"A evolução das espécies depende da escassez de comida. Por esta razão, as crías de qualquer espécie lutarão entre elas pela sobrevivência"
in “O Pesadelo de Darwin”
Ernesto Sábato:
“Segundo parece, a dignidade da vida humana não estava prevista no plano de globalização. A angústia é o único sentimento que alcançou niveis nunca vistos.
Num mundo que vive na perversidade, onde uns poucos contabilizam os seus lucros sobre a amputação da vida da imensa maioria. Tem-se feito crer a um e outro pobre diabo que pertence ao Primeiro Mundo por ter acesso a incontáveis produtos num supermercado. E enquanto o pobre infeliz dorme tranquilo, encerrado na sua fortaleza de bugigangas e quinquilharias, milhares de familias devem sobreviver com um dólar por dia. São milhões os excluidos do grande banquete dos economistas. Estamos no entendimento de um mundo onde, em vez de se cuidar do desespero, aumenta o egoismo e o “salve-se quem puder”. Mesmo que os mais desafortunados sucumbam na profundidade das águas, nalgum recanto distante da catástrofe, no meio de alguma das festas de disfarce, continuam dançando os homens do poder, ensurdecidos pelas suas gargalhadas”.
Mas, melhor que ninguém, o próprio presidente dos Estados Unidos, o primeiro no pós-Guerra nos explicou porque são as coisas assim. Pode-se ouvi-lo aqui neste video - Dwight Eisenhower em 1961 explica como já nessa época 3 milhões e meio de americanos estavam envolvidos no Complexo Politico Militar. Que dizer dos dias de hoje, quando os Estados Unidos têm 725 bases militares repartidas por 130 paises distintos no mundo?
(tema para aprofundar aqui)
Pode-se fazer o download do filme completo "Why We Fight", por este link:
http://oldamericancentury.org/why_we_fight.ram
Evocando o discurso de despedida como presidente de Dwight D. Eisenhower, Eugene Jarecky realiza una autopsia directa ao facto da vontade do povo ser um factor acessório e totalmente irrelevante na política do Pentágono. "¿Por que lutamos?" (Why We Fight?) é a pergunta que tem sido feita por milhões de norte americanos através da sua história. Este documentário intenta dar resposta a esta questão à qual nos Estados Unidos só se ouve responder: "Pela liberdade". (liberdade de quê e de quem?) - O autor questiona, além do mais, se a indústria do armamento é o motor da economia americana e se os conflitos bélicos são rentáveis. Para isso conta com testemunhas – criticas em muitos casos – de importantes personalidades da politica e da cultura dos Estados Unidos.
Vencedor do Grande Prémio do Juri do Festival de Sundance 2005. Não exibido em Portugal.
Uma simples mistificação dos economistas da escola neoliberal norte-americana, fazendo tábua rasa da distinção entre o Valor de Uso e o Valor de Troca das mercadorias de Karl Marx em “O Capital” moldou o mundo do pós-guerra tal e qual o conhecemos. Neste sentido, só o Presente é nosso, não o momento passado nem aquele que aguardamos, porque um está destruido, e do outro, se não lutarmos, não sabemos se existirá.
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terça-feira, janeiro 30, 2007
segunda-feira, janeiro 29, 2007
Era do cimo desta torre numa das maiores fazendas de açúcar, a de Manaca-Iznaga, que se vigiava o trabalho dos escravos, capturados e embarcados à força de África pelos navios negreiros no que foi já considerada como a maior migração na história da humanidade - estima-se que cerca de 13 milhões de seres humanos tenham sido levados para o Novo Mundo para aí serem escravizados em campos de trabalho, desde Minas Gerais até ao Mississipi.
Lá do alto, os capatazes do fazendeiro tinham uma visão ampla dos imensos campos de cana de açúcar dando o alerta ao menor sinal de tentativa de fuga dos milhares de escravos que aí trabalhavam. Neste caso particular, estamos em Cuba, próximo de Trinidad, no Vale dos Engenhos, que hoje é um sitio considerado pela Unesco como Património da Humanidade. Foi invocando este imaginário trágico da escravatura que um dissidente cubano escreveu o romance "o Engenho" que com grande surpresa vemos pelos escaparates de livrarias insuspeitas, como a "Ler Devagar". Mas afinal quem é Reinaldo Arenas, e sobre o que escreve?
“Cuba, anos 70. Milhares e milhares de jovens, tal como os escravos no século XVI, são recrutados à força para trabalhar nos engenhos de cana- de-açucar. Em condições miseráveis e absolutamente infames, vêem-se obrigados a atingir as elevadas quotas de produção decretadas pelo Grande Cacique”
Bastaria ver "El Brigadista" do realizador cubano Octavio Cortazar (1977) para nos darmos conta do regime de voluntariado que imperou na Revolução Cubana desde as campanhas de alfabetização, e de como é miserável esta conversa dos "dissidentes" que arranjam bons empregos, lá longe, pagos por Washington. Lógicamente, trabalhar é uma coisa que sempre fez cócegas aos párias.
"O tom de epopeia anti-castrista que o editor dá ao livro pode induzir em erro. Na realidade, esta espécie de longo poema sobre as brigadas de jovens "coagidos" a trabalhar na safra da cana- de-açucar, não é fácil de ler e a sua atmosfera fantasmagórica e de pesadelo parece muito pouco convincente" (lê-se na Politica Operária),
"Reinaldo Arenas, que no dizer de um biógrafo, “fez da sua homossexualidade uma bandeira”, saiu de Cuba no inicio dos anos 80 e veio a morrer de sida em Nova Iorque aos 47 anos, depois de ter recriado numa série de obras as pulsões obcessivas da adolescência. À falta de mais notáveis figuras, tem sido desde então promovido por meios de direita norte- americanos a mártir do regime cubano. Jogo a que se presta gostosamente o editor português”. Se tivessem vergonha na cara, tanto a "Antigona" como a "Ler Devagar" tiravam essa porcaria das estantes
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Lá do alto, os capatazes do fazendeiro tinham uma visão ampla dos imensos campos de cana de açúcar dando o alerta ao menor sinal de tentativa de fuga dos milhares de escravos que aí trabalhavam. Neste caso particular, estamos em Cuba, próximo de Trinidad, no Vale dos Engenhos, que hoje é um sitio considerado pela Unesco como Património da Humanidade. Foi invocando este imaginário trágico da escravatura que um dissidente cubano escreveu o romance "o Engenho" que com grande surpresa vemos pelos escaparates de livrarias insuspeitas, como a "Ler Devagar". Mas afinal quem é Reinaldo Arenas, e sobre o que escreve?
“Cuba, anos 70. Milhares e milhares de jovens, tal como os escravos no século XVI, são recrutados à força para trabalhar nos engenhos de cana- de-açucar. Em condições miseráveis e absolutamente infames, vêem-se obrigados a atingir as elevadas quotas de produção decretadas pelo Grande Cacique”
Bastaria ver "El Brigadista" do realizador cubano Octavio Cortazar (1977) para nos darmos conta do regime de voluntariado que imperou na Revolução Cubana desde as campanhas de alfabetização, e de como é miserável esta conversa dos "dissidentes" que arranjam bons empregos, lá longe, pagos por Washington. Lógicamente, trabalhar é uma coisa que sempre fez cócegas aos párias.
"O tom de epopeia anti-castrista que o editor dá ao livro pode induzir em erro. Na realidade, esta espécie de longo poema sobre as brigadas de jovens "coagidos" a trabalhar na safra da cana- de-açucar, não é fácil de ler e a sua atmosfera fantasmagórica e de pesadelo parece muito pouco convincente" (lê-se na Politica Operária),
"Reinaldo Arenas, que no dizer de um biógrafo, “fez da sua homossexualidade uma bandeira”, saiu de Cuba no inicio dos anos 80 e veio a morrer de sida em Nova Iorque aos 47 anos, depois de ter recriado numa série de obras as pulsões obcessivas da adolescência. À falta de mais notáveis figuras, tem sido desde então promovido por meios de direita norte- americanos a mártir do regime cubano. Jogo a que se presta gostosamente o editor português”. Se tivessem vergonha na cara, tanto a "Antigona" como a "Ler Devagar" tiravam essa porcaria das estantes
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sábado, janeiro 27, 2007
“o Comunismo… que o diabo carregue a sua prática, mas que Deus o conserve como constante ameaça sobre a cabeça daqueles que possuem propriedades… Que Deus o conserve para que essa corja, a quem a insolência faz perder a cabeça, não se torne ainda mais insolente, para que a sociedade dos únicos que têm direito ao prazer… pelo menos também vá para a cama com pesadelos! Para que ao menos percam a vontade de pregar moral às suas vítimas e a disposição de fazer piadas sobre elas”
Karl Kraus, 1920
“Ignoram os déspotas que o povo, a massa sofredora, é o verdadeiro chefe das revoluções”
José Marti, 1875
Toda a gente tem presente a forma criminosa como por acção interna comandada do exterior (por via do acordo Reagan- Fundação Gorbatchev com séde em San Francisco, California), se trabalhou activamente na destruição da União Soviética. Seja-se ou não crítico do sistema burocrático que tinha feito descambar a URSS para uma mera forma de capitalismo de Estado, não tutelado democraticamente pelos cidadãos (também pela necessidade de oposição ao bloco Ocidental durante a guerra-fria) todos mais ou menos têm de admitir que, ao invés do “progresso” mirabolante prometido, o tecido produtivo foi ali destruído, milhões de pessoas foram de repente lançadas na miséria, oito anos depois da “perestroika” neoliberal o PIB tinha caido para metade, o Banco Central colapsou em 1998, (a Yukos, a empresa estatal dos petróleos, e muitas outras, transferiram-se de séde e bagagens para a bolsa de New York), as Máfias tomaram conta por tuta-e-meia dos despojos mais valiosos das empresas antes geridas pelo Estado que foram vendidas ao desbarato; hoje em dia não se pode andar no metro ou na rua a partir de certas horas devido aos elevados índices de criminalidade. E finalmente, para pôr alguma ordem na casa, Putin deitou mão de uma ditadura nos mesmos moldes dos bons velhos tempos dos czares. Sabemos isso porque temos entre nós milhares de cidadãos do Leste que se viram obrigados a uma emigração de sobrevivência. Dizem eles que o clima aqui é bom, mas a educação para os filhos é uma merda – já sabíamos. Seduzidos pelas continhas da Irmã Lúcia, uma erudita que tinha rezado afincadamente para foder o “comunismo”, tiveram um duplo azar no destino, porque Portugal, às mãos do crime organizado, atravessa um processo de desmantelamento similar ao que aconteceu na Rússia.
