Agora os espanhóis querem dar apoio à selecção portuguesa de futebol. O precedente para a União Ibérica já estava aberto. Antes
Josep-Lluis Rovira, o vice presidente do governo catalão também afirmou querer o apoio de Portugal, como região ibérica prejudicada pela hegemonia espanhola, para a independência da Catalunha. Rovira considera que Madrid pretende manter uma “tutela paternalista” e uma atitude de “imperialismo doméstico” sobre o Estado português, onde, acrescenta, “historicamente, sempre houve um certo complexo por parte de alguns sectores dirigentes em relação a Espanha –
uma aglomeração politica artificial de nações que “nunca assumiu que Portugal é independente”.
a Constituição da Catalunha data de 1704

Não podemos fazer outra coisa senão concordar – a colonização económica recente está bem à vista de todos. Saramago, no seu lento, mas consistente, deslizar para a direita (um produto da globalização neoliberal?), acha que não há evidências: “
nunca me apercebi de qualquer irregularidade politica ou estratégia comercial ou financeira que indicasse que Espanha não reconhece a independência de Portugal" De facto “a Espanha” é uma entidade que apenas se firma no (sub)imperialismo, principalmente sobre os paises de lingua castelhana que explora desenfreadamente na América Latina. Se porventura terminar o
sistema de trocas desiguais que fazem umas nações ricas e outras pobres, a “
Espanha” implodiria de imediato – resultando na explosão duma míriade de regiões autónomas finalmente
livres da dependência centralizada de um Estado que presta contas e faz acordos secretos com governos e entidades estrangeiras ilegítimas.
O estádio de concentração monopolista que o capitalismo atingiu na presente época é acompanhado da tentativa política de criação de um poder mundial único – a reacção natural é a contestação generalizada que resultará na pulverização de cada vez mais paises em regiões independentes. Na “
Itália”
desvastada pela subida ao poder da extrema direita, a mulher de Berlusconi não se inibe de advogar a separação entre a região norte industrializada que produziu a Liga de Bossi coligada com os neofascistas, do sul abaixo de Roma com caracteristicas de região do terceiro mundo. Segundo Veronica Lario disse ao La Stampa “
a Itália nunca se prestou a ser um país único, e nunca amadureceu o suficiente para o ser. Já não há valor nenhum numa Itália unificada”
Na verdade, ricos e pobres estamos de acordo; não há vantagens
no facto de a exploração social se esconder atrás dos “segredos de Estado” enriquecendo uma pequena minoria escudada na ignorância da maioria daquilo que realmente se passa – é essencial que se crie uma
gestão local que permita o controlo de proximidade dos politicos, onde a eleição e a exoneração dos mandatos, a qualquer momento, depois que os assuntos a discussão sejam debatidos de forma transpararente em Assembleias abertas democráticamente à participação geral dos residentes. Nada haverá contra napolitanos ou espanhóis, que mandam, como decidirem, nos seus territórios. Como no belo folclore tradicional das zarzuelas castelhanas, urge
retornar à luta de classesde uns:
a Mazurka das Sombrinhas emplumadas
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