Sean Merwin Collidge, um polaco naturalizado inglês que começou por vender T-Shirts em Carnaby Street, atingiu uma posição predominante na sociedade britânica, a ponto de um importante fundo financeiro o alcandorar em 2003 a Executivo de um grupo multinacional de topo no comércio europeu. A famosa máxima de Nixon – "I am not a crook" – foi a primeira coisa que lhe ocorreu dizer ao juiz quando respondeu perante a justiça ao extravio de bens de uma lista que começava por dois pacotes de batatas fritas, um aspirador e uma máquina de café. Mais tarde admitir-se-ia que o buraco em investimentos malparados e mordomias atingia 1 milhão de libras entre 2003 e 2005. Dizia ele que “sinto-me feliz por poder roubar seja o que for a quem for”. E foi nele que apostou a realeza representada pelos principes Edward e Sophie de Inglaterra; deram-se mal com a fruta. E os efeitos do tsunani chegaram às nossas costas.
Sean Collidge é um artista (a quem o jornal Público minimiza o currículo) - com estas capacidades, devia ter sido nomeado 1º Ministro para não precisar de corromper ninguém. A sentença do Tribunal retribuiu-lhe a actividade com a classificação de “desonestidade, perjúrio e abuso de confiança”. Sean Collidge foi obrigado a demitir-se em 2006. Foi este homem, então ainda e apenas fundador de uma pequena empresa, que esteve reunido pelo menos duas vezes com José Sócrates sobre a viabilidade do Freeport e foi a sua vitória neste processo que o elevou ao cargo que veio a ter.
Se calhar foi um empréstimo
Paul Bradshaw, um colaborador próximo, algumas vezes com funções de motorista recebeu de Sean Collidge um pagamento de 20.000 Libras. Esta verba destinava-se a pagar a negação dos depoimentos que Paul tinha feito em tribunal comprometendo Collidge no caso do desfalque do Freeport. Acusado de obstrução à justiça, o patrão tentou safar-se dizendo que não tinha sido um pagamento mas sim um empréstimo, à semelhança de um outro que tinha feito antes ao motorista em 2003 no valor de 4.000 Libras, o qual já lhe havia sido devolvido. A veracidade desta história é tal que Paul Bradshaw, acometido de doença psiquiátrica entrou em depressão grave e suicidou-se pouco depois.
Epílogo: corromper é patriótico
Excerto de uma entrevista em 20 pontos a Sean Collidge.
Pergunta nº 18 – Sente-se pró-Europeu e a favor de uma possível adesão à moeda única?
Collidge – Sou britânico, assim a libra esterlina é a moeda que me causa emoção. Numa perspectiva de negócios, a moeda única torna-me a vida mais fácil. O que eu detesto é a ideia de alguém vir a ditar-nos as regras. Não quero que o Parlamento Europeu me diga a mim aqui em Inglaterra como tudo se deve processar, porque nós somos uma das nações mais antigas à face desta terra de Deus”
Notas à Margem. Não fala sobre o "Fripór". É assunto de Estado. Mas ao referi-lo está a dar ao assunto estatuto e importância. Podemos saber porque é que é "assunto de Estado" e não apenas da justiça? o Siresp, o Portucale, Furacão, os Vôos da CIA, o BPN são todos assuntos de Estado - e o Estado são apenas eles?
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