Karl Kraus, 1920
“Ignoram os déspotas que o povo, a massa sofredora, é o verdadeiro chefe das revoluções”
José Marti, 1875
Toda a gente tem presente a forma criminosa como por acção interna comandada do exterior (por via do acordo Reagan- Fundação Gorbatchev com séde em San Francisco, California), se trabalhou activamente na destruição da União Soviética. Seja-se ou não crítico do sistema burocrático que tinha feito descambar a URSS para uma mera forma de capitalismo de Estado, não tutelado democraticamente pelos cidadãos (também pela necessidade de oposição ao bloco Ocidental durante a guerra-fria) todos mais ou menos têm de admitir que, ao invés do “progresso” mirabolante prometido, o tecido produtivo foi ali destruído, milhões de pessoas foram de repente lançadas na miséria, oito anos depois da “perestroika” neoliberal o PIB tinha caido para metade, o Banco Central colapsou em 1998, (a Yukos, a empresa estatal dos petróleos, e muitas outras, transferiram-se de séde e bagagens para a bolsa de New York), as Máfias tomaram conta por tuta-e-meia dos despojos mais valiosos das empresas antes geridas pelo Estado que foram vendidas ao desbarato; hoje em dia não se pode andar no metro ou na rua a partir de certas horas devido aos elevados índices de criminalidade. E finalmente, para pôr alguma ordem na casa, Putin deitou mão de uma ditadura nos mesmos moldes dos bons velhos tempos dos czares. Sabemos isso porque temos entre nós milhares de cidadãos do Leste que se viram obrigados a uma emigração de sobrevivência. Dizem eles que o clima aqui é bom, mas a educação para os filhos é uma merda – já sabíamos. Seduzidos pelas continhas da Irmã Lúcia, uma erudita que tinha rezado afincadamente para foder o “comunismo”, tiveram um duplo azar no destino, porque Portugal, às mãos do crime organizado, atravessa um processo de desmantelamento similar ao que aconteceu na Rússia.
ao património devido ao Estado social?
um clube de futebol de topo mundial, o Chelsea
que faz as delícias capitalizantes para Londres,
e outras pequenas minudências como a que
vem referida no artigo acima. Nada mau, para
quem era caseiro do chefe executivo da empresa
estatal do petróleo russo que foi desmantelada
e dada de mão beijada aos porcos,,,
quem era caseiro do chefe executivo da empresa
estatal do petróleo russo que foi desmantelada
e dada de mão beijada aos porcos,,,
sexta-feira, janeiro 26, 2007
como se existisse só "um caso" na CML
Pedro Santana Lopes, "nunca concordou" e
declara estar "disponivel para prestar
todos os esclarecimentos à Policia Judiciária"
Pedro Santana Lopes, "nunca concordou" e
declara estar "disponivel para prestar
todos os esclarecimentos à Policia Judiciária"
“o segredo do demagogo é fazer-se passar por tão estúpido quanto a sua plateia, para que esta imagine ser tão esperta quanto ele”
Karl Kraus
* adenda, para se compreender como é que as coisas funcionam:
"Miguel Portas há cinco anos candidato à Câmara Municipal de Lisboa, ouviu de viva voz da boca de Domingos Névoa, dono da Bragaparques, como é que a construção do parque de estacionamento do Martim Moniz representou um investimento lucrativo para a sua empresa. "A meio de uma noite já bem regada, o sr. Névoa contou-me que a adjudicação à Bragaparques foi directa por via da EPUL, que por sua vez pagou a construção do parque através dos arranjos à superfície. Segundo o senhor Névoa, a empresa "não gastou um tostão", contou ao DN. Miguel Portas confrontou João Soares com tais acusações, mas acabou por ser ameaçado pelo socialista "com um processo", que nunca avançou". (ler mais, no DN, 25 Janeiro)
* se é certo que a prática dos interesses públicos serem delapidados por uma pretensa ingenuidade e impreparação dos gestores públicos já vem de trás, certo também é que o negócio da permuta dos terrenos do Parque Mayer pelos da Feira Popular é da exclusiva responsabilidade de Santana Lopes. Compete à Policia Judiciária investigar e esclarecer qual é o móbil para que as coisas funcionem assim?- uma vez que não acreditamos estarem a ser eleitos para cargos tão importantes, figuras partidárias pela sua aura de meninos de coro,,,
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quarta-feira, janeiro 24, 2007
flexi-segurança, flexi-esoterismo, flexi-produção
Alvin Toffler com a “Terceira Vaga” e o “Choque do Futuro” (sobre o impacto das novas tecnologias) foi colocado no pedestal do maior guru dos tempos modernos. Com o seu último “Os Novos Poderes” (Powershift) reincide trazendo-nos “um clímax de ideias que mudarão as nossas vidas” como se a sua aplicação prática não fosse já bem visivel. Diz-nos que a natureza dos poderes “no mundo dos supermercados e dos hospitais, bancos, emissores de cartões de crédito e escritórios de serviços, na televisão e nos telefones, na politica e nas nossas vidas, tudo está a mudar perante os nossos olhos”. “Powershift” faz o mapa das futuras guerras pelo conhecimento, as "info-wars" dos dias de amanhã; informa-nos que “os velhos antagonismos políticos passaram de moda, e identifica onde as novas divisões importantes vão aparecer – não já entre o Leste e o Oeste, nem entre o Norte e o Sul mas, entre aquilo que é Rápido e o que é Lento”. Aponta para a emergência de um tipo novo de empresa-flexivel ("flex-firm") como modelo livre contra as organizações burocráticas. O New York Times escreve que esta é uma análise profunda, uma síntese notável para a compreensão da nova civilização do século XXI – Endeusado pelos toques de trombetas dos arautos do neoliberalismo, há contudo uma pequena minudência que escapa a Alvin Toffler : é a questão essencial da posse dos meios de produção – nicles; esta questão é pura e simplesmente apagada, assim como qualquer referência à existência de classes sociais; por Alá!, agora somos todos iguais! - apesar de ser um teso, qualquer mortal pode ver o Zézé Camarinha, a Paula Teixeira da Cruz e o Dale Carnegie no Eleven - Estes dois tópicos é quanto basta para que este tipo de discurso esotérico tenha tanta relação com Economia Politica como o Paulo Coelho tem com a Literatura ( e no entanto ele vende). Basta dar uma vista de olhos pelos subtitulos que resumem os conteúdos da obra para rapidamente ser perceptivel que estamos perante um puro exercicio de esoterismo. Toffler, agora com 70 anos, imagina um novo sistema de criação de riqueza (acumulação capitalista) baseado no individualismo, na inovação e na informação – ou seja,
tirada a limpo, esta é a mesma conversa da treta pós-moderna de que se está a servir a coligação Cavaco-Sócrates. Vamos ver então o que já tinham os clássicos cerca de 1850 a dizer destas "novidades", ou por outras palavras, de onde é que Toffler e outros oportunistas liberais de fraque canibalizaram a retórica,
Marx na "Miséria da Filosofia"
“o antagonismo entre o proletariado e a burguesia é uma luta de classe contra classe, uma luta que, levada a extremos, é uma revolução total. É surpreendente que uma sociedade fundada na oposição de classes culmine em contradição brutal, no choque de corpo contra corpo, como desenlace final?
Não digam que o movimento social exclui o movimento politico. Não existe movimento politico que não seja simultaneamente social. Somente numa ordem das coisas em que não haja mais classes é que as evoluções sociais deixarão de ser revoluções politicas. Até então, na véspera de todas as modificações gerais da sociedade, a última palavra da ciência social será sempre: “Combate ou morte, luta sanguinária ou extinção. A questão é, assim, inexoravelmente posta”
"Economia Totalitária e Paranóia do Terror" , Robert Kurz - Aviso aos náufragos - Crónicas do capitalismo mundializado em crise - Para lá da luta de classes.
"Os marxistas tradicionais ainda têm lágrimas nos olhos quando pronunciam as expressões "classe" e "luta de classes". A sua identidade como críticos do capitalismo começa e termina com estes termos. Mas na situação de um sistema capitalista uniformizado no início do século XXI, sob as condições de terceira revolução industrial, globalização da economia industrial e individualização social o paradigma teórico de classes do "proletariado" parece estranhamente empoeirado". (ler mais) Kurz e o Grupo Krisis, entre outros, reunidos em redor do “Manifesto contra o Trabalho” advogam o fim do trabalho assalariado como a saída da crise. É uma reacção temperamental, útil como contestação, contra a tentativa de construção do Império totalitário Mundial.
A maioria dos trabalhadores (65 por cento em Portugal e 75 por cento nos EUA) é hoje constituída por quadros, especialistas e técnicos que manipulam directamente informação. É possível religar os paradigmas marxista e digital?
“Do Capitalismo ao Digitalismo”, Francisco Penim Redondo
“Sabe-se mas não se discute às claras: a teoria marxista do valor é insuficiente para compreender o que está em marcha no paradigma digital. Aliás, é por demais evidente que a nova esfera do trabalho assenta na automatização do trabalho repetitivo com degradação do assalariamento. Há cada vez menos mercadorias baseadas no tempo de trabalho, dado que o seu valor está, na vida actual, subordinado ao conhecimento nelas incorporado. Impõe-se ultrapassar a distinção feita por Marx entre trabalho produtivo e trabalho improdutivo. Propõe-se que a mais-valia seja calculada não no fim de cada dia mas no fim do ciclo económico das mercadorias, desde o inicio da Produção incorporando-lhes também no valor acrescentado o circuito de Distribuição e Consumo até ao consumidor final. Ou seja, estabelecendo-se um valor de troca baseado em conhecimento. “Especialistas de todos os Saberes, Uni-vos!” (mais tópicos do livro podem ser lidos e discutidos aqui)
Esta tese padece do “efeito Toffler”, omite a possibilidade de se poder regulamentar todo o processo, desde aquilo que se produz até à distribuição daquilo que se consome, pondo fim à livre produção do supérfluo. Se os recursos são finitos o Consumo não pode ser livre nem infinito. Não pode nem deve ficar dependente de uma variável aleatória como é a vontade dos consumidores alienados. Muito menos o que se produz pode continuar livremente a ser determinado em função dos lucros das élites que controlam o sistema. Não leva em linha de conta a nova distribuição internacional do Trabalho, a deslocalização da produção material para os países de mão de obra barata, quase escrava – a China como a grande fábrica do mundo, a elite anglófona da Índia como prestadora de Serviços, o Brasil como fornecedor agro-pecuário, a Rússia e o Médio Oriente como fontes de abastecimento de energia.
Pelo meio destes campus move-se, sem fronteiras, a nova “burguesia Transnacional” assentando vida luxuosa em ilhas de prosperidade cujo símbolo são os condomínios fechados. Enquanto cá fora, a degradação social avança. A luta de classes também se globalizou; foi transplantada para o campo internacional; por exemplo, “Não Rentáveis de Todos os países, Uni-vos !” é o grito da Alternativa Libertária
Marx em “Salário, Preço e Lucro”
“portanto o Estado não tem existido eternamente. Houve sociedades que se organizaram sem ele, que não tiveram a menor noção do Estado ou do seu poder. Ao chegar a certa fase de desenvolvimento económico, que estava necessariamente ligada à divisão da sociedade em classes, essa divisão tornou o Estado uma necessidade. Estamos agora a aproximar-nos com rapidez, de uma fase do desenvolvimento da produção em que a existência dessa classes não só deixou de ser uma necessidade mas se converteu num obstáculo à própria produção. As classes irão desaparecer, de um modo tão inevitável como no passado surgiram. Com o desaparecimento das classes desaparecerá inevitavelmente o Estado. A sociedade, reorganizando de uma forma nova a produção, na base de uma associação livre de produtores iguais, remeterá toda a máquina do Estado para o lugar que lhe há-de corresponder: o museu de antiguidades, ao lado da roca de fiar e do machado de bronze.”
O dado fundamental que define o Neoliberalismo (com Friedman) é ver a moeda, não já como um instrumento que mede uma relação social (como em Marx, ou no Liberalismo de Keynes), mas sim como neutra, isto é, como uma mercadoria, a moeda é um material como outro qualquer, que se vende, empresta e troca em apoio do consumo, apenas para obter lucro na forma de juros, sem que lhe seja acrescentada mais-valia concreta ao seu valor – a moeda dos Bancos Centrais converteu-se num anti-Valor: a estrutura de dominação imperialista que provoca a erosão das relações sociais e a destruição da esfera pública, que submete, arrasa e destrói os Estados periféricos, transformando-os em párias (Chomsky)
Os regimes periféricos que intentarem a modernização capitalista, já agónica mesmo nos países centrais, transformar-se-ão inexoravelmente em regimes de terror contra os seus próprios cidadãos. A Economia politica da presente hegemonia imperfeita, a expansão das formas capitalistas modernas não só não é obstada pela existência de formas sócio-econômicas atrasadas, como é delas que se alimenta para manter ou elevar as taxas de lucro.
“Tornar Possível o Impossível – a Esquerda no Limiar do Século XXI”, Marta Harnecker
“Contudo, não há dúvida de que a explicação mais importante desta crise teórica é a inexistência de um estudo crítico do capitalismo dos fins do século XX – o capitalismo da revolução electrónico- informática, da globalização e das guerras financeiras. Não falo de estudos parcelares, sobre determinados aspectos da sociedade capitalista actual – que sem dúvida existem – refiro-me a um estudo com a integridade e o espírito rigoroso com que Marx estudou o capitalismo da era industrial.
Em que se modifica, por exemplo, o conceito de mais- valia – conceito central da análise critica do capitalismo em Marx – com a introdução da máquina digital e da robótica, por um lado, e com o actual processo de globalização, por outro? Como afecta as relações técnicas e sociais de produção e as relações de distribuição e de consumo, a introdução das novas tecnologias no processo de trabalho? Que modificações sofreram tanto a classe operária como a burguesia numa era em que o conhecimento passa a representar um elemento fundamental das forças produtivas? (…) Quais são os elementos que podem constituir uma base objectiva potencial para a transformação deste modo de produção?”
