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sexta-feira, maio 07, 2010

Escutas

No liberalismo clássico as grandes questões eram resolvidas no Mercado. Peixeiras, mulheres e homens das hortaliças, o gestor da boutique da fruta, o fabricante de balanças,
etc. davam expressão à livre iniciativa, os fiscais vigiavam atentos, o governo limitar-se-ia à cobrança do dízimo; e aquela industriosa balbúrdia funcionava às mil maravilhas em proveito de todos. Embora um pouco distorcida pela realidade do neoliberalismo, lá no fundo (corrupto) ainda hoje é pouco mais ou menos assim, embora os bastidores onde há cada vez mais concorrência do palimpsesto governativo tenham agora ganho desmesurada importância. O mercado alterou-se e com ele as condições da expressão livre, enfim, transferiu-se para a virtualidade das televisões – sua badalhoca, bufa!, traidora!, foi o que pela surrelfa se escutou – facto: uma ex-peixeira do canal tablóide de Estado foi jantar a casa de outra privada, ouviu uns zun-zuns e foi botar a boca no trombone ao fiscal do governo na Banca – “vão ser atacados pela TVI, pá”. Ora, qual é o problema? Compra-se essa merda e acaba-se já com a caldeirada, pá!
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1 comentário:

Diogo disse...

Temos agora a Internet. Façamo-la chegar aos apaniguados das telenovelas, do futebol, da missa e do fado.