Com uma pontualidade cronometrada de forma aleatória (!) somos bombardeados, usando todos os meios à disposição dos fautores da cultura pop, com eventos com ligação à memória do chamado holocausto – sempre reescritos segundo o memso script genérico: a vitimização dos judeus, para que uma pequena minoria deles, fanáticos religiosos, possam continuar a levar a cabo as piores malfeitorias em nome de todos, desde o gueto de Gaza ao controlo da Reserva Federal norte americana.
Como funciona a ficção? Pela repetição; tantas vezes se repete uma invenção que os distraídos, subliminarmente, acabam por aceitá-la como real. Conceito aliás que já vinha ferrado no primeiro livro impresso em Portugal – foi nesta espécie de terra prometida para os filhos da maga mitológica atlante que se deu à estampa o “Pentateuco” o livro do “Deuterónimo” no ano da graça de 1489. Termo que deriva do grego “deutorosis” e que significa “a explicação pela repetição”. Uma técnica sacada da bíblia dos iluminados que sabem exactamente aquilo que deus quer que eles façam, batendo repetitivamente com a cabeça para trás e para a frente contra um muro.
Assim tivemos nestas últimas semanas à laia de rol de casos: o ciclo “nazismo e cultura” no CCB “depois do holocausto perdeu-se a inocência (...) a situação era insustentável” (contradito pela judia Hannah Arendt que se ganhou de amores com o professor alemão Heidegger); os judeus de Salónica, livro de Mark Mazower; Ratzinger e o caso do Bispo negacionista; a entrevista de Zeev Sternhell; “a demência nazi” na Ópera “o Imperador da Atlântida” de Viktor Ullman; o caso do diplomata britânico Rowan Laxton acusado pelo tribunal de “declarações anti-semitas”; a história falsa do sobrevivente Herman Rosenblat (com a verdade me enganas e com a mentira me fazes acreditar); para além dos habituais cromos, o repórter sionista Cymerman e a spinner Esther Mucnik “não há culpados, apenas vítimas” disse ela sobre Gaza; a dançarina Ruah que vai para Hollywood; o filme de Tom Cruise “Valquiria”; e a “obra sobre a culpa da geração do pós-guerra sobre o extermínio e a memória colectiva da Alemanha “o Leitor” onde pontifica a guarda prisional de Auschwitz, Hanna Schmitz aka Kate Winslet, da qual se pode dizer por antecipação dos interesses mediáticos da causa, ganhará o Óscar para a melhor actriz (diz-se desta obra retirada do livro de Bernhard Schilink que “se tornou referência obrigatória dos estudos universitários sobre o Holocausto”.
Por último uma carta de uma leitora de jornal vem repetir (repetir) o efeito fatal: “num inquérito em sete paises europeus 31 por cento dos inquiridos consideraram “os judeus culpados pela crise económica global”, e chama-lhe uma coisa aterradora, “o regresso do anti-semitismo”. Não é. Pela enésima vez, deixem de repetir-se em mentiras, do que se trata é de anti-Sionismo, uma contestação verdadeiramente legítima
.
Uma simples mistificação dos economistas da escola neoliberal norte-americana, fazendo tábua rasa da distinção entre o Valor de Uso e o Valor de Troca das mercadorias de Karl Marx em “O Capital” moldou o mundo do pós-guerra tal e qual o conhecemos. Neste sentido, só o Presente é nosso, não o momento passado nem aquele que aguardamos, porque um está destruido, e do outro, se não lutarmos, não sabemos se existirá.
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