Nicholas Sarkozy, "le poisson" judeu au vodka foi oferecido pelo pensamento conservador francês de presente aos pescadores das águas criminosas do Império,
e está presente na cimeira Europa-Brasil. Por alma de quem? - a presença do nóvel embaixador do Sionismo como ideologia mundial tem, pelo menos, um objectivo prático: Confirmar o desabar do sonho Lula – em benefício do Brasil como peça (BRIC) da engrenagem neoliberal imperialista: fornecedor global de bifes de vaca, soja, etanol e um crescendo de emigrantes foragidos da miséria provocada pelo apartheid social institucionalizado.
Chico Anísio, um dos humoristas mais famosos do Brasil, lançou uma piada que faz furor: “No Brasil de hoje, os cidadãos têm medo do futuro. Os politicos têm medo do passado”
Mas há muito de falso neste tipo de crítica resignada que inunda a imprensa diária. Porque as análises da corrupção politica não fazem a mínima referência ao tipo de sociedade que gera isto, ao capitalismo. Há um boicote oculto mas rigoroso a tudo o que venha dos sindicatos e da classe operária em geral.
A única coisa que informam, nas páginas dos “casos do dia”, são as ocupações de terras pelo MST e a expulsão dos ocupantes pela polícia, aproveitando para denegrir o movimento. Apresentam as coisas como se não tivessem solução. A esquerda fica sujeita ao que derem as urnas, à “maturidade cívica” do povo. No debate dentro do PSOL (o partido que saiu da cisão no PT), havia quem se pronunciasse contra o caminho clássico de ir para o parlamento, pelos perigos de corrupção que isso envolve, mas que antes se ampliasse o movimento por todo o país com actividades sociais, debates, etc. Perderam e mais uma vez se impôs o caminho de apostar nas urnas. Como resultado da derrota deu-se o desaparecimento total do projecto dos chamados “orçamentos comunitários”, que era o cavalo de batalha do PT e da CUT no “caminho para o socialismo”. No Rio Grande do Sul, ponta de lança do movimento, e mais concretamente na sua capital, Belo Horizonte, berço dos Fóruns Sociais, o governo estadual passou para os partidos de direita e nunca mais se falou do assunto.(...) Ora a população do Brasil é maioritariamente pobre e uma parte muito considerável vota precisamente nos que os roubam. Nestes últimos 40 anos, comprovou-se até à saciedade que o povo brasileiro se inclina para os lideres sem uma carga ideológica, que levantam a bandeira da justiça social e do combate à pobreza. Assim, assiste-se ao ascenso vertiginoso de líderes sindicais saídos do nada, apenas graça à capacidade oratória e à demagogia de aparência radical.
Com os militares, pela boca do Chefe de Estado Maior do Exército, a exaltarem o golpe de Estado de 1964, o Brasil vive numa espécie de “democracia vigiada”
A comissão Interministerial para encontrar os restos mortais das vítimas dos grupos revolucionários que combateram como guerrilheiros durante os anos de chumbo da ditadura miitar, esbarrou com a informação de que as Forças Armadas tinham destruido toda a documentação sobre as operações militares realizadas na altura.
O semanário “Veja”, inimigo jurado de Lula, publicou num dos seus números uma lista das fífias cometidas por Lula em discursos e declarações, semelhantes à que circulou há uns meses na imprensa mundial acerca de Bush. Todas põem a ridiculo a incultura de Lula, mas isso não tem eco no povo. Lula despertou muitas ilusões e ninguém tem vontade de rir quando presencia a agonia de uma esperança. Mais importantes são as suas orientações politicas. O Governo estuda a proibição de greves nos sectores essenciais da economia. O ministro da Planificação, também ex-sindicalista, declarou que “embora a Constituição estabeleça que o funcionalismo público tem direito à greve, há que preservar os interesses dos cidadãos e da sociedade, etc, etc”. Isto quando os funcionários públicos têm os vencimentos congelados há vários anos. Ao mesmo tempo, perante a intensidade das críticas aos altos vencimentos dos parlamentares e ministros, Lula não encontrou outra coisa para dizer senão que eles são uns “heróis”, porque só ganham 8.000 reais enquanto numa empresa privada poderiam ganhar 80.000. Não disse que o vencimento oficial de 8.000 reais é acrescentado com uma série enorme de extras. Pouco antes das últimas eleições, Lula lançou a ideia de um processo constituinte, à semelhança do que estão a fazer Chávez, Evo Morales e Correa (no Equador). As pressões devem ter sido tais que não se voltou a falar no assunto. Lula está encurralado e pode dizer-se que o seu perfil se ajusta bem às necessidades da burguesia na situação actual: verbo fácil, discurso cristão de amor aos pobres, condenação moralista dos ricos, etc. (na campanha eleitoral foi à sua terra e disse que “os ricos têm enriquecido como nunca durante o meu mandato e vejam como me pagam!”). O seu programa “Fome-Zero” materializou-se em ajudas de 80 reais por mês às familias mais pobres, com a condição de mandarem os filhos à escola, condição que obviamente não foi cumprida.