“Antivalor - A importância da crítica do Valor”, Francisco Oliveira
”a formação de uma nova sustentação da produção e da reprodução do Valor, introduzindo, misturando, na mesma unidade, a forma Valor e o Anti-Valor, isto é, um Valor que se reproduz na forma clássica de acumulação capitalista na busca de mais-valia e o lucro, e uma outra fracção – o Anti-Valor por não buscar valorizar-se per si, pois não é Capital, sustenta artificialmente o processo de valorização do Valor”. (ler mais)
A mercadoria é o nexo que estrutura a sociedade moderna. Todos os indivíduos, coisas e actividades sociais tomam a forma de mercadoria - como "formas de existência do valor". O moderno sistema produtor de mercadorias, ao contrário de Marx, funciona como esfera separada, maquinal e independente da vontade dos indivíduos. Os sujeitos foram, assim, eles próprios convertidos em objectos e produto das relações sociais, que além de factores produtivos são também contabilizados como “consumidores”; o valor passou a ser uma fantasmagoria que, como se tivesse vida própria, como se "tivesse amor no corpo" (Marx), dita e controla as próprias condições de vida dos seres sociais.
“Pátria, Empresa e Mercadoria”
“a flexibilidade, globalização e complexidade da nova economia do mundo exigem o desenvolvimento do planeamento estratégico, apto a introduzir uma metodologia coerente e adaptativa face à multiplicidade de sentidos e sinais da nova estrutura de produção e administração”
Manuel Castells, citado no ensaio de Carlos B. Vainer sobre “Planeamento Estratégico Urbano” (no conceito de Cidade-Pátria) Porto Alegre, 1999
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tirada a limpo, esta é a mesma conversa da treta pós-moderna de que se está a servir a coligação Cavaco-Sócrates. Vamos ver então o que já tinham os clássicos cerca de 1850 a dizer destas "novidades", ou por outras palavras, de onde é que Toffler e outros oportunistas liberais de fraque canibalizaram a retórica,
Marx na "Miséria da Filosofia"
“o antagonismo entre o proletariado e a burguesia é uma luta de classe contra classe, uma luta que, levada a extremos, é uma revolução total. É surpreendente que uma sociedade fundada na oposição de classes culmine em contradição brutal, no choque de corpo contra corpo, como desenlace final?
Não digam que o movimento social exclui o movimento politico. Não existe movimento politico que não seja simultaneamente social. Somente numa ordem das coisas em que não haja mais classes é que as evoluções sociais deixarão de ser revoluções politicas. Até então, na véspera de todas as modificações gerais da sociedade, a última palavra da ciência social será sempre: “Combate ou morte, luta sanguinária ou extinção. A questão é, assim, inexoravelmente posta”
"Economia Totalitária e Paranóia do Terror" , Robert Kurz - Aviso aos náufragos - Crónicas do capitalismo mundializado em crise - Para lá da luta de classes.
"Os marxistas tradicionais ainda têm lágrimas nos olhos quando pronunciam as expressões "classe" e "luta de classes". A sua identidade como críticos do capitalismo começa e termina com estes termos. Mas na situação de um sistema capitalista uniformizado no início do século XXI, sob as condições de terceira revolução industrial, globalização da economia industrial e individualização social o paradigma teórico de classes do "proletariado" parece estranhamente empoeirado". (ler mais) Kurz e o Grupo Krisis, entre outros, reunidos em redor do “Manifesto contra o Trabalho” advogam o fim do trabalho assalariado como a saída da crise. É uma reacção temperamental, útil como contestação, contra a tentativa de construção do Império totalitário Mundial.
A maioria dos trabalhadores (65 por cento em Portugal e 75 por cento nos EUA) é hoje constituída por quadros, especialistas e técnicos que manipulam directamente informação. É possível religar os paradigmas marxista e digital?
“Do Capitalismo ao Digitalismo”, Francisco Penim Redondo
“Sabe-se mas não se discute às claras: a teoria marxista do valor é insuficiente para compreender o que está em marcha no paradigma digital. Aliás, é por demais evidente que a nova esfera do trabalho assenta na automatização do trabalho repetitivo com degradação do assalariamento. Há cada vez menos mercadorias baseadas no tempo de trabalho, dado que o seu valor está, na vida actual, subordinado ao conhecimento nelas incorporado. Impõe-se ultrapassar a distinção feita por Marx entre trabalho produtivo e trabalho improdutivo. Propõe-se que a mais-valia seja calculada não no fim de cada dia mas no fim do ciclo económico das mercadorias, desde o inicio da Produção incorporando-lhes também no valor acrescentado o circuito de Distribuição e Consumo até ao consumidor final. Ou seja, estabelecendo-se um valor de troca baseado em conhecimento. “Especialistas de todos os Saberes, Uni-vos!” (mais tópicos do livro podem ser lidos e discutidos aqui)
Esta tese padece do “efeito Toffler”, omite a possibilidade de se poder regulamentar todo o processo, desde aquilo que se produz até à distribuição daquilo que se consome, pondo fim à livre produção do supérfluo. Se os recursos são finitos o Consumo não pode ser livre nem infinito. Não pode nem deve ficar dependente de uma variável aleatória como é a vontade dos consumidores alienados. Muito menos o que se produz pode continuar livremente a ser determinado em função dos lucros das élites que controlam o sistema. Não leva em linha de conta a nova distribuição internacional do Trabalho, a deslocalização da produção material para os países de mão de obra barata, quase escrava – a China como a grande fábrica do mundo, a elite anglófona da Índia como prestadora de Serviços, o Brasil como fornecedor agro-pecuário, a Rússia e o Médio Oriente como fontes de abastecimento de energia.
Pelo meio destes campus move-se, sem fronteiras, a nova “burguesia Transnacional” assentando vida luxuosa em ilhas de prosperidade cujo símbolo são os condomínios fechados. Enquanto cá fora, a degradação social avança. A luta de classes também se globalizou; foi transplantada para o campo internacional; por exemplo, “Não Rentáveis de Todos os países, Uni-vos !” é o grito da Alternativa Libertária
Marx em “Salário, Preço e Lucro”
“portanto o Estado não tem existido eternamente. Houve sociedades que se organizaram sem ele, que não tiveram a menor noção do Estado ou do seu poder. Ao chegar a certa fase de desenvolvimento económico, que estava necessariamente ligada à divisão da sociedade em classes, essa divisão tornou o Estado uma necessidade. Estamos agora a aproximar-nos com rapidez, de uma fase do desenvolvimento da produção em que a existência dessa classes não só deixou de ser uma necessidade mas se converteu num obstáculo à própria produção. As classes irão desaparecer, de um modo tão inevitável como no passado surgiram. Com o desaparecimento das classes desaparecerá inevitavelmente o Estado. A sociedade, reorganizando de uma forma nova a produção, na base de uma associação livre de produtores iguais, remeterá toda a máquina do Estado para o lugar que lhe há-de corresponder: o museu de antiguidades, ao lado da roca de fiar e do machado de bronze.”
O dado fundamental que define o Neoliberalismo (com Friedman) é ver a moeda, não já como um instrumento que mede uma relação social (como em Marx, ou no Liberalismo de Keynes), mas sim como neutra, isto é, como uma mercadoria, a moeda é um material como outro qualquer, que se vende, empresta e troca em apoio do consumo, apenas para obter lucro na forma de juros, sem que lhe seja acrescentada mais-valia concreta ao seu valor – a moeda dos Bancos Centrais converteu-se num anti-Valor: a estrutura de dominação imperialista que provoca a erosão das relações sociais e a destruição da esfera pública, que submete, arrasa e destrói os Estados periféricos, transformando-os em párias (Chomsky)
Os regimes periféricos que intentarem a modernização capitalista, já agónica mesmo nos países centrais, transformar-se-ão inexoravelmente em regimes de terror contra os seus próprios cidadãos. A Economia politica da presente hegemonia imperfeita, a expansão das formas capitalistas modernas não só não é obstada pela existência de formas sócio-econômicas atrasadas, como é delas que se alimenta para manter ou elevar as taxas de lucro.
“Tornar Possível o Impossível – a Esquerda no Limiar do Século XXI”, Marta Harnecker
“Contudo, não há dúvida de que a explicação mais importante desta crise teórica é a inexistência de um estudo crítico do capitalismo dos fins do século XX – o capitalismo da revolução electrónico- informática, da globalização e das guerras financeiras. Não falo de estudos parcelares, sobre determinados aspectos da sociedade capitalista actual – que sem dúvida existem – refiro-me a um estudo com a integridade e o espírito rigoroso com que Marx estudou o capitalismo da era industrial.
Em que se modifica, por exemplo, o conceito de mais- valia – conceito central da análise critica do capitalismo em Marx – com a introdução da máquina digital e da robótica, por um lado, e com o actual processo de globalização, por outro? Como afecta as relações técnicas e sociais de produção e as relações de distribuição e de consumo, a introdução das novas tecnologias no processo de trabalho? Que modificações sofreram tanto a classe operária como a burguesia numa era em que o conhecimento passa a representar um elemento fundamental das forças produtivas? (…) Quais são os elementos que podem constituir uma base objectiva potencial para a transformação deste modo de produção?”
“Antivalor - A importância da crítica do Valor”, Francisco Oliveira
”a formação de uma nova sustentação da produção e da reprodução do Valor, introduzindo, misturando, na mesma unidade, a forma Valor e o Anti-Valor, isto é, um Valor que se reproduz na forma clássica de acumulação capitalista na busca de mais-valia e o lucro, e uma outra fracção – o Anti-Valor por não buscar valorizar-se per si, pois não é Capital, sustenta artificialmente o processo de valorização do Valor”. (ler mais)
A mercadoria é o nexo que estrutura a sociedade moderna. Todos os indivíduos, coisas e actividades sociais tomam a forma de mercadoria - como "formas de existência do valor". O moderno sistema produtor de mercadorias, ao contrário de Marx, funciona como esfera separada, maquinal e independente da vontade dos indivíduos. Os sujeitos foram, assim, eles próprios convertidos em objectos e produto das relações sociais, que além de factores produtivos são também contabilizados como “consumidores”; o valor passou a ser uma fantasmagoria que, como se tivesse vida própria, como se "tivesse amor no corpo" (Marx), dita e controla as próprias condições de vida dos seres sociais.
“Pátria, Empresa e Mercadoria”
“a flexibilidade, globalização e complexidade da nova economia do mundo exigem o desenvolvimento do planeamento estratégico, apto a introduzir uma metodologia coerente e adaptativa face à multiplicidade de sentidos e sinais da nova estrutura de produção e administração”
Manuel Castells, citado no ensaio de Carlos B. Vainer sobre “Planeamento Estratégico Urbano” (no conceito de Cidade-Pátria) Porto Alegre, 1999
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terça-feira, janeiro 23, 2007
"Imperia Absurda", sobre o Défice e o endividamento externo
É oficial; a Time assume o declínio da superpotência que sobrou, dá-nos conta da quebra provocada do dólar, para que os EUA possam continuar a comprar mercadorias baratas no mercado global vivendo à custa do trabalho alheio; diz-nos que “Estamos no Fim do Jogo” (até onde cairá o dólar? os sinais são claros); presta-nos contas da explosão do défice , (tanto comercial como de conta-corrente), insustentável: 8 triliões no ano passado), e a propósito da próxima reunião da Cimeira de Davos,
fazendo uma analogia com o titulo da canção de Paul Simon assume que o comércio livre “atravessa uma ponte de águas revoltas”,,, Outros sub-titulos encimam artigos sobre “Balanço Precário” e acerca da inviabilidade futura deste modo de produção fundado no outsourcing e nos transportes intensivos em cima de energias não renováveis escrevem que estão “Perdidos na Floresta”. Tudo isto porém se passa na edição destinada à Europa e Ásia – porque na edição da Time para consumo interno, em vez do cágado a puxar o mundo, o tema de capa é um dossier sobre as mais recentes evoluções no mapeamento das actividades do cérebro. Interessante, porque bastante útil para aprender a usar, numa das sociedade mais ferozmente exclusivas do mundo, onde quem não tem aptidões dificilmente sobrevive. Termina com a interrogação global: “quem precisa dos EUA?” - como diria aquela figura satírica saída aos pulos da floresta africana: “Aminão”!
