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sábado, novembro 05, 2005

A grande Transição – II

(baseado no artigo de Ralph Bellamy Foster da Monthly Review – “Organizando a Revolução Ecológica”)

Como se viu antes, o Capital, pela sua própria natureza é um valor auto-expansivo; a força motriz que conduz a sua acumulação é a livre competição; e este crescimento exponencial embora seja interrompido cada vez com maior frequência por crises, inerentes ao próprio sistema, ao colocar uma pressão desmesurada sobre a Natureza, tem vindo a conduzir a graves devastações ambientais. Estes factos tendem a deminuir e a tornar cada vez mais frágil o próprio Capitalismo em si – Durante os últimos 50 anos o total da Economia mundial aumentou SETE Vezes, enquanto a capacidade da biosfera suportar esta expansão continua drásticamente a decrescer por acção da predação humana.
Para uma maior fundamentação destes tópicos, leia-se a obra de Lester Brown “Outgrowing the Earth”
Desde as conclusões da “Comissão Bruntland” (1987) que originou a linha de reversão para o “Novo Paradigma de Sustentabilidade” (capitalista), apenas tendo em vista a internalização no sistema dos custos económicos ambientais, a situação têm vindo a declarar-se como de decrescimento conduzindo à estagnação generalizada. O curioso é que esta é uma teoria repescada de John Stuart Mill, um contemporâneo de Karl Marx que advogava que o capitalismo se podia auto-controlar, bastando para isso que - “se a quantidade de Capital inicial fosse igual à quantidade final obtida para ser novamente re-investida, não haveria crescimento anómalo”, nem problemas. (in Principles of Political Economy- 1848). Este “estado estacionário” seria compatível com as forças de produção sendo apenas necessárias correcções ao nível da destribuição das mercadorias. Na época, Marx criticou Mill acusando-o de advogar uma “sincronização néscia e superficial” por não levar em linha de conta a necessidade de supremacia da classe dominante sobre as classes exploradas para a realização das mais-valias que constituem a essência do capital.
Hoje em dia, depois que Jared Diamond recentemente publicou “Colapso” em que defende que antigas civilizações como a dos Maias ou a da Ilha de Páscoa desapareceram por via do colapso ecológico das suas bases materiais de suporte, o debate, que já durava há décadas ganhou particular acuidade

Apesar das “forças de mercado” em presença, com os neoliberais à cabeça, a “tocarem violino enquanto Roma arde”, em cada vez mais sectores existe a convicção de que, se estas forças continuarem a operar da mesma forma como até aqui, será apenas uma questão de prazo até que as espécies vivas, entre as quais a humana, estarão irremediavelmente condenadas a desaparecerem. A extinção de espécies é a mais alta desde os ultimos 65 milhões de anos à medida que os eco-sistemas vão continuando a ser removidos. De acordo com estudos publicados da Academia Nacional de Ciências (EUA) em 2002, a Economia Mundial excedeu a capacidade regenerativa em 1980 e em 1999 ultrapassou-a em 20%. Isto significa que já nesse ano de 1999 então seriam necessárias 1,2 Terras para regenerar aquilo que a humanidade consumiu.
Para inverter esta tendência um outro grupo de estudo denominado “Global Scenario Group” reunido à volta do “Instituto de Desenvolvimento de Estocolmo”, vem publicando diversas reflexões sobre esta problemática, cujo ultimo estudo intitularam “A Grande Transição”, (disponível, para leitura aqui (em inglês)), com a finalidade de:
A) Inventariar as condições concretas em que se encontra actualmente o “mundo capitalista”
B) Determinar que meios poderão alterar o curso dos acontecimentos, quer seja por meios tecnológicos ou outros, por forma a suster as crises cada vez mais interligadas – sociais e ecológicas.
C) Que alternativas históricas existem ao sistema vigente.
(continua)

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