Carta do leitor Gonçalo Tapadas Tavares, Ponte de Sor:
"Para quê tantos Oficiais?"
“Foi publicada na comunicação social uma noticia que pouco ou nada surpreendeu a opinião pública: os militares são aos magotes, os ordenados auferidos pelos três ramos das Forças Armadas (FA) são impensáveis e representativos do expoente máximo do despesismo orçamental e financeiro do Estado e, até mesmo, as funções das FA devem ser repensadas em prol de uma melhor distribuição dos fundos, afinal, provenientes das contribuições de todos nós. Ao longo dos ultimos decénios, as FA tornaram-se numa elite restrita de oficiais, tenentes e demais designações de altas patentes do sector. A noticia de que existem 460 oficiais a mais configura uma extrema ilegalidade, perpetrada, silenciosa e faseadamente, ao longo dos últimos governos, prejudicando os contribuintes portugueses na sua globalidade. Acresce o dispêndio de fundos que esta situação implica: 250 milhões de euros para manter este quadro excedentário, o que representa 15 por cento do orçamento destinado a estas forças. Assim, para alem de o próprio Estado fomentar uma ilegalidade, ainda paga para a manter, e estes custos, inevitavelmente, serão cada vez maiores até ao final da vida deste quadro excedentário. Esta situação não só alerta para a discrepância em termos de salários face aos demais funcionários públicos, como nos acautela sobre os vencimentos, as reformas que estes mesmos oficiais beneficiarão até ao final dos seus dias. Deste modo, este número é crepitante e necessita a longo prazo de extinção de organismos e diminuição dos recursos humanos urgente para manutenção da ordem financeira do Estado, sob pena do aumento dos impostos sobre os mais desfavorecidos. Perante ordenados que atingem mais de 5000 euros/mês, urge alterar o quadro de carreiras e proceder a uma diminuição rápida face ao número de oficiais. Na mesma medida se questiona o objectivo das FA e os seu serviço prestado, para além das funções associadas à NATO e a outras organizações multilaterais. O sector militar já perdeu a envolvência que o abraçou nas décadas de 60/70 e hoje configura um sorvedor de fundos, com orçamentos a si destinados com aumentos muito acima da média.
(...) Para além de serem muitos os oficiais, as FA parecem ser um Estado dentro do Estado, e isso é inquietante”.
Ps - Dá-se um doce a quem adivinhar o que estaria escrito na parte censurada (...), junto ao último parágrafo da carta, pelo jornal da marioneta bélica José ManelFernandes, que por esta altura foi a correr de urgência para o Libano cozinhar a versão Neocon da agressão sionista.
A guerra que Portugal travou em África (Angola, Guiné e Moçambique), entre 1961 e 1974 contribuiu de forma decisiva para a queda do fascismo no 25 de Abril, sendo este o acontecimento mais marcante da nossa história na segunda metade do século XX.
A guerra que Portugal hoje em dia trava, pela Globalização em nome do Império, contribuirá, no século XXI, seguramente para uma libertação do género do 25 de Abril, mas desta feita, na correspondente escala Global. Socialismo ou Barbárie?
Sob a bandeira do socialismo
"A sentença de morte da academia pós-modernista norte-americana contra a teoria crítica de Marx foi uma fraude. Tornou-se mesmo o novo credo «cuia absurdum» das ciências humanas corporativamente departamentalizadas. Face às guerras coloniais que inauguraram o século XXI, os genocídios económicos administrados pelos bancos mundiais e as organizações do comércio global, e aos infinitos fenómenos de violência local e global, esta «superação de Marx» adquire hoje um significado patético.
O poder militar e financeiro do mundo concentra-se nas mãos de um pequeno número de empresas. Os sistemas jurídicos democráticos permitem doses mínimas de soberania social, quando não ocultam autênticos sistemas tirânicos em que reina a corrupção. O terror do Estado, que Hobbes definiu programaticamente por via da metáfora totalitária do Leviatan, impõe-se nos quatro cantos do mundo com a mesma naturalidade como se tratasse de uma vontade divina. Nos centros privilegiados do poder mundial, em Londres, Moscovo, Nova Iorque, este terror encena-se como um sistema de segurança nacional, e uma guerra contra um terrorismo que abrange dentro da mesma caixa conceptual as altas tecnologias de destruição nuclear e biológica do planeta, e, no seu outro extremo, o controlo digital de todos os seres humanos. Nas cordilheiras e nas selvas da Colômbia, Equador e Peru, nos povos curdos e Tchechenos, a nas altas montanhas do Tibete, ou nas civilizações sunitas e chiítas do Próximo Oriente tudo jaz em ruínas" (...)
Um ensaio do prof. Eduardo Subirats publicado no El País, em 27/06, que pode continuar a ser lido aqui
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