Para além do Trabalho e do Comércio usuais no Imperialismo do “dinheiro honesto”, (o mundo ocidental habituou-se a usar e abusar dos recursos sem pagar por eles) o Império trouxe a herança de Reagan: a desregulamentação financeira que provocou o Militarismo, a Inflação e o Défice. Para pagar os custos de guerra, o aumento das taxas de juro pela Reserva Federal, que depois do inicio da guerra do Iraque passou de 2 para 6% e a inflação, estão a arrasar as famílias endividadas, causando o desmoronamento do valor do imobiliário que, através das hipotecas, tem suportado o crédito ao consumo. Na senda das mesmas práticas de contabilidade fraudulenta inaugurada pela Enron que elegeram Bush, o Produto Interno Bruto americano contabiliza até, como se fossem um valor, os pagamentos dos empréstimos das habitações. O mundo ocidentalizado está a apostar claramente na inflação como a sua única salvação. "Esqueça as doenças, a fome e a pobreza. Se se pretender encontrar os valores mais eminentes da humanidade (guiada pelo glorioso Ocidente) por intermédio do volume dos recursos financeiros que são mobilizados no mundo contemporâneo esses objectivos são, sem dúvida, os que se encontram ligados à defesa e ao armamento!!!" Qual será o impacto de tudo isto?
(entre nós portugueses, é este)
A taxa de poupança familiar dos países asiáticos é de 40%, a nossa é negativa. Devido ao endividamento excessivo a economia dos EUA está prestes a implodir. Atrás do colapso económico dos EUA dar-se-á a implosão do sistema monetário mundial baseado na moeda virtual que tem sido o petroDólar. Tal não aconteceu ainda, apenas porque os tradicionais aliados de Bush, (aliás, sócios efectivos desde os primórdios da Unocal em Houston) os Sauditas Wahabitas das monarquias oligárquicas que exploram o petróleo no Médio Oriente ( dominam a formação de preços na Opep, e financiaram os "terroristas" do 11/9), reinvestem os lucros em valores nos EUA atenuando os efeitos do défice.
Os EUA compram mais ao exterior do que o que produzem para venda ao exterior e esta situação é insustentável; o Capitalismo é insustentável - a saída tem sido criar uma bolha de desenvolvimento atrás da destruição causada pelas guerras pelos recursos. Mas Bush é ainda pior que se possa imaginar!. Foi quando o Iraque do partido Baas decidiu trocar a comercialização do petróleo de dólares para euros que o regime se condenou e essa foi a razão porque foi decretada a invasão. Depois disso, também o Irão, a Rússia e agora, mais grave porque de maior impacto, a China – todos eles abandonam as transações em dólares.
“Olhem para o passado e vejam para trás quantos impérios ascenderam e cairam, e assim podem prever também o futuro”
Marco Aurélio
Depois da falência do Império, caindo por terra a macro-estrutura económica de dominação, estão abertos os caminhos do futuro – uma Alta Autoridade Global eleita de tipo colegial supervisionará a gestão dos recursos a nivel mundial, deixando em aberto a autonomia na competição livre e democrática entre Regiões – primeira prioridade para o Decrescimento: produzir local e consumir local, sempre que possivel. Aplicação de um plano de emergência, com recurso aos meios militares disponíveis, para salvação ambiental do planeta.
Frente Anti- Imperialista Mundial - Venezuela e Irão unem-se e resolvem retirar, dos seus lucros petroliferos, um fundo de ajuda aos paises pobres que sejam confrontados directamente com a luta contra o Imperialismo.
(ler mais)
fazendo uma analogia com o titulo da canção de Paul Simon assume que o comércio livre “atravessa uma ponte de águas revoltas”,,, Outros sub-titulos encimam artigos sobre “Balanço Precário” e acerca da inviabilidade futura deste modo de produção fundado no outsourcing e nos transportes intensivos em cima de energias não renováveis escrevem que estão “Perdidos na Floresta”. Tudo isto porém se passa na edição destinada à Europa e Ásia – porque na edição da Time para consumo interno, em vez do cágado a puxar o mundo, o tema de capa é um dossier sobre as mais recentes evoluções no mapeamento das actividades do cérebro. Interessante, porque bastante útil para aprender a usar, numa das sociedade mais ferozmente exclusivas do mundo, onde quem não tem aptidões dificilmente sobrevive. Termina com a interrogação global: “quem precisa dos EUA?” - como diria aquela figura satírica saída aos pulos da floresta africana: “Aminão”!
Para além do Trabalho e do Comércio usuais no Imperialismo do “dinheiro honesto”, (o mundo ocidental habituou-se a usar e abusar dos recursos sem pagar por eles) o Império trouxe a herança de Reagan: a desregulamentação financeira que provocou o Militarismo, a Inflação e o Défice. Para pagar os custos de guerra, o aumento das taxas de juro pela Reserva Federal, que depois do inicio da guerra do Iraque passou de 2 para 6% e a inflação, estão a arrasar as famílias endividadas, causando o desmoronamento do valor do imobiliário que, através das hipotecas, tem suportado o crédito ao consumo. Na senda das mesmas práticas de contabilidade fraudulenta inaugurada pela Enron que elegeram Bush, o Produto Interno Bruto americano contabiliza até, como se fossem um valor, os pagamentos dos empréstimos das habitações. O mundo ocidentalizado está a apostar claramente na inflação como a sua única salvação. "Esqueça as doenças, a fome e a pobreza. Se se pretender encontrar os valores mais eminentes da humanidade (guiada pelo glorioso Ocidente) por intermédio do volume dos recursos financeiros que são mobilizados no mundo contemporâneo esses objectivos são, sem dúvida, os que se encontram ligados à defesa e ao armamento!!!" Qual será o impacto de tudo isto?
(entre nós portugueses, é este)
A taxa de poupança familiar dos países asiáticos é de 40%, a nossa é negativa. Devido ao endividamento excessivo a economia dos EUA está prestes a implodir. Atrás do colapso económico dos EUA dar-se-á a implosão do sistema monetário mundial baseado na moeda virtual que tem sido o petroDólar. Tal não aconteceu ainda, apenas porque os tradicionais aliados de Bush, (aliás, sócios efectivos desde os primórdios da Unocal em Houston) os Sauditas Wahabitas das monarquias oligárquicas que exploram o petróleo no Médio Oriente ( dominam a formação de preços na Opep, e financiaram os "terroristas" do 11/9), reinvestem os lucros em valores nos EUA atenuando os efeitos do défice.
Os EUA compram mais ao exterior do que o que produzem para venda ao exterior e esta situação é insustentável; o Capitalismo é insustentável - a saída tem sido criar uma bolha de desenvolvimento atrás da destruição causada pelas guerras pelos recursos. Mas Bush é ainda pior que se possa imaginar!. Foi quando o Iraque do partido Baas decidiu trocar a comercialização do petróleo de dólares para euros que o regime se condenou e essa foi a razão porque foi decretada a invasão. Depois disso, também o Irão, a Rússia e agora, mais grave porque de maior impacto, a China – todos eles abandonam as transações em dólares.
“Olhem para o passado e vejam para trás quantos impérios ascenderam e cairam, e assim podem prever também o futuro”
Marco Aurélio
Depois da falência do Império, caindo por terra a macro-estrutura económica de dominação, estão abertos os caminhos do futuro – uma Alta Autoridade Global eleita de tipo colegial supervisionará a gestão dos recursos a nivel mundial, deixando em aberto a autonomia na competição livre e democrática entre Regiões – primeira prioridade para o Decrescimento: produzir local e consumir local, sempre que possivel. Aplicação de um plano de emergência, com recurso aos meios militares disponíveis, para salvação ambiental do planeta.
Frente Anti- Imperialista Mundial - Venezuela e Irão unem-se e resolvem retirar, dos seus lucros petroliferos, um fundo de ajuda aos paises pobres que sejam confrontados directamente com a luta contra o Imperialismo.
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segunda-feira, janeiro 22, 2007
Conhecimento, Universidade e o cinema da Não-Ilusão
Sigamos os festejos de fim de curso, a apoteose triunfal do jovem idealista recém formado em Harvard no final do seculo XIX, protagonista da saga “As Portas do Céu” (“Heavens Gate”, Michael Cimino, 1981) que, poucos anos mais tarde, se vê dramaticamente lançado na luta fraticida pela conquista de espaço vital no Oeste americano. Supunhamos que, por entre a balbúrdia de negociantes, batoteiros, agiotas sem escrúpulos, prostitutas, rendeiros foragidos da fome, administradores públicos corruptos, fazendeiros racistas, o nosso herói consegue hibernar por 100 anos e acordar neste nosso primórdio do século XXI; abrindo os olhos estremunhados, está de volta – e o que vê ele? – Homens e mulheres afadigam-se falando ininterruptamente por pequenos aparelhos metálicos presos nas orelhas. Os putos sentam-se em sofás esgrimindo miniaturas de atletas em ecrans electrónicos esverdeados. Os mais velhotes tentam enganar a morte aplicando aparelhómetros de metal ou plástico dentro das carcaças. Passando por aeroportos, hospitais e centros comerciais, toda uma panóplia de sinais lhe desviam a atenção. Sente-se atarantado. Mas quando o nosso rapaz, agora cem anos mais velho, entra de novo numa sala de aula, ele reconhece onde está: “Isto é uma escola!” – o professor satisfaz-lhe a curiosidade: sim, apenas os quadros em vez de ser feitos de ardósia, são estes monitores, “agora usamos toda esta parafernália tecnológica para termos possibilidade de ver e estar de volta a 1900”
Sim, hoje, a moderna capacidade de repetição das imagens, trabalhando-as sobre a História dá-nos a possibilidade de vermos o passado sempre como presente e não como “reconstituição”; ou como sugere João Mário Grilo no seu fabuloso ensaio, a possibilidade de fazermos o “Cinema da Não Ilusão”
Efectivamente, lá fora, hoje mesmo, em Janeiro de 2007, continua a estar presente a mesma balbúrdia de negociantes, pistoleiros sem escrúpulos, prostitutas, jogadores compulsivos, rendeiros foragidos da fome, administradores públicos corruptos, fazendeiros racistas e cow-boys alugados como mercenários, todos juntos tentando a golpes de força desbravar novos territórios, conquistando-os tal como o general Custer, ontem os tinha conquistado aos selvagens. E como, voltando à escola:
constata-se que a principal prioridade na ocupação do Iraque como baluarte fortificado de dominação de todo o Médio Oriente, é justamente a construção de uma super- universidade *, não em Bagdad onde a zona verde se apresenta com o odioso ónus da ocupação, mas a salvo mais a norte nos terrenos mais pacíficos de Sulaimaniya.
Visto pelo lado contrário, da construção versus destruição, compreende-se assim que os alvos dos maiores atentados no Iraque sejam agora os representantes da cultura que se pretende destruir: o assassinato cirúrgico e sistemático de professores universitários, como os 29 mortos na semana passada no massacre de al-Mustansiriya, de bibliotecários e cientistas, na mesma senda do premeditado saque inicial em 2003 dos museus e do património histórico. A universidade de al-Mustansiriya acolhe 24.000 estudantes em três facultades e já tinha sido alvo de outro ataque massivo no ano passado.
No seio dos novos colonos do século XXI a mentalidade que se pretende deixar como herança, depois do extermínio dos índios, continua mais actual do que nunca:
Torcida pelo show-biz logo desde pequenina, a filha de Steve Irwin, (a América é pátria de acolhimento e a maior concentração de heróis de sempre) decerto preparada para vir a ser uma boa aluna nestas coisas de universidades clássicas, junto com a mãe Terri no National Press Club, declarou esta semana na TV (where else?), na inocência dos seus 8 anos, taxativamente: “O meu pai era um guerreiro indomável e eu irei continuar o seu trabalho”
Lista dos docentes universitários assassinados no Iraque desde o inicio do periodo de ocupação
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Sim, hoje, a moderna capacidade de repetição das imagens, trabalhando-as sobre a História dá-nos a possibilidade de vermos o passado sempre como presente e não como “reconstituição”; ou como sugere João Mário Grilo no seu fabuloso ensaio, a possibilidade de fazermos o “Cinema da Não Ilusão”
Efectivamente, lá fora, hoje mesmo, em Janeiro de 2007, continua a estar presente a mesma balbúrdia de negociantes, pistoleiros sem escrúpulos, prostitutas, jogadores compulsivos, rendeiros foragidos da fome, administradores públicos corruptos, fazendeiros racistas e cow-boys alugados como mercenários, todos juntos tentando a golpes de força desbravar novos territórios, conquistando-os tal como o general Custer, ontem os tinha conquistado aos selvagens. E como, voltando à escola:
constata-se que a principal prioridade na ocupação do Iraque como baluarte fortificado de dominação de todo o Médio Oriente, é justamente a construção de uma super- universidade *, não em Bagdad onde a zona verde se apresenta com o odioso ónus da ocupação, mas a salvo mais a norte nos terrenos mais pacíficos de Sulaimaniya.
