A “globalização” e os off-shores são um caso de polícia?
O urro de guerra que leu Marx do avesso“capitalistas de todo o mundo,uni-vos” ao acabar com as fronteiras para o capital, trouxe consequências dramáticas para a estabilidade social nas sociedades mais desenvolvidas em todo o mundo. Mas talvez se lixem.
Diz-nos a gigantesca máquina mediática ocidental, que no mínimo tem uma relação polémica com os estereotipos publicitários, que a causa radica na emergência da China, (em disputa com os EUA como maior potência mundial) e que essa é a ameaça que pesa sobre as nossas vidas. Infelizmente, para a credibilidade desses asnos, é mentira. Como o fotógrafo de “Blow Up”, se ampliarmos as fotografias oficiais sentimos emergir das novas imagens realidades invisíveis a olho nu.
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O agravamento das condições de acumulação capitalista pós-Reagan (depois do flash Clinton e da ilusão do crédito gasto sobre valores futuros – uma espécie de Guterres de além-Atlântico) conduziu directamente ao golpe neocon de 2001; a falência da Enron e de outros sectores chave da Economia virtual nos EUA que se lhes seguiu e pôs o mundo à beira duma bancarrota global foi a causa directa do 11 de Setembro (estamos na ressaca); e a liberalização, desregulamentação e privatização impostas aos Estados nacionais por acordos (desastrosos como o NAFTA no caso do México) ou da OMC (que agrava a pobreza no 3º mundo em geral) concorrem para abrir aos negócios das Corporações Multinacionais (mais de 90% dos capitais sedeados em Wall Street são norte- americanas e israelitas) amplos sectores, antes administrados sobre perspectivas de interesse social, que passam agora a ser geridos em função das brutais politicas de maximização dos lucros a qualquer preço (que inflacionam veladamente o custo de vida, criam desemprego em massa e acabam com a segurança social que já pagámos – sendo os Fundos existentes desviados para fins completamente alheios à sua função).
As mais valias assim arrecadadas pela alta Finança mundial e pela Banca concentrada num polo principal (EUA) e nos dois pólos subsidiários dependentes (UE e Japão) são investidos no circuito económico asiático sob a forma de Fundos de Investimento Directo (FDI).
A China, o maior atractor de FDI, segundo o relatório UNCTAD de 2002, tinha aumentado o volume investido na década anterior em cerca de 34% e a produção exportada em mais de 40%. Mas, na China, desde que privatizou o seu sector estatal para poder concorrer no mercado pré-definido pelos americanos, o tecido empresarial é agora constituido na maioria por empresas estrangeiras multinacionais – quem não investiria num país com um potencial de mão-de-obra de 1,3 biliões de pessoas que ganham no máximo 55 cêntimos por hora?
As novas tecnologias tornaram possivel às Corporações transnacionais produzirem mercadorias a custos cada vez mais baixos, acrescentando-lhe ainda valor pela venda de maquinaria, segmentando a divisão social de trabalho e exportando as tensões laborais para paises e regiões geograficamente afastadas. É um descanso para os nossos ideólogos neoliberais ver o que resta dos Sindicatos bramar nos boulevards e avenidas desertas – enquanto só do porto de Yentian saem 33 mil contentores por dia (enquanto houver combustível).
gravura Monthly Review
Claro que a China tira partido desta situação de forma inteligente servindo-se dela para criar uma classe média que possa sustentar e servir de motor ao desenvolvimento social no futuro “puxando para cima” milhões de chineses das classes mais baixas que sobrevivem ainda na mesma forma ancestral rudimentar nos campos. Entretanto, do lado de cá, os nossos dirigentes há muito que deixaram de se conformar com as antigas aspirações da plebe enquanto, em malabarismos cada vez mais grotescos, os investimentos são usados para concentrar a produção intensiva, externalizando os custos sociais e ambientais das empresas de que são mandatários. Os paises, porque demasiado caros, que perdem capacidade na competição para atrair FDI são forçados a gerir os seus problemas financeiros com austeridade. E para gerir a “crise” os blocos centrais neoliberais apresentam-se como sendo a única alternativa possivel. São eles e o Scolari na selecção nacional. Estamos no reino fantástico do Economês, que se recusa a si próprio como ciência politica, que não está já dependente das nossas intenções racionais, mas sim de desejos inconfessados e incompreendidos de meia dúzia de luminárias que respondem pelo nick de Chicago Boys acessorados pelos fedelhos da London School of Economics. Voltámos que nem ginjas ao trágico e sórdido universo do judeu Kafka onde “só o que acontece é possivel”.
No caso do gigantesco défice dos EUA, a via adoptada de gestão definida pelas corporações do Complexo Politico Militar, que não podia, nem pode, ser outra coisa senão Neocon (ainda que possa vir a ser próximamente travestida , mascarada de “Democrata”) foi a via da Guerra de agressão, seja para pacificar mercados (!) seja para garantir matérias primas fundamentais onde mais lhes aprouver e decidirem. E atrás desta politica arrastam um cortejo de serventuários sem-pátria assalariados pelo Pacto da NATO. Em nome de uma Élite mundial (desterritorializada) que não congrega mais de 4% da população milionária (que quando muito chega aos 20% levando em conta o sector parasitário dos Serviços), as comunidades locais são abandonadas à sua sorte. Apenas como “oportunidades de negócio” agora lhes interessam, como está a ficar claro até nos investimentos em promoção pelo Relatório Stern, um ex-gestor britânico do Banco Mundial, nas futuras catástrofes climáticas. Como os acontecimentos demonstram, diz ele no estudo, “assistiremos a um movimento populacional em grande escala, que desencadeará conflitos regionais. Não hesitem: peçam a nossa “ajuda”. Esta filosofia radica e encaixa de forma perfeita na velha doutrina do judeu Kissinger, o jovem professor de Harvard protegido do banqueiro Rockefeller e um dos fundadores do grupo Bilderberg , que em tempo rezou a missa malthusiana do excesso de população mundial como ameaça à segurança e como prejuízo para o bom desempenho económico dos Estados Unidos. E o que teria o ancião Kissinger vindo fazer a Portugal logo imediatamente a seguir ao Cavaco ter garantido o lugar de presidente? -Teria vindo explicar-lhe pessoalmente ao seu brilhante staff neocon os termos do projecto Haarp?
Está desenhado o cenário onde vão decorrer os próximos capítulos de uma História que não pode ser senão monstruosa. As máquinas administrativas locais têm custos que precisam de ser minimizados, e os governos nomeados pelos obscuros poderes económicos (não eleitos) são encarregados e limitam-se a esmifrar até ao tutano os “consumidores” da forma mais eficaz, cujo único objectivo é que os impostos viabilizem pagar-se a si próprios como gestores de sucesso de forma generosa, e nem tanto aos funcionários do Fisco e às forças policiais que tratam da repressão.
É portanto perfeitamente integrado, porque co-autor desta trama diabólica, que o grupo BES (que se suspeita financiou o partido de Paulo Portas, e por tabela a medalha que lhe foi atribuida pelo Pentágono), nomeadamente através da Escom, ou da subsidiária Escom China Beya, exercem a sua actividade – embora pretendam fazer parecer que não têm nada a ver com isso. Na procissão neoliberal nem falta a defunta alma do santo Padre da Polónia colonizada pelos investimentos do Américo Amorim, tampouco a Opus Dei feita BCP nem os seus maiores lucros polacos, para se benzerem a todos uns aos outros
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