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domingo, março 05, 2006

Pombas e Aves de Rapina

“Estive sempre convencida que a capacidade de compreender é directamente proporcional à responsabilidade. Quanto mais compreendemos mais somos responsáveis pelas coisas compreendidas”
Ana Blandiana, autora de “Projectos do Passado

Por aqui neste blogue de um casalinho de cucos pululam (populam) os anormais que “pensam” que o Professor Freitas, por via das ultimas opiniões debitadas como MNE sobre o caso da manipulação dos cartoons, é um homem de Esquerda. A missão dos autores é óbvia: contribuir para o saneamento politico do prof. Freitas e extirpar de referências da direita com credibilidade os governos socialistas que eventualmente possam recorrer a personalidades conservadoras com prestígio - isolar a ala direita do PS, como se este PS fosse de esquerda. Depois da tarefa concluida, a porta fica aberta para uma "nova Direita". E o regime, todo ele, derivou imperceptivelmente para um alinhamento neoconservador alinhado com os neofascistas de Washington. Já me tinham contado também anteriormente que o Cavaco era de Centro-Esquerda. Foi por esta altura que, posto em confronto hilariante com tanto passarão, finalmente percebi que a minha avó é uma jovem passarinha na juventude dos seus 85 anos.

A Culpa dos Intelectuais

Na linguagem corrente das aves de rapina selvagens o verbo Ser e Ter pronuncia-se num único vocábulo. É prático e eficiente em termos de idiosincrasia tecnocrática. Nos arrulhos dos vastos pombais e capoeiras dos animais domésticos a comunicação por complexos cucurrucuscus complica muito mais a capacidade de questionamento das verdades oficiais. A linguagem é vulnerável, dispersa pelas luzes alienantes dos espectáculos, as ideias perdem-se na grande massa amorfa nas necessidades de encher o papo.
Heiddeger (1889-1976) o filósofo da ascenção do Nazismo, nomeado para a cátedra da Universidade de Friburgo ocupada até então por Edmundo Husserl proferiu o discurso de posse referindo-se “à glória e grandeza da Revolução alemã de 1933”. Era o começo da aplicação prática da sua obra “O Ser e o Tempo” (Sein und Zeit-1927). Nessa obra, considerada a mais importante do filósofo, se destrinça o que é Ser (ser-aí) ou o Ser-no-Mundo – que faz toda a diferença entre o Ente-que-vive (Dasein) e aqueles que se limitam a Existir (Seiende),,, entre aqueles que pela sua posição na escala hierárquica social à sombra dos aparelhos políticos do Estado podem exercer a sua acção de exploradores e activistas do Bem,,, e aqueles outros que na sua condição de submissão têm de condicionar as suas vidas a uma existência sub-humana de excluídos desse mesmo Bem. Com as suas palestras requentadas de falcões vivinhos-da-costa, que têm capacidade de compreender mas que fingem ignorar a grande massa ignara, antes querendo que ela apenas exista e lhes sirva para contabilizar cabeças, a nova Direita só nos traz ideias velhas. Para azar deles cada vez há menos pombas. Não nascemos para isto.
É por essas e por outras que os intelectuais com visibilidade consentida são sempre mais culpados do que os outros pelas doenças da Sociedade.

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