio fetichista se tornou fim-em-si-mesmo, não se desenvolve sem atritos. Como o trabalho e o dinheiro constituem fases diferentes do desenvolvimento da valorização como fim-em-si-mesmo, estes dois momentos também podem separar-se em situações de crise, deixando assim de coincidir. Tal falta de coincidência manifesta-se como uma desvinculação entre o dinheiro e a substância abstracta do trabalho: a multiplicação do dinheiro ocorre então mais rapidamente que a acumulação de "trabalho morto" abstractizado, destacando-se assim da sua própria base. Mas como os dois fenómenos do trabalho e do dinheiro se formaram num processo histórico cego, nas costas dos sujeitos humanos, o seu nexo intrínseco escapa à consciência, tanto no "bom senso" comum, como no pensamento científico. Trabalho e dinheiro podem surgir opostos um ao outro nas diversas ideologias, assim como na concepção do processo económico".
Continue a ler, aqui, os restantes capitulos, por Robert Kurz:

* A dependência crescente do capital real em relação ao crédito
* A revolução terciária
* Terceriziação - capital que rende juros e crédito estatal
* Globalização e indústrias fantasmas
* Dessubstancialização do dinheiro e inflação estrutural
* Da expansão fordista à revolução microeletrónica
* As estruturas globais do déficit e o curto Verão do capitalismo de casino
* A caminho do choque da desvalorização

quarta-feira, novembro 09, 2005

o "capital" em viagem turística

Jorge Sampaio, em presidência aberta sobre o Turismo nacional, saiu-se com esta: "Temos de combater o xico-espertismo, a procura do lucro fácil e imediato!" - nem mais!, decerto estaria a referir-se à noticia que veio publicada num jornal de ontem:
"Quatro maiores bancos portugueses têm activos de 30 mil milhões de euros no estrangeiro"

CGD, Millennium,BES e BPI empregam 12 mil trabalhadores no exterior em bancos por si controlados, que detêm mais de 1000 balcões. A Caixa lidera em activos, o BCP em trabalhadores e agências e o BES em resultados.
A propósito de BES e falando em Turismo, que tal aquele empreendimento Hoteleiro no meio de um terreno agrícola de plantação de arroz na Herdade da Comporta?

terça-feira, novembro 08, 2005

a Imprensa corporativa portuguesa é uma Merda!

Sobre os recentes distúrbios nos bairros periféricos de Paris, os títulos idiotas tem pingado dos cérebros desta gente, que nem gotas de transpiração,,,
títulos, titulos,,,(mal empregado cocktail molotov)

* "Se a Europa for uma fortaleza não terá futuro - tem de ter uma politica de imigração adaptada à nova realidade do mundo, e não a mesma de sempre - que a leva a fixar há demasiados anos em muito próximo do zero as suas quotas de imigração legal e a combater por todos os meios, mesmo os inadmissiveis, a imigração clandestina"
(Nas zonas dos distúrbios, em apreço, a percentagem de estrangeiros é de cerca de 40%!)
* "Paris já está a arder" (Teresa de Sousa, no Público)
* A Intifada francesa" (!) e "A Palestina do Sena"
* o JMFernandes no editorial "Não é o social,Estúpido: é a Cultura": "não é um problema social o que ameaça alastrar a outros paises europeus (desejos não faltam) mas apenas uma questão de investimento económico (neoliberal, claro, segundo os desejos dos patrões Kane)
* e para rematar - o think-thanker americano por excelência - the only and lonely Francis Fukuyama que diz que "A Jihad (está) dentro de casa" ressuscitando Mohamed Atta e a radicalização do "terrorismo" na Europa no pós golpe 11/9 de Bush.
E isto tudo apenas em 2 números de jornal,,,
Para se desintoxicar, e saber o que realmente está a acontecer, é melhor ler esta resenha da imprensa internacional, resumida aqui.

domingo, novembro 06, 2005

Michael Cimino na Cinemateca em Lisboa

Finalmente, pela primeira vez, foi possível ver em Portugal a versão integral de “As Portas do Céu” do cineasta americano rotulado de “maldito” Michael Cimino.

