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quarta-feira, julho 19, 2006

o Planeta dos Miseráveis

Planet of Slums” (O Planeta dos Miseráveis) é uma novela bombástica, resplandecente e tremendamente irritante. Mike Davis faz um trabalho brilhante na dramatização das condições de vida nos miseráveis subúrbios das cidades do 3º Mundo dando uma destacada contribuição para a sua compreensão. Previsivelmente, ele põe a grelhar os suspeitos do costume – o FMI e o Banco Mundial - que, com a pontualidade de um relógio de cuco, saem a terreiro em, mais ou menos, cada 10 páginas. Procuramos por heróis ou heroínas que dêem algum sentido à procura de um caminho para o futuro. Em vão; simplesmente, neste livro, não aparece nem um. No universo urbano neo- Blade Runner, os NGOs são agentes doadores do imperialismo económico, as classes médias dos países desenvolvidos escravizam os pobres, os pobres exploram-se uns aos outros, ou soçobram apenas na condição de vítimas, e os altos funcionários administrativos do FMI e do Banco Mundial agem como burocratas supervisionando as culturas agrícolas no hemisfério Sul, como fornecedores de serviços confortavelmente sentados ao volante. Pelo meio, os países de desenvolvimento médio são obrigados a optar pelos mercados de capitais ou pelo vazio. O autor parece ignorar propositadamente as soluções e algumas significativas contribuições para o desenvolvimento dadas pelas populações locais e pelas suas organizações, governos nacionais, sectores privados das empresas privadas, Ong,s, etc. E faz bem, porque comparados com as monstruosas redes de dominação implantadas quaisquer esforços, mesmo pretendendo-se que sejam honestos, fácilmente se pressentem serem quase irrelevantes. A extrema indiferença para encontrar soluções é perigosa. Tanto mais que estes conceitos já levam mais de uma década a serem compreendidos. Talvez no seu próximo livro Davis dê azo à sua profunda criatividade investigando os caminhos do futuro, tanto mais que o deprimente cenário de “O Planeta dos Miseráveis” alastrou dos subúrbios do 3º Mundo, generalizando-se aos subúrbios das cidades nos países mais ou menos desenvolvidos, porque alinhados como Império, como por exemplo em Los Angeles, Paris, New York, São Paulo, Rio, Washington (uma das cidades com maior criminalidade do mundo),Cidade do México, ou mais recentemente com a destruição sem reparação de New Orleans.

É neste cenário de terror soft, que um lider de um pequeno país que é visto no estrangeiro como um país em contínua degradação e declínio no que respeita ao mais variados indicadores económicos, necessitando de um «grande abalo» (segundo o retrato negro traçado pelo guru da gestão norte-americana, Jack Welch),,,
,,, lhe dá para a Cavacantropia - que, obviamente não é coisa que tivesse saído das moleirinhas do seu staff - of course, que a filosofia lhe é sugerida por instâncias superiores. Esta gente presta-se a fazer cada papel,,,
A pobreza surge como uma forma de exclusão social que se manifesta em termos de privação da satisfação das necessidades mínimas, materiais e imateriais e que resulta da escassez de recursos de que dispõe um indivíduo ou uma família. A privação é múltipla e traduz-se por más condições de vida, em domínios tão diversos como a alimentação, o vestuário, a habitação, os transportes, os cuidados de saúde, a educação, a cultura e a participação cívica. Como se sabe, estas carências raramente ocorrem isoladas.

vejamos então, de forma séria, - afinal o que é a Exclusão Social?

Trata-se dum processo de ruptura na relação dum indivíduo ou grupo com a sociedade, resultante da interacção de várias causas, (imediatas, intermédias ou estruturais) que afectam os indivíduos ou grupos e cujos comportamentos são caracterizados por manifestações de pobreza, de precarização da vida em sociedade ou de perda de autonomia como cidadãos.
Como salienta Alfredo Bruto da Costa, no seu livro “Exclusões Sociais” (1998, Gradiva) existem cinco tipos de exclusão social:

Económico – trata-se da pobreza, definida como uma “situação de privação múltipla, por falta de recursos” e caracterizada, fundamentalmente, por más condições de vida, baixos níveis de instrução e qualificação profissional, desemprego ou emprego precário (com baixas remunerações e más condições de trabalho). A sua duração prolongada gera características próprias, psicológicas, culturais e comportamentais. No seu extremo, esta forma de exclusão social pode conduzir à situação dos sem-abrigo.
Social - a causa imediata reside na ruptura de laços sociais, gerando-se uma situação de privação de tipo relacional, caracterizada por isolamento e, por vezes, associada à falta de autonomia pessoal. Pode resultar da falta de recursos (rendimento), do estilo de vida familiar ou da deficiente provisão de serviços públicos. É o caso dos idosos que vivem na solidão, dos deficientes sem apoio ou dos doentes crónicos ou acamados, carentes de cuidados.
Cultural – deve-se a fenómenos de ordem cultural, como a discriminação racial ou de género. É o caso da situação de exclusão dalgumas minorias étnico-culturais.
Patológico – trata-se de situações de ruptura familiar, motivadas por factores de natureza psicológica ou mental, como os comportamentos violentos. É o caso de doentes do foro psiquiátrico não internados e que não são aceites pelas famílias.
Comportamentos auto-destrutivos – este tipo de exclusão tem como causas imediatas, comportamentos relacionados com a toxicodependência, o alcoolismo e a prostituição.

Para aprofundar o tema, ler os três artigos de José Alberto Pitacas publicados no Noticias da Amadora, de onde se extraiu parcialmente a resenha acima:

* Roteiro da exclusão social (I)
* Roteiro da exclusão social (II)
* Roteiro da exclusão Social (III)

Em Portugal, mais de dois milhões de pessoas vivem em situação de pobreza ou noutra forma de exclusão social. Contudo, o consenso quanto a esta questão fica-se apenas pela evidência dos números, não necessariamente pela importância que se lhes dá ou pelo seu reconhecimento como um sério problema social nacional. Por detrás das diversas posições estão diferentes conceitos e caracterizações do fenómeno da exclusão social, que implicam naturais diferenças de respostas e soluções. Daí a importância de não se tirar ilações precipitadas perante um aparente “rebate de consciência social” que têm surgido em discursos de sectores conservadores e neoliberais, desde o final do mês de Abril e a sua incapacidade compreender a actual crise: Não é com planos de caridade, como os propostos por Cavaco Silva e Sócrates, que se conseguirá resolver o agravamento das desigualdades em Portugal,
por Eugénio Rosa - no www. resistir.info/

Santa Angelina Jolie
o "jet set", os Conselheiros de Estado, comentadores em televisões
as revistas côr-de-rosa e, claro, a padralhada
tendem a apresentar os chamados "famosos"
como um género de santinhos muito amiguinhos dos pobrezinhos
escamoteando a verdadeira compreensão
do problema da pobreza
enquanto as altas patentes militares e os banqueiros
que tomaram o poder politico, se banqueteiam
à tripa forra

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