O favoritismo e a corrupção funcionam a todo o vapor. Os bancos batem recordes de lucros. Quando sairam os números sobre os lucros do Banco do Brasil, um deputado disse que essas noticias deveriam ser dadas no horário nocturno da televisão, para as crianças não assistirem a obscenidades. As operações financeiras tomam o aspecto da partilha do saque. Para o povo, pão e circo, ou talvez circo sem pão: doze telenovelas diárias, três canais de televisão para prédicas religiosas, uma proliferação incrível de “revistas do coração”
Longe do mundo ilusório côr-de-rosa pintado pelos media dos grandes conglomerados das corporações, nas ruas, o nivel de criminalidade é impressionante. Assaltos a bancos (só em São Paulo, uma média de três por dia), sequestros, não apenas de pessoas, mas inclusivé de autocarros de passageiros, tiroteios entre bandos armados pela disputa dos mercados da droga e outros negócios ilegais, são o tema principal dos comentários e debates na televisão, rádio e imprensa.
Após o assassinato de cinco jovens num bairro do Rio de Janeiro, as investigações descobriram que se tratava de uma disputa entre dois bandos rivais, ambos formados por polícias. Pode dizer-se que a criminalidade está omnipresente, chegando a tomar a dimensão de psicose colectiva. Lula não tem resposta para isto. Comentando um assalto em que uma criança de oito anos morreu arrastada por um carro roubado, Lula declarou à imprensa que “a iniciativa privada deveria oferecer oportunidades à juventude, contratando mais jovens e contribuindo assim para os tirar da criminalidade. “O que custa à Wolkswagen, por exemplo, contratar 50 jovens? Nada”. E citou a alegria de uma jovem por ter conseguido emprego num call-center, trabalho onde, como todos sabem, reina a mais desenfreada exploração, com jornadas de trabalho exorbitantes a troco de ordenados minimos ainda por cima a titulo precário. Sobretudo iludiu o fundo da questão ao sugerir que a solução viria da boa vontade das empresas, como se a situação a que chegou o país não fosse resultado precisamente de uma economia baseada na “iniciativa privada”. Não é dificil perceber que a criminalidade é a outra face do brutal contraste entre a miséria e a ostentação da riqueza.
Citado da “Gazeta do Povo”, de Curitiba: “um edificio de altíssima qualidade está a ser construido na Rua Desembargador Mota; o condominio, que terá piscina, academia de ginástica e outros luxos que só o dinheiro permite, terá o nome de “Le Privilége” – e na página seguinte: “Cerca de 13.000 famílias vivem irregularmente nas margens dos rios de Curitiba. Além de não terem acesso a água potável, rede de esgotos e electricidade, estes ocupantes lançam uma grande quantidade de lixos nos rios da capital. Para os realojar seria necessário um investimento mínimo de 329 milhões de reais”. Enquanto isso, segundo “O Globo”, acontece que no Rio de Janeiro mansões com piscina, hidromassagem e Mercedes na garagem, roubam a água e elecricidade clandestinamente das redes, com ligações enterradas nos jardins.
(Dados condensados de uma crónica de António Doctor, publicada na "Politica Operária")
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