“The Heaven`s Gate” começa com uma cena monumental, com a cerimónia de formação da classe universitária de Oxford, Inglaterra, no ano de 1870. A cena do baile que culmina o fim de curso, desenvolve-se em redor de uma gigantesca árvore que representa a vida no centro de um terreiro elíptico onde os pares dançam enlevados pelas promessas de futuros risonhos. Filmado de forma sumptuosa com grande angulares, panorâmicas e travellings soberbos, o clímax da festa de formatura acontece por fim com os estudantes em competição para alcançar ramos de flores que devem oferecer como dedicatória que estão nos ramos superiores da árvore. Vale tudo no esforço para lhes conseguir chegar, encavalitando-se furiosamente uns nos outros até conseguir o objectivo, alguns saem feridos da contenda, sob o olhar ansioso das moças namoradeiras que esperam que os ramos lhes sejam oferecidos. No plano seguinte, surge num corte abuptro, o Wyoming (Estados Unidos) e vamos reencontrar três dos jovens 20 anos depois numa cena que principia com um emigrante do leste europeu a esquartejar uma rês. Esta seria afinal uma parábola da fuga do capitalismo para a terra prometida, com grandes espaços para a sua expansão. A ideia era essa, mas não seria bem assim que as coisas se vieram (nem se estão) a passar.

Michael Cimino fala disso, em discurso directo:
“Os três realizadores da história de Hollywood que fizeram o primeiro filme e foram aplaudidos e celebrados muito cedo e depois condenados logo a seguir foram Griffith, Orson Welles e eu. E apenas por termos tentado contar histórias dos EUA como as víamos. Griffith foi acusado de ser racista e “O Nascimento de uma Nação” esteve para ser oficialmente banido. Welles foi acusado de ser megalómano por ter contado a história real de um proprietário de jornais em “O Mundo a Seus Pés”, e a partir daí tentaram destruir tudo o que ele fez. Nos EUA, não gostam das pessoas que têm sucesso muito cedo. Eu fui condenado por ter feito “As Portas do Céu”, uma história real e o mais bem documentada possível, que aconteceu nos EUA no século XIX: a guerra do condado de Jackson, onde o Presidente da República e o Governador do Wyoming sancionaram o genocidio dos emigrantes fazendeiros pelos criadores de gado: cada morto valia 50 dólares”
O “mercado” não gostou do que viu, e a crítica corporativa, como a “Variety” destruiu comercialmente o filme. Estávamos em 1980, dois anos apenas depois de “O Caçador”, outra obra de referência do realizador, que ganhou apenas um Óscar e só viria a ser consagrado como filme de culto pela sua resistência ao longo dos anos. Nesse ano “As Portas do Céu” foi um fracasso monumental, arruinou a “United Artists”, e alterou em definitivo as relações dos grandes estúdios com o cinema de autor, catalogado como sendo de “individualistas”. O filme custou 7,5 milhões (44 milhões a preços de hoje) e teve um retorno de 2 milhões por ter estado menos de uma semana em exibição nas salas. Foi cortado por exigência dos exibidores e tornado inintelegivel. O episódio teve até honras da feitura de um documentário chamado “The Final Cut- The Making and Unmaking of 'Heaven's Gate' (2004). Isto, como é óbvio comprometeu a carreira de Cimino para sempre. A versão integral passada na quinta-feira na Cinemateca com a presença de Michael Cimino apenas acontece 25 anos depois, com uma cópia falada em inglês e legendada em francês, para uma elite restricta portanto. O realizador, tido como um perfeccionista, nunca mais conseguiria produtor para filmar algo que valesse a pena.
Quem não se verga ao sistema, morre, pensam eles. Mas não, “The Heavens Gate” é hoje considerado um dos melhores filmes de sempre. E Cimino, em dia de mtv/awards ao vivo e na tv, bem mereceu a sala cheia e os calorosos aplausos de um público entusiasmado no final.