Manuel Castells*,
os Negócios e a Sociedade em Rede
os Negócios e a Sociedade em Rede
Visto pelo lado contrário, da construção versus destruição, compreende-se assim que os alvos dos maiores atentados no Iraque sejam agora os representantes da cultura que se pretende destruir: o assassinato cirúrgico e sistemático de professores universitários, como os 29 mortos na semana passada no massacre de al-Mustansiriya, de bibliotecários e cientistas, na mesma senda do premeditado saque inicial em 2003 dos museus e do património histórico. A universidade de al-Mustansiriya acolhe 24.000 estudantes em três facultades e já tinha sido alvo de outro ataque massivo no ano passado.
No seio dos novos colonos do século XXI a mentalidade que se pretende deixar como herança, depois do extermínio dos índios, continua mais actual do que nunca:
Torcida pelo show-biz logo desde pequenina, a filha de Steve Irwin, (a América é pátria de acolhimento e a maior concentração de heróis de sempre) decerto preparada para vir a ser uma boa aluna nestas coisas de universidades clássicas, junto com a mãe Terri no National Press Club, declarou esta semana na TV (where else?), na inocência dos seus 8 anos, taxativamente: “O meu pai era um guerreiro indomável e eu irei continuar o seu trabalho”
Lista dos docentes universitários assassinados no Iraque desde o inicio do periodo de ocupação
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domingo, janeiro 21, 2007
Duas fábulas sobre violência: padre Não 1, Olhai pró Norte 2
Um padre qualquer de uma qualquer paróquia (salvo erro de Portalegre) é entrevistado na TSF:
Repórter - o senhor tomou posição pelo Não e recusou a comunhão a alguns fiéis, depois de saber que eram a favor do Sim
Padre - têm de saber que podem até ser excomungados!
Repórter – mas o senhor não tem poderes para isso,,,
Padre – realmente não, mas posso, por minha objecção de consciência, recusar conferir-lhes os sacramentos,,, àqueles que são contra a igreja
Repórter – e como fará isso? Proibirá os fiéis de assistir à missa?
Padre – minha senhora, à missa pode assistir qualquer pessoa, até um cão pode assistir à missa!
Olhai pró Norte (da nossa amiga Maria Eugénia, in "Histórias de Vida, edit. Asa)
“Esta é a minha mais antiga memória de infância. Devia eu andar aí pelos três anos. Numa aldeia do Norte, a minha avó levou-me à igreja, a uma ladainha a Nossa Senhora, nessa época, em latim. Lembro-me das mulheres embrulhadas em xailes pretos e a minha avó e eu sentadas num banco debaixo do púlpito. O padre rezava:
- Santa Maria, Santa Mater Dei, Virgo Virginis, Stela Maris…
e as mulheres respondiam:
- Orae pró nobis, orae pró nobis, orae pró nobis…
Aqueles sons fizeram-me confusão. Tentei entendê-los e comecei também a rezar:
- Olhai p`ró Norte, olhai p`ró Norte, olhai p`ró Norte
Aí vi que as mulheres começaram todas a olhar para mim e, então, eu esganicei mais a voz e rezei mais alto:
- Olhai p`ró Norte, olhai p`ró Norte, olhai p`ró Norte
E a minha oração acabou com uma boa bofetada da minha avó”…
Repórter - o senhor tomou posição pelo Não e recusou a comunhão a alguns fiéis, depois de saber que eram a favor do Sim
Padre - têm de saber que podem até ser excomungados!
Repórter – mas o senhor não tem poderes para isso,,,
Padre – realmente não, mas posso, por minha objecção de consciência, recusar conferir-lhes os sacramentos,,, àqueles que são contra a igreja
Repórter – e como fará isso? Proibirá os fiéis de assistir à missa?
Padre – minha senhora, à missa pode assistir qualquer pessoa, até um cão pode assistir à missa!
Olhai pró Norte (da nossa amiga Maria Eugénia, in "Histórias de Vida, edit. Asa)
“Esta é a minha mais antiga memória de infância. Devia eu andar aí pelos três anos. Numa aldeia do Norte, a minha avó levou-me à igreja, a uma ladainha a Nossa Senhora, nessa época, em latim. Lembro-me das mulheres embrulhadas em xailes pretos e a minha avó e eu sentadas num banco debaixo do púlpito. O padre rezava:
- Santa Maria, Santa Mater Dei, Virgo Virginis, Stela Maris…
e as mulheres respondiam:
- Orae pró nobis, orae pró nobis, orae pró nobis…
Aqueles sons fizeram-me confusão. Tentei entendê-los e comecei também a rezar:
- Olhai p`ró Norte, olhai p`ró Norte, olhai p`ró Norte
Aí vi que as mulheres começaram todas a olhar para mim e, então, eu esganicei mais a voz e rezei mais alto:
- Olhai p`ró Norte, olhai p`ró Norte, olhai p`ró Norte
E a minha oração acabou com uma boa bofetada da minha avó”…
sexta-feira, janeiro 19, 2007
Tomem nota!
ninguém deve perder esta novela:
"The final countdown"
pela nossa amiga Encandescente,
no
eroticidades.blogspot.com
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Negociando com os “párias”
“As reticências da França em acompanhar o governo dos EUA nas ameaças de sanções ao Irão não têm as motivações meramente politicas que muitos supõem, muito menos escrúpulos pacifistas. Aproveitando-se da ausência das empresas norte-americanas, proibidas de negociar com o Irão, excomungado por Bush como um “Estado Pária”, as multinacionais europeias, sobretudo francesas e alemãs, precipitaram-se nos últimos anos sobre as oportunidades de investimento naquele país. Só à sua parte, as multinacionais francesas terão investido no Irão 20 a 25 mil milhões de euros, sobretudo na exploração do petróleo e do gás. O banco BNP, a Socité Générale, Total, Gaz de France, Peugeot, Renault, Citroën estão entre os grupos com maiores interesses no mercado iraniano. Como revela o Le Monde, ainda há um mês foi anunciada a assinatura de um contrato entre a Comp. Iraniana de Petróleo e a Société Générale para a exploração de uma gigantesca jazida de gás off-shore, no valor de 2,7 mil milhões de dólares.
A aplicação de um embargo à venda de petróleo iraniano e à exportação para o Irão dos produtos de que aquele país (medicamentos, locomotivas, produtos químicos, etc.) causaria enormes prejuizos aos capitais investidos. Mais indesejável ainda para as multinacionais europeias seria a perspectiva de um ataque militar, que comprometeria a retribuição dos empréstimos e poderia significar a perda dos investimentos efectuados. Sem falar da China, Índia, Japão, que dependem em grande medida do petróleo iraniano.
Seria porém perigoso excluir que a degradação da situação militar no Iraque possa empurrar a administração Bush a uma nova aventura – um ataque de surpresa às instalações nucleares iranianas, colocando as demais potências perante o facto consumado, como aliás fizeram em 2003 com o Iraque”
(A.Lobo, na “Politica Operária”)
Aprendendo com a memória do que aconteceu há meio século com a expedição do Suez
Em 26de Julho de 1956, perante uma recusa dos EUA, da Grã- Bretanha e do Banco Mundial financiarem a megabarragem de Assuão, Nasser anuncia a nacionalização do Canal de Suez: “O canal foi aberto por 120 mil egipcios, muitos dos quais encontararm aí a morte. A Socedade do Canal de Suez, em Paris, vive da exploração. Retomaremos os nossos direitos, porque este canal é propriedade do Egipto. Com os rendimentos do canal pagaremos a construção da barragem”
O entusiasmo dos egipcios e dos povos árabes é imenso. Os governos inglês e francês, logicamente, consideram o desafio intolerável e preparam “medidas enérgicas” contra o “saqueador insolente”, “o novo Hitler”, etc. A Inglaterra, porque não admite perder o “protectorado” sobre o Egipto. A França, porque espera que o derrube de Nasser a ajude a dominar a insurreição argelina. Apesar da relutância de Washington, organizam uma provocação com Israel, cujas tropas penetram em território egipcio. É o pretexto para uma força expedicionária anglo- francesa invadir o Egipto a fim de “separar os beligerantes”. A aventura corre mal porque os EUA e a URSS combinam-se e exigem a retirada dos invasores.
50 anos,2 presidentes assassinados e 1/2 dúzia de governos marioneta depois, a acção dos grupos nacionalistas árabes que pretendem ver o seu país livre do jugo colonialista, ainda fazem com que os turistas ocidentais que queiram ir a banhos para a “riviera do Mar Vermelho” ou simplesmente ver as Pirâmides, o tenham de fazer debaixo de escolta militar. Coisa que, como é sabido, tem custos insignificantes,,,(são os mistérios da Indústria Politico-Militar)
quinta-feira, janeiro 18, 2007
o Referendo Politico a pretexto da IVG
Depois de Durão Barroso, Paulo Portas e Santana Lopes, a Direita tinha desaparecido na voragem do neoconservadorismo; estes personagens tornaram-se rapidamente odiosos perante a opinião pública e tinham-se eclipsado do mapa das intenções de voto. O Zé votou em massa na Esquerda - mal sabendo que ia ser de novo enganado. Porém, para repor o velho maniqueismo "ou eles ou nós" de que se governam as élites no Poder há séculos, a Direita precisava de uma "causa fracturante". Eis o Referendo. Perca ou ganhe, a Direita apoiada no fundamentalismo católico aí está de novo, reagrupada, para tomar conta da outra metade que andava perdida.
o BCP, o banco da OpusDei fundado em Portugal com os capitais em fuga do falido Banco Ambrosiano do Vaticano, ficou célebre por vedar o acesso nas suas dependências ao emprego de mulheres – segregadas no direito de igualdade, em virtude dos condicionalismos previstos la lei no que respeita à procriação – preceitos legais que prejudicavam a produtividade das mulheres em relação aos homens – que, graças a deus, não precisavam de licença de parto. Em 1996 num quadro de 2946 trabalhadores efectivos apenas existiam 22 mulheres – ou seja, uma quota de 0,74% - obrigadas ainda assim a asssinar uma cláusula em que se comprometiam a não emprenhar. Isto é, tinham uma posição contra a Vida, na medida em que era discriminatória de género*. Contudo, invertendo diametralmente o discurso,
sabia, que agora o BCP (Opus Dei) deu 900 mil euros para a campanha do Não? (Com o dinheiro a correr a rodos, existem 16 movimentos pelo Não e 5 pelo Sim)
Zita Seabra, uma notória ex-militante do “na minha barriga mando eu” fez o percurso inverso e, junto com o beato Bagão Feliz ambos esgrimem agora argumentos grosseiros; António Borges da Goldman Sachs, eminência parda do PSD e a “zézinha” Nogueira Pinto fizeram as contas aos custos da liberalização: segundo eles cada aborto custaria 650 euros ao Estado – a desonestidade está em que a pergunta que é feita no Referendo é feita sobre a “DESPENALIZAÇÃO” e não sobre “a liberalização” – assim como assim, quanto às ma$$as, quem recorre ao aborto clandestino em condições deploráveis e põe a sua vida em perigo, já tem de recorrer in-extremis às urgências hospitalares – os custos não só são os mesmos, senão ainda mais agravados.
O défice de nasciturnos - o facto de em Portugal nascerem à volta de 100 mil crianças por ano quando para evitar o declinio da população seria preciso que nascessem mais 50 mil (DN 9/1), ” ou o doutor Gentil Martins truncando truculentamente o conceito de “life saving abortion” conforme invoca a Associação Médica Mundial (WMA) cujos preceitos já são aplicados nos paises desenvolvidos da União Europeia há mais de 30 anos, nada disto, tudo o que está em causa, deveria ser invocado em nome de uma guerra eleitoral em volta do “estatuto juridico do não nascido” – cuja finalidade única, em prol de quem convocou o referendo é retirar dividendos politicos, quando a lei poderia muito bem ter sido aprovada pela maioria existente na AR, sem os custos de uma campanha eleitoral num país em crise – o referendo corre por conta e a favor dos neo-conservadores escudados por detrás da ICAR, ambos grupos fundamentalistas, apostados na viragem para um novo paradigma à direita – e cujos argumentos visam promover a abstenção, o verdadeiro inimigo dos que votam Sim.
