Uma simples mistificação dos economistas da escola neoliberal norte-americana, fazendo tábua rasa da distinção entre o Valor de Uso e o Valor de Troca das mercadorias de Karl Marx em “O Capital” moldou o mundo do pós-guerra tal e qual o conhecemos. Neste sentido, só o Presente é nosso, não o momento passado nem aquele que aguardamos, porque um está destruido, e do outro, se não lutarmos, não sabemos se existirá.
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sexta-feira, março 31, 2006
o Triunfo do irracional à solta!
a propósito do remake da rábula dos 6%
“Por todos os cantos se escuta a lamúria do défice, preocupação maior dos responsáveis ou dos candidatos a responsáveis. Mas o défice aflitivo é outro, de bem diversa natureza: é o ético-moral traduzido na banalização da desonestidade, na desvalorização do carácter, da bondade, do altruísmo, das convicções genuínas, da racionalidade estratégica, do esforço. O mais preocupante já não é a crise de valores, mas sim a qualidade de valores que se promovem. Eis o que mais nos deve afligir; porque esta carência é das profundezas: habitual sintoma de intensa crise civilizacional. Mas os que exercem funções de mando, insistem em focar a atenção no défice económico-financeiro, dizendo serem os cortes orçarmentais necessidade imperiosa, mas logo tolerando escandaloso dispêndio de milhões em multa por recorde de poluição na nossa capital. Triunfo do irracional à solta!
O antes dito exemplifica a meia verdade, característica do discurso dominante. Essa que resvala para a pura mentira. Constrói-se multi-cascatas de meias verdades, indutoras do irracional e da confusão. Apregoa-se a democracia que temos - a real-como sendo a única concebível, o melhor regime possível. Assim se estabelece a mágica unidade entre a democracia e o capitalismo. Falácia acrescida desta outra: a democracia esgota-se na democracia política. Em paralelo, é avançada a ideia de que o progresso e o bem-estar só podem germinar a partir desse único regime: a democracia real; em que o cidadão escolhe em liberdade representantes, assim se tornando efectivo condutor da sua existência. Silencia-se o efeito da manipulação, da demagogia - a que gosto de chamar efeito Iago-, a influência determinante de sociedades secretas ou semi-secretas (Grupo de Bilderberg); oculta-se ainda o efeito devastador da ignorância, da incultura, da falta de informação, da infinitude da estupidez.
Mirífico conjunto de meias verdades, cada vez mais metamorfoseadas em puras falsidades, através das quais o discurso dominante semeia confusão – elemento essencial à manutenção de dependências, desigualdades e poderes discricionários. Monumental engano, de esquerdas e direitas, o ter longamente acreditado que o Zé livre eleitor sempre votaria de acordo com os seus interesses, assumindo poder real. Ilusão pensar-se ser a boa organização social efeito directo do regime, pois nenhum regime é bom se a todos os níveis a vara do mando não estiver depositada nas mãos dos que revelem qualidade de elite. Essencial para que haja progresso é existirem boas elites; e essas constroem-se investindo em actividades que, como notou John Stuart Mill, se podem desenvolver indefinidamente: a educação, a busca racional do conhecimento, a cultura, as artes, os desportos. É ilusão supor que a democracia real, estribada nas falácias de que a maioria tem sempre razão e de que o voto de um ignorante vale sempre o mesmo do que o de um sábio, irá melhorar o mundo.
Há uma evidência consensual mas disfarçada: a necessidade de forte redução da pressão ecológica (decrescimento). Para isso a racionalidade tem que se sobrepor à irracionalidade proliferante. A democracia real só agrava a situação. A redução da pressão ecológica só se poderá operar fora do capitalismo. Urge que a Razão humana invente novo sistema e regime. Este será necessáriamente eco; mas o risco de ecototalitarismo é real. Criar o que baptizo de “ecoparticipadorismo antitotalitário (ecoparticipadocracia)” é inadiável missão do racionalismo político de esquerda”.
João Maria de Freitas Branco, autor deste texto, que escreveu isto antes das presidenciais perguntava então:
“Poderá vir de Belém alguma Luz preferencial?”
Nicles. Duvido até que, se o novo inquilino, por mero acaso alguma vez lesse isto, compreendesse do que é que se tratava.
quinta-feira, março 30, 2006
no World Park
visita-se o Mundo inteiro sem sair de Pequim (sinopse e criticas, aqui)
“Conhecem o Portugal dos Pequeninos, em Coimbra? Pois talvez não saibam que em Pequim tambem há um. Bom, não é dos pequeninos nem da China. É dos granditos e do Mundo. Um World Park onde, em 46,7 hectares, coexistem, à escala reduzida, 106 dos mais famosos monumentos de dezena e meia de paises e regiões do planeta – da Torre Eiffel à Praça de São Pedro, da Torre de Pisa ao Big Ben, das Pirâmides do Egipto (com camelos e tudo) às Torres Gémeas (“elas já não existem, mas nós temos as nossas” – dirá uma personagem)”
Rodrigues da Silva, (no JL) remata a sua critica ao filme de Jia Zhang-Ke citando a frase de François Truffaut “quem ama a Vida vai ao Cinema”, metáfora das nossas vidas virtuais de anónimos seres humanos de telemóvel em punho enviando sms, ligados a um computador, viciados em jogos de video ou musica electrónica, condenados a um universo globalizado na era digital tambem ele virtual, onde, de um modo ou de outro, hoje cabemos todos. São mundos que não são fisicos e que não podem ser ignorados. E que se conectam aqui e ali com o mundo real.
O mundo para as personagens de “The World” não é o mundo, mas o tal World Park, o que permite que as personagens mudem constantemente de “país” (isto é, de cenário) sem nunca sairem do mesmo sítio. (há mesmo uma companhia aérea – Cinco Continentes – que não voa; tem aviões, hospedeiras para acolher os “passageiros”, mas pronto, tal como tudo o mais no World Park, é virtual). É nesta disneylandia que evoluem uma série de personagens de carne-e-osso, com os seus anseios e as suas frustações – bailarinas (o World Park tem musicais, também eles por paises), seguranças, operários. Todo o mundo n’O Mundo, o qual, se se concentra no World Park, dispersa-se por aqueles que, para atracção dos turistas, o mantêm em movimento. Chinese claro, oriundos da provincia, jovens empregados subalternos para quem Pequim constituiu o Eldorado que se revela uma desilusão. Tanto maior quanto é certo que o dia-a-dia desses funcionários os leva constantemente a dar a volta ao mundo se nunca sair de Pequim, como melancólicamente dirá uma personagem. Ora esse mundo distante é a ambição de quem trabalha no Mundo. O que se explica: a partir do momento em que, embora sob ditadura “comunista” os bens de consumo se tornaram o simbolo do progresso e do bem estar, é óbvio que as pessoas os desejam. Enquanto sonham com os niveis de consumo das parises e nova-iorques que nunca terá nem onde nunca irão. Outrora eram camponeses e talvez acreditassem no comunismo; agora já não acreditam em nada; São meras peças de uma engrenagem que lhes garante a sobrevivência, na visão crítica do realizador que é um “dissidente” na nova vaga de cineastas consentidos pelo governo chinês. O percurso inverso também é possivel.Quantos de nós não foram já em visitas de lazer a destinos exóticos onde personagens ficticias macaqueiam os folclores locais para turista ver?
Portanto, a diferença fundamental dos personagens deste filme para o espectador ocidental é a de que eles, regra geral, não mudam de sítio, (e neste apecto o Partido Comunista da China presta um inegável serviço à Humanidade) enquanto nós, aos que se conseguem alcandorar a niveis de maior previlégio, somos livres de ir larear a pevide para “destinos de sonho”; de sonho para os que vão daqui, não para os locatários desses lugares ideais, onde a vida fora das cercas de arame farpado e muros dos luxuosos resorts de luxo é um pesadelo.
Numa altura em que se assiste a uma crescente tendência para os nacionalismos económicos, onde cada vez mais se invocam leis de protecção aos mercados internos nos nossos paises mais desenvolvidos, isto traz a debate a diferença de conceitos de mobilidade, quando também as leis laborais se pretendem que sejam liberalizadas equiparando homens e mercadorias. ¿Será a globalização um conceito “definitivo” de desenvolvimento? Ou no outro extremo, como advogam os defensores da altermundialização, fará mais sentido produzir localmente e consumir localmente “homens e mercadorias”? – a escolha parece fácil - pela opção de uma regulação mundial que planifique a produção sob a égide de um organismo supranacional com preocupações ecológicas que imponha limites aos desvarios do tipo de consumismo anárquico e criminoso predominante.
Parece evidente que a sobrevivência do comércio mundial, depende do estabelecimento de condições de equilíbrio das balanças externas dos participantes. É claro que para alguns poucos, que sabemos bem quem são, o comércio externo, regulado pelo instrumento de dominação que é a OMC, e a liberalização não são mais do que as capas para uma exploração desavergonhada. A existência de equilíbrios íria estragar o carácter predatório do comércio externo, impedindo o saque das economias mais frágeis.
Sabemos que o sucesso dos predadores depende deste sistema de trocas desiguais, principalmente desde que os símbolos do World Trade (traduzido literalmente por Torres do Comércio Mundial, o que muitas vezes é esquecido) explodiram a bem da tomada de iniciativas de retoma do à época semi-falido sistema global.
* propostas alternativas:
"Economia solidária, fundamento de uma globalização humanizadora"
ATTAC - FSM Mumbai
“Conhecem o Portugal dos Pequeninos, em Coimbra? Pois talvez não saibam que em Pequim tambem há um. Bom, não é dos pequeninos nem da China. É dos granditos e do Mundo. Um World Park onde, em 46,7 hectares, coexistem, à escala reduzida, 106 dos mais famosos monumentos de dezena e meia de paises e regiões do planeta – da Torre Eiffel à Praça de São Pedro, da Torre de Pisa ao Big Ben, das Pirâmides do Egipto (com camelos e tudo) às Torres Gémeas (“elas já não existem, mas nós temos as nossas” – dirá uma personagem)”
Rodrigues da Silva, (no JL) remata a sua critica ao filme de Jia Zhang-Ke citando a frase de François Truffaut “quem ama a Vida vai ao Cinema”, metáfora das nossas vidas virtuais de anónimos seres humanos de telemóvel em punho enviando sms, ligados a um computador, viciados em jogos de video ou musica electrónica, condenados a um universo globalizado na era digital tambem ele virtual, onde, de um modo ou de outro, hoje cabemos todos. São mundos que não são fisicos e que não podem ser ignorados. E que se conectam aqui e ali com o mundo real.
O mundo para as personagens de “The World” não é o mundo, mas o tal World Park, o que permite que as personagens mudem constantemente de “país” (isto é, de cenário) sem nunca sairem do mesmo sítio. (há mesmo uma companhia aérea – Cinco Continentes – que não voa; tem aviões, hospedeiras para acolher os “passageiros”, mas pronto, tal como tudo o mais no World Park, é virtual). É nesta disneylandia que evoluem uma série de personagens de carne-e-osso, com os seus anseios e as suas frustações – bailarinas (o World Park tem musicais, também eles por paises), seguranças, operários. Todo o mundo n’O Mundo, o qual, se se concentra no World Park, dispersa-se por aqueles que, para atracção dos turistas, o mantêm em movimento. Chinese claro, oriundos da provincia, jovens empregados subalternos para quem Pequim constituiu o Eldorado que se revela uma desilusão. Tanto maior quanto é certo que o dia-a-dia desses funcionários os leva constantemente a dar a volta ao mundo se nunca sair de Pequim, como melancólicamente dirá uma personagem. Ora esse mundo distante é a ambição de quem trabalha no Mundo. O que se explica: a partir do momento em que, embora sob ditadura “comunista” os bens de consumo se tornaram o simbolo do progresso e do bem estar, é óbvio que as pessoas os desejam. Enquanto sonham com os niveis de consumo das parises e nova-iorques que nunca terá nem onde nunca irão. Outrora eram camponeses e talvez acreditassem no comunismo; agora já não acreditam em nada; São meras peças de uma engrenagem que lhes garante a sobrevivência, na visão crítica do realizador que é um “dissidente” na nova vaga de cineastas consentidos pelo governo chinês. O percurso inverso também é possivel.Quantos de nós não foram já em visitas de lazer a destinos exóticos onde personagens ficticias macaqueiam os folclores locais para turista ver?
Portanto, a diferença fundamental dos personagens deste filme para o espectador ocidental é a de que eles, regra geral, não mudam de sítio, (e neste apecto o Partido Comunista da China presta um inegável serviço à Humanidade) enquanto nós, aos que se conseguem alcandorar a niveis de maior previlégio, somos livres de ir larear a pevide para “destinos de sonho”; de sonho para os que vão daqui, não para os locatários desses lugares ideais, onde a vida fora das cercas de arame farpado e muros dos luxuosos resorts de luxo é um pesadelo.
Numa altura em que se assiste a uma crescente tendência para os nacionalismos económicos, onde cada vez mais se invocam leis de protecção aos mercados internos nos nossos paises mais desenvolvidos, isto traz a debate a diferença de conceitos de mobilidade, quando também as leis laborais se pretendem que sejam liberalizadas equiparando homens e mercadorias. ¿Será a globalização um conceito “definitivo” de desenvolvimento? Ou no outro extremo, como advogam os defensores da altermundialização, fará mais sentido produzir localmente e consumir localmente “homens e mercadorias”? – a escolha parece fácil - pela opção de uma regulação mundial que planifique a produção sob a égide de um organismo supranacional com preocupações ecológicas que imponha limites aos desvarios do tipo de consumismo anárquico e criminoso predominante.
Parece evidente que a sobrevivência do comércio mundial, depende do estabelecimento de condições de equilíbrio das balanças externas dos participantes. É claro que para alguns poucos, que sabemos bem quem são, o comércio externo, regulado pelo instrumento de dominação que é a OMC, e a liberalização não são mais do que as capas para uma exploração desavergonhada. A existência de equilíbrios íria estragar o carácter predatório do comércio externo, impedindo o saque das economias mais frágeis.
Sabemos que o sucesso dos predadores depende deste sistema de trocas desiguais, principalmente desde que os símbolos do World Trade (traduzido literalmente por Torres do Comércio Mundial, o que muitas vezes é esquecido) explodiram a bem da tomada de iniciativas de retoma do à época semi-falido sistema global.
* propostas alternativas:
"Economia solidária, fundamento de uma globalização humanizadora"
ATTAC - FSM Mumbai
quarta-feira, março 29, 2006
O roubo chega e sobra excelentíssimos senhores
como móbil de um crime que os fascistas,
e não só os de Salò, não se importariam de assinar.
Seja qual for a razão, e muitas há
que o Capital a Igreja e a Polícia
de mãos dadas estão sempre prontos a justificar,
Pier Paolo Pasolini está morto.
