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sábado, maio 01, 2010

o 1º de Maio é vermelho



Numa das principais cidades do coração do centro capitalista global são esperadas cerca de 100 mil pessoas para "uma grande manifestação" na sequência da vergonhosa lei contra o excedente de imigrantes no Estado do Arizona. Para além do número irrisório (80 mil juntou Lisboa no Rossio contra a guerra no Iraque) o dia dos trabalhadores converteu-se ali numa jornada de luta pela aceitação dos trabalhadores estrangeiros que desempenham as tarefas consideradas socialmente pouco dignificantes que mais ninguém aceita fazer. Realmente, numa sociedade onde praticamente ninguém trabalha em produção material (que não seja a indústria da guerra) que raio de sentido fará comemorar o dia do trabalhador não alienado? (fonte)

O Estado vai acudir aos proletários?

da intervenção no lançamento de A Crise Crónica ou o estádio senil do Capitalismo pelo seu autor, Tom Thomas:
IV “Abordo aqui a mais falaciosa e mais perigosa fraude difundida por toda a esquerda dita antiliberal, trotskistas incluidos. Segundo esta corrente, o Estado poderia domesticar e limitar a finança e desse modo suprimir o desemprego, ou até mesmo humanizar o capitalismo. Sem dúvida, o Estado tem um papel activo muito importante. Mas esse papel é, e não pode deixar de ser, o da reprodução da sociedade tal como ela é, da sociedade capitalista. A força que continuam a ter as ilusões que imaginam a nação como uma comunidade e o Estado como representante, organizador e garante do interesse geral, mostra a importância de as combater. Este é um ponto essencial que distingue nitidamente o marxismo revolucionário daquela esquerda que se agarra à fórmula viciada do antiliberalismo.

As soluções dos antiliberais consistem todas elas em querer restringir a concorrência e a liberdade do capital financeiro. Reclamam portanto que o Estado burguês reforce o proteccionismo, favoreça as empresas nacionais, restrinja o papel da finança mundializada, numa palavra, que nacionalize um pouco mais a economia. Mas reclamar ao Estado que dê mais ajudas aos capitalistas é garantir os seus lucros e reforçar o seu poder – o que criaria para os proletários uma situação ainda pior que a de hoje. A corrente que se diz antiliberal e não anticapitalista é puramente burguesa. Reflecte inquietações das camadas médias (mas também de algumas fracções operárias). Não passa de uma expressão particular da tendência geral do capitalismo moderno para o totalitarismo estatal, tendência que se torna mais influente à medida que se verifica a inoperância da via reformista de uma certa melhoria das condições de vida dos assalariados, como a crise actual testemunha. É por isso que hoje já não existe mesmo essa ténue diferença que outrora parecia distinguir a ala esquerda da ala direita do campo burguês. Pior ainda, a corrente antiliberal contribui fortemente para reforçar as ideologias nacionalistas e estatistas e portanto alimenta as tendências fascistas, que são a sua exarcebação.

Quer se trate do Estado do capitalismo “selvagem” liberal pretendido pela direita, quer se trate do Estado pretendido pela esquerda “antiliberal”, nada pode mudar a situação dos proletários. A situação dos proletários só pode mudar na luta pela abolição das relações capitalistas.

O que é necessário no imediato não é reclamar ao Estado capitalista mais proteccionismo, mais nacionalizações, mais crescimento, mais trabalho, mas, pelo contrário, apoiando-nos no aspecto positivo que representa a produtividade elevada, exigir para cada um menos trabalho alienante, repulsivo, através da partilha das riquezas que as máquinas permitem produzir com abundância. Trabalhar menos e de outra forma é uma fórmula que resume bem este projecto. O interesse deste livro é pois, em resumo, mostar que a exploração dos proletários pelo capital está a entrar em choque com os limites da relação capitalista, a qual tende a reduzir mais e mais o trabalho operário. Sem o querer, o capitalismo criou um extraordinário potencial de progresso para libertar a humanidade do trabalho alienado, o que equivale, no fim das contas, a abolir tanto o proletariado como a burguesia. (o designio clássico em Marx)

ler também de Tom Thomas:
Trabalharmos todos menos, de outra forma
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4 comentários:

Diogo disse...

«O interesse deste livro é pois, em resumo, mostar que a exploração dos proletários pelo capital está a entrar em choque com os limites da relação capitalista, a qual tende a reduzir mais e mais o trabalho operário. Sem o querer, o capitalismo criou um extraordinário potencial de progresso para libertar a humanidade do trabalho alienado, o que equivale, no fim das contas, a abolir tanto o proletariado