Tudo o que acontece no nosso presente, é resultado de uma lógica que provém do que foi construido no passado.
"Ninguem deverá ter orgulho em ter Poder sobre a Vida e a Morte. Tudo aquilo de que os outros tenham Medo em vós, vos será devolvido de igual forma"
Seneca
Os Senhores da Guerra – o CSP, um grupo militarista na sombra do poderio norte-americano - Episódio 4 - o Center for Security Policy
Criado em 1988, o CSP reivindica ser o sucessor político do CPD, sem precisar se é, também ele, uma emanação dos serviços stay-behind. Entende “defender a paz internacional mediante o desenvolvimento do poderio dos Estados Unidos da América.” Douglas J. Feith (depois secretário adjunto da Defesa, tendo a seu cargo a política de Defesa) e Frank J. Gaffney Jr, antigo assistente parlamentar do senador Henry”Scoop” Jackson, foram os fundadores e asseguraram sucessivamente a sua direcção. Esta nova associação dispõe de um orçamento limitado (1,7 milhões de dólares por ano). Tal orçamento provém principalmente de donativos das fundações da família Richard Mellon Scaife da Gulf Oil (ver Instituições com conexões aqui, uma das quais é a "nossa" Tereza Heinz Kerry) e das sociedades de armamento Boeing Company e Lockheed Martin Corporation.Ela dispõe, não obstante, de uma influencia considerável através dos seus administradores e conselheiros, que são actualmente os principais quadros de Secretaria da Defesa. A continuidade com o CPD manifesta-se pela presença de veteranos de equipa B, como WilliamR. Van Cleave. E, sobretudo, pela continuidade da acção: designação do inimigo comunista (desta vez os perigos chinês, norte-coreano e iraniano tomaram o lugar da ameaça soviética); rediscussão dos tratados de não-proliferação; militarização do espaço; militarização da segurança interna. A 12 de Maio de 1996, os homens do CPD reuniram em Praga trezentos responsáveis políticos e militares, europeus e norte-americanos, para lançarem uma Nova Iniciativa Atlantica (New Atlantic Initiative – NAI). Afirmaram aí a nova utilidade da NATO após a dissolução do Pacto de Varsóvia: integrar os Estados da Europa central e oriental sob o escudo americano, para fazer face ao perigo dos “Estados renegados”.
O CSP dotou-se de uma antena em Jerusalém ao assumir o controlo de uma associação pré-existente, o Institute for Advanced Strategic and Political Studies (IASPS), animado por Robert J. Loewenberg e pelo inevitável William R. Van Cleave. A 8 de Julho de 1996, Richard Perle, Douglas Feith, David e Mayran Wurmser enviaram ao primeiro-ministro israelita Benjamin Natanyahu um documento do IASPS intitulado “Uma Ruptura Apropriada: Uma Nova Estratégia para a Segurança do Território” (“A Clean Break: A New Strategy for Securing the Realm”). Nele se aconselhava a anulação dos acordos de paz de Oslo, a eliminição política de Yasser Arafat, a anexação dos territórios palestinianos, o derrube de Saddam Hussein no Iraque para desestabilizar em cadeia a Síria e o Líbano, o desmantelamento do Iraque com a criação de um Estado palestiniano no seu território, e , em troca de todas estas vantagens concedidas a Israel, a utilização do Estado hebraico como base complementar do programa norte-americano para a Guerra das Estrelas.
A 19 de Ferreiro de 1998, Richard Perle e Stephen Solarz publicaram uma Carta Aberta ao Presidente Clinton, preparada pelo CSP. Nela exigiam o derrube do regime de Bagdade. A carta era também subscrita por diversos membros do CSP, entre os quais Elliott Abrams, John Bolton, Douglas Feith, Fred Iklé, Zalmay Klalizad, Donald Rumsfeld, Paul Wolfowitz e David Wurmser. Em 1998, à custa do lobbying, o CSP consegue do presidente Clinton a criação de uma Comissão Nacional para Avaliação da Ameaça Balística. A presidência desta foi confiada a Donald Rumsfeld. Apenas a conclusão do relatório foi tornada pública, a 15 de Julho. Nela se afirma que a CIA subestimara uma vez mais as ameças, ao ignorar que a Coreia do Norte, o Irão e o Iraque disporiam, dentro de cinco anos, de mísseis balísticos capazes de atingirem o território americano.
No ano 2000, o CSP consegue a criação de uma nova comissão, desta vez para avaliar a segurança espacial. A presidência recaiu novamente em Donald Rumsfeld. A comissão, bem entendido, concluiu que se subestimava enormemente a vulnerabilidade espacial dos Estados Unidos. Interrogado pelos jornalistas sobre a origem desta ameaça, Donald Rumsfeld respondeu com o seu ar mais sério que o perigo provinha menos dos Estados do que de alguns grupos privados. Assim, um terrorista internacional, Ossama Bin Laden, disporia de uma base de lançamento de satélites e de um centro de montagem de bombas atómicas no Afeganistão.
(continua – conclui no próximo episódio, com o 11 de Setembro e a tomada do Poder pelos Neocons agrupados no CPD/CSP)
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