A farsa, a nojenta farsa, essa continua"
Eugénio de Andrade, Requiem a Pier Paolo Pasolini, 1977
A propósito da retrospectiva integral da obra de Pasolini em curso na Cinemateca Portuguesa, e do premonitório titulo da ultima obra, "Petróleo", que não chegou a concluir, trinta anos atrás.
como móbil de um crime que os fascistas,
e não só os de Salò, não se importariam de assinar.
Seja qual for a razão, e muitas há
que o Capital a Igreja e a Polícia
de mãos dadas estão sempre prontos a justificar,
Pier Paolo Pasolini está morto.
A farsa, a nojenta farsa, essa continua"
Eugénio de Andrade, Requiem a Pier Paolo Pasolini, 1977
A propósito da retrospectiva integral da obra de Pasolini em curso na Cinemateca Portuguesa, e do premonitório titulo da ultima obra, "Petróleo", que não chegou a concluir, trinta anos atrás.
terça-feira, março 28, 2006
Claramente NÂO!, entenderam?!
Jornada de mobilização geral contra o CPE em França. Transportes Sindicatos e Escolas com grandes adesões.
Estudantes da Censier (uma das 67 universidades parisienses em Greve) debatem as suas reivindicações e formas de luta: a experiência e a ciência, unidas na vontade de transformar a vida!
A Periferia contra a rua: uma {di}visão política
(um testemunho de Paris, a partir do blogue de Guy Birenbaum)
"Ontem, cerca das 16h, passei a pé nos Invalides, 2h antes dos confrontos parisienses. Tudo estava preparado no “teatro das operações” para que o fim da manifestação degenerasse, como aconteceu ontem à noite.Eu explico.À direita, olhando a Esplanade, todas as equipas das televisões satélites com os seus camions satélites instaladas, prontas a filmar os incidentes {vejam a CNN, por exemplo…} Ao fundo na ponte Alexandre III centenas de CRS (policias de Choque), bem visíveis.
À esquerda, todas as ruas perpendiculares ao boulevard des Invalides {Grenelle, Varenne, Oudinot…} barradas por verdadeiros Robocops particularmente impressionantes. Espalhados nas imediações polícias à civil prontos a intervir. Claro, que a Esplanade des Invalides é evidentemente um lugar ideal, para uma dispersão, mas é igualmente propício à cacetada. Tenho aí, algumas recordações pessoais, principalmente de 1986…O problema, é que tendo sido a vinda dos “vândalos” encapuçados evidentemente prevista pelos Serviços de Informações, não compreendo, porque foi preciso esperar tanto tempo pela intervenção da polícia. Os sindicatos da polícia explicavam ontem que não quiseram arriscar ferir os – verdadeiros- manifestantes. Não sou perito na manutenção da ordem pública e é um argumento aceitável. Mas sou certamente interpelado pelas imagens que vi e, sobretudo, incomodado pelo que elas deixam aperceber. Pergunto-me, com efeito, se deixando, num primeiro momento, os manifestantes à mercê do linchamento e do roubo as”autoridades” não visariam introduzir uma divisão social entre os gentis manifestantes –bem brancos- e os cruéis “vândalos”, na sua maioria saídos da imigração. Em todo o caso é este o sentido de todos os comentários vistos e escutados, ontem à noite nos telejornais e esta manhã nas rádios. Esta representação da situação é falaciosa. Esta {di}visão não reflecte a realidade. Havia jovens saídos dos bairros mais problemáticos na manif e os mais afectados pelo CPE, são eles evidentemente. Não seria preciso pois que “eles” {media e políticos}, nos viessem explicar que “os subúrbios desceram, para partir tudo como em Novembro”… Sim, “os subúrbios desceram”, eram maioritários na rua, no cortejo. Quanto aos grupos móveis e treinados de “vândalos” encapuçados, são os mesmos “sacanas”, que ameaçam vizinhos todos os dias e que vieram “espairecer” gratuitamente na capital. A precariedade social, infelizmente já não é problema deles".
(Traduzido pela Maria de Lurdes)
* Uma mobilização sem precedentes, uma verdadeira manifestação de força contra o CPE. Três milhões de manifestantes no total, 700 mil só em Paris.
Aprofundar a Luta - novas mobilizações gerais convocadas para 4 de Abril
* mais Noticias
* Portugal - "Jovens marcham pelo direito ao emprego"
Estudantes da Censier (uma das 67 universidades parisienses em Greve) debatem as suas reivindicações e formas de luta: a experiência e a ciência, unidas na vontade de transformar a vida!
A Periferia contra a rua: uma {di}visão política
(um testemunho de Paris, a partir do blogue de Guy Birenbaum)
"Ontem, cerca das 16h, passei a pé nos Invalides, 2h antes dos confrontos parisienses. Tudo estava preparado no “teatro das operações” para que o fim da manifestação degenerasse, como aconteceu ontem à noite.Eu explico.À direita, olhando a Esplanade, todas as equipas das televisões satélites com os seus camions satélites instaladas, prontas a filmar os incidentes {vejam a CNN, por exemplo…} Ao fundo na ponte Alexandre III centenas de CRS (policias de Choque), bem visíveis.
À esquerda, todas as ruas perpendiculares ao boulevard des Invalides {Grenelle, Varenne, Oudinot…} barradas por verdadeiros Robocops particularmente impressionantes. Espalhados nas imediações polícias à civil prontos a intervir. Claro, que a Esplanade des Invalides é evidentemente um lugar ideal, para uma dispersão, mas é igualmente propício à cacetada. Tenho aí, algumas recordações pessoais, principalmente de 1986…O problema, é que tendo sido a vinda dos “vândalos” encapuçados evidentemente prevista pelos Serviços de Informações, não compreendo, porque foi preciso esperar tanto tempo pela intervenção da polícia. Os sindicatos da polícia explicavam ontem que não quiseram arriscar ferir os – verdadeiros- manifestantes. Não sou perito na manutenção da ordem pública e é um argumento aceitável. Mas sou certamente interpelado pelas imagens que vi e, sobretudo, incomodado pelo que elas deixam aperceber. Pergunto-me, com efeito, se deixando, num primeiro momento, os manifestantes à mercê do linchamento e do roubo as”autoridades” não visariam introduzir uma divisão social entre os gentis manifestantes –bem brancos- e os cruéis “vândalos”, na sua maioria saídos da imigração. Em todo o caso é este o sentido de todos os comentários vistos e escutados, ontem à noite nos telejornais e esta manhã nas rádios. Esta representação da situação é falaciosa. Esta {di}visão não reflecte a realidade. Havia jovens saídos dos bairros mais problemáticos na manif e os mais afectados pelo CPE, são eles evidentemente. Não seria preciso pois que “eles” {media e políticos}, nos viessem explicar que “os subúrbios desceram, para partir tudo como em Novembro”… Sim, “os subúrbios desceram”, eram maioritários na rua, no cortejo. Quanto aos grupos móveis e treinados de “vândalos” encapuçados, são os mesmos “sacanas”, que ameaçam vizinhos todos os dias e que vieram “espairecer” gratuitamente na capital. A precariedade social, infelizmente já não é problema deles".
(Traduzido pela Maria de Lurdes)
* Uma mobilização sem precedentes, uma verdadeira manifestação de força contra o CPE. Três milhões de manifestantes no total, 700 mil só em Paris.
Aprofundar a Luta - novas mobilizações gerais convocadas para 4 de Abril
* mais Noticias
* Portugal - "Jovens marcham pelo direito ao emprego"
domingo, março 26, 2006
O Regime muda de palhaços
"É preciso que algo mude, para que tudo permaneça na mesma"
Tomasi de Lampedusa
O novo sucesso da televisão americana tem o mesmo cenário da premiada série “Os Homens do Presidente” – mas desta feita, em ficção, claro, e entre nós não tem qualquer afinidade com a obra filosófica publicada pelo João Carlos Espada – nesta série novelistica a Casa Branca tem um novo inquilino: Mackenzia Allen, a primeira Presidente fêmea dos Estados Unidos. Em geral muitos observadores interpretam esta “ficção” como uma manobra (com a audiência de16 milhões de espectadores) para abrir caminho à candidatura de Hillary Clinton às presidenciais de 2008.
Se “Commander in Chief” estrelada por Geena Davis cumpre essa função, já na saída do Louro Burro da SIC não se vislumbra qualquer propósito aparente; salvo o abandono de carga descartável, uma idiotice ordinária pegada tornada inútil após 30 anos na esforçada promoção mediática de largas catréfadas de politicos mais ou menos cinzentos do Bloco Central aos serões de domingo. Como tambem muito bem se aprende com os States, este tipo de produto usa-se e deita-se fora. Chamei-o de “burro” mas o que é um facto é que o animal enriqueceu com o assunto.
Tomasi de Lampedusa
O novo sucesso da televisão americana tem o mesmo cenário da premiada série “Os Homens do Presidente” – mas desta feita, em ficção, claro, e entre nós não tem qualquer afinidade com a obra filosófica publicada pelo João Carlos Espada – nesta série novelistica a Casa Branca tem um novo inquilino: Mackenzia Allen, a primeira Presidente fêmea dos Estados Unidos. Em geral muitos observadores interpretam esta “ficção” como uma manobra (com a audiência de16 milhões de espectadores) para abrir caminho à candidatura de Hillary Clinton às presidenciais de 2008.
Se “Commander in Chief” estrelada por Geena Davis cumpre essa função, já na saída do Louro Burro da SIC não se vislumbra qualquer propósito aparente; salvo o abandono de carga descartável, uma idiotice ordinária pegada tornada inútil após 30 anos na esforçada promoção mediática de largas catréfadas de politicos mais ou menos cinzentos do Bloco Central aos serões de domingo. Como tambem muito bem se aprende com os States, este tipo de produto usa-se e deita-se fora. Chamei-o de “burro” mas o que é um facto é que o animal enriqueceu com o assunto.
sábado, março 25, 2006
o Estado - Reformas e Revolução (1)
No Marxismo a aptidão do pensamento para reflectir a realidade jamais surge como algo de acabado, de forma difinitiva, mas antes se ganha pela afirmação dialéctica, a que se exige riqueza e exactidão de informação empirica, bem como, de forma por assim dizer circular, um progresso incessante do saber e as modificações teóricas dele inseparáveis. Em suma, o Marxismo não pode ser reduzido nem a um empirismo positivista nem a um dogmatismo que se aprende de uma vez para sempre na escola.
O programa do governo soviético não foi reformista mas revolucionário. As REFORMAS são concessões consentidas pela classe dominante, continuando esta no Poder; a REVOLUÇÃO é o derrubamento dessa classe.
Comparado ao feudalismo, o capitalismo foi um passo em frente de alcance histórico mundial, na via da liberdade, da democracia e da civilização. Todavia, o capitalismo foi e continua a ser o sistema da escravatura assalariada, a servidão de milhões de trabalhadores, operários e camponeses, levada a cabo por uma ínfima minoria de senhores de escravos modernos: os proprietários dos meios de produção, sejam de terras, fábricas e meios de comercialização e os capitalistas subsistem, não só entre nós onde a compreensão da estrutura se encontra diluida no terciário, como com especial incidência nos paises do 3º mundo. No caso da posse das terras, no Zimbawe apenas agora, 30 anos depois da Independência, se iniciou a nacionalização da propriedade rural ainda na posse de ex-colonos latifundiários ingleses. “Em relação ao feudalismo, a democracia burguesa modificou a forma de escravatura económica, dando-lhe uma fachada particularmente brilhante, mas não lhe modificou a essência nem o poderia fazer. O capitalismo e a democracia burguesa são a escravatura assalariada. Os imensos progressos técnicos e sobretudo os meios de comunicação e o crescimento prodigioso do capital e dos bancos, fizeram com que o capitalismo atingisse a maturidade e mesmo a podridão. Sobreviveu a si próprio e tornou-se o obstáculo mais reaccionário à evolução humana. Confinou-se a um punhado de milionários todo poderosos que empurram os povos para os matadouros a fim de saber a que bando de aves de rapina ficará a pertencer o saque imperialista, o dominio colonial e as esferas de influência”. Este parece ser um discurso de hoje, mas na verdade foi proferido por Lenine cerca da I Grande Guerra de 1914 a 1918, onde dezenas de milhões de homens foram mortos ou mutilados apenas por estas circunstâncias. A guerra provocou em todo o lado estragos enormes o que tornou necessário, por parte dos vencedores que se impusesse pagar juros das dívidas de guerra. Tal facto levou Lenine a questionar: “Que representam esses juros? São um tributo de biliões destinados aos senhores milionários por terem tido a extrema habilidade de permitir a dezenas de milhões de operários e camponeses que se matassem uns aos outros para resolver a questão da partilha dos benefícios entre os capitalistas”.
Contributo frequentemente subestimado do debate aberto no movimento operário internacional pelo incremento das rivalidades e afrontamentos que conduziram à primeira guerra mundial a obra de Lenine “O Imperialismo, Estádio Supremo do Capitalismo” que sintetizou trabalhos anteriores como “O Imperialismo” do liberal Thomas Hobson (1902), “O Capital Financeiro” de Rudolf Hilferding (1909) sobre a nova influência da exportação de capitais e já não apenas das mercadorias, isto é, na procura de uma mais valia adicional e “Acumulação de Capital” segundo a obra de Rosa Luxemburgo (1913). Este periodo caracteriza-se pela passagem a formas cada vez mais marcadas pela socialização dos meios de produção no estádio monopolista-imperialista . Teorizando o aparecimento do Capitalismo Monopolista de Estado, já Marx e Engels tinham compreendido a socialização tornada necessária pelo próprio desenvolvimento das forças produtivas em regime capitalista. Mas já desde 1880 no “Anti-Düring”, se distinguia a “socialização capitalista” efectuada pelos trusts monopolistas da realizada pelo Estado Capitalista onde a produção das sociedades por acções já não é privada mas uma produção por conta de um grande númerode associados. Dizia Engels “se passarmos das sociedades para os trusts que monopolizam ramos inteiros da Indústria, então não se trata sómente do fim da produção privada, mas tambem da cessação da ausência de planificação. Risque-se “privada” e a ideia de (Planificação Centralizada) poderá passar com o maior rigor” É de resto significativo que os partidários das teses marxistas que combatiam as teorias pequeno-burguesas se intitulavam “colectivistas” por oposição à propriedade individual teorizada por Prouhdon.
