Curioso, como na Cimeira das Américas, 33 paises estejam de acordo em que Cuba não deve ser excomungada do seio das nações da região; porém os Estados Unidos têm poder de veto e impediram a participação desse país.
É tempo de se impedir que as decisões possam depender da vontade dos mais poderosos. Só serão admissiveis decisões legitimas, baseadas no voto proporcional consoante a vontade democrática das populações - um homem, um voto, nada mais, nada menos que isso. Apesar da infâmia, o ausente acabou por ser o mais falado, e a "prenda" de Chávez a Obama fala bem sobre isso. O livro é "As Veias Abertas da América Latina" de Eduardo Galeano (1970) editado em Portugal apenas em 1998 graças ao intrépido esforço das Edições Dinossauro. Alguns excertos:
(…) “e veio de repente a crise de 1929. O crash da Bolsa de Nova Iorque, que fez abanar os alicerces do capitalismo mundial, caiu nas Caraíbas como um gigantesco bloco de pedra numa poça de água. Caíram a pique os preços do café, das bananas e do açúcar, e o volume de vendas desceu não menos verticalmente. As expulsões camponesas recrudesceram com uma violência febril, o desemprego propagou-se no campo e nas cidades, desapareceram bruscamente os créditos, os investimentos e os gastos públicos; os salários reduziram-se a metade. Levantou-se uma maré de greves. As botas dos ditadores não demoraram a esmagar as tampas das marmitas.
(…) com uma economia escravizada à sacarocracia, uma economia tão dependente e vulnerável como a de Cuba não podia escapar ao impacto feroz da crise, e continuava com o seu destino amarrado à cotação do açúcar – “o povo que confia a sua subsistência a um só produto suicida-se” havia profetizado o herói nacional José Martí – em 1932, em três anos as exportações reduziram-se a metade e o preço do açúcar chegou a baixar no mercado internacional a menos de 1 cêntimo de dólar.
(…) os novos colonizadores não demoraram a fazer chegar um crédito de 50 milhões de dólares: a cavalo do crédito, chegou também o general Crowder, sob pretexto de controlar a utilização dos fundos; Graças aos bons ofícios deste género de agentes, os ditadores sempre tiveram a vida facilitada, porque eram eles quem de facto governava o pais.
(…) duas décadas depois, Cuba tinha as pernas cortadas pelo estatuto da momocultura da dependência e não foi fácil caminhar por conta própria. Metade das crianças não ia à escola em 1958, porém a ignorância era, como denunciara Fidel Castro tantas vezes, muito mais vasta e muito mais grave do que o analfabetismo. Havia em Cuba nessa época, mais prostitutas registadas do que operários mineiros.
(…) Che Guevara (um tipo de esquerda, como o Obama, passe a piada) dizia que o subdesenvolvimento é um anão de cabeça enorme e barriga inchada: as suas pernas débeis e os seus braços curtos não se harmonizavam com o resto do corpo. Havana resplandecia, zuniam os Cadilacs pelas suas avenidas de luxo; no maior cabaré do mundo (casinos e hotéis eram negócios exclusivos geridos por gangsters e mafiosos americanos), ao ritmo dos Lecuona Cuban Boys, ondulavam as vedetas mais lindas; enquanto isso, nos campos cubanos, só um entre dez operários agrícolas bebia leite, apenas 4 por cento consumia carne e, segundo o Conselho Nacional de Economia, três quartas partes dos trabalhadores rurais ganhavam salários que eram três ou quatro vezes inferiores ao custo de vida”
E foi ao regime que tomou em mãos a gigantesca tarefa de pôr fim ao regabofe, que os Estados Unidos impuseram um embargo comercial – o qual, ao fim de 47 anos, a administração Obama se recusa a levantar incondicionalmente. Leia-se, sem contrapartidas que possibilitem o princípio do retorno às antigas condições de exploração.
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Uma simples mistificação dos economistas da escola neoliberal norte-americana, fazendo tábua rasa da distinção entre o Valor de Uso e o Valor de Troca das mercadorias de Karl Marx em “O Capital” moldou o mundo do pós-guerra tal e qual o conhecemos. Neste sentido, só o Presente é nosso, não o momento passado nem aquele que aguardamos, porque um está destruido, e do outro, se não lutarmos, não sabemos se existirá.
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domingo, abril 19, 2009
"a Pobreza do Homem como resultado da Riqueza da Terra"
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