Ana Blandiana, autora de “Projectos do Passado”
Por aqui neste blogue de um casalinho de cucos pululam (populam) os anormais que “pensam” que o Professor Freitas, por via das ultimas opiniões debitadas como MNE sobre o caso da manipulação dos cartoons, é um homem de Esquerda. A missão dos autores é óbvia: contribuir para o saneamento politico do prof. Freitas e extirpar de referências da direita com credibilidade os governos socialistas que eventualmente possam recorrer a personalidades conservadoras com prestígio - isolar a ala direita do PS, como se este PS fosse de esquerda. Depois da tarefa concluida, a porta fica aberta para uma "nova Direita". E o regime, todo ele, derivou imperceptivelmente para um alinhamento neoconservador alinhado com os neofascistas de Washington. Já me tinham contado também anteriormente que o Cavaco era de Centro-Esquerda. Foi por esta altura que, posto em confronto hilariante com tanto passarão, finalmente percebi que a minha avó é uma jovem passarinha na juventude dos seus 85 anos.
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Na linguagem corrente das aves de rapina selvagens o verbo Ser e Ter pronuncia-se num único vocábulo. É prático e eficiente em termos de idiosincrasia tecnocrática. Nos arrulhos dos vastos pombais e capoeiras dos animais domésticos a comunicação por complexos cucurrucuscus complica muito mais a capacidade de questionamento das verdades oficiais. A linguagem é vulnerável, dispersa pelas luzes alienantes dos espectáculos, as ideias perdem-se na grande massa amorfa nas necessidades de encher o papo.
Heiddeger (1889-1976) o filósofo da ascenção do Nazismo, nomeado para a cátedra da Universidade de Friburgo ocupada até então por Edmundo Husserl proferiu o discurso de posse referindo-se “à glória e grandeza da Revolução alemã de 1933”. Era o começo da aplicação prática da sua obra “O Ser e o Tempo” (Sein und Zeit-1927). Nessa obra, considerada a mais importante do filósofo, se destrinça o que é Ser (ser-aí) ou o Ser-no-Mundo – que faz toda a diferença entre o Ente-que-vive (Dasein) e aqueles que se limitam a Existir (Seiende),,, entre aqueles que pela sua posição na escala hierárquica social à sombra dos aparelhos políticos do Estado podem exercer a sua acção de exploradores e activistas do Bem,,, e aqueles outros que na sua condição de submissão têm de condicionar as suas vidas a uma existência sub-humana de excluídos desse mesmo Bem. Com as suas palestras requentadas de falcões vivinhos-da-costa, que têm capacidade de compreender mas que fingem ignorar a grande massa ignara, antes querendo que ela apenas exista e lhes sirva para contabilizar cabeças, a nova Direita só nos traz ideias velhas. Para azar deles cada vez há menos pombas. Não nascemos para isto.
É por essas e por outras que os intelectuais com visibilidade consentida são sempre mais culpados do que os outros pelas doenças da Sociedade.
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