Os problemas postos pelo desenvolvimento do papel do Estado e pelos fenómenos do Imperialismo, hoje a perda visivel de influência do Estado-Nação, foram também teorizados por Lenine em “O Estado e a Revolução” e em “A Catástrofe Eminente e os Meios de a Conjurar”
Daniel Bensaid trata na actualidade o problema Estado do seguinte modo:
- o Estado-Nação é uma “forma histórica” de organização política: está, portanto, destinado a desaparecer. As conquistas alcançadas sob o signo do Estado-Nação estão ameaçadas pelo “choque de globalização capitalista”, que provoca uma “crise das soberanias nacionais”
“Todas as categorias da política moderna herdadas das Luzes foram abaladas: nações, povos, territórios, fronteiras, representação”. Elas não foram substituídas, contudo, por um novo espaço internacional democrático. Ao contrário: “Na ausência de um poder legislativo internacional, esta transição perigosa favorece o direito do mais forte, que se impõem com o aval da ONU quando possível, mas sem ele se necessário”. Tal brutalização é agravada, evidentemente, pela guerra: “Está em curso uma nova grande partilha do mundo. Este abalo e rearranjo das zonas de influência nunca se faz com amabilidade ou sobre o tapete verde (...) A doutrina estadunidense de guerra assimétrica com morte zero repousa sobre o monopólio do terror de alta tecnologia, do qual a bomba de Hiroxima constituiu prenúncio e símbolo. (...) Numa guerra ética, conduzida em nome do Bem universal e da Humanidade, não há nem inimigos nem direito de guerra. Ela se transforma numa cruzada secular, onde o adversário é excluído da espécie, animalizado, submetido ao cerco e ao linchamento”.
É neste ponto, diabolizados pelos ideólogos do Regime, que estão os muçulmanos lá fora, e os militantes comunistas entre nós, apesar de no Parlamento não existir nenhum Partido que se possa definir como sendo Revolucionário. Todos advogaram sempre apenas reformas, transmutadas agora pelo P”S” em caricaturas ao serviço do neoliberalismo. Mas as grandes mudanças de paradigma, que acontecem com as Revoluções são independentes das “vontades” dos Partidos. Elas acontecem quando as Sociedades atingem um ponto crítico de saturação. Assim um pouco como a água ao lume antes de começar a ferver, já se pressentem as bolhinhas em ebulição.
O programa do governo soviético não foi reformista mas revolucionário. As REFORMAS são concessões consentidas pela classe dominante, continuando esta no Poder; a REVOLUÇÃO é o derrubamento dessa classe.
Comparado ao feudalismo, o capitalismo foi um passo em frente de alcance histórico mundial, na via da liberdade, da democracia e da civilização. Todavia, o capitalismo foi e continua a ser o sistema da escravatura assalariada, a servidão de milhões de trabalhadores, operários e camponeses, levada a cabo por uma ínfima minoria de senhores de escravos modernos: os proprietários dos meios de produção, sejam de terras, fábricas e meios de comercialização e os capitalistas subsistem, não só entre nós onde a compreensão da estrutura se encontra diluida no terciário, como com especial incidência nos paises do 3º mundo. No caso da posse das terras, no Zimbawe apenas agora, 30 anos depois da Independência, se iniciou a nacionalização da propriedade rural ainda na posse de ex-colonos latifundiários ingleses. “Em relação ao feudalismo, a democracia burguesa modificou a forma de escravatura económica, dando-lhe uma fachada particularmente brilhante, mas não lhe modificou a essência nem o poderia fazer. O capitalismo e a democracia burguesa são a escravatura assalariada. Os imensos progressos técnicos e sobretudo os meios de comunicação e o crescimento prodigioso do capital e dos bancos, fizeram com que o capitalismo atingisse a maturidade e mesmo a podridão. Sobreviveu a si próprio e tornou-se o obstáculo mais reaccionário à evolução humana. Confinou-se a um punhado de milionários todo poderosos que empurram os povos para os matadouros a fim de saber a que bando de aves de rapina ficará a pertencer o saque imperialista, o dominio colonial e as esferas de influência”. Este parece ser um discurso de hoje, mas na verdade foi proferido por Lenine cerca da I Grande Guerra de 1914 a 1918, onde dezenas de milhões de homens foram mortos ou mutilados apenas por estas circunstâncias. A guerra provocou em todo o lado estragos enormes o que tornou necessário, por parte dos vencedores que se impusesse pagar juros das dívidas de guerra. Tal facto levou Lenine a questionar: “Que representam esses juros? São um tributo de biliões destinados aos senhores milionários por terem tido a extrema habilidade de permitir a dezenas de milhões de operários e camponeses que se matassem uns aos outros para resolver a questão da partilha dos benefícios entre os capitalistas”.
Contributo frequentemente subestimado do debate aberto no movimento operário internacional pelo incremento das rivalidades e afrontamentos que conduziram à primeira guerra mundial a obra de Lenine “O Imperialismo, Estádio Supremo do Capitalismo” que sintetizou trabalhos anteriores como “O Imperialismo” do liberal Thomas Hobson (1902), “O Capital Financeiro” de Rudolf Hilferding (1909) sobre a nova influência da exportação de capitais e já não apenas das mercadorias, isto é, na procura de uma mais valia adicional e “Acumulação de Capital” segundo a obra de Rosa Luxemburgo (1913). Este periodo caracteriza-se pela passagem a formas cada vez mais marcadas pela socialização dos meios de produção no estádio monopolista-imperialista . Teorizando o aparecimento do Capitalismo Monopolista de Estado, já Marx e Engels tinham compreendido a socialização tornada necessária pelo próprio desenvolvimento das forças produtivas em regime capitalista. Mas já desde 1880 no “Anti-Düring”, se distinguia a “socialização capitalista” efectuada pelos trusts monopolistas da realizada pelo Estado Capitalista onde a produção das sociedades por acções já não é privada mas uma produção por conta de um grande númerode associados. Dizia Engels “se passarmos das sociedades para os trusts que monopolizam ramos inteiros da Indústria, então não se trata sómente do fim da produção privada, mas tambem da cessação da ausência de planificação. Risque-se “privada” e a ideia de (Planificação Centralizada) poderá passar com o maior rigor” É de resto significativo que os partidários das teses marxistas que combatiam as teorias pequeno-burguesas se intitulavam “colectivistas” por oposição à propriedade individual teorizada por Prouhdon.
Os problemas postos pelo desenvolvimento do papel do Estado e pelos fenómenos do Imperialismo, hoje a perda visivel de influência do Estado-Nação, foram também teorizados por Lenine em “O Estado e a Revolução” e em “A Catástrofe Eminente e os Meios de a Conjurar”
Daniel Bensaid trata na actualidade o problema Estado do seguinte modo:
- o Estado-Nação é uma “forma histórica” de organização política: está, portanto, destinado a desaparecer. As conquistas alcançadas sob o signo do Estado-Nação estão ameaçadas pelo “choque de globalização capitalista”, que provoca uma “crise das soberanias nacionais”
“Todas as categorias da política moderna herdadas das Luzes foram abaladas: nações, povos, territórios, fronteiras, representação”. Elas não foram substituídas, contudo, por um novo espaço internacional democrático. Ao contrário: “Na ausência de um poder legislativo internacional, esta transição perigosa favorece o direito do mais forte, que se impõem com o aval da ONU quando possível, mas sem ele se necessário”. Tal brutalização é agravada, evidentemente, pela guerra: “Está em curso uma nova grande partilha do mundo. Este abalo e rearranjo das zonas de influência nunca se faz com amabilidade ou sobre o tapete verde (...) A doutrina estadunidense de guerra assimétrica com morte zero repousa sobre o monopólio do terror de alta tecnologia, do qual a bomba de Hiroxima constituiu prenúncio e símbolo. (...) Numa guerra ética, conduzida em nome do Bem universal e da Humanidade, não há nem inimigos nem direito de guerra. Ela se transforma numa cruzada secular, onde o adversário é excluído da espécie, animalizado, submetido ao cerco e ao linchamento”.
É neste ponto, diabolizados pelos ideólogos do Regime, que estão os muçulmanos lá fora, e os militantes comunistas entre nós, apesar de no Parlamento não existir nenhum Partido que se possa definir como sendo Revolucionário. Todos advogaram sempre apenas reformas, transmutadas agora pelo P”S” em caricaturas ao serviço do neoliberalismo. Mas as grandes mudanças de paradigma, que acontecem com as Revoluções são independentes das “vontades” dos Partidos. Elas acontecem quando as Sociedades atingem um ponto crítico de saturação. Assim um pouco como a água ao lume antes de começar a ferver, já se pressentem as bolhinhas em ebulição.
sexta-feira, março 24, 2006
Greve Geral em França
Comunicado do Comité de Ocupação da Sorbonne no Exílio
20 de Março 2006
Universidade de Sorbonne com a sua atmosfera eterna. Repleta de História suspensa. Caminhos e átrios de mármore como pântanos gelados. “Quando não há sol, aprende-se a amadurecer debaixo do gelo”. Então, dez dias atrás, o gelo começou a derreter, num fim de tarde em séculos. Um fogo de mesas e documentos finais: uma chama maior do que qualquer homem, no meio do pátio, o pátio das cerimónias. Não mais se ouviram os murmúrios nos corredores e nas salas de aula não houve mais discursos, apenas empurrões em conjunto, pesquisando uma nova estrutura. Começou. Projécteis, viseiras, extintores, cadeiras, escadotes, contra os policias. O monstro acordou.
As autoridades são estúpidas. Correm em volta. Eles pensam que evitando-nos destruíram a explosão que emergiu aqui. Idiotas. Loucos como o surdo e pesado baque de um computador de encontro aos elmos dos policias de choque. Mandando-nos para o exílio, eles apenas aumentaram o nosso campo de acção. Vão apanhar com as suas guloseimas por nos terem tirado a nossa Sorbonne, por nos terem expropriado. Ao instalarem a sua policia aqui, eles ofereceram a Sorbonne a todos os expropriados. A esta hora quando estamos a escrever isto, a Sorbonne já não pertence aos estudantes, ela pertence a todos que, pela palavra ou pelo arremesso, entendam defendê-la. Desde o nosso exílio, temos alguns pensamentos acerca das finalidades deste movimento.
#1 – Estamos em luta contra uma lei aprovada com maioria de votos de um parlamento legitimado. A nossa simples existência prova que o principio democrático de voto maioritário é questionável, prova que a soberania da Assembleia é um mito e que esse poder de decisão pode ser usurpado. Faz parte da nossa luta limitar, tanto quanto possível, a tirania do voto maioritário. Todo este espaço concedido às Assembleias Gerais paralisa-nos e apenas serve para conferir legitimidade a decretos de um ramalhete de aspirantes a burocratas. Este tipo de Assembleias estão a neutralizar toda a iniciativa estabelecendo uma separação teatral entre as palavras e os actos. Mal o voto tenha sido depositado a favor da greve até que haja um reconhecimento da lei para oportunidades iguais, as Assembleias devem converter-se em espaços de debates conclusivos, em espaços para troca de experiências, ideias, e desejos, locais onde nós possamos demonstrar a nossa força, e não um cenário de lutas banais, futéis e de intrigas para influenciar as decisões.
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No total são 12 pontos – disponíveis (em inglês) num dos sitios dos Grevistas em www.bellaciao.org/fr
quinta-feira, março 23, 2006
“Não há normas. Todos os homens são excepções a uma regra que não existe” disse Bernardo Soares, um gajo que tambem nunca existiu, citando Álvaro de Campos quando lembrou “os imperialismos do acaso e da desordem organizada” sobre a qual ninguém governa, mas apenas reina; não, não é de Pessoa que vos quero falar hoje – “quem tem as flores, não precisa de Deus” disse Alberto Caeiro.
* relacionado:
"Mentindo pelo Império" - o "My Lay" do Iraque: disparando sobre tudo o que mexe, a ler no "Counterpunch"
prémio para a melhor frase no concurso “Tu queres é Lulas”:
“Só o grande Capital aplaude o governo e anda de braço dado com o PS. Que raio de PS é este?” - Alberto João Jardim, em entrevista a “O Diabo” (21 de Março)* relacionado:
"Mentindo pelo Império" - o "My Lay" do Iraque: disparando sobre tudo o que mexe, a ler no "Counterpunch"
quarta-feira, março 22, 2006
Quando José Clemente Orozco pintou o mural "Prometheus" no Pomona College na Califórnia, que curiosamente em 1930 já misturava prazer, tecnologia industrial, guerra e vicios,,,
,,, e no seu país tinha criado o "El Padre Eterno", estava longe de supor que um manhoso politico num longinquo e mal amanhado país periférico europeu pudesse algum dia tambem prometer aos crentes rendimentos mirabolantes e niveis de consumismo também eternos. Mas a vida é assim, como muito bem se benzeu em seu devido tempo o franciscano que anda lá pelos confins a ajudar os desventurados. Ora, se isto aqui está a caminho de se converter na Califórnia, então os novos conselheiros de Estado devem ser os Beach Boys - e o papel que neste enredo está reservado para a classe operária adivinha-se que seja o da manufactura das pranchas de surf,,, para exportação, claro, porque por aqui não há ondas que cheguem para fartar a enorme cáfila de aspirantes a surfistas.
Ora, assim mesmo é que é!, Criatividade , capacidade de correr riscos , trabalho e mais trabalho, empreendedorismo e maila todos os outros requisitos de medrança necessários qb. Acontece porém que a Balança comercial portuguesa é deficitária há décadas. Porque a economia portuguesa não não tem sido, nunca foi! competitiva. E não é competitiva porque o investimento é insuficiente e os gestores/empreendedores são sub-qualificados e incompetentes.
Mas desta vez tudo isso acabou, como que num golpe de mágica. Notam-se ventos de mudança, limpos e isentos de bolhas inflacionárias, pese embora o dementido de estar em marcha mais uma aldrabice para amandar a crise para as calendas dos nossos netos. (a Economia Mundial é como se fosse um grande Casino). Como diria o emigrante ex-maoista reciclado, nota-se que o vento de Oe$te prevalece sobe o vento de Leste, em bom tempo controlado pelo anticiclone que passou pelas Lages. Madames e Monseurs façam as vossas apostas.
Mãos então postas à obra, de gestores/empreendedores, Joaquim Letria traz-nos esta deliciosa empresa:
Ideias e sugestões
"Os comboios com cabeleireiro, maquilhagem e massagem são uma risota – tanto ri o passageiro jovem e cosmopolita da turística, como o pica-bilhetes, como o funcionário da “wagon lits”, como o velhinho da classe confort e o gestor publico que muda do avião para meter a massagista nas despesas. O marketing pode ser uma anedota. Neste caso é. Faz lembrar os carros funerários que na década de 60 foram lançados em Portugal com…rádio telefone!
As minhas propostas, em crónica anterior, a propósito desta peregrina ideia da CP foram muito bem recebidas. Principalmente, a parceria com a empresa “Perna aberta”, para cada comboio Alfa rebocar uma carruagem de putas de luxo. Registo, com agrado, a sugestão de um leitor para uma carruagem ser acrescentada à composição, com um padre fardado, serviço religioso ecuménico a horas certas e oração permanente.