O governo neoliberal do Partido "Socialista" sabia que, (citando Miguel Vale de Almeida no MDiplo/Jan07): “o debate sobre a “vida” é uma batalha perdida; e receia o pânico a-feminista de entrar num debate sobre os direitos e a igualdade de género*. Do outro lado, não há hesitações de espécie nenhuma: a Igreja católica, por exemplo, promove um concurso de arte infantil sobre a vida intra-uterina denominado “A minha primeira morada”. Reparem bem: morada. A metáfora imobiliária é clarissima: o útero não é da mulher, o útero é do inquilino (o feto) e/ou do proprietário – o Estado, a Igreja, a sociedade”
(fotografias: Irving Penn)
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o BCP, o banco da OpusDei fundado em Portugal com os capitais em fuga do falido Banco Ambrosiano do Vaticano, ficou célebre por vedar o acesso nas suas dependências ao emprego de mulheres – segregadas no direito de igualdade, em virtude dos condicionalismos previstos la lei no que respeita à procriação – preceitos legais que prejudicavam a produtividade das mulheres em relação aos homens – que, graças a deus, não precisavam de licença de parto. Em 1996 num quadro de 2946 trabalhadores efectivos apenas existiam 22 mulheres – ou seja, uma quota de 0,74% - obrigadas ainda assim a asssinar uma cláusula em que se comprometiam a não emprenhar. Isto é, tinham uma posição contra a Vida, na medida em que era discriminatória de género*. Contudo, invertendo diametralmente o discurso,
sabia, que agora o BCP (Opus Dei) deu 900 mil euros para a campanha do Não? (Com o dinheiro a correr a rodos, existem 16 movimentos pelo Não e 5 pelo Sim)
Zita Seabra, uma notória ex-militante do “na minha barriga mando eu” fez o percurso inverso e, junto com o beato Bagão Feliz ambos esgrimem agora argumentos grosseiros; António Borges da Goldman Sachs, eminência parda do PSD e a “zézinha” Nogueira Pinto fizeram as contas aos custos da liberalização: segundo eles cada aborto custaria 650 euros ao Estado – a desonestidade está em que a pergunta que é feita no Referendo é feita sobre a “DESPENALIZAÇÃO” e não sobre “a liberalização” – assim como assim, quanto às ma$$as, quem recorre ao aborto clandestino em condições deploráveis e põe a sua vida em perigo, já tem de recorrer in-extremis às urgências hospitalares – os custos não só são os mesmos, senão ainda mais agravados.
O défice de nasciturnos - o facto de em Portugal nascerem à volta de 100 mil crianças por ano quando para evitar o declinio da população seria preciso que nascessem mais 50 mil (DN 9/1), ” ou o doutor Gentil Martins truncando truculentamente o conceito de “life saving abortion” conforme invoca a Associação Médica Mundial (WMA) cujos preceitos já são aplicados nos paises desenvolvidos da União Europeia há mais de 30 anos, nada disto, tudo o que está em causa, deveria ser invocado em nome de uma guerra eleitoral em volta do “estatuto juridico do não nascido” – cuja finalidade única, em prol de quem convocou o referendo é retirar dividendos politicos, quando a lei poderia muito bem ter sido aprovada pela maioria existente na AR, sem os custos de uma campanha eleitoral num país em crise – o referendo corre por conta e a favor dos neo-conservadores escudados por detrás da ICAR, ambos grupos fundamentalistas, apostados na viragem para um novo paradigma à direita – e cujos argumentos visam promover a abstenção, o verdadeiro inimigo dos que votam Sim.
O governo neoliberal do Partido "Socialista" sabia que, (citando Miguel Vale de Almeida no MDiplo/Jan07): “o debate sobre a “vida” é uma batalha perdida; e receia o pânico a-feminista de entrar num debate sobre os direitos e a igualdade de género*. Do outro lado, não há hesitações de espécie nenhuma: a Igreja católica, por exemplo, promove um concurso de arte infantil sobre a vida intra-uterina denominado “A minha primeira morada”. Reparem bem: morada. A metáfora imobiliária é clarissima: o útero não é da mulher, o útero é do inquilino (o feto) e/ou do proprietário – o Estado, a Igreja, a sociedade”
(fotografias: Irving Penn)
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quarta-feira, janeiro 17, 2007
Corrupção
o Partido Socialista não aceita, em definitivo, a aprovação da lei que criminaliza o enriquecimento ilícito nem a criação de uma Alta Autoridade para Corrupção, e Cravinho, aos 70 anos, é deportado para um género de exílio sabático,,,
João Cravinho parecia representar no nosso país um papel importante na Corrupção, até porque desde 1999, a sua actividade se enquadrava no âmbito do programa internacional Greco (Grupo de Estados contra a Corrupção) a cujo cumprimento Portugal se obrigou. A propósito? – onde param as responsabilidades no escândalo da Junta Autónoma das Estradas despoletado quando Cravinho foi ministro das Obras Públicas, que levou à sua demissão e à extinção da JAE? – alguém foi criminalmente punido? Ou sequer indiciado?
(reality-foto caçada daqui)
James Petras,
A construção do império econômico e a centralidade da corrupção
"Na medida em que a construção do império econômico se torna decisiva para a viabilização de toda a economia dos EUA, intensifica-se a concorrência com a Europa e com a Ásia por taxas de investimento mais lucrativas e por recursos econômicos. Devido à crescente concorrência e à importância crucial dos lucros obtidos no estrangeiro, a corrupção corporativa tornou-se um fator decisivo na hora de determinar que multinacionais e que bancos dos centros imperiais irão ficar com as empresas, os recursos e as posições financeiras que geram os maiores lucros.
A centralidade da corrupção na expansão imperial e na garantia das posições de privilégio no mercado mundial exemplifica a importância crescente das políticas, em particular das relações inter-estatais, na nova divisão imperial do mundo. A chamada globalização não passa de um eufemismo da crescente importância das intenções dos impérios concorrentes para conduzir uma nova divisão do mundo. A corrupção de governantes estrangeiros é o elemento central na garantia de um acesso privilegiado a recursos, mercados e empresas lucrativas".
Compreendem a posição dos dirigentes do Partido "Socialista"? - ninguém é obrigado por lei a explicar ao fisco de onde vem o dinheiro para moradias ou carros de luxo.
(ler mais)
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João Cravinho parecia representar no nosso país um papel importante na Corrupção, até porque desde 1999, a sua actividade se enquadrava no âmbito do programa internacional Greco (Grupo de Estados contra a Corrupção) a cujo cumprimento Portugal se obrigou. A propósito? – onde param as responsabilidades no escândalo da Junta Autónoma das Estradas despoletado quando Cravinho foi ministro das Obras Públicas, que levou à sua demissão e à extinção da JAE? – alguém foi criminalmente punido? Ou sequer indiciado?
(reality-foto caçada daqui)
James Petras,
A construção do império econômico e a centralidade da corrupção
"Na medida em que a construção do império econômico se torna decisiva para a viabilização de toda a economia dos EUA, intensifica-se a concorrência com a Europa e com a Ásia por taxas de investimento mais lucrativas e por recursos econômicos. Devido à crescente concorrência e à importância crucial dos lucros obtidos no estrangeiro, a corrupção corporativa tornou-se um fator decisivo na hora de determinar que multinacionais e que bancos dos centros imperiais irão ficar com as empresas, os recursos e as posições financeiras que geram os maiores lucros.
A centralidade da corrupção na expansão imperial e na garantia das posições de privilégio no mercado mundial exemplifica a importância crescente das políticas, em particular das relações inter-estatais, na nova divisão imperial do mundo. A chamada globalização não passa de um eufemismo da crescente importância das intenções dos impérios concorrentes para conduzir uma nova divisão do mundo. A corrupção de governantes estrangeiros é o elemento central na garantia de um acesso privilegiado a recursos, mercados e empresas lucrativas".
Compreendem a posição dos dirigentes do Partido "Socialista"? - ninguém é obrigado por lei a explicar ao fisco de onde vem o dinheiro para moradias ou carros de luxo.
(ler mais)
tudo legal
a questão, se houvesse estatisticas, seria esta: por cada um que Não aceita, quantos aceitam? arrisca-se:1 a 3 por cento?.
terça-feira, janeiro 16, 2007
a Carreira das Índias, Adam Smith e a Kátia Guerreiro
“Ao contrário do que sugeria o “pai” da ciência económica, Adam Smith, o preço dos produtos não é uma função do custo de produção mas, sim, das preferências dos consumidores” – isto é dito por um dos vários Economistas membros da Causa Liberal do blogue “Insurgente”, citado no DN 22/5/06
Os suspeitos do costume contorcem-se em revisionismos malabaristas para tentar explicar que tudo aquilo em que dantes eles mesmo acreditavam, e queriam fazer acreditar aos outros, afinal estava errado. Falta-lhes contudo reconhecer, 150 anos depois de Marx, que a “mão invisivel” do laisser faire, o deixa andar, afinal precisa de uma “mão armada” bem visível. Acontece que a fundamentação da teoria económica não pode ser dissociada dos factores de produção determinados pela posse dos meios de produção. (vale a pena seguir o raciocínio da corrente Liberal) para se concluir que o modo de acumulação da expansão capitalista desemboca forçosamente na desregulamentação Neoliberal (de prática neocon) – que não deixa qualquer viabilidade de regular a corrupção endémica inerente ao sistema capitalista. Sendo o Neoliberalismo uma resultante lógica do Liberalismo, não há terceiras vias - o que deixa incólume no terreno a outra alternativa possivel: o Marxismo.
Os argumentos em que assenta a suposta superioridade do “comércio livre” começaram em David Ricardo que introduziu em 1821 nos “Principles of Political Economy and Taxation” a Teoria das Vantagens Comparativas. Segundo ele, os paises deveriam escolher quais as produções em que teriam maiores vantagens e especializar-se nelas, trocando-os depois no mercado internacional por outros produtos que não teriam condições ideais para serem criados no âmbito nacional. Ricardo, para provar a sua “teoria”, dava como exemplo Portugal e a Inglaterra em que ambos os paises produziam vinho e vestuário, mas onde Portugal era um produtor mais eficiente de vinho e por isso detinha nesse campo grande superioridade sobre a Inglaterra. Assim a teoria da vantagem comparativa pretendia demonstrar que, se Portugal se especializasse nos vinhos e a Inglaterra no vestuário, ambos os paises ganhariam nesta divisão internacional de trabalho, retirando vantagens e beneficios mútuos nas trocas. O que Ricardo não teve condições de prever, foi a génese do imperialismo: pouco tempo depois a propriedade da produção de vinho em Portugal estava maioritariamente nas mãos de cidadãos e empresas inglesas, cujo exemplo mais conhecido são os vinhos do Porto.
Apesar da teoria estar à partida armadilhada pela questão da posse dos meios de produção, os economistas “mainstream” continuam a aceitar-lhes as bases como válidas, acrescentando-lhes novos refinamentos; hoje em dia o mais importante up-grade é a teoria de Hecksher-Olin que diz que os paises do 3º mundo que são carentes de Capital devem especializar-se naquilo de que podem dispôr: a produção de mercadorias de mão de obra intensiva, trocando depois esses produtos com os paises onde o capital abunda e a mão de obra é escassa – o que acabaria por, através dos mecanismos de formação dos preços, por promover a equalização de uns e outros. Por sua vez a teoria de Stolpler-Samuelson argumenta que os rendimentos sobre os factores de maior escassez, trabalho nos paises ricos e capital nos paises pobres, teriam ambos a ganhar com o “Comércio Livre”; ora Teoria das Vantagens Comparativas e as suas conclusões baseiam-se num pré-determinado número de assumpções:
1 – que há competição perfeitamente igual entre empresas
2 – que existe pleno emprego em todos os factores de produção
3 – que trabalho e capital são perfeitamente móveis entre paises e ambos se mantêm estanques dentro das fronteiras nacionais.
4 – pressupõe que os ganhos de um país obtidos através do comércio são embolsados por aqueles que vivem no país e são gastos localmente.
5 – a balança comercial externa está sempre em equilibrio
6 – os preços de mercado reflectem o valor real (social) dos custos dos produtos
Até as mais breves considerações sobre estes tópicos revelam de imediato que os pressupostos da teoria das vantagens comparativas que presidem ao Liberalismo são irrealisticas e que a pretensa superioridade do Comércio Livre é um mito.
