artigo de Henrique Monteiro, transcrito daqui.(cartoon de Francisco Espada)
Nunca as Élites que controlam o mundo, controlam apenas um lado numa disputa. Se eles o fizessem, então não poderiam garantir o resultado. Não é dessa forma que eles jogam o jogo. Em cada disputa importante eles controlam as lideranças bipolarizando as facções, dando a ideia que "batalham entre elas", mas apenas isso, dando essa ideia apenas para consumo público. Ganhe quem ganhar, o essencial na exploração do sistema está salvaguardado, e a parte "perdedora" fica igualmente garantida. Por isso Soares e Alegre dizem que "dormirão descansados mesmo que percam".
O regresso do Buiça
Luis Salgado de Matos, artigo do "Público"
“Várias personalidades têm defendido o reforço dos poderes presidenciais. O Dr. Rui Machete (*), constitucionalista e homem prudente, defendeu que o Presidente tenha o poder de demitir livremente o Governo. O Dr. Pinto Balsemão (**), um jornalista e ex-chefe de Governo, propôs um regime presidencial à francesa, segundo diz a imprensa. Ambos convergem nas justificações. Machete considera que “vivemos numa situação dificil, em termos financeiros, o que pode exigir uma acção mais prolongada, com medidas ainda mais severas”. Se o Presidente não é solidário com o Governo, demiti-lo-á.
Quando a impopularidade das medidas for excessiva – e a crise ficará sem remédio. O Dr. Balsemão afirma: “habituámo-nos a discutir tudo e durante muito tempo e o País precisa de medidas rápidas”
Estes remédios são aterradores. Em primeiro lugar, aumentam as expectativas dos cidadãos. Ambos pressupõem – talvez contra a própria vontade – que o Estado tem decisões a tomar que podem enriquecer-nos. Aliás, Machete observa com lucidez que os “manifestos eleitorais” dos candidatos presidenciais são programas de Governo”. Com a honrosa excepção do Dr. Soares, todos os candidatos limitam-se a aumentar expectativas, aumento apoiado de modo explicito ou implicito na acção estatal – isto é: em mais impostos.
Aqueles remédios são letais. Em Portugal, temos um Presidente da República e um Chefe de Governo. O Presidente é o chefe do Estado e arbitra os conflitos entre o chefe do Governo e os cidadãos. O Chefe do Governo é o responsável do Executivo. O Presidente dissolve a Assembleia para devolver o poder ao eleitorado – e não pode imiscuir-se nas intrigas partidárias porque não tem o direito de demitir o Primeiro-ministro.
No regime presidencial, o chefe de Estado não se distingue do chefe do Governo. Em Portugal o chefe do Estado chefiou o executivo só em dois periodos: quando o Rei D. Carlos impôs João Franco contra os partidos; e quando Sidónio Pais chefiou ele próprio o governo. As duas experiências acabaram a tiro: D. Carlos foi assassinado no Terreiro do Paço pelos srs Buiça e Costa, Sidónio foi assassinado quando saía da estação do Rossio. O General Eanes começou a trilhar este caminho, mas parou a tempo.
É inevitável que assim seja. O chefe de Estado era árbitro e passou a jogador. Os espectadores matam o árbitro quando não obtêm o resultado que desejam. E nem todos os espectadores-cidadãos desejam o mesmo resultado. Os portugueses aprovam o Presidente da República e condenam os partidos. Por isso, os partidos é que precisam de tratamento – pois, estando mal, são indispensáveis. Ora o Presidente não consegue tratar dos partidos. Reforçar o Presidente é adoecer o que está bem – e manter o que está mal ou esboçar a guerra civil.
Os candidatos deviam pensar duas vezes antes de apelarem ao regresso do Buiça”.
* Notas (xatoo) para a compreensão do porquê do interesse destes dois cavalheiros em ter em Portugal um regime de democracia musculada com um Homem-forte à frente do Governo-Presidência com um programa ao serviço da ditadura mundial yankee do IV Reich. Ora,,,e muitos ainda se lembram,,,governados por um Professor de Finanças já nós fomos por mais de 40 e muitos anos. Vejamos:
* Rui Machete é Presidente da Fundação Lusa-Americana para o Desenvolvimento (FLAD) um organismo que trabalha em estricta colaboração com a Embaixada Norte-Americana em Portugal.
** Francisco Pinto Balsemão é o representante máximo em Portugal do Grupo Bilderberg, tida como uma associação semi-secreta dos grandes interesses Económico-Financeiros que decidem na verdade sobre as directivas a seguir nas economias a nivel mundial pelos Governos.
* a ler: "Autoritarismo de Estado e Sociedade Civil em Portugal" por Manuel Villaverde Cabral
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