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quinta-feira, abril 30, 2009

a Ascenção da China e a Abdicação da Economia Capitalista Mundial

Nos anos recentes a China converteu-se num actor de topo na economia global, fazendo uma notável comutação a partir da forma de planeamento igualitário socialista, conectando-a simultaneamente com uma economia de mercado aberta, mas apertadamente controlada.
Contra a sensatez e os critérios do establishment oficial, o economista Minqi Li (1) argumenta nesta sua provocatória primeira obra (de 2008, a partir de um ensaio de 2003), que longe de fortalecer o capitalismo (como seriam inicialmente os desígnios de Nixon em plena crise petrolífera de há 36 anos), a completa integração da China nas aspirações do sistema-mundo capitalista, trará de facto, e num futuro não muito distante, uma contribuição para o seu desmantelamento (a cujo principio assistimos já).
O autor conta-nos que historicamente a difusão e crescimento das economias capitalistas sempre exigiram baixos salários, impostos altos e custos ambientais não contabilizados, na medida que uma nação que pretende manter hegemonia comercial para prevenir a concorrência internacional, precisa proteger a erosão daqueles três pressupostos.
Com o declínio do poder económico dos Estados Unidos da América dos Norte, o seu papel hegemónico vai-se deteriorando e o crescimento sem precedentes da China, logicamente causará a erosão dos alicerces do sistema de acumulação de capital – puxando os salários da organização imperialista para cima e provocando maiores custos ambientais, (por exemplo, como os vultuosos investimentos nas 2ªs maiores reservas petrolíferas mundiais situadas no Iraque) – até que o sistema capitalista por inteiro seja abalado até ao seu coração financeiro (o orçamento militar que com Bush chegou aos 455 mil milhões de dólares anuais passou com Obama em 2009 para 735 mil milhões). Concluindo, esta é uma leitura essencial para todos aqueles que ainda acreditam na velha balela friedmaníaca de “que não há alternativa” ao neoliberalismo.

(1) Ao pretender abanar radicalmente “a sensatez e os critérios do establishment oficial” por forma inconstitucional, cuja legitimidade assenta na pirâmide do poder democrático local das bases, Minqi Li foi preso em 1990 permanecendo “prisioneiro politico” até 1992. Sorte a dele; finalmente aproveitou os tempos livres para tarefas profícuas, começando a estudar intensivamente a economia Chinesa, percebendo a partir da sua libertação o seu papel no sistema capitalista mundial.

Minqi Li é hoje professor assistente de Economia na Universidade do Utah e dele diz o neo-marxista Immanuel Wallerstein: “Minqi Li compreendeu algo diferente muito importante. Ele colocou a ascenção da China na era de Mao Tsé Tung prosseguindo até hoje no contexto da História de todo o sistema mundo por inteiro. Desenvolve uma ideia muito persuasiva”. Efectivamente a maior parte dos analistas, por vício da ética de obediência às encomendas da classe dominante, comentam apenas partes ínfimas de sistemas locais isoladas propositadamente (como quem coça os tomates), descartando a compreensão das estruturas globais, enraizando a ideia "que não têm nada a ver connosco", seja lá qual fôr o local onde as aventesmas se encontrem
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