Por exemplo, a India apelidada como “a maior democracia do mundo” começa agora a mostrar, (pela escrita dos jornais: “a ponto de se tornar numa potência emergente, a par da China”), como um país pobre pode beneficiar da globalização, mormente como a grande maioria dos portugueses envolvidos de alma e coração na importante visita de Cavaco Silva. Será verdade?: a India é um país muito pobre; o PIB por cabeça dos indianos é menos de metade dos chineses (que ganham menos de 50 cêntimos por hora em empregos precários). Na India ainda sobrevivem da agricultura dois terços da população activa. Numa população de 1,2 mil milhões, 700 milhões vivem no limiar da miséria e 260 milhões sobrevivem com menos de 1 dólar por dia. Potência emergente? - Infelizmente a India possui graves carências no campo de intérpretes de Fado, justamente onde, fado dum ladrão, nós temos grandes excedentes, e esta foi a principal razão porque Cavaco Silva levou na sua comitiva de 66 empresários +1: a Kátia para cantar num hotel de 5 estrelas. Surpresa geral: Cavaco não levou a passear nenhum futebolista, outro cluster onde as nossas exportações são fortes.
(fotos gentilmente caçadas aqui)
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Os suspeitos do costume contorcem-se em revisionismos malabaristas para tentar explicar que tudo aquilo em que dantes eles mesmo acreditavam, e queriam fazer acreditar aos outros, afinal estava errado. Falta-lhes contudo reconhecer, 150 anos depois de Marx, que a “mão invisivel” do laisser faire, o deixa andar, afinal precisa de uma “mão armada” bem visível. Acontece que a fundamentação da teoria económica não pode ser dissociada dos factores de produção determinados pela posse dos meios de produção. (vale a pena seguir o raciocínio da corrente Liberal) para se concluir que o modo de acumulação da expansão capitalista desemboca forçosamente na desregulamentação Neoliberal (de prática neocon) – que não deixa qualquer viabilidade de regular a corrupção endémica inerente ao sistema capitalista. Sendo o Neoliberalismo uma resultante lógica do Liberalismo, não há terceiras vias - o que deixa incólume no terreno a outra alternativa possivel: o Marxismo.
Os argumentos em que assenta a suposta superioridade do “comércio livre” começaram em David Ricardo que introduziu em 1821 nos “Principles of Political Economy and Taxation” a Teoria das Vantagens Comparativas. Segundo ele, os paises deveriam escolher quais as produções em que teriam maiores vantagens e especializar-se nelas, trocando-os depois no mercado internacional por outros produtos que não teriam condições ideais para serem criados no âmbito nacional. Ricardo, para provar a sua “teoria”, dava como exemplo Portugal e a Inglaterra em que ambos os paises produziam vinho e vestuário, mas onde Portugal era um produtor mais eficiente de vinho e por isso detinha nesse campo grande superioridade sobre a Inglaterra. Assim a teoria da vantagem comparativa pretendia demonstrar que, se Portugal se especializasse nos vinhos e a Inglaterra no vestuário, ambos os paises ganhariam nesta divisão internacional de trabalho, retirando vantagens e beneficios mútuos nas trocas. O que Ricardo não teve condições de prever, foi a génese do imperialismo: pouco tempo depois a propriedade da produção de vinho em Portugal estava maioritariamente nas mãos de cidadãos e empresas inglesas, cujo exemplo mais conhecido são os vinhos do Porto.
Apesar da teoria estar à partida armadilhada pela questão da posse dos meios de produção, os economistas “mainstream” continuam a aceitar-lhes as bases como válidas, acrescentando-lhes novos refinamentos; hoje em dia o mais importante up-grade é a teoria de Hecksher-Olin que diz que os paises do 3º mundo que são carentes de Capital devem especializar-se naquilo de que podem dispôr: a produção de mercadorias de mão de obra intensiva, trocando depois esses produtos com os paises onde o capital abunda e a mão de obra é escassa – o que acabaria por, através dos mecanismos de formação dos preços, por promover a equalização de uns e outros. Por sua vez a teoria de Stolpler-Samuelson argumenta que os rendimentos sobre os factores de maior escassez, trabalho nos paises ricos e capital nos paises pobres, teriam ambos a ganhar com o “Comércio Livre”; ora Teoria das Vantagens Comparativas e as suas conclusões baseiam-se num pré-determinado número de assumpções:
1 – que há competição perfeitamente igual entre empresas
2 – que existe pleno emprego em todos os factores de produção
3 – que trabalho e capital são perfeitamente móveis entre paises e ambos se mantêm estanques dentro das fronteiras nacionais.
4 – pressupõe que os ganhos de um país obtidos através do comércio são embolsados por aqueles que vivem no país e são gastos localmente.
5 – a balança comercial externa está sempre em equilibrio
6 – os preços de mercado reflectem o valor real (social) dos custos dos produtos
Até as mais breves considerações sobre estes tópicos revelam de imediato que os pressupostos da teoria das vantagens comparativas que presidem ao Liberalismo são irrealisticas e que a pretensa superioridade do Comércio Livre é um mito.
Por exemplo, a India apelidada como “a maior democracia do mundo” começa agora a mostrar, (pela escrita dos jornais: “a ponto de se tornar numa potência emergente, a par da China”), como um país pobre pode beneficiar da globalização, mormente como a grande maioria dos portugueses envolvidos de alma e coração na importante visita de Cavaco Silva. Será verdade?: a India é um país muito pobre; o PIB por cabeça dos indianos é menos de metade dos chineses (que ganham menos de 50 cêntimos por hora em empregos precários). Na India ainda sobrevivem da agricultura dois terços da população activa. Numa população de 1,2 mil milhões, 700 milhões vivem no limiar da miséria e 260 milhões sobrevivem com menos de 1 dólar por dia. Potência emergente? - Infelizmente a India possui graves carências no campo de intérpretes de Fado, justamente onde, fado dum ladrão, nós temos grandes excedentes, e esta foi a principal razão porque Cavaco Silva levou na sua comitiva de 66 empresários +1: a Kátia para cantar num hotel de 5 estrelas. Surpresa geral: Cavaco não levou a passear nenhum futebolista, outro cluster onde as nossas exportações são fortes.
(fotos gentilmente caçadas aqui)
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domingo, janeiro 14, 2007
Num pequeno livro sobre a missa televisiva Pierre Bourdieu desmonta os mecanismos da censura invisivel que se exerce sobre o pequeno ecrã e revela alguns dos segredos da fabricação das imagens e dos discursos da televisão; explica como este meio de comunicação, dominando o mundo do jornalismo, alterou profundamente o funcionamento de universos tão diferentes como os da arte e da literatura, da filosofia e da politica, da justiça e da ciência, submetendo-os à lógica das audiências. (que votam)
“Ser”, dizia Berkeley, “é ser percebido”,
mas para os politicos neocon do establishment é "ser-se visto na televisão"; e isto é igualmente válido para os ideólogos que lhes redigem os discursos - pouco podendo contar com a sua obra para existirem na continuidade, eles não têm outro recurso senão aparecer com a maior frequência possivel no ecrã e, portanto, escrever a intervalos regulares, e tão curtos quanto possivel, “obras” que, como observava Gilles Deleuze, têm por função principal assegurar aos seus autores convites para aparecerem na televisão. É uma pescadinha de rabo na boca.
As grandes cadeias de “informação” são propriedade dos grandes interesses multinacionais – a NBC é propriedade da General Electric, a CBS é propriedade da Westinghouse, a ABC é da Disney Corporation, a TF1 é detida pelo sr. Bouygues dono da maior construtora francesa, a SIC é propriedade do representante português do Grupo Bilderberg, já para não citar o magnata Murdoch que é dono de tudo o resto.
É evidente que há muitissimas coisas que os Governos não farão se sentirem que os interesses de toda estas individualidades, que afinal lhes financia os seus partidos, possam ser minimamente beliscados por “noticias” ou opiniões desalinhadas.
São factos tão gritantes e grosseiros que a crítica mais elementar se apercebe deles, mas que escondem os mecanismos anónimos, invisíveis, por meio dos quais se exercem as censuras de todas as ordens que fazem da televisão um formidável instrumento de conservação da Ordem (deles).
Só o que é visivel existe. O que não aparece na televisão não existe
O programador da RTP, o beato Nuno Santos, inaugurou o seu mandato sendo recebido oficialmente pelo Papa). Obviamente é um homem de mão que cumpre directivas. Desaparecendo a oportunidade dos Partidos, (mesmo com os seus discursos condicionados), e das associações da Sociedade Civil sem representação parlamentar, usufruirem do serviço público em horário nobre, desaparece a Politica do espaço público. Imagine-se até a simples probalidade deste post poder alguma vez ser recitado em directo nalguma tv como principio de um qualquer reality show – ou, mais concretamente, note-se a miserável politica de transmitir o “Ouro do Reno” (uma produção milionária do Teatro São Carlos paga pelo sponsor exclusivo: o Millennium BCP da Opus Dei) às duas e tal da madrugada de um domingo. Seria mesmo com a preconcebida intenção? para que o menor número possivel da vulgar plebe visse a peça televisionada? – no entanto a magistral encenação de Graham Vick existiu - e, por acaso, até era um poderoso libelo contra a guerra e os poderosos que a determinam. Sim, ninguém pode dizer que, em Portugal, a Politica não existe.Claro que estas coisas existem! Mas, para ser vistas apenas pelas élites, os poucos que frequentam o São Carlos, que são parte integrante e/ou suportam o Poder – pessoas insusceptiveis, portanto, da possibilidade de serem corrompidos – ao contrário dos muitos, que não se podem dar ao luxo de serem noctivagos para ver a RTP, porque têm de ir vergar a mola logo bem cedinho às segundas feiras de manhã,
para aprofundar o tema, de e sobre Pierre Bourdieu:
* "Sobre a Televisão"
* "a TV precisa de um contrapoder"
* "A ciência do real"
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“Ser”, dizia Berkeley, “é ser percebido”,
mas para os politicos neocon do establishment é "ser-se visto na televisão"; e isto é igualmente válido para os ideólogos que lhes redigem os discursos - pouco podendo contar com a sua obra para existirem na continuidade, eles não têm outro recurso senão aparecer com a maior frequência possivel no ecrã e, portanto, escrever a intervalos regulares, e tão curtos quanto possivel, “obras” que, como observava Gilles Deleuze, têm por função principal assegurar aos seus autores convites para aparecerem na televisão. É uma pescadinha de rabo na boca.
As grandes cadeias de “informação” são propriedade dos grandes interesses multinacionais – a NBC é propriedade da General Electric, a CBS é propriedade da Westinghouse, a ABC é da Disney Corporation, a TF1 é detida pelo sr. Bouygues dono da maior construtora francesa, a SIC é propriedade do representante português do Grupo Bilderberg, já para não citar o magnata Murdoch que é dono de tudo o resto.
É evidente que há muitissimas coisas que os Governos não farão se sentirem que os interesses de toda estas individualidades, que afinal lhes financia os seus partidos, possam ser minimamente beliscados por “noticias” ou opiniões desalinhadas.
São factos tão gritantes e grosseiros que a crítica mais elementar se apercebe deles, mas que escondem os mecanismos anónimos, invisíveis, por meio dos quais se exercem as censuras de todas as ordens que fazem da televisão um formidável instrumento de conservação da Ordem (deles).
Só o que é visivel existe. O que não aparece na televisão não existe
O programador da RTP, o beato Nuno Santos, inaugurou o seu mandato sendo recebido oficialmente pelo Papa). Obviamente é um homem de mão que cumpre directivas. Desaparecendo a oportunidade dos Partidos, (mesmo com os seus discursos condicionados), e das associações da Sociedade Civil sem representação parlamentar, usufruirem do serviço público em horário nobre, desaparece a Politica do espaço público. Imagine-se até a simples probalidade deste post poder alguma vez ser recitado em directo nalguma tv como principio de um qualquer reality show – ou, mais concretamente, note-se a miserável politica de transmitir o “Ouro do Reno” (uma produção milionária do Teatro São Carlos paga pelo sponsor exclusivo: o Millennium BCP da Opus Dei) às duas e tal da madrugada de um domingo. Seria mesmo com a preconcebida intenção? para que o menor número possivel da vulgar plebe visse a peça televisionada? – no entanto a magistral encenação de Graham Vick existiu - e, por acaso, até era um poderoso libelo contra a guerra e os poderosos que a determinam. Sim, ninguém pode dizer que, em Portugal, a Politica não existe.Claro que estas coisas existem! Mas, para ser vistas apenas pelas élites, os poucos que frequentam o São Carlos, que são parte integrante e/ou suportam o Poder – pessoas insusceptiveis, portanto, da possibilidade de serem corrompidos – ao contrário dos muitos, que não se podem dar ao luxo de serem noctivagos para ver a RTP, porque têm de ir vergar a mola logo bem cedinho às segundas feiras de manhã,
para aprofundar o tema, de e sobre Pierre Bourdieu:
* "Sobre a Televisão"
* "a TV precisa de um contrapoder"
* "A ciência do real"
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sábado, janeiro 13, 2007
“Terá sido Yasser Arafat assassinado?”
