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quarta-feira, março 15, 2006

Lucros e Gestores

Há ainda quem tenha dúvidas sobre o facto da "crise que imediatamente foi instalada pelo discurso da tanga, a seguir à entrada em funções do Governo Barroso, não ter sido uma crise deliberadamente provocada.

BCP atinge lucro recorde de 753,5 milhões em 2005
O Millennium BCP aumentou os lucros, no ano passado, em 24,2%, para 753,5 milhões de euros, o valor mais elevado de sempre. O banco que "apareceu do nada" após a falência do Banco do Vaticano e depois de 4 visitas do Papa a Portugal, pretende ser o maior grupo financeiro português

Algo de estranho de passa!

Luís Gil
"Segundo notícias muito recentes, os cinco maiores bancos portugueses somaram, em 2005, lucros líquidos que ascederam a 1,4 por cento do PIB nacional! Quanto ao crescimento dos lucros (2005 em relação a 2004) nesta actividade só o Santander/Totta teve um crescimento dos resultados em 243 por cento e a CGD de 133 por cento, seguindo-se o BES, que aumentou os seus lucros em 85 por cento e o BPI em 57 por cento.
E não são só os bancos; a EDP teve um crescimento dos lucros de 30 por cent. Isto poderia levar a concluir que a actividade económica estaria em alta. Não se consegue assim perceber porque é que o país não avança e o Estado está em ruptura. Ainda para mais, uma parte dos gestores dessas entidades já foi membro dos sucessivos governos ou a eles estive de algum modo ligada. Assim sendo,não se compreende como é que gestores que conseguem estes resultados, quando se trata de gerir os bens públicos, não têm a mesma eficácia. Algo de estranho de passa!"

Inferem-se daqui algumas verdades, cada vez mais evidentes:
- por detrás da Economia, que devia ser uma Ciência Social e não um jogo de apostas financeiras, ocultam-se grandes grupos Financeiros.
- a essência do Neoliberalismo consiste em que esses grupos acedam ao Poder e as suas teses prevaleçam sobre o Poder Politico
- foi por acção e ao serviço destes grupos que o governo de Durão Barroso decretou a “crise”e começou de imediato a desmantelar o Estado Social, contrário aos seus interesses, na medida em que impediam a expansão dos seus negócios para as áreas da saúde, segurança social, educação, serviços públicos, e sectores chave na área da energia, telecomunicações, etc, tradicionalmente nas mãos do Estado.
- a tentativa de recuperação dos Investimentos em curso só acontecerá porque esses grupos (transnacionais) esperam ter aqui mais lucros do que noutro lado qualquer.
- É uma mentira, fazer crer que o Capital gerando mais Capital "cria" riqueza. Em ultima instância só o Trabalho produz riqueza, a que se pode acrescentar valor com a indexação de Serviços. O capitalismo cobrando juros à cabeça é uma invenção dos usurários judeus.
- o Código Laboral de Bagão Félix, que institui a precarização dos trabalhadores não foi alterado, muito menos revogado, pelos governos seguintes.
- o que sobra disto tudo é uma ilusão de Crescimento, um falso crescimento, na medida em que a grande concentração de capitais não é de todos. Esse volume de Dinheiro existe mas é riqueza concentrada apenas nas mãos de uns poucos.
- as pessoas olham o mundo a partir do seu posto de trabalho. Face ao emprego e à globalização, o que vêem hoje?
- Carvalho da Silva notava o chavão empregue pelos tecnocratas: “o mercado sente melhorias” – o mercado não sente nada. Quem sente são as Pessoas.
E o que é que nós sentimos? - sentimos que cada vez mais estamos a ser espoliados, e que os nossos impostos que pagamos debaixo de pressões cada vez mais diabólicas - estão a servir para sustentar um enorme monstro, uma autêntica Tríade de 3 cabeças: os Politicos corruptos ao serviço de interesses pessoais ou dos grupos a que pertencem, a Padralhada acoitada à sombra do orçamento do Estado, e as Guerras do Império de que o país é fiel contribuinte.
Hoje, como Ontem, os três pilares da Sociedade continuam a ser, como sempre, o General, o Padre e o Banqueiro, secretariados pelas suas cortes de serventuários.
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"O fracasso (…) dos discípulos de Marx em construir uma concepção alternativa de riqueza é equivalente à subserviência para com a concepção de riqueza (do capitalismo). A ausência de um conceito de classe alternativo de riqueza permite a conclusão de que a riqueza emerge apenas através do capital. Permitir a hegemonia não questionada do conceito unilateral de riqueza é equivalente ao abandono da luta teórica".
Michael Leibowitz, “One sided-marxism” in “Beyond Capital”, 2004

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