O pormenor do padre fadado é importante. Não se pode ter um vagão de putas em lingerie e um padre usar camisola de gola alta ou disfarçar-se de gravata.
Quanto à ideia de outro leitor de substituir as putas pelo conselho de gerência, com o devido respeito, não concordo! A ideia deve ser sempre a de bem servir os clientes!"
E como hoje foi o Dia Mundial da Água sugiro ao Letria que mande atrelar também ao comboio um vagão-cisterna do precioso liquido. Escusa de ser benta - basta que se encomende em surdina ao usá-la esta lenga-lenga em jeito de oração - nem mais nem menos do que o poema de Manuel Maria Barbosa eternizado o Bocage, apropriadamente intitulado, "a Água":
"Meus senhores aqui está a água
que rega a salsa e o rabanete
Que tira o cheiro a bacalhau rasca
que bebe o homem, e que bebe o cão"
(ler mais)
,,, e no seu país tinha criado o "El Padre Eterno", estava longe de supor que um manhoso politico num longinquo e mal amanhado país periférico europeu pudesse algum dia tambem prometer aos crentes rendimentos mirabolantes e niveis de consumismo também eternos. Mas a vida é assim, como muito bem se benzeu em seu devido tempo o franciscano que anda lá pelos confins a ajudar os desventurados. Ora, se isto aqui está a caminho de se converter na Califórnia, então os novos conselheiros de Estado devem ser os Beach Boys - e o papel que neste enredo está reservado para a classe operária adivinha-se que seja o da manufactura das pranchas de surf,,, para exportação, claro, porque por aqui não há ondas que cheguem para fartar a enorme cáfila de aspirantes a surfistas.
Ora, assim mesmo é que é!, Criatividade , capacidade de correr riscos , trabalho e mais trabalho, empreendedorismo e maila todos os outros requisitos de medrança necessários qb. Acontece porém que a Balança comercial portuguesa é deficitária há décadas. Porque a economia portuguesa não não tem sido, nunca foi! competitiva. E não é competitiva porque o investimento é insuficiente e os gestores/empreendedores são sub-qualificados e incompetentes.
Mas desta vez tudo isso acabou, como que num golpe de mágica. Notam-se ventos de mudança, limpos e isentos de bolhas inflacionárias, pese embora o dementido de estar em marcha mais uma aldrabice para amandar a crise para as calendas dos nossos netos. (a Economia Mundial é como se fosse um grande Casino). Como diria o emigrante ex-maoista reciclado, nota-se que o vento de Oe$te prevalece sobe o vento de Leste, em bom tempo controlado pelo anticiclone que passou pelas Lages. Madames e Monseurs façam as vossas apostas.
Mãos então postas à obra, de gestores/empreendedores, Joaquim Letria traz-nos esta deliciosa empresa:
Ideias e sugestões
"Os comboios com cabeleireiro, maquilhagem e massagem são uma risota – tanto ri o passageiro jovem e cosmopolita da turística, como o pica-bilhetes, como o funcionário da “wagon lits”, como o velhinho da classe confort e o gestor publico que muda do avião para meter a massagista nas despesas. O marketing pode ser uma anedota. Neste caso é. Faz lembrar os carros funerários que na década de 60 foram lançados em Portugal com…rádio telefone!
As minhas propostas, em crónica anterior, a propósito desta peregrina ideia da CP foram muito bem recebidas. Principalmente, a parceria com a empresa “Perna aberta”, para cada comboio Alfa rebocar uma carruagem de putas de luxo. Registo, com agrado, a sugestão de um leitor para uma carruagem ser acrescentada à composição, com um padre fardado, serviço religioso ecuménico a horas certas e oração permanente.
O pormenor do padre fadado é importante. Não se pode ter um vagão de putas em lingerie e um padre usar camisola de gola alta ou disfarçar-se de gravata.
Quanto à ideia de outro leitor de substituir as putas pelo conselho de gerência, com o devido respeito, não concordo! A ideia deve ser sempre a de bem servir os clientes!"
E como hoje foi o Dia Mundial da Água sugiro ao Letria que mande atrelar também ao comboio um vagão-cisterna do precioso liquido. Escusa de ser benta - basta que se encomende em surdina ao usá-la esta lenga-lenga em jeito de oração - nem mais nem menos do que o poema de Manuel Maria Barbosa eternizado o Bocage, apropriadamente intitulado, "a Água":
"Meus senhores aqui está a água
que rega a salsa e o rabanete
Que tira o cheiro a bacalhau rasca
que bebe o homem, e que bebe o cão"
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segunda-feira, março 20, 2006
"O verdadeiro congresso do PSD está-se a iniciar em Belém"
Ana Sá Lopes (DN 18/3)
Um dos aspectos mais glosados neste fim de semana foi o equivoco dos participantes no congresso do Pavilhão Atlântico, que constantemente se enganavam entrando pela sala maior onde decorria a Assembleia Geral do Sporting, enquanto os laranjinhas se confinaram à minúscula sala Tejo. Por coincidência o endividamento que "comeu o Sporting" deriva do mesmo modelo de gestão que a tropa partidária de Durão Barroso aplicou ao país. Podemos ter um défice gigantesco cozinhado pela "crise" provocada pelos governos neocons acoitados no interior do ex-partido dito Social-Democrata, mas o apetite pelo controlo do aparelho de Estado, mesmo com "prejuizos astronómicos" continua a ser voraz. Que estranha forma de vida aliciará esta gente? - Pergunta escusada. E gasta.
Who is Who?
Enquanto Cavaco e os seus acólitos neocons acoitados à sombra do Conselho de Estado congeminam a melhor maneira de sanearem o actual pequeno Lider, não é preciso fazer grande esforço para calcular quem será o próximo jovem turco que dirigirá a Banda, mais simulacro de eleição directa ou menos indirecta, o próximo lider será "a promessa" que esteve presente na ultima reunião do Grupo Bilderberg - um curioso efeito dos dois microfones dá-lhe o aspecto de quem tem um letreiro pendurado ao pescoço com a palavra "credibilidade" - não precisava! - a gente acredita!
Muito se tem esforçado o inefável Fernandes director do jornal da Sonae por credibilizar e tornar "normal" (a Banda: um termo particularmente feliz do lider da debutante extrema-direita acoitada no CDS), dizia eu - a Banda Neocon que assentou praça no palácio cor-de-laranja de Belém como conselheiros do presidente, a propósito da não-presença de qualquer representante do BE e PCP no Conselho de Estado - que tinha sido igual a Sampaio, disse ele, mas o desmentido veio depressa:
até Vasco Pulido saiu a terreiro insurgindo-se contra "este raminho de cabeças pensantes que vai pôr em pé de guerra a esquerda e a república" - "isto começa mal", notou, enquanto por outro lado realçava a importância de "na medida do possivel o Conselho de Estado dever representar toda a opinião do Regime e do País" ( o artigo de VPV pode ser lido na integra aqui). Entretanto um leitor trouxe à baila outra citação de VPV: "não fui feito para isto", que por sua vez era uma citação de Chateaubriand, recordando do mesmo autor, a propósito da liberdade de expressão agora tão em voga, uma outra citação:
"Nunca o Crime será para mim um objecto de admiração nem um argumento de liberdade"
por isso, vejam lá o que vão (continuar a) fazer, meus senhores, seríamos nós induzidos a pensar, mas,
é tempo perdido e pérolas a porcos - na edição de hoje do pasquim vem farto tempo de antena às guerras do Império, culminando com um artigo do carniceiro de Bagdad - Rumsfeld ele próprio - que com o raciocinio natural das bestas para quem tudo é simples - titula a diatribe assim: "Sair agora do Iraque, equivaleria a ter entregue a Alemanha aos nazis de Hitler". Que espécie de direito divino dá a estes canalhas, com 130 mil mortos no curriculo (apenas neste caso) o direito de falar em nome de outros povos?
o inefável Fernandes está mesmo a pedir que lhe deixem de comprar o pasquim, mas enfim, os portugueses são o que são,,, e vão continuar a engordar esta gente - a ver a banda passar?
"A linguagem politica é desenhada para fazer com que as mentiras pareçam verdadeiras e a morte pareça respeitável, dando uma aparência sólida àquilo que é apenas puro vento"
George Orwell
Ana Sá Lopes (DN 18/3)
Um dos aspectos mais glosados neste fim de semana foi o equivoco dos participantes no congresso do Pavilhão Atlântico, que constantemente se enganavam entrando pela sala maior onde decorria a Assembleia Geral do Sporting, enquanto os laranjinhas se confinaram à minúscula sala Tejo. Por coincidência o endividamento que "comeu o Sporting" deriva do mesmo modelo de gestão que a tropa partidária de Durão Barroso aplicou ao país. Podemos ter um défice gigantesco cozinhado pela "crise" provocada pelos governos neocons acoitados no interior do ex-partido dito Social-Democrata, mas o apetite pelo controlo do aparelho de Estado, mesmo com "prejuizos astronómicos" continua a ser voraz. Que estranha forma de vida aliciará esta gente? - Pergunta escusada. E gasta.
Who is Who?
Enquanto Cavaco e os seus acólitos neocons acoitados à sombra do Conselho de Estado congeminam a melhor maneira de sanearem o actual pequeno Lider, não é preciso fazer grande esforço para calcular quem será o próximo jovem turco que dirigirá a Banda, mais simulacro de eleição directa ou menos indirecta, o próximo lider será "a promessa" que esteve presente na ultima reunião do Grupo Bilderberg - um curioso efeito dos dois microfones dá-lhe o aspecto de quem tem um letreiro pendurado ao pescoço com a palavra "credibilidade" - não precisava! - a gente acredita!
Muito se tem esforçado o inefável Fernandes director do jornal da Sonae por credibilizar e tornar "normal" (a Banda: um termo particularmente feliz do lider da debutante extrema-direita acoitada no CDS), dizia eu - a Banda Neocon que assentou praça no palácio cor-de-laranja de Belém como conselheiros do presidente, a propósito da não-presença de qualquer representante do BE e PCP no Conselho de Estado - que tinha sido igual a Sampaio, disse ele, mas o desmentido veio depressa:
até Vasco Pulido saiu a terreiro insurgindo-se contra "este raminho de cabeças pensantes que vai pôr em pé de guerra a esquerda e a república" - "isto começa mal", notou, enquanto por outro lado realçava a importância de "na medida do possivel o Conselho de Estado dever representar toda a opinião do Regime e do País" ( o artigo de VPV pode ser lido na integra aqui). Entretanto um leitor trouxe à baila outra citação de VPV: "não fui feito para isto", que por sua vez era uma citação de Chateaubriand, recordando do mesmo autor, a propósito da liberdade de expressão agora tão em voga, uma outra citação:
"Nunca o Crime será para mim um objecto de admiração nem um argumento de liberdade"
por isso, vejam lá o que vão (continuar a) fazer, meus senhores, seríamos nós induzidos a pensar, mas,
é tempo perdido e pérolas a porcos - na edição de hoje do pasquim vem farto tempo de antena às guerras do Império, culminando com um artigo do carniceiro de Bagdad - Rumsfeld ele próprio - que com o raciocinio natural das bestas para quem tudo é simples - titula a diatribe assim: "Sair agora do Iraque, equivaleria a ter entregue a Alemanha aos nazis de Hitler". Que espécie de direito divino dá a estes canalhas, com 130 mil mortos no curriculo (apenas neste caso) o direito de falar em nome de outros povos?
o inefável Fernandes está mesmo a pedir que lhe deixem de comprar o pasquim, mas enfim, os portugueses são o que são,,, e vão continuar a engordar esta gente - a ver a banda passar?
"A linguagem politica é desenhada para fazer com que as mentiras pareçam verdadeiras e a morte pareça respeitável, dando uma aparência sólida àquilo que é apenas puro vento"
George Orwell
domingo, março 19, 2006
Há algo de Podre,,, no reino da dinamarca
IranCartoons
Alain Gresh (publicado no Le Monde Diplomatique,Março 2006)
Uma pequena e valente nação europeia defendendo a liberdade de expressão; um povo acolhedor e tolerante surpreendido pela barbárie; um regime abatido pela irrupção do religioso na esfera politica... Este tipo de lugares-comuns sobre a Dinamarca marcou as polémicas das últimas semanas em torno das caricaturas do profeta Maomé.
É no entanto necessário quebrar o verniz para descobrir um quadro bem diferente destas imagens populares e idilicas. A Dinamarca, recorde-se, é tudo menos um Estado laico. Para além da Igreja não estar separada do Estado, existe uma religião de Estado - o protestantismo luterano - os padres são funcionários públicos, as aulas de cristianismo são obrigatórias nas escolas,etc. (ver: "Um contexto caricatural dinamarquês" por Heidi Bojsen da Univ. de Roskilde).
A tolerância encontra-se seriamente diminuida num país em que a maioria de centro-direita só se mantem graças ao apoio de uma formação de extrema-direita, o Partido do Povo Dinamarquês, que nada fica a dever à Frente Nacional francesa. Como assinala o jornalista Martin Burcharth, "nós dinamarqueses, tornámo-nos cada vez mais xenófobos. A publicação das caricaturas pouco tem a ver com a vontade de ver surgir um debate sobre a autocensura e a liberdade de expressão, só podendo ser compreendida num clima de profunda hostilidade a tudo o que aqui é muçulmano"
Note-se, por fim, que o diário Jyllands-Posten,(o mesmo que faz entrevistas benevolentes ao caçador de bruxas neocon yankee Daniel Pipes) que publicou as caricaturas de Maomé, se recusou há alguns anos atrás a publicar uma caricatura mostrando Cristo com as espinhas da coroa transformadas em bombas, atacando clinicas que praticam a interrupção voluntária da gravidez. A liberdade de expressão merece ser defendida. É inadmissivel saquear consulados ou embaixadas, e menos ainda queimá-los. Sim, a comunicação social deve desafiar os tabus, mesmo que se dê provas de maior coragem quando se contesta os da sua própria sociedade do que os das outras. Fica-se, assim, a aguardar a publicação em França de caricaturas - e artigos - sobre os patrões da imprensa, como Dassault, Bouygues ou Lagardère...
* para aprofundar o tema:
"Revoltas e rejeições em nome do Islão" por Georges Corm
Alain Gresh (publicado no Le Monde Diplomatique,Março 2006)
Uma pequena e valente nação europeia defendendo a liberdade de expressão; um povo acolhedor e tolerante surpreendido pela barbárie; um regime abatido pela irrupção do religioso na esfera politica... Este tipo de lugares-comuns sobre a Dinamarca marcou as polémicas das últimas semanas em torno das caricaturas do profeta Maomé.