Publicou em Novembro de 2005 o “Le Monde Diplomatique” um artigo em que se questionavam as misteriosas condições da morte de Arafat – o jornalista palestiniano Amnon Kapeliouk, à luz dos novos dados contidos no livro de Michel Lafon “Ariel Sharon, Entretiens intimes avec Uri Dan” (2006) continua a desenvolver a questão:
“Yasser Arafat, presidente da Autoridade Palestiniana e da Organização de Libertação da Palestina (OLP) morreu há vinte e cinco meses, devido a causas que os médicos franceses que o trataram na fase final da doença não conseguiram explicar completamente. De tal forma que se colocam duas questões essenciais. Primeiro, se não se tratou de uma morte natural, por que meio foi assassinado? Depois, quem é o responsável por este assassinato?
O primeiro destes enigmas continua sem resposta, mas o segundo de facto deixou de o ser, graças àquele que há mais de meio século é o mais fiel, e talvez o mais intimo, amigo e admirador do general Ariel Sharon: o jornalista israelita (de Direita) Uri Dan.
Os palestinianos nunca duvidaram de que o primeiro- ministro Sharon tivesse morto o seu lider. Não tinha ele várias vezes manifestado vontade de liquidar o dirigente palestiniano? Não o tinha ele comparado a Hitler? Mas Uri Dan vai muito mais longe. Uma semana antes da morte de Arafat, a 4 de Novembro de 2004, o jornalista havia já contado ao diário Maariv que, a 14 de Abril do mesmo ano, Sharon anunciara na Casa Branca ao presidente George W. Bush que deixava de se considerar obrigado pela promessa feita três anos antes, em Março de 2001, de não tocar em Arafat.
No livro recentemente publicado, Uri Dan sugere abertamente que o amigo mandou liquidar o Rais: “Mal Sharon recuperou liberdade de acção, na sequência do encontro de 14 de Abril de 2004 com o presidente Bush, o estado de saúde de Arafat deteriorou-se. Transportado em Outubro para o Hospital Militar de Percy, em Clamart, morreu a 11 de Novembro. Só regressou a Ramallah para ser enterrado” (pag. 403). E põe os pontos nos “i”: “O meu artigo no Maariv começa desta forma: Ariel Sharon irá figurar nos livros de história como aquele que liquidou Arafat sem o matar” Farão as três palavras finais alusão ao método utilizado?
A liquidação de um presidente democraticamente eleito precisava de um acordo, pelo menos tácito, do presidente norte- americano. Ora, Uri Dan revela que Bush permaneceu impávido quando ouviu as palavras de Sharon sobre as intenções que tinha em relação a Arafat. “Sem dar a Sharon autorização para liquidar Arafat”, escreve, “também não procurou impor-lhe novos compromissos” (pag. 401). Mais um detalhe significativo. O tempo passa e Uri Dan pergunta ao primeiro- ministro israelita por que razão não faz nada em relação a Arafat: “Não o matamos, não o expulsamos. Ele goza então de imunidade absoluta?” – “Deixa-me resolver as coisas à minha maneira!”, responde o general. E Uri Dan acrescenta: “Coisa invulgar entre nós, ele pôs bruscamente fim à nossa conversa” (pag. 403).
Judeus, Cristãos e Muçulmanos, Edit Prefácio, 2005
"As tensões do mundo contemporâneo (e este livro refere, precisamente, uma grande e permanente tensão de agressões repetitivas) vão contribuindo para o redespertar progressivo do interesse pelas temáticas relativas ao destino ou à vocação transcendente do homem" (do prefácio)
Matar pela conquista de espaço vital voltou a ter a mesma ideia religiosa, sagrada, que presidiu aos tempos mais obscuros durante a Idade Média. É o progresso - desta feita, porque vem a par com a tecnologia, ainda mais negro.
(fonte: Al-Jazeera, via Palestina Libre)
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“Yasser Arafat, presidente da Autoridade Palestiniana e da Organização de Libertação da Palestina (OLP) morreu há vinte e cinco meses, devido a causas que os médicos franceses que o trataram na fase final da doença não conseguiram explicar completamente. De tal forma que se colocam duas questões essenciais. Primeiro, se não se tratou de uma morte natural, por que meio foi assassinado? Depois, quem é o responsável por este assassinato?
O primeiro destes enigmas continua sem resposta, mas o segundo de facto deixou de o ser, graças àquele que há mais de meio século é o mais fiel, e talvez o mais intimo, amigo e admirador do general Ariel Sharon: o jornalista israelita (de Direita) Uri Dan.
Os palestinianos nunca duvidaram de que o primeiro- ministro Sharon tivesse morto o seu lider. Não tinha ele várias vezes manifestado vontade de liquidar o dirigente palestiniano? Não o tinha ele comparado a Hitler? Mas Uri Dan vai muito mais longe. Uma semana antes da morte de Arafat, a 4 de Novembro de 2004, o jornalista havia já contado ao diário Maariv que, a 14 de Abril do mesmo ano, Sharon anunciara na Casa Branca ao presidente George W. Bush que deixava de se considerar obrigado pela promessa feita três anos antes, em Março de 2001, de não tocar em Arafat.
No livro recentemente publicado, Uri Dan sugere abertamente que o amigo mandou liquidar o Rais: “Mal Sharon recuperou liberdade de acção, na sequência do encontro de 14 de Abril de 2004 com o presidente Bush, o estado de saúde de Arafat deteriorou-se. Transportado em Outubro para o Hospital Militar de Percy, em Clamart, morreu a 11 de Novembro. Só regressou a Ramallah para ser enterrado” (pag. 403). E põe os pontos nos “i”: “O meu artigo no Maariv começa desta forma: Ariel Sharon irá figurar nos livros de história como aquele que liquidou Arafat sem o matar” Farão as três palavras finais alusão ao método utilizado?
A liquidação de um presidente democraticamente eleito precisava de um acordo, pelo menos tácito, do presidente norte- americano. Ora, Uri Dan revela que Bush permaneceu impávido quando ouviu as palavras de Sharon sobre as intenções que tinha em relação a Arafat. “Sem dar a Sharon autorização para liquidar Arafat”, escreve, “também não procurou impor-lhe novos compromissos” (pag. 401). Mais um detalhe significativo. O tempo passa e Uri Dan pergunta ao primeiro- ministro israelita por que razão não faz nada em relação a Arafat: “Não o matamos, não o expulsamos. Ele goza então de imunidade absoluta?” – “Deixa-me resolver as coisas à minha maneira!”, responde o general. E Uri Dan acrescenta: “Coisa invulgar entre nós, ele pôs bruscamente fim à nossa conversa” (pag. 403).
Judeus, Cristãos e Muçulmanos, Edit Prefácio, 2005
"As tensões do mundo contemporâneo (e este livro refere, precisamente, uma grande e permanente tensão de agressões repetitivas) vão contribuindo para o redespertar progressivo do interesse pelas temáticas relativas ao destino ou à vocação transcendente do homem" (do prefácio)
Matar pela conquista de espaço vital voltou a ter a mesma ideia religiosa, sagrada, que presidiu aos tempos mais obscuros durante a Idade Média. É o progresso - desta feita, porque vem a par com a tecnologia, ainda mais negro.
(fonte: Al-Jazeera, via Palestina Libre)
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quinta-feira, janeiro 11, 2007
Hoje há Conquilhas, Amanhã não Sabemos,,,
no vórtice da espiral de construção do admirável mundo novo neoliberal
,,, mais um que foi "chutado para cima": João Cravinho vai deixar o lugar de deputado do PS e vai integrar a administração do Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento (BERD, a "ferramenta" para apoiar a abertura de mercados a Leste), mas antes põe o pacote anti-corrupção a salvo: "Cravinho deixa cair crime do enriquecimento ilícito"
* em cheio no Procurador Geral da República (ler mais)
"Manter centenas de homens presos em Guantánamo sem acusações formais é um fracasso legal e político de proporções históricas. É hora de terminar com a experiência de Guantánamo, e a União Européia pode ajudar Washington a fazê-lo"
Kenneth Roth, diretor executivo da Human Rights Watch
está bem que se acabe com a mais famosa. E as outras?
* Prisões secretas: Belmarsh - o guantanamo da Grâ-Bretanha
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,,, mais um que foi "chutado para cima": João Cravinho vai deixar o lugar de deputado do PS e vai integrar a administração do Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento (BERD, a "ferramenta" para apoiar a abertura de mercados a Leste), mas antes põe o pacote anti-corrupção a salvo: "Cravinho deixa cair crime do enriquecimento ilícito"
ética, maçonaria, sexo, alta finança,,, (esqueceram-se do video)
no essencial, PS, PSD/CDS, todos estão de acordo
afinal é a mundivisão do antigo ministro da defesa
condecorado (e benzido) pelo Pentágono que está em causa,
no essencial, PS, PSD/CDS, todos estão de acordo
afinal é a mundivisão do antigo ministro da defesa
condecorado (e benzido) pelo Pentágono que está em causa,
serão os voos da CIA razão suficiente para
o Partido "Socialista" não vir a ter também a sua medalha?
"Não pode passar em branco a afirmação politicamente ternurenta de João Soares, na SIC Notícias, sobre passagem dos voos secretos da CIA por Portugal. Ele mete as mãos no fogo por Durão Barroso, Santana Lopes e José Sócrates"* em cheio no Procurador Geral da República (ler mais)
"Manter centenas de homens presos em Guantánamo sem acusações formais é um fracasso legal e político de proporções históricas. É hora de terminar com a experiência de Guantánamo, e a União Européia pode ajudar Washington a fazê-lo"
Kenneth Roth, diretor executivo da Human Rights Watch
está bem que se acabe com a mais famosa. E as outras?
* Prisões secretas: Belmarsh - o guantanamo da Grâ-Bretanha
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quarta-feira, janeiro 10, 2007
se atacares, fechamos-te a torneira
Na sequência da última reunião do G8 que se efectuou em São Petersburgo, ninguém da Russia foi convidado para o 54º encontro de Bilderberg em Otava(ao contrário do lobie-nuclear-iraniano residente nos EUA). O debate à porta fechada, sem conclusões nem declarações públicas no final, tinha incidido, se bem nos recordamos, sobre oito tópicos: relações Europa-América, Energia, Irão, Médio Oriente, Ásia, Rússia, Terrorismo e Imigração. Foi como corolário destes acontecimentos que a Russia e o Irão se concertaram num tratado de repartição do negócio energético.
Depois da noticia de anteontem, em que se dava como eminente um ataque de Israel ao Irão com armas nucleares tácticas, (a coqueluche do momento e o tipo de armas mais apropriadas para manter a paz) a Europa acordou ontem com a cara do assarapantado Durão Barroso quando soube que os cortes no fornecimento do gaz que passa através das condutas da Bielorússia já tinham atingido a Alemanha - "É inadmissivel que se faça uma coisa destas sem que a Rússia tivesse falado primeiro com os seus parceiros" dizia ele de Merkel ao lado; dejá vu "Pigs in Space" - já não bastava tudo o mais - além de uma sofrivel marioneta da série B,,, também como actor, Barroso é péssimo.
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Depois da noticia de anteontem, em que se dava como eminente um ataque de Israel ao Irão com armas nucleares tácticas, (a coqueluche do momento e o tipo de armas mais apropriadas para manter a paz) a Europa acordou ontem com a cara do assarapantado Durão Barroso quando soube que os cortes no fornecimento do gaz que passa através das condutas da Bielorússia já tinham atingido a Alemanha - "É inadmissivel que se faça uma coisa destas sem que a Rússia tivesse falado primeiro com os seus parceiros" dizia ele de Merkel ao lado; dejá vu "Pigs in Space" - já não bastava tudo o mais - além de uma sofrivel marioneta da série B,,, também como actor, Barroso é péssimo.
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