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quarta-feira, julho 12, 2006

Jornalismo (II)

Condições de trabalho dos Jornalistas



Extraido de “Jornalismo, Grupos Económicos e Democracia” de Fernando Correia (ISCTE), Edit. Caminho

"Ao longo dos últimos anos, as condições de trabalho dos jornalistas (falo da grande maioria, e não das elites e vedetas) têm vindo a degradar-se. Um documento sindical de 2003, mas que permanece actual (“Por uma agenda dos poderes públicos para ao Media – contributo do Sinsicato dos Jornalistas), caracterizava assim a situação resultante de actuações patronais:
• desrespeito generalizado por direitos consagrados em lei e nos contratos colectivos de trabalho;
• tentativa de diminuição da capacidade reinvidicativa e do exercicio de direitos fundamentais
• recurso generalizado à substituição de jornalistas por estudantes de jornalismo, constituindo uma prática sistemática de trabalho ilegal;
• recurso a utilização de formas de trabalho precário (recibos verdes e contratos a termo);
• precaridade dos próprios salários e até fuga ao pagamento à Segurança Social e ao Fisco;
• proliferação de contratos individuais de trabalho, estabelecendo cláusulas à margem das convenções colectivas geralmente menos favoráveis do que estas;
• elevado número de empresas à margem de qualquer associação patronal;
• avaliações de desempenho dos jornalistas e outros trabalhadores sem a negociação prévia dos respectivos regulamentos com as organizações representativas dos trabalhadores;
• agravamento do esvaziamento das redacções, designadamente com recurso às recisões ditas amigáveis, empobrecendo gravemente a memória histórica nos orgãos de informação;
• estagnação ou mesmo inexistência de carreiras profissionais;
• redução dos salarios reais;
• atribuição descricionária de aumentos salariais;
• criação de condições objectivas para a autocensura e para a subordinação a normas e procedimentos estranhos à liberdade de imprensa e à independência dos jornalistas.

Este panorama fala por si e mostra até que ponto as condições de trabalho e de PRODUÇÃO DE INFORMAÇÃO podem condicionar sériamente a qualidade, disponibilidade e responsabilidade da actividade dos jornalistas".

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