vinda de Espanha, eis a crise concreta explicada em 5 minutos: em princípio, os culpados são os sem-abrigos, porque não têm poder de compra
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o “Declínio do Capitalismo” é uma ideia antiga que foi expressa em livro pela primeira vez pelo economista marxista russo Ievgueni Preobrajenski; a obra consiste num estudo teórico sobre a grande crise do sistema capitalista iniciada em1929 - só "resolvida" pela 2ª grande guerra mundial.
Por tradição da Esquerda, a degradação do capitalismo e a ideia de colapso está associada ao declínio do Estado. Conquanto nem a designação de “o Capitalismo” nem a de “o Estado” representem no presente o mesmo significado dos primórdios da era da industrialização do tempo de Marx, há que definir os dois conceitos hoje, mantendo a compreensão da natureza de classe do Estado, embora o papel actual deste esteja dissimulado pelo fetichismo (do espectáculo) que as classes dominantes lhe associam – no essencial é a relação entre economia e política que conta – vista pela lente daquilo a que Lenine chamou “o instinto de classe”: e são factos correntes que as personagens que gerem as corporações económicas já não se distinguem dos delegados que gerem tarefas políticas, duas vertentes que aliás transitam e se interseccionam entre si, não à margem, mas dentro do aparelho de Estado.
Na medida em que não dispomos de meios (de participação democrática) para alterar este panorama (como Rosseau dizia aos ingleses: vocês só são livres no dia das eleições) há que compreender o Neoliberalismo a partir da dinâmica da luta de classes: as classes não são uma comunidade organizada, são pessoas dispersas cujas situações são definidas em relação à sua posição no mercado. A fusão entre economia e política explica per si qual é o papel do Estado no processo de acumulação capitalista e deixa claro qual é a classe dominante no processo.
No regime de acumulação financeirizado mundial (Chesnais: “a Mundialização do Capital”) o Crédito, ou seja, a função monopolista da rede de criação de Dívida, ocupa um papel central (como no Liberalismo clássico o Banco Central ocupava em relação ao Estado), no sistema capitalista globalizado os principais actores da esfera financeira deixaram de ser os Bancos para passarem a ser as organizações financeiras, holdings, empresas financeirizadas, fundos de investimento isentos de soberania nacional, fundos de pensões nacionais (públicos) ou privados, tudo o que se joga(va) hoje sem escrúpulos na imensa roleta de casino em que se transformou a economia mundial.
Ao estudar os limites d“o Estado na sociedade capitalista” (Nicos Poulantzas) os euro-neo-marxistas concluem, valha-lhes isso antes do suicídio, que estamos longe do emprego do termo “Capital” como Dinheiro (Moeda) do tempo do Liberalismo clássico e dos Bancos como caixas de depósitos de poupanças – de que vale às classes médias poupar, como Sísifo, se a rede de emissores de papel moeda imprime dinheiro sem trabalho nem valor acrescentado deitando no caixote do lixo da hiperinflação essas poupanças? – o termo capital-dinheiro foi utilizado por Marx sempre para designar o Capital na forma monetária, nunca como forma autónoma de Capital que vence juros e se multiplica (replica) de forma cancerígena sobre si mesmo.
A actual ofensiva das classes dominantes desterritorializadas que se movem através das redes de investimento sedeadas em offshores contra o Trabalho e contra os Estados nacionais é feita em nome do Capital Financeiro – empreitada que se designa genericamente por Neoliberalismo, doutrina que reduz a Política ao desempenho mediático de figurantes com a mera função de papagaios recitativos, cujo discurso oculta as deliberações das corporações financeiras multinacionais. São precisamente estas que estão em crise de sobreprodução o que gera a quebra na concessão de Crédito por a capacidade de Consumo se ter esgotado em milhões de pobres para que houvesse uma acumulação desmesuradamente desigual para os ricos.
O Neoliberalismo está em processo acelerado de falência, mas o Liberalismo, e a social-democracia que lhe estava associada ao tempo das funções clássicas dos bancos nacionais, é uma carta obsoleta fora do baralho da História.
Adenda
Conceitos elementares como “poder” “desigualdades” e “classes sociais” nas sociedades ocidentais contemporâneas são fundamentais para as ciências sociais, nomeadamente para a Geografia, na medida em que as diferentes formas físicas e humanas de apropriação e de transformação dos espaços traduzem relações de poder e as desigualdades sociais presentes nas estruturas sociais, que se espelham e se interpenetram com as estruturas espaciais. Atendendo ao papel basilar de autores clássicos no desenvolvimento da análise sociológica do poder e das desigualdades sociais, expõem-se no link abaixo as principais dimensões da teoria das “classes sociais” (Karl Marx) e da “estratificação social” (Max Weber)
ver Helena Machado, Universidade do Minho, in “Geo-Working Papers”
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