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Como sempre, Cavaco é o Alfa e o Ómega no processo. Ora leia-se com atenção a cronologia do caso: (Ricardo Garcia, no Público)
P - O que é o projecto Portucale?
R - É um empreendimento turístico do Grupo Espirito Santo, no concelho de Benavente, projectado para 237 lotes, dos quais 167 para moradias, comércio, dois hotéis, dois golfes, um centro hípico, uma barragem e um clube de tiro. Remonta ao início dos anos 1990.
P - Por que razão é polémico?
R - Em primeiro lugar, pela participação ruinosa da Companhia das Lezírias, uma empresa pública, na origem do projecto. A empresa entrou no negócio com um terreno de 509 hectares, coberto com sobreiros em bom estado vegetativo. Mas depois abandonou o projecto, em 1994, vendendo a sua participação ao Grupo Espírito Santo, que ficou com um terreno por um preço muito abaixo do que realmente valia. Um inquérito da Inspecção-Geral das Finanças concluiu que a Companhia das Lezírias fez um péssimo negócio, mas ninguém foi responsabilizado.
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R - São a pedra no sapato da Portucale. Para concluir o projecto, a Portucale precisa de derrubar uma grande quantidade de árvores. Mas a legislação não o permite.
P - Por que motivo não se podem cortar sobreiros?
R - O sobreiro é uma espécie protegida devido à sua importância ecológica - por exemplo, é um travão à desertificação - e económica, sobretudo pelo valor da cortiça. A azinheira também tem o mesmo estatuto. O corte das árvores só pode ser efectuado se o projecto for considerado de "imprescindível utilidade pública" - uma figura que não se adequa bem a projectos turísticos privados.
P - Já foram cortados sobreiros na "Portucale"?
R - Sim. Cerca de 1700 em 1995, que permitiram construir uma barragem e dois campos de golfe. E mais 900 em 2005, para abrir espaço às infraestruturas do loteamento.
P - Como foi isto possivel?
R - Em 1995, o Governo de Cavaco Silva, a momentos de deixar o poder, alterou a lei de protecção dos sobreiros de modo a permitir o abate. Em 2005, também nos últimos dias do governo de Santana Lopes, três ministros declararam a "imprescindível utilidade pública" do projecto. É este último caso que está agora em processo judicial.
P - Houve também iniciativas de governos do PS?
R - Tudo indica que sim. Em 2001, no governo de António Guterres, o Ministério da Agricultura, apresentou uma proposta de alteração da lei, que permitiria o corte de sobreiros em casos de "empreendimentos com relevante interesse para a economia". Isto abriria a porta à "Portucale". Muito criticada a ideia caiu.
P - Qual é a posição deste governo?
R - Logo que entrou em funções, em 2005, o governo de José Sócrates anulou o polémico despacho do projecto Portucale. Mas também já fez o contrário: em Novembro passado, declarou a utilidade pública de um hotel e um casino, em Vidago, para permitir o corte de azinheiras.
P - O que argumenta a Portuale?
R - A empresa argumenta que os sobreiros a cortar eram uma pequena parte (inicialmente 12 por cento) dos 35 mil que existiam na propriedade. Invoca também que houve um deferimento tácito do abate dos sobreiros em 1993 quando a então Direcção-Geral das Florestas deixou passar o prazo para dar o seu parecer.
P - Qual é a situação do projecto?
R - O campo de golfe, a barragem e algumas estruturas já foram construídas há alguns anos. O loteamento está suspenso devido a uma providência cautelar da Quercus.
ps - Um marco histórico: as acções do banco de ricardo salgado abriram hoje com a cotação mais alta de sempre. Pois,,
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