Uma simples mistificação dos economistas da escola neoliberal norte-americana, fazendo tábua rasa da distinção entre o Valor de Uso e o Valor de Troca das mercadorias de Karl Marx em “O Capital” moldou o mundo do pós-guerra tal e qual o conhecemos. Neste sentido, só o Presente é nosso, não o momento passado nem aquele que aguardamos, porque um está destruido, e do outro, se não lutarmos, não sabemos se existirá.
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sexta-feira, março 10, 2006
A Cruz de Belém
Quem entra na Basilica dos Mártires, ali ao Chiado, depara-se-lhe em frente, sobre o altar-mor, um Ovni rosáceo, um objecto suspenso com a forma de um coração pontiagudo. Averiguando mais cuidadamente a coisa, trata-se de uma encomenda da Igreja (ICAR) - uma escultura executada pelo italiano Guido Dettoni, de que se vendem miniaturas de souvenir na sacristia. Deve ter sido útil aos fiéis pensarem que em época de eleições Presidenciais uma Estrela/Cruz lhes tenha trazido a Belém um homem providencial que os irá finalmente salvar da miséria. Esperemos que não só da miséria material, mas que o Salvador prossiga a tarefa noutros campos, mormente no desenvolvimento da capacidade intelectual destas aventesmas, ele próprio um pobre coitado que nem prós gastos da casa dispõe de stock..
Há contudo quem, não acreditando nem em deus nem no diabo, se tenha hábilmente antecipado às medidas Governativas neoliberais da Grande Coligação Cavaco-Sócrates recorrendo às graças de São Expedito – as chapinhas metálicas carinhosamente gravadas agradecem as graças recebidas, sem ligar a ponta de um corno ao Estado – lá está: “a Lurdinhas agradece o facto de ter sido reformada a tempo”. Valha-nos deus nosso senhor – de facto quem não se apressar a morrer depressa corre o risco de ter um prejuizo do caraças!
Do outro lado da Igreja, São Judas Tadeu, um bocado de pau de cerca de meio metro esculpido e pintado com forma imperial romana, montado sobre a sua corpulenta caixa de esmolas, deve-se roer de inveja – ele só trata de maleitas físicas. Embora tambem ele tenha o seu enxame de chapinhas. Pode não haver dinheiro para ir ao médico, nem para os medicamentos, para para o gravador de metais lá se vai arranjando. Benza-se o ministro da Saúde!
(clique na imagem para ampliar)
Na Bíblia, há apenas uma única referência ao episódio da famosa Estrela de Belém, que terá guiado os reis magos até ao Menino Jesus. Aparece no Evangelho de Mateus (2:1–16): «Tendo, pois, nascido Jesus em Belém de Judá, no tempo do rei Herodes, eis que uns magos chegaram do Oriente a Jerusalém, dizendo: Onde está o rei dos judeus, porque nós vimos a sua estrela no Oriente, e viemos adorá-lo.»
Mito ou Realidade?, de onde viria esta crença?
Segundo as antigas crônicas essênias e rozacruzes, quando o Divino Infante Krishna nasceu, também foi uma brilhante estrela que anunciou seu nascimento e os Magos, imediatamente, foram homenageá-lo e adorá-lo, levando-lhe sândalo e perfumes. Por ocasião do nascimento de Buda, uma grande estrela, que passou pelos céus, proclamou a sua divindade e os sábios, de novo, foram visitá-lo no Seu lugar de nascimento, e renderam-lhe homenagens e ofereceram-lhe presentes, etc.O nascimento de Confúcio, em 551 a.C., tambem foi anunciado por uma estrela muito grande – ler mais aqui
Acontece que a “estrela” era o Cometa Halley, que aparece nos céus a cada 76 anos. Faça as contas e deduza. Giotto pintou o Halley na posição correcta, com a cauda voltada em sentido oposto ao estábulo, na adoração dos magos pintada a fresco na Capela Arena, em Padova Itália, pois viu-o em 1301 (na “nossa” Pádua próximo de onde depois foi eternizado o nosso Santo António de Lisboa)
A imaginação popular transformou os três sábios astrólogos de que falam os Evangelhos em reis. A padralhada que se costuma alimentar destas coisas, seguiu religiosamente a tendência. Por exemplo, a pintura «Adoração dos Magos» da oficina de Vasco Fernandes, que está exposta no Museu Grão Vasco em Viseu, pintada no início dos anos 1500, pouco depois da descoberta do Brasil, inclui como sendo um dos Reis Magos um índio brasileiro, com o seu traje de penas.
Diria Pêro Vaz de Caminha na sua carta ao Rei:
«Mas tome Vossa Alteza minha ignorância por boa vontade, a qual, bem certo, creia que por afremosentar nem afear haja aqui de pôr mais do que aquilo que vi e me pareceu»
Alguém, por caridade, que dê o recado ao Cavaco!
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