Ao contrário da Internet onde existem milhares de referências, como se suspeitava por antecipação, este evento onde se participou com mais de 200 teses postas à discussão e ao qual assistiram centenas de participantes para colocar questões sobre linhas de conduta futura para a Esquerda, não encontrou espaço noticioso na "grande imprensa". Só hoje, ao fim do 3º dia (como compete a todos os cristos políticos) a notícia do Congresso se deu à estampa, numa nota marginal de rodapé a 1/8 da página 22, ainda assim para tabloidizar que "Louçã acusou a elite cavaquista" sobre o caso BPN. Maior destaque ao Congresso seria dado também hoje na coluna de Vasco Pulido Valente (Público) E quanto maior, mais bronco. VPV dá à estampa a maior diatribe jamais vista destinada às massas imbecilizadas pela "boa imprensa". É pena não ter estado presente, ter ficado de fora, senão ouviria pelo feed-back de Zygmunt Bauman que: "a produção natural de resíduos operada pelo progresso (do staus quo) estende-se agora, na cartografia geral, aos humanos. Os resíduos humanos encontram-se nos territórios da alteridade, no exterior das fronteiras e são, acima de tudo, o resultado angustiante de uma perversa combinação de lucro desenfreado e hipocrisia cultural" - senão mesmo do embuste que encobre a verdade para esconder a ladroagem de colarinho branco. É esta classe*** que VPV representa nos Media, quando afirma que "os governos tomaram medidas "socialistas" de nacionalização ou fortalecimento dos bancos com o dinheiro do contribuinte" - o que não é de todo verdade: a administração do BPN, o PSD em peso (um dos quais é conselheiro de Estado nomeado por Cavaco) pura e simplesmente roubou (é o termo) milhões para os depositar, via off-shores em contas pessoais que gerem fortunas (e agora os prejuizos serão distribuidos pelos contribuintes - essa é que seria a redacção correcta!):
Sobre o que disse quanto ao Congresso em si, não vale a pena perder muito tempo com tão ruim defunto: "o proletariado quase desapareceu" disse VPV acrescentando: "é um extrato, coisa muito distinta de classe" *** - fica claro, lá pelas tascas ideológicas que o remuneram: não o vê, logo não existe ( (e no entanto elas movem-se - as classes não são necessariamente uma comunidade visivel organizada, são pessoas dispersas cujas situações são definidas em relação à sua posição na estrutura do Mercado) - assim como não enxerga "a luta de classes como motor da História" - não entendendo que uma classe não se define como se fosse um ajuntamento de pessoal dentro de um qualquer quartel, como aqueles de onde Cavaco profere os discursos em linguagem de "economia de guerra" - que é aquela que está a dar e a única que os grandes comentadores do regime entendem.
Pulido Valente (apelido comercial adoptado como herança de um comunista) ignora as três correntes principais europeias: a filosofia clássica alemã, a economia política clássica inglesa e o socialismo francês; ignora o Materialismo Filosófico e a Dialética e por último "falsificou e distorceu informação para confirmar a sua filosófica tese" (palavras de VPV sobre Marx) ácerca da concepção materialista da História para a reduzir a uma análise resumida do "estudo da sociedade inglesa do século XIX" - é quase impossivel imaginar um redactor de populismos mais charlatão.
Quem não leu o embróglio do BPN no Público do último sábado, pode fazê-lo aqui
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Uma simples mistificação dos economistas da escola neoliberal norte-americana, fazendo tábua rasa da distinção entre o Valor de Uso e o Valor de Troca das mercadorias de Karl Marx em “O Capital” moldou o mundo do pós-guerra tal e qual o conhecemos. Neste sentido, só o Presente é nosso, não o momento passado nem aquele que aguardamos, porque um está destruido, e do outro, se não lutarmos, não sabemos se existirá.
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