Dominique Wolton, o autor de “E Depois da Internet?” (Edit.Difel) esteve em Lisboa a convite do PS mas, como em todas as charadas em que os “xuchialistas” se metem só eles é que perceberam. Com a “esperteza deles pensam que vão ganhar esta guerra” de uma pequena minoria, à la Xanana, se arrogar cagar postas de pescada do alto da varanda do palácio para o povoléu, enquanto ruminam golpadas para os eleitos poderem (sobre)viver à tripa forra. Referindo-se à Internet e principalmente ao fenómeno dos Blogues pensa Wolton que “a abundância de informação não significa por si só comunicação e que, antes do mais, há que alfabetizar tecnologicamente as pessoas” – “mais do que lutar pelo acesso à informação”, que já existe em excesso e em repetições exaustivas por forma a fazer com que se acredite em mentiras e meias verdades, (digo eu) “as sociedades devem preparar o individuo para saber lidar com a informação”. É preciso saber saltar da tecnologia para a Politica, para o diálogo e para a capacidade de Mobilização, acrescentaria-mos nós. Mas das ideias de Wolton a Comunicação Social Corporativa concluiu e sintetizou nos títulos aquilo que mais lhe interessa:
"Com as excepções a confirmarem a regra, o jornalismo português não é mau – é péssimo”
Baptista Bastos, Jornal de Negócios, 30/6
Mas então, indo ao essencial, o que é que se pode entender por “jornalismo” e “jornalista”?,,, não será o Jornalismo "uma forma social de produção de conhecimento"? e como tal a sua definição não estará sujeita à perspectiva de classe consoante o ponto de vista pelo qual é encarado? - ora aqui é que está o gato(*),,,
de “Jornalismo, Grupos Económicos e Democracia” de Fernando Correia (Prof.ISCTE), Edit. Caminho:
"Na perspectiva dos diversos protagonistas que, de um forma directa ou indirecta, participam ou são alvo do processo informativo e, de uma forma mais geral, do processo comunicacional em que aquele se integra, os Media, principalmente os grandes orgãos de informação com maior repercussão na opinião pública, estão longe de ser vistos de uma maneira semelhante. Vejamos muito sintéticamente, - uma realidade complexa:
- para os jornalistas, principais agentes produtores directos das noticias, os Media são, essencialmente, um espaço de informação.
- Para os patrões, são um produto – económico, desde logo, mas também, inevitávelmente, politico e ideológico.
- Para os publicitários e anunciantes, são um suporte de anúncios, tal como os outdoors ou outro qualquer meio de chegar às pessoas e convencê-las a comprar a marca X.
- Para os dirigentes politicos, e cada vez mais também para os desportivos, os Media são um instrumento de luta pelo poder e de exercicio de poder – palco quase exclusivo do confronto politico e do combate não tanto de ideias (nomeadamente na televisão) mas de personalidades.
- Para os cidadãos, os Media tendem crescentemente a constituir um espaço de participação, em substituição de instrumentos tradicionais da vida democrática (partidos, sindicatos, reuniões, debates). Não é por acaso que cada vez mais se utilizam termos como “teledemocracia”, “partido mediático”, etc.
- Para os trabalhadores, sindicatos, grupos minoritários, movimentos não governamentais, grupos alternativos, etc,,, os Media revelam-se como um privilegiado espaço de reinvindicação, de esposição e de revelação de situações e de objectivos de luta.
- Para determinados sectores da intelectualidade e das profissões liberais (advogados, médicos, historiadores,,,) os Media constituem também uma preciosa, e bem aproveitada por alguns, instância de visibilidade e, por essa via, de legitimação e de credibilização – tema este excelentemente tratado por Pierre Bourdieu.
- Para a grande parte das pessoas, nomeadamente num país como o nosso, os Media são o principal ou mesmo o único instrumento de conhecimento – o que sabem, para alem da sua própria experiência concreta e do circulo que as rodeia, sabem pela televisão, instituida, na prática, em exclusiva fonte de saber, de entretenimento, de lazer e de cultura".
* o Gato de Schroedinger
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