É no entanto necessário quebrar o verniz para descobrir um quadro bem diferente destas imagens populares e idilicas. A Dinamarca, recorde-se, é tudo menos um Estado laico. Para além da Igreja não estar separada do Estado, existe uma religião de Estado - o protestantismo luterano - os padres são funcionários públicos, as aulas de cristianismo são obrigatórias nas escolas,etc. (ver: "Um contexto caricatural dinamarquês" por Heidi Bojsen da Univ. de Roskilde).
A tolerância encontra-se seriamente diminuida num país em que a maioria de centro-direita só se mantem graças ao apoio de uma formação de extrema-direita, o Partido do Povo Dinamarquês, que nada fica a dever à Frente Nacional francesa. Como assinala o jornalista Martin Burcharth, "nós dinamarqueses, tornámo-nos cada vez mais xenófobos. A publicação das caricaturas pouco tem a ver com a vontade de ver surgir um debate sobre a autocensura e a liberdade de expressão, só podendo ser compreendida num clima de profunda hostilidade a tudo o que aqui é muçulmano"
Note-se, por fim, que o diário Jyllands-Posten,(o mesmo que faz entrevistas benevolentes ao caçador de bruxas neocon yankee Daniel Pipes) que publicou as caricaturas de Maomé, se recusou há alguns anos atrás a publicar uma caricatura mostrando Cristo com as espinhas da coroa transformadas em bombas, atacando clinicas que praticam a interrupção voluntária da gravidez. A liberdade de expressão merece ser defendida. É inadmissivel saquear consulados ou embaixadas, e menos ainda queimá-los. Sim, a comunicação social deve desafiar os tabus, mesmo que se dê provas de maior coragem quando se contesta os da sua própria sociedade do que os das outras. Fica-se, assim, a aguardar a publicação em França de caricaturas - e artigos - sobre os patrões da imprensa, como Dassault, Bouygues ou Lagardère...
* para aprofundar o tema:
"Revoltas e rejeições em nome do Islão" por Georges Corm
sexta-feira, março 17, 2006
Despedimento sem justa causa também para os ministros! Já!
“A Vida, a Saúde, o Amor são precários, ¿porquê o trabalho não haveria de o ser também?”
Laurence Parisot, presidente do Movimento de Empresas de França (MEDEF)
"Em cada época, as ideias dominantes são as ideias da classe dominante"
Karl Marx
?
Virtual Sit-In de solidariedade com os estudantes grevistas de França!
Vamos entupir os principais portais do governo francês até eles libertarem os estudantes
Funciona mais ou menos assim:
Abram este link numa janela de um browser e deixem-na minimizada, o site simulará acessos repetidos aos portais governamentais franceses no sentido de esgotar a largura de banda.
Não queremos este modelo de economia!!
* mais informações
* Relato do 16 de Março
* Paris-Indymedia
Laurence Parisot, presidente do Movimento de Empresas de França (MEDEF)
"Em cada época, as ideias dominantes são as ideias da classe dominante"
Karl Marx
?
Virtual Sit-In de solidariedade com os estudantes grevistas de França!
Vamos entupir os principais portais do governo francês até eles libertarem os estudantes
Funciona mais ou menos assim:
Abram este link numa janela de um browser e deixem-na minimizada, o site simulará acessos repetidos aos portais governamentais franceses no sentido de esgotar a largura de banda.
Não queremos este modelo de economia!!
* mais informações
* Relato do 16 de Março
* Paris-Indymedia
quarta-feira, março 15, 2006
serviço público
A factura de electricidade abaixo refere-se ao consumo de uma escada de serviço de um prédio. O pagamento seguiu excluindo o valor que a EDP cobra em nome do Estado destinado à taxa para o Audiovisual (no caso mais de 40% do valor do consumo). Não é muito normal que as pessoas vejam televisão nos vãos de escada de serviço,,, ou é?
Lucros e Gestores
Há ainda quem tenha dúvidas sobre o facto da "crise que imediatamente foi instalada pelo discurso da tanga, a seguir à entrada em funções do Governo Barroso, não ter sido uma crise deliberadamente provocada.
BCP atinge lucro recorde de 753,5 milhões em 2005
O Millennium BCP aumentou os lucros, no ano passado, em 24,2%, para 753,5 milhões de euros, o valor mais elevado de sempre. O banco que "apareceu do nada" após a falência do Banco do Vaticano e depois de 4 visitas do Papa a Portugal, pretende ser o maior grupo financeiro português
Algo de estranho de passa!
Luís Gil
"Segundo notícias muito recentes, os cinco maiores bancos portugueses somaram, em 2005, lucros líquidos que ascederam a 1,4 por cento do PIB nacional! Quanto ao crescimento dos lucros (2005 em relação a 2004) nesta actividade só o Santander/Totta teve um crescimento dos resultados em 243 por cento e a CGD de 133 por cento, seguindo-se o BES, que aumentou os seus lucros em 85 por cento e o BPI em 57 por cento.
E não são só os bancos; a EDP teve um crescimento dos lucros de 30 por cent. Isto poderia levar a concluir que a actividade económica estaria em alta. Não se consegue assim perceber porque é que o país não avança e o Estado está em ruptura. Ainda para mais, uma parte dos gestores dessas entidades já foi membro dos sucessivos governos ou a eles estive de algum modo ligada. Assim sendo,não se compreende como é que gestores que conseguem estes resultados, quando se trata de gerir os bens públicos, não têm a mesma eficácia. Algo de estranho de passa!"
Inferem-se daqui algumas verdades, cada vez mais evidentes:
- por detrás da Economia, que devia ser uma Ciência Social e não um jogo de apostas financeiras, ocultam-se grandes grupos Financeiros.
- a essência do Neoliberalismo consiste em que esses grupos acedam ao Poder e as suas teses prevaleçam sobre o Poder Politico
- foi por acção e ao serviço destes grupos que o governo de Durão Barroso decretou a “crise”e começou de imediato a desmantelar o Estado Social, contrário aos seus interesses, na medida em que impediam a expansão dos seus negócios para as áreas da saúde, segurança social, educação, serviços públicos, e sectores chave na área da energia, telecomunicações, etc, tradicionalmente nas mãos do Estado.
- a tentativa de recuperação dos Investimentos em curso só acontecerá porque esses grupos (transnacionais) esperam ter aqui mais lucros do que noutro lado qualquer.
- É uma mentira, fazer crer que o Capital gerando mais Capital "cria" riqueza. Em ultima instância só o Trabalho produz riqueza, a que se pode acrescentar valor com a indexação de Serviços. O capitalismo cobrando juros à cabeça é uma invenção dos usurários judeus.
- o Código Laboral de Bagão Félix, que institui a precarização dos trabalhadores não foi alterado, muito menos revogado, pelos governos seguintes.
- o que sobra disto tudo é uma ilusão de Crescimento, um falso crescimento, na medida em que a grande concentração de capitais não é de todos. Esse volume de Dinheiro existe mas é riqueza concentrada apenas nas mãos de uns poucos.
- as pessoas olham o mundo a partir do seu posto de trabalho. Face ao emprego e à globalização, o que vêem hoje?
- Carvalho da Silva notava o chavão empregue pelos tecnocratas: “o mercado sente melhorias” – o mercado não sente nada. Quem sente são as Pessoas.
E o que é que nós sentimos? - sentimos que cada vez mais estamos a ser espoliados, e que os nossos impostos que pagamos debaixo de pressões cada vez mais diabólicas - estão a servir para sustentar um enorme monstro, uma autêntica Tríade de 3 cabeças: os Politicos corruptos ao serviço de interesses pessoais ou dos grupos a que pertencem, a Padralhada acoitada à sombra do orçamento do Estado, e as Guerras do Império de que o país é fiel contribuinte.
Hoje, como Ontem, os três pilares da Sociedade continuam a ser, como sempre, o General, o Padre e o Banqueiro, secretariados pelas suas cortes de serventuários.
----
"O fracasso (…) dos discípulos de Marx em construir uma concepção alternativa de riqueza é equivalente à subserviência para com a concepção de riqueza (do capitalismo). A ausência de um conceito de classe alternativo de riqueza permite a conclusão de que a riqueza emerge apenas através do capital. Permitir a hegemonia não questionada do conceito unilateral de riqueza é equivalente ao abandono da luta teórica".
Michael Leibowitz, “One sided-marxism” in “Beyond Capital”, 2004
BCP atinge lucro recorde de 753,5 milhões em 2005
O Millennium BCP aumentou os lucros, no ano passado, em 24,2%, para 753,5 milhões de euros, o valor mais elevado de sempre. O banco que "apareceu do nada" após a falência do Banco do Vaticano e depois de 4 visitas do Papa a Portugal, pretende ser o maior grupo financeiro português
Algo de estranho de passa!
Luís Gil
"Segundo notícias muito recentes, os cinco maiores bancos portugueses somaram, em 2005, lucros líquidos que ascederam a 1,4 por cento do PIB nacional! Quanto ao crescimento dos lucros (2005 em relação a 2004) nesta actividade só o Santander/Totta teve um crescimento dos resultados em 243 por cento e a CGD de 133 por cento, seguindo-se o BES, que aumentou os seus lucros em 85 por cento e o BPI em 57 por cento.
E não são só os bancos; a EDP teve um crescimento dos lucros de 30 por cent. Isto poderia levar a concluir que a actividade económica estaria em alta. Não se consegue assim perceber porque é que o país não avança e o Estado está em ruptura. Ainda para mais, uma parte dos gestores dessas entidades já foi membro dos sucessivos governos ou a eles estive de algum modo ligada. Assim sendo,não se compreende como é que gestores que conseguem estes resultados, quando se trata de gerir os bens públicos, não têm a mesma eficácia. Algo de estranho de passa!"
Inferem-se daqui algumas verdades, cada vez mais evidentes:
- por detrás da Economia, que devia ser uma Ciência Social e não um jogo de apostas financeiras, ocultam-se grandes grupos Financeiros.
- a essência do Neoliberalismo consiste em que esses grupos acedam ao Poder e as suas teses prevaleçam sobre o Poder Politico
- foi por acção e ao serviço destes grupos que o governo de Durão Barroso decretou a “crise”e começou de imediato a desmantelar o Estado Social, contrário aos seus interesses, na medida em que impediam a expansão dos seus negócios para as áreas da saúde, segurança social, educação, serviços públicos, e sectores chave na área da energia, telecomunicações, etc, tradicionalmente nas mãos do Estado.
- a tentativa de recuperação dos Investimentos em curso só acontecerá porque esses grupos (transnacionais) esperam ter aqui mais lucros do que noutro lado qualquer.
- É uma mentira, fazer crer que o Capital gerando mais Capital "cria" riqueza. Em ultima instância só o Trabalho produz riqueza, a que se pode acrescentar valor com a indexação de Serviços. O capitalismo cobrando juros à cabeça é uma invenção dos usurários judeus.
- o Código Laboral de Bagão Félix, que institui a precarização dos trabalhadores não foi alterado, muito menos revogado, pelos governos seguintes.
- o que sobra disto tudo é uma ilusão de Crescimento, um falso crescimento, na medida em que a grande concentração de capitais não é de todos. Esse volume de Dinheiro existe mas é riqueza concentrada apenas nas mãos de uns poucos.
- as pessoas olham o mundo a partir do seu posto de trabalho. Face ao emprego e à globalização, o que vêem hoje?
- Carvalho da Silva notava o chavão empregue pelos tecnocratas: “o mercado sente melhorias” – o mercado não sente nada. Quem sente são as Pessoas.
E o que é que nós sentimos? - sentimos que cada vez mais estamos a ser espoliados, e que os nossos impostos que pagamos debaixo de pressões cada vez mais diabólicas - estão a servir para sustentar um enorme monstro, uma autêntica Tríade de 3 cabeças: os Politicos corruptos ao serviço de interesses pessoais ou dos grupos a que pertencem, a Padralhada acoitada à sombra do orçamento do Estado, e as Guerras do Império de que o país é fiel contribuinte.
Hoje, como Ontem, os três pilares da Sociedade continuam a ser, como sempre, o General, o Padre e o Banqueiro, secretariados pelas suas cortes de serventuários.
----
"O fracasso (…) dos discípulos de Marx em construir uma concepção alternativa de riqueza é equivalente à subserviência para com a concepção de riqueza (do capitalismo). A ausência de um conceito de classe alternativo de riqueza permite a conclusão de que a riqueza emerge apenas através do capital. Permitir a hegemonia não questionada do conceito unilateral de riqueza é equivalente ao abandono da luta teórica".
Michael Leibowitz, “One sided-marxism” in “Beyond Capital”, 2004
terça-feira, março 14, 2006
EFEMÉRIDE
A teoria Marxista é um instrumento fundamental para compreender o Mundo criado pelo capitalismo industrial. Mas o que importa é transformar o Mundo.
KARL MARX (1818-1883)
a 14 de Março de 1883 morreu Karl Heinrich Marx, sentado à sua mesa de trabalho, num casebre. Foi sepultado no cemitério de Highgate, em Londres, no sector reservado às pessoas banidas e rejeitadas pela igreja anglicana.
À beira da sepultura, Engels proferiu uma emocionada oração fúnebre:
"MARX ERA, ANTES DE TUDO, UM REVOLUCIONÁRIO. A SUA VERDADEIRA MISSÃO NA VIDA ERA CONTRIBUIR, DE UM MODO OU DE OUTRO, PARA O DERRUBE DA SOCIEDADE CAPITALISTA E DAS INSTITUIÇÕES ESTATAIS POR ESTAS SUSCITADAS, CONTRIBUIR PARA A LIBERTAÇÃO DO PROLETARIADO MODERNO, DE QUE ELE FOI O PRIMEIRO A TORNAR CONSCIENTE DA SUA POSIÇÃO E DAS SUAS NECESSIDADES, CONSCIENTE DAS CONDIÇÕES DA SUA EMANCIPAÇÃO. A LUTA ERA O SEU ELEMENTO NATURAL. E ELE LUTOU COM UMA TENACIDADE E UM SUCESSO COM QUEM POUCOS PUDERAM RIVALIZAR. MARX FOI O HOMEM MAIS ODIADO E MAIS CALUNIADO DO SEU TEMPO. GOVERNOS, TANTO ABSOLUTISTAS COMO REPUBLICANOS, DEPORTARAM-NO DOS SEUS TERRITÓRIOS. BURGUESES, QUER CONSERVADORES OU ULTRADEMOCRÁTICOS, PORFIAVAM ENTRE SI AO LANÇAR DIFAMAÇÕES CONTRA ELE. TUDO ISSO ELE PUNHA DE LADO, COMO SE FOSSEM TEIAS DE ARANHA, NÃO QUERENDO TOMAR CONHECIMENTO, SÓ RESPONDIA QUANDO A NECESSIDADE EXTREMA O COMPELIA A TAL. E MORREU AMADO, REVERENCIADO E CHORADO POR MILHÕES DE COLEGAS TRABALHADORES REVOLUCIONÁRIOS - DAS MINAS DA SIBÉRIA ATÉ À CALIFÓRNIA, DE TODAS AS PARTES DA EUROPA E DA AMÉRICA - E ATREVO-ME A DIZER QUE, EMBORA, MUITO EMBORA, POSSA TER TIDO MUITOS ADVERSÁRIOS, NÃO TEVE NENHUM INIMIGO PESSOAL"
* sugestões de leitura:
"Porquê ler Marx hoje?" de Jonathan Wolff (Edições Cotovia-2003)
* Marxistas.Org
KARL MARX (1818-1883)
a 14 de Março de 1883 morreu Karl Heinrich Marx, sentado à sua mesa de trabalho, num casebre. Foi sepultado no cemitério de Highgate, em Londres, no sector reservado às pessoas banidas e rejeitadas pela igreja anglicana.
À beira da sepultura, Engels proferiu uma emocionada oração fúnebre:
"MARX ERA, ANTES DE TUDO, UM REVOLUCIONÁRIO. A SUA VERDADEIRA MISSÃO NA VIDA ERA CONTRIBUIR, DE UM MODO OU DE OUTRO, PARA O DERRUBE DA SOCIEDADE CAPITALISTA E DAS INSTITUIÇÕES ESTATAIS POR ESTAS SUSCITADAS, CONTRIBUIR PARA A LIBERTAÇÃO DO PROLETARIADO MODERNO, DE QUE ELE FOI O PRIMEIRO A TORNAR CONSCIENTE DA SUA POSIÇÃO E DAS SUAS NECESSIDADES, CONSCIENTE DAS CONDIÇÕES DA SUA EMANCIPAÇÃO. A LUTA ERA O SEU ELEMENTO NATURAL. E ELE LUTOU COM UMA TENACIDADE E UM SUCESSO COM QUEM POUCOS PUDERAM RIVALIZAR. MARX FOI O HOMEM MAIS ODIADO E MAIS CALUNIADO DO SEU TEMPO. GOVERNOS, TANTO ABSOLUTISTAS COMO REPUBLICANOS, DEPORTARAM-NO DOS SEUS TERRITÓRIOS. BURGUESES, QUER CONSERVADORES OU ULTRADEMOCRÁTICOS, PORFIAVAM ENTRE SI AO LANÇAR DIFAMAÇÕES CONTRA ELE. TUDO ISSO ELE PUNHA DE LADO, COMO SE FOSSEM TEIAS DE ARANHA, NÃO QUERENDO TOMAR CONHECIMENTO, SÓ RESPONDIA QUANDO A NECESSIDADE EXTREMA O COMPELIA A TAL. E MORREU AMADO, REVERENCIADO E CHORADO POR MILHÕES DE COLEGAS TRABALHADORES REVOLUCIONÁRIOS - DAS MINAS DA SIBÉRIA ATÉ À CALIFÓRNIA, DE TODAS AS PARTES DA EUROPA E DA AMÉRICA - E ATREVO-ME A DIZER QUE, EMBORA, MUITO EMBORA, POSSA TER TIDO MUITOS ADVERSÁRIOS, NÃO TEVE NENHUM INIMIGO PESSOAL"
* sugestões de leitura:
"Porquê ler Marx hoje?" de Jonathan Wolff (Edições Cotovia-2003)
* Marxistas.Org
com a "morte" de Slobodan Milosevic não vão conseguir enterrar a verdade
A propósito do desmembramento da Jugoslávia e do UCK o grupo terrorista que desencadeou o terror e o conflito no Kosovo que criou o pretexto para a intervenção da NATO, é preciso não esquecer o essencial:
Foi aqui, no cenário dos Balcãs que os EUA criaram com consistência o mito de Osama bin Laden e da Al-Qaeda. O aparecimento dos Neocons à frente do governo em Washington não pode ser apenas assacado ao Bando dos 4: Bush, Cheney, Rumsfeld, Wolfwitz – mas sim, à evolução natural do Capitalismo imperialista americano – em desespero de causa perante o crash da economia mundial eminente, derivado da bancarrota da bolsa da New Economy (Nasdaq 2000) os autores do Golpe das Torres Gémeas, mais tarde viram-se tambem desesperados por estabelecer uma ligação com a Al-Qaeda e o 11 de Setembro que lhes servisse de álibi (as WMD) para atacar o Afeganistão e o Iraque. A sobrevivência do Capitalismo depende deste tipo de ataques preventivos, de mentiras, da existência de um “inimigo” global a condizer com a exploração global, da Economia de Guerra! que possa sustentar o Complexo Politico-Militar, seja ele com a administração Bush e os seus apaniguados, ou seja próximamente com os “democratas” (a outra face do partido único) de Hillary Clinton.
Voltando aos Balcãs, neste sitio
http://www.kosovo.com/rpc.html
vê-se o embaixador Richard Holbrooke (nomeado por Clinton) com um comandante do KLA no verão de 1998, mas,,,
O desenvolvimento e treino das forças do KLA fazia parte do planeamento da NATO, dirigido directamente pelo general Wesley Clark muito, mas desde muito tempo antes. Nas palavras do antigo agente secreto da Drug Enforcement Administration (DEA) Michael Levine, escrevendo por alturas do bombardeamento de 1999 à Jugoslávia:
"Dez anos atrás estávamos a armar e equipar os piores elementos dos Mujahideen no Afeganistão — traficantes de droga, contrabandistas de armas, terroristas anti-americanos... Agora estamos a fazer a mesma coisa com o KLA, o qual está ligado a todos os cartéis da droga conhecidos no Médio e Extremo Oriente. A Interpol, Europol e quase toda a inteligência e agências anti-narcóticos europeias têm ficheiros abertos acerca de sindicatos da droga que conduzem directamente ao KLA e àos gangs albaneses neste país". (New American Magazine, Maio 24, 1999)
Mais tarde, quando se tornou uma espécie de “dissidente” contra os Neocons para se candidatar às eleições de 2004, Clark não só acusou George W. Bush de "possível manipulação da inteligência" como também apelou a uma investigação "para uma possível conduta 'criminosa" na condução da guerra".
Uma fotografia famosa junta com um artigo de Michel Chossudovsky
CRIMINOSOS DE GUERRA JUNTAM AS MÃOS (Kosovo 1999) da esquerda para a direita:
* Hashim Thaci, Chefe do KLA, estreitamente ligada à Al Qaeda de Osama bin Laden. Hashim Thaci ordenou assassinatos políticos contra o partido de Ibrahim Rugova. Thaci foi um protegido de Madeleine Albright (ver foto acima).
* Bernard Kouchner, Chefe da United Nations Mission in Kosovo (UNMIK), no Kosovo (Julho 1999- Janeiro 2001), foi agente instrumental na elevação do status do KLA na ONU.
* General Michael Jackson, Comandante das tropas do KFOR no Kosovo.
* General Agim Ceku, Comandante Militar do KPC, investigado pelo Tribunal Penal Internacional para a antiga Jugoslávia (ICTY) "por alegados crimes de guerra cometidos contra pessoas de etnia sérvia na Croácia entre 1993 e 1995." (AFP 13 Out. 1999)
* General Wesley Clark, Comandante Supremo da NATO.
O único que falta nesta foto é mesmo Osama bin Laden
convem ler o artigo todo com muita atenção aos detalhes pormenorizadamente mencionados
por ultimo, e como sei o tempo que estas coisas demoram a sistematizar, os meus (creio que posso dizer nossos, de todos que a leram) melhores agradecimentos à Margarida, pela esclarecida colaboração ao comentar um post sobre a "história que ainda se há-de fazer" no Aspirina B. Muito obrigado!
segunda-feira, março 13, 2006
a Fábrica
Segundo informação recolhida no Olissipo, bem andou o IPPAR na sua pretensão ao querer classificar urgentemente como património arquitectónico nacional o Palácio de Belém.Com efeito os danos susceptiveis de serem causados pelas nóveis clientelas do Palácio são bem reais e perigosas para as estruturas democráticas da área em si e das zonas envolventes.
Socorrendo-nos mais uma vez de René Magritte imaginemos as espécies piscicolas que se vão encarreirar esforçadamente para a salga – a metade exterior mundana e cruelmente nua na sua irrelevância jet-asséptica, a outra metade assumidamene carapau com fénico tecnocrático – ou seja, exactamente o oposto das sereias sonhadas nas nossas infâncias. Pese embora que, destas novas espécies sempre se possa, aqui e ali, ir aproveitando os rabos para fins não politicos.
----
Peixe estragado com destino ao mercado Import-Export:
Sócrates visitará Angola no próximo mês de Abril - seguindo o link, os comentários no AngoNoticias são elucidativos, como p/e este:
"O colonizador provoca e desenvolve a alienação cultural de uma parte da população, usando a chamada assimilação, ou criando uma abertura social entre as élites indigenas e as massas populares. Em consequência deste processo de dividir-se ou de aprofundar as divisões na sociedade acontece que uma parte consideravel da população, notavelmente a burguesia urbana e os camponeses ricos, assimilam a mentalidade dos colonizadores, chegam mesmo a considerar-se culturalmente superiores aos seus povos/compatriotas, ignorando e sistemáticamente dissolvendo os seus próprios valores culturais. O português cometeu atrocidades e limitou o nosso desenvolvimento. Mas nós Angolanos, liderados por uma élite (de "assimilados") mais extremista que os colonizadores, o que é que já alcançámos?"
Quem ler a "Nação Crioula" do José Eduardo Águalusa percebe isto.
Socorrendo-nos mais uma vez de René Magritte imaginemos as espécies piscicolas que se vão encarreirar esforçadamente para a salga – a metade exterior mundana e cruelmente nua na sua irrelevância jet-asséptica, a outra metade assumidamene carapau com fénico tecnocrático – ou seja, exactamente o oposto das sereias sonhadas nas nossas infâncias. Pese embora que, destas novas espécies sempre se possa, aqui e ali, ir aproveitando os rabos para fins não politicos.
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Peixe estragado com destino ao mercado Import-Export:
Sócrates visitará Angola no próximo mês de Abril - seguindo o link, os comentários no AngoNoticias são elucidativos, como p/e este:
"O colonizador provoca e desenvolve a alienação cultural de uma parte da população, usando a chamada assimilação, ou criando uma abertura social entre as élites indigenas e as massas populares. Em consequência deste processo de dividir-se ou de aprofundar as divisões na sociedade acontece que uma parte consideravel da população, notavelmente a burguesia urbana e os camponeses ricos, assimilam a mentalidade dos colonizadores, chegam mesmo a considerar-se culturalmente superiores aos seus povos/compatriotas, ignorando e sistemáticamente dissolvendo os seus próprios valores culturais. O português cometeu atrocidades e limitou o nosso desenvolvimento. Mas nós Angolanos, liderados por uma élite (de "assimilados") mais extremista que os colonizadores, o que é que já alcançámos?"
Quem ler a "Nação Crioula" do José Eduardo Águalusa percebe isto.
sábado, março 11, 2006
Portugal, Escritório de Representações Yankees, SA
"A Comunidade lusófona, Cabo Verde e Angola estarão entre as minhas prioridades"
Anibal Cavaco Silva
Nicolas Sarkozy filho de pai emigrante estrangeiro - o tal que apelidou os jovens de Paris de escumalha da sociedade - putativo candidato neoconservador à sucessão de Chirac na Presidência em França, foi dos primeiros a vir prestar vassalagem à recém estabelecida baiuka plantada perto do mar, neste cantinho. Oficialmente, segundo a CS, na visita veio tratar de tudo,,, menos do essencial.
Embora por aqui, no Troll Urbano, algo se tivesse adiantado no sentido em que se conclui: "Entendi-o perfeitamente Sr. Ministro", o facto é que o essencial está noutro lado. Trata-se de know-how (chamêmos-lhe assim) sobre práticas correntes de exploração neo-colonialista. E a chave está neste artigo:
Mistura de planos (publicado no Le Monde Diplomatique- Fevereiro 2006)
Depois do processo dos dirigente da Elf em 2002, um outro «caso», o das vendas de armas ilícitas a Angola na primeira metade da década de 1990, poderá agora ser levado a tribunal em França, instruídos pelo juiz Jean-Pierre Courroye, os factos incriminados poderão ser objecto de um processo em 2007. Em 1992, para neutralizar uma nova ofensiva da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) e proteger as suas instalações petrolíferas, o governo de Luanda terá solicitado ajuda militar a França. Os padrinhos do processo de paz – Rússia, Portugal e Estados Unidos – tinham decidido, por ocasião dos Acordos de Bicesse (Portugal) de 1991, não entregar armas aos beligerantes. Jean-Chistophe Miterrand ter-se-ia então encarregado de satisfazer a procura. Antigo director da secção Africa do Eliseu, o filho do presidente francês teria organizado o tráfico com a ajuda de Pierre Falcone, conselheiro da Sofreni, empresa estatal responsável pela exportação de material de segurança, e próxima de Jean-Charles Marchiani, braço direito do ministro do Interior Charles Pasqua. A instrução judiciaária permitiu já ouvir os protagonistas, e Miterrand foi detido temporariamente. Não parece haver em Paris grande pressa em ver o processo chegar o bom porto...
Desde o «caso Elf» que uma mistura de tão grande dimensão dos planos político-económico parece ter vindo a diminuir ( ler a investigação de Anne-Valérie Hoh e Barbara Vignaux* (aqui em espanhol). No entanto, essa mistura perdura revestindo-se de outras formas em certos países, como o Gabão, onde homens de negócios franceses pertencem ao círculo próximo do presidente Omar Bongo e não hesitam em activar as suas amizades políticas, de direita e de esquerda, em França. Entretanto, a Total dispersou os antigos quadros da Elf, alguns dos quais se refugiaram em duas pequenas sociedades francesas: a Perenco e a Maurel & Prom. No quadro da abertura dos mercados do continente negro, as antigas rede foram substituídas por estratégias de requalificação pessoal que criam uma nebulosa de homens de negócios influentes nas áreas da energia, construção, comunicações, banca, seguros, segurança e aconselhamento jurídico. Estes actores económicos, muitas vezes ligados aos partidos políticos franceses e aos meios governamentais, não hesitam em manipular tanto a maioria como a oposição. Assim, na Costa do Mafim Olivier Bouygues, presidente da Saur-CIE (grupo Bouygues), é próximo do célebre opositor Alassne Ouattara. Mas a «comunicação » do grupo foi confiada a Martine Studer (Ocean Ogilvy), mulher de Christian Studer (grupo Bolloré) e activista da «campanha pela paz» do presidente Laurent Gbagbo.
Esta trama, que assume por vezes a forma de casamentos entre homens de negócios e mulheres do círculo presidencial do país envolvido, constitui um notável apoio para certos regimes ditatoriais ou autoritários no espaço francófono. Assim, no caso do Gabão, Jean-Claude Baloche, presidente da Socoba (construção), casou com Flore Bongo, filha do presidente; a mulher de Edouard Valentin, presidente do conselho de administração da seguradora Ogar, trabalha no secretariado de Bongo; também ele francês, Paul Bry, que dirige a Sonapresse, edita o principal jornal diário do país e apoia o regime ... Nas vésperas da eleição presidencial de 29 de Outubro de 2005, o governo francês atribuiu ostensivamente 17 milhões de euros, sob a forma de anulaçºao da dívida externa, à petromonarquia de Libreville. O Burquina-Faso, o Togo, o Gabão, os Camarões e o Congo-Brazzaville são palco de conluios por vezes mafiosos, sobre os quais a representação política francesa nunca se debruçou verdadeiramente. Estes conluios, bem como a exploração social das populações no quadro de economias muito desiguais, alimentam, entre os povos africanos, uma rejeição cada vez mais violenta da presença francesa.
Não foi Cavaco Silva que quando foi primeiro Ministro de deslocou a Angola (Luena) apoiando efusivamente o MPLA num comicio eleitoral?
Não foi Durão Barroso, convidado para o casamento da filha do ditador angolano?
Não foram eles os dois, que continuadamente ignoraram e ignoram as graves situações de violação dos Direitos Humanos que todos os dias se desprezam em Angola?
Anibal Cavaco Silva
Nicolas Sarkozy filho de pai emigrante estrangeiro - o tal que apelidou os jovens de Paris de escumalha da sociedade - putativo candidato neoconservador à sucessão de Chirac na Presidência em França, foi dos primeiros a vir prestar vassalagem à recém estabelecida baiuka plantada perto do mar, neste cantinho. Oficialmente, segundo a CS, na visita veio tratar de tudo,,, menos do essencial.
Embora por aqui, no Troll Urbano, algo se tivesse adiantado no sentido em que se conclui: "Entendi-o perfeitamente Sr. Ministro", o facto é que o essencial está noutro lado. Trata-se de know-how (chamêmos-lhe assim) sobre práticas correntes de exploração neo-colonialista. E a chave está neste artigo:
Mistura de planos (publicado no Le Monde Diplomatique- Fevereiro 2006)
Depois do processo dos dirigente da Elf em 2002, um outro «caso», o das vendas de armas ilícitas a Angola na primeira metade da década de 1990, poderá agora ser levado a tribunal em França, instruídos pelo juiz Jean-Pierre Courroye, os factos incriminados poderão ser objecto de um processo em 2007. Em 1992, para neutralizar uma nova ofensiva da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) e proteger as suas instalações petrolíferas, o governo de Luanda terá solicitado ajuda militar a França. Os padrinhos do processo de paz – Rússia, Portugal e Estados Unidos – tinham decidido, por ocasião dos Acordos de Bicesse (Portugal) de 1991, não entregar armas aos beligerantes. Jean-Chistophe Miterrand ter-se-ia então encarregado de satisfazer a procura. Antigo director da secção Africa do Eliseu, o filho do presidente francês teria organizado o tráfico com a ajuda de Pierre Falcone, conselheiro da Sofreni, empresa estatal responsável pela exportação de material de segurança, e próxima de Jean-Charles Marchiani, braço direito do ministro do Interior Charles Pasqua. A instrução judiciaária permitiu já ouvir os protagonistas, e Miterrand foi detido temporariamente. Não parece haver em Paris grande pressa em ver o processo chegar o bom porto...
Desde o «caso Elf» que uma mistura de tão grande dimensão dos planos político-económico parece ter vindo a diminuir ( ler a investigação de Anne-Valérie Hoh e Barbara Vignaux* (aqui em espanhol). No entanto, essa mistura perdura revestindo-se de outras formas em certos países, como o Gabão, onde homens de negócios franceses pertencem ao círculo próximo do presidente Omar Bongo e não hesitam em activar as suas amizades políticas, de direita e de esquerda, em França. Entretanto, a Total dispersou os antigos quadros da Elf, alguns dos quais se refugiaram em duas pequenas sociedades francesas: a Perenco e a Maurel & Prom. No quadro da abertura dos mercados do continente negro, as antigas rede foram substituídas por estratégias de requalificação pessoal que criam uma nebulosa de homens de negócios influentes nas áreas da energia, construção, comunicações, banca, seguros, segurança e aconselhamento jurídico. Estes actores económicos, muitas vezes ligados aos partidos políticos franceses e aos meios governamentais, não hesitam em manipular tanto a maioria como a oposição. Assim, na Costa do Mafim Olivier Bouygues, presidente da Saur-CIE (grupo Bouygues), é próximo do célebre opositor Alassne Ouattara. Mas a «comunicação » do grupo foi confiada a Martine Studer (Ocean Ogilvy), mulher de Christian Studer (grupo Bolloré) e activista da «campanha pela paz» do presidente Laurent Gbagbo.
Esta trama, que assume por vezes a forma de casamentos entre homens de negócios e mulheres do círculo presidencial do país envolvido, constitui um notável apoio para certos regimes ditatoriais ou autoritários no espaço francófono. Assim, no caso do Gabão, Jean-Claude Baloche, presidente da Socoba (construção), casou com Flore Bongo, filha do presidente; a mulher de Edouard Valentin, presidente do conselho de administração da seguradora Ogar, trabalha no secretariado de Bongo; também ele francês, Paul Bry, que dirige a Sonapresse, edita o principal jornal diário do país e apoia o regime ... Nas vésperas da eleição presidencial de 29 de Outubro de 2005, o governo francês atribuiu ostensivamente 17 milhões de euros, sob a forma de anulaçºao da dívida externa, à petromonarquia de Libreville. O Burquina-Faso, o Togo, o Gabão, os Camarões e o Congo-Brazzaville são palco de conluios por vezes mafiosos, sobre os quais a representação política francesa nunca se debruçou verdadeiramente. Estes conluios, bem como a exploração social das populações no quadro de economias muito desiguais, alimentam, entre os povos africanos, uma rejeição cada vez mais violenta da presença francesa.
Não foi Cavaco Silva que quando foi primeiro Ministro de deslocou a Angola (Luena) apoiando efusivamente o MPLA num comicio eleitoral?
Não foi Durão Barroso, convidado para o casamento da filha do ditador angolano?
Não foram eles os dois, que continuadamente ignoraram e ignoram as graves situações de violação dos Direitos Humanos que todos os dias se desprezam em Angola?
de mãos dadas,,, (com a Banca)
“O tipo mais perfeito, mais avançado de Estado burguês é a Republica Democrática Parlamentar. O Poder pertence ao Parlamento; a máquina do Estado, o aparelho e os orgãos do Governo são os habituais: o Exército permanente, Policia e uma Burocracia práticamente inamovivel, previlegiada e colocada acima do Povo”.
Lenine (Teses de Abril, 1917)
Com o golpe militar de 25 de Abril de 1974 assistiu-se em Portugal a uma mudança da clique no poder. Os “revoltosos” entregaram de imediato o poder ao general mais reaccionário que estava à mão, Spinola. Tratava-se de instaurar a Democracia parlamentar do tipo europeu que pudesse continuar em termos estáveis, modernos, o mesmo tipo de exploração capitalista. Sabe-se o que se passou depois, com as lutas populares a exigirem revolucionar o país e a pretenderem obter condições de vida tambem a condizer com os novos tempos.
A correlação de forças sociais em presença, num país endémicamente atrasado, que oscilava entre o ruralismo maioritário semi-analfabeto e as pequenas classes urbanas com alguma instrução mas dependendo de empregos no sector terciário, levaram os sociais-chauvinistas do Partido dito Socialista ( de retórica “socialista”, mas chauvinista nos actos) a fazer prevalecer o sistema politico do liberalismo em vigor na Europa. Com uma formação de classes profundamente distorcida, já partíamos atrasados 30 anos relativamente a essa Europa que se tinha começado a reconstruir no pós-guerra, sob a égide do capitalismo americano.Tudo, nesta óptica, ficou decidido no contra-golpe de 25 de Novembro, comandado por um obscuro coronel do Exército – que vamos re-encontrar hoje como mandatário nacional e eminência parda do Regime, sub-delegando poderes da Opus Dei no novo Presidente Cavaco Silva, um Executivo de sempre desse mesmo (ancien) regime.
Muitos anos e catadupas de fundos comunitários à frente, vemos que as coisas não mudaram. O atraso permanece, quem domina são os mesmos de sempre, apenas o atraso mudou - actualmente é de 50 anos!. Sob a hegemonia americana, que não se questiona, conta-se agora com o inevitável decrescimento Europeu, “para finalmente os apanharmos”. Em benefício de quem?, será este objectivo, definido pelas cúpulas das cliques partidárias de sempre, o nosso verdadeiro Designio Nacional?, onde fica a Democracia participativa, única forma de obter a coesão social necessária para nos afirmarmos como Povo e como Nação? Como se “participa” nalguma coisa com estes niveis de formação e educação?
“Vamos provar que somos capazes de vencer a tirania da resignação” é o chavão da moda cavaquista – mas quem? para o quê e a favor de quem, pedem a nossa colaboração, supõe-se que empenhada? – ,,, para alimentar os mesmos de sempre?
Piroseira boliqueimeira
A familia Cavaco sobe a rampa do Palácio de Belem de mãos dadas,,, – pretende-se fazer passar a ideia que somos governados por gente comum, iguais a nós, que tiveram a sua oportunidade por trabalharem com afinco e competência, sucesso como qualquer um de nós podia ter – qualquer sopeira de repente, neste regime milagroso, se pode transformar numa princesa Leticia Ortiz charmosa – nada mais erróneo: esta gente está ali porque são serventuários dos grandes capitalistas, dos grupos económicos dominantes, das grandes multinacionais monopolistas, dos banqueiros *. Ninguem que na realidade pertença a estas famiglias se expõe hoje ao odioso de executar tarefas reles, de tratar da saúde à escumalha. Delegam nos quadros executivos intermédios, sem noção de classe, que se mostrem disponiveis. Temos então Cavaco Silva como supremo Magistrado da Nação. Mas não é o meu Presidente, nem, estou em crer, o da maioria dos portugueses.
(* Repare-se nos conteúdos dos telejornais e como os assuntos que predominam na pseudo-informação são os deles – e repare-se como as questões dos trabalhadores “desapareceram” do mapa mediático – como p/e o despedimento colectivo e o encerramento da Rhode)
A maior operação policial de sempre desencadeada em Lisboa, teve lugar ontem durante a tomada de posse de Cavaco Silva. Isto diz bem o que vai ser este país, cada vez mais securitário. Este dia foi quase de estado de sitío, as ruas circundantes onde iam passar as comitivas estavam repletas de policias de trânsito, paisanas, e no ar ouviam-se os helicópteros, mais os snapires da policia tudo pronto para o que desse e viesse se aparecesse ai um perigoso "terrorista" – Cavaco sabe que em Belém se movimenta em terreno hostil. Foi eleito, (à rasquinha), com base num discurso de omissões e mentiras - pelos mesmos tradicionais atrasados semi-analfabetos funcionais do Norte, que em 30 anos, deseducados e alienados para serem a essência do Regime, tambem não mudaram.
Lenine (Teses de Abril, 1917)
Com o golpe militar de 25 de Abril de 1974 assistiu-se em Portugal a uma mudança da clique no poder. Os “revoltosos” entregaram de imediato o poder ao general mais reaccionário que estava à mão, Spinola. Tratava-se de instaurar a Democracia parlamentar do tipo europeu que pudesse continuar em termos estáveis, modernos, o mesmo tipo de exploração capitalista. Sabe-se o que se passou depois, com as lutas populares a exigirem revolucionar o país e a pretenderem obter condições de vida tambem a condizer com os novos tempos.
A correlação de forças sociais em presença, num país endémicamente atrasado, que oscilava entre o ruralismo maioritário semi-analfabeto e as pequenas classes urbanas com alguma instrução mas dependendo de empregos no sector terciário, levaram os sociais-chauvinistas do Partido dito Socialista ( de retórica “socialista”, mas chauvinista nos actos) a fazer prevalecer o sistema politico do liberalismo em vigor na Europa. Com uma formação de classes profundamente distorcida, já partíamos atrasados 30 anos relativamente a essa Europa que se tinha começado a reconstruir no pós-guerra, sob a égide do capitalismo americano.Tudo, nesta óptica, ficou decidido no contra-golpe de 25 de Novembro, comandado por um obscuro coronel do Exército – que vamos re-encontrar hoje como mandatário nacional e eminência parda do Regime, sub-delegando poderes da Opus Dei no novo Presidente Cavaco Silva, um Executivo de sempre desse mesmo (ancien) regime.
Muitos anos e catadupas de fundos comunitários à frente, vemos que as coisas não mudaram. O atraso permanece, quem domina são os mesmos de sempre, apenas o atraso mudou - actualmente é de 50 anos!. Sob a hegemonia americana, que não se questiona, conta-se agora com o inevitável decrescimento Europeu, “para finalmente os apanharmos”. Em benefício de quem?, será este objectivo, definido pelas cúpulas das cliques partidárias de sempre, o nosso verdadeiro Designio Nacional?, onde fica a Democracia participativa, única forma de obter a coesão social necessária para nos afirmarmos como Povo e como Nação? Como se “participa” nalguma coisa com estes niveis de formação e educação?
“Vamos provar que somos capazes de vencer a tirania da resignação” é o chavão da moda cavaquista – mas quem? para o quê e a favor de quem, pedem a nossa colaboração, supõe-se que empenhada? – ,,, para alimentar os mesmos de sempre?
Piroseira boliqueimeira
A familia Cavaco sobe a rampa do Palácio de Belem de mãos dadas,,, – pretende-se fazer passar a ideia que somos governados por gente comum, iguais a nós, que tiveram a sua oportunidade por trabalharem com afinco e competência, sucesso como qualquer um de nós podia ter – qualquer sopeira de repente, neste regime milagroso, se pode transformar numa princesa Leticia Ortiz charmosa – nada mais erróneo: esta gente está ali porque são serventuários dos grandes capitalistas, dos grupos económicos dominantes, das grandes multinacionais monopolistas, dos banqueiros *. Ninguem que na realidade pertença a estas famiglias se expõe hoje ao odioso de executar tarefas reles, de tratar da saúde à escumalha. Delegam nos quadros executivos intermédios, sem noção de classe, que se mostrem disponiveis. Temos então Cavaco Silva como supremo Magistrado da Nação. Mas não é o meu Presidente, nem, estou em crer, o da maioria dos portugueses.
(* Repare-se nos conteúdos dos telejornais e como os assuntos que predominam na pseudo-informação são os deles – e repare-se como as questões dos trabalhadores “desapareceram” do mapa mediático – como p/e o despedimento colectivo e o encerramento da Rhode)
A maior operação policial de sempre desencadeada em Lisboa, teve lugar ontem durante a tomada de posse de Cavaco Silva. Isto diz bem o que vai ser este país, cada vez mais securitário. Este dia foi quase de estado de sitío, as ruas circundantes onde iam passar as comitivas estavam repletas de policias de trânsito, paisanas, e no ar ouviam-se os helicópteros, mais os snapires da policia tudo pronto para o que desse e viesse se aparecesse ai um perigoso "terrorista" – Cavaco sabe que em Belém se movimenta em terreno hostil. Foi eleito, (à rasquinha), com base num discurso de omissões e mentiras - pelos mesmos tradicionais atrasados semi-analfabetos funcionais do Norte, que em 30 anos, deseducados e alienados para serem a essência do Regime, tambem não mudaram.
Resultados eleitorais nas Presidenciais:
- Em 9 Distritos não atingiu maioria absoluta.- Cavaco Silva obteve 41,21% dos votos na Área Metropolitana de Lisboa
sexta-feira, março 10, 2006
Danças Macabras
Na noite passada no hall do museu
Reuniram-se os Fósseis para um baile
Não houve tambores ou saxofones
Mas somente o arrastar dos seus ossos
Rolando, rastejando, num circo inconsequente
de mamutes dançando polcas e mazurcas
Pterodáctilos e Brontossários
Entoaram fantasmagóricos córus pré históricos
Alimentando as ossadas mastodonticas
- Surpreeendi o olhar dum pequeno fóssil,
Alegra-te, triste mundo, e soçobrou –
Há um certo gozo em ser-se extinto
A Cruz de Belém
Quem entra na Basilica dos Mártires, ali ao Chiado, depara-se-lhe em frente, sobre o altar-mor, um Ovni rosáceo, um objecto suspenso com a forma de um coração pontiagudo. Averiguando mais cuidadamente a coisa, trata-se de uma encomenda da Igreja (ICAR) - uma escultura executada pelo italiano Guido Dettoni, de que se vendem miniaturas de souvenir na sacristia. Deve ter sido útil aos fiéis pensarem que em época de eleições Presidenciais uma Estrela/Cruz lhes tenha trazido a Belém um homem providencial que os irá finalmente salvar da miséria. Esperemos que não só da miséria material, mas que o Salvador prossiga a tarefa noutros campos, mormente no desenvolvimento da capacidade intelectual destas aventesmas, ele próprio um pobre coitado que nem prós gastos da casa dispõe de stock..
Há contudo quem, não acreditando nem em deus nem no diabo, se tenha hábilmente antecipado às medidas Governativas neoliberais da Grande Coligação Cavaco-Sócrates recorrendo às graças de São Expedito – as chapinhas metálicas carinhosamente gravadas agradecem as graças recebidas, sem ligar a ponta de um corno ao Estado – lá está: “a Lurdinhas agradece o facto de ter sido reformada a tempo”. Valha-nos deus nosso senhor – de facto quem não se apressar a morrer depressa corre o risco de ter um prejuizo do caraças!
Do outro lado da Igreja, São Judas Tadeu, um bocado de pau de cerca de meio metro esculpido e pintado com forma imperial romana, montado sobre a sua corpulenta caixa de esmolas, deve-se roer de inveja – ele só trata de maleitas físicas. Embora tambem ele tenha o seu enxame de chapinhas. Pode não haver dinheiro para ir ao médico, nem para os medicamentos, para para o gravador de metais lá se vai arranjando. Benza-se o ministro da Saúde!
(clique na imagem para ampliar)
Na Bíblia, há apenas uma única referência ao episódio da famosa Estrela de Belém, que terá guiado os reis magos até ao Menino Jesus. Aparece no Evangelho de Mateus (2:1–16): «Tendo, pois, nascido Jesus em Belém de Judá, no tempo do rei Herodes, eis que uns magos chegaram do Oriente a Jerusalém, dizendo: Onde está o rei dos judeus, porque nós vimos a sua estrela no Oriente, e viemos adorá-lo.»
Mito ou Realidade?, de onde viria esta crença?
Segundo as antigas crônicas essênias e rozacruzes, quando o Divino Infante Krishna nasceu, também foi uma brilhante estrela que anunciou seu nascimento e os Magos, imediatamente, foram homenageá-lo e adorá-lo, levando-lhe sândalo e perfumes. Por ocasião do nascimento de Buda, uma grande estrela, que passou pelos céus, proclamou a sua divindade e os sábios, de novo, foram visitá-lo no Seu lugar de nascimento, e renderam-lhe homenagens e ofereceram-lhe presentes, etc.O nascimento de Confúcio, em 551 a.C., tambem foi anunciado por uma estrela muito grande – ler mais aqui
Acontece que a “estrela” era o Cometa Halley, que aparece nos céus a cada 76 anos. Faça as contas e deduza. Giotto pintou o Halley na posição correcta, com a cauda voltada em sentido oposto ao estábulo, na adoração dos magos pintada a fresco na Capela Arena, em Padova Itália, pois viu-o em 1301 (na “nossa” Pádua próximo de onde depois foi eternizado o nosso Santo António de Lisboa)
A imaginação popular transformou os três sábios astrólogos de que falam os Evangelhos em reis. A padralhada que se costuma alimentar destas coisas, seguiu religiosamente a tendência. Por exemplo, a pintura «Adoração dos Magos» da oficina de Vasco Fernandes, que está exposta no Museu Grão Vasco em Viseu, pintada no início dos anos 1500, pouco depois da descoberta do Brasil, inclui como sendo um dos Reis Magos um índio brasileiro, com o seu traje de penas.
Diria Pêro Vaz de Caminha na sua carta ao Rei:
«Mas tome Vossa Alteza minha ignorância por boa vontade, a qual, bem certo, creia que por afremosentar nem afear haja aqui de pôr mais do que aquilo que vi e me pareceu»
Alguém, por caridade, que dê o recado ao Cavaco!
quinta-feira, março 09, 2006
¿ Não se aprendeu nada com Berlusconi?
recordam-se daquela boca de Emidio Rangel quando disse que com a cadeia de TV de que então era director, poderia fabricar um Presidente?
Após uma década de Berlusconi precisa-se urgentemente de um salvador que possa pôr termo ao já longo declinio económico italiano. Com a “Operação Mãos Limpas”, que derrubou a classe politica e parte do sistema partidário dominante desde 1945, a democracia italiana atravessou um grande impeto de mudança, que começou com a chegada de sangue novo à classe politica: os velhos profissionais implicados até à medula na Corrupção desapareceram de cena e os que estavam limpos à direita, os neo-fascistas de Gianfranco Fini coligaram-se com o magnata da Comunicação Social Berlusconi chegando de forma relativamente fácil ao poder. Fora desta coligação, de um populismo desbragado, que pretendem fazer passar como Centro o sistema partidário continua, como é tradicional em Itália, bastante pulverizado. Ao fim destes dez anos os italianos tiveram uma década de erosão do Poder Judicial com Berlusconi a escapar-se por inúmeras vezes à Justiça invocando imunidade politica nos diversos processos em que foi acusado.
Com eleições marcadas para o dia 9 de Abril o clima pré-eleitoral roça o burlesco – Nanni Morett, um cineasta intelectual de esquerda, comanda o chamado “sobressalto cívico”, para o que contribuiu com a rodagem de “O Camaleão” (estreia a 24 de Março) uma caricatura do actual primeiro-ministro, com intrincados percalços na rodagem devido a diversas recusas de actores com medo de represálias. (um dos quais Michele Plácido, o comissário Cattani da série de televisão “o Polvo” desistiu do papel à última hora. De tal modo Berlusconi está acossado que à cerimónia inaugural dos Jogos Olimpicos de Inverno que recentemente tiveram lugar em Turim, e onde estiveram 30 Chefes de Estado, o Primeiro Ministro de Itália não esteve presente. A cidade está de há muito deprimida na medida em que depende práticamente das fábricas da FIAT que também de há muito estão em crise. Berlusconi, claro, safou-se de pisar terrenos adversos e de apanhar uma monumental vaia, senão algum ovo ou tomate podre nas fuças. Querem apostar que vem à investidura do Cavaco?
Se algumas analogias se podem retirar deste contexto, uma delas é a destruição do Sistema Judicial; ficando este inoperacional, os Crimes, sejam eles quais forem, (excepção feita aos praticados por ladrões de pé-descalço) deixam de constituir preocupação para a malta de colarinho branco e fatiotas Boss e Armani,,, E nós por cá? – como convém relembrar, ainda estamos na fase da,,,
Operação Mãos Porcas
novas de um dos autores do
golpe do Processo Casa Pia (2002), a mando do 1º Ministro Durão Barroso, Celeste Cardona então Ministra da Justiça pelo CDS e o PGR, em associação com Washington - que, em três penadas limparam o nome de Paulo Portas do Processo Moderna, saneou a vice-procuradora da PJ Maria José Morgado e procedeu ao assassinato politico da direcção do PS destruindo-lhe a credibilidade como Oposição Democrática. Daqui, até à presença de Barroso na Cimeira das Lages como estalajadeiro ao lado de Bush, foi um pulinho.
Recorde-se que entre a documentação do Processo Moderna se encontravam elementos que envolviam o depois ministro da Defesa Portas, à cabeça de uma task-force numa tentativa de tomada do Poder através de uma grande organização (Universidade) utilizando mediáticamente a manipulação de sondagens e outros meios.
"Estamos a criar todas as condições para uma recuperação da nossa economia, de forma sustentada e duradoura, que seja visivel já a partir do 2º semestre do próximo ano"
Durão Barroso, in Povo Livre em "Setembro 2002)
Estava inaugurado o estilo de governação made-in-usa baseado em mentiras. A institucionalização do método prossegue.
Seta Laranja
Com a tomada de posse do novo Presidente, e irremediavelmente comprometidos com o Eixo Atlântico, seria bom que o Regime assumisse um simbolo declaradamente objectivo na assunpção do país como Protectorado anglófono com raizes no liberalismo importado. Daí a nova (nova como quem diz - circa 1800 e picos) estrelinha a piscar no imaginário da constelação Neocon. Mais vale tarde, que nunca.
No acto de posse do Sr Silva, determina-se que a nova Bandeira seja "dependurada" em todas as repartições Públicas. Rápido!, antes que sejam todas privatizadas.
Após uma década de Berlusconi precisa-se urgentemente de um salvador que possa pôr termo ao já longo declinio económico italiano. Com a “Operação Mãos Limpas”, que derrubou a classe politica e parte do sistema partidário dominante desde 1945, a democracia italiana atravessou um grande impeto de mudança, que começou com a chegada de sangue novo à classe politica: os velhos profissionais implicados até à medula na Corrupção desapareceram de cena e os que estavam limpos à direita, os neo-fascistas de Gianfranco Fini coligaram-se com o magnata da Comunicação Social Berlusconi chegando de forma relativamente fácil ao poder. Fora desta coligação, de um populismo desbragado, que pretendem fazer passar como Centro o sistema partidário continua, como é tradicional em Itália, bastante pulverizado. Ao fim destes dez anos os italianos tiveram uma década de erosão do Poder Judicial com Berlusconi a escapar-se por inúmeras vezes à Justiça invocando imunidade politica nos diversos processos em que foi acusado.
Com eleições marcadas para o dia 9 de Abril o clima pré-eleitoral roça o burlesco – Nanni Morett, um cineasta intelectual de esquerda, comanda o chamado “sobressalto cívico”, para o que contribuiu com a rodagem de “O Camaleão” (estreia a 24 de Março) uma caricatura do actual primeiro-ministro, com intrincados percalços na rodagem devido a diversas recusas de actores com medo de represálias. (um dos quais Michele Plácido, o comissário Cattani da série de televisão “o Polvo” desistiu do papel à última hora. De tal modo Berlusconi está acossado que à cerimónia inaugural dos Jogos Olimpicos de Inverno que recentemente tiveram lugar em Turim, e onde estiveram 30 Chefes de Estado, o Primeiro Ministro de Itália não esteve presente. A cidade está de há muito deprimida na medida em que depende práticamente das fábricas da FIAT que também de há muito estão em crise. Berlusconi, claro, safou-se de pisar terrenos adversos e de apanhar uma monumental vaia, senão algum ovo ou tomate podre nas fuças. Querem apostar que vem à investidura do Cavaco?
Se algumas analogias se podem retirar deste contexto, uma delas é a destruição do Sistema Judicial; ficando este inoperacional, os Crimes, sejam eles quais forem, (excepção feita aos praticados por ladrões de pé-descalço) deixam de constituir preocupação para a malta de colarinho branco e fatiotas Boss e Armani,,, E nós por cá? – como convém relembrar, ainda estamos na fase da,,,
Operação Mãos Porcas
novas de um dos autores do
golpe do Processo Casa Pia (2002), a mando do 1º Ministro Durão Barroso, Celeste Cardona então Ministra da Justiça pelo CDS e o PGR, em associação com Washington - que, em três penadas limparam o nome de Paulo Portas do Processo Moderna, saneou a vice-procuradora da PJ Maria José Morgado e procedeu ao assassinato politico da direcção do PS destruindo-lhe a credibilidade como Oposição Democrática. Daqui, até à presença de Barroso na Cimeira das Lages como estalajadeiro ao lado de Bush, foi um pulinho.
Recorde-se que entre a documentação do Processo Moderna se encontravam elementos que envolviam o depois ministro da Defesa Portas, à cabeça de uma task-force numa tentativa de tomada do Poder através de uma grande organização (Universidade) utilizando mediáticamente a manipulação de sondagens e outros meios.
"Estamos a criar todas as condições para uma recuperação da nossa economia, de forma sustentada e duradoura, que seja visivel já a partir do 2º semestre do próximo ano"
Durão Barroso, in Povo Livre em "Setembro 2002)
Estava inaugurado o estilo de governação made-in-usa baseado em mentiras. A institucionalização do método prossegue.
Seta Laranja
Com a tomada de posse do novo Presidente, e irremediavelmente comprometidos com o Eixo Atlântico, seria bom que o Regime assumisse um simbolo declaradamente objectivo na assunpção do país como Protectorado anglófono com raizes no liberalismo importado. Daí a nova (nova como quem diz - circa 1800 e picos) estrelinha a piscar no imaginário da constelação Neocon. Mais vale tarde, que nunca.
No acto de posse do Sr Silva, determina-se que a nova Bandeira seja "dependurada" em todas as repartições Públicas. Rápido!, antes que sejam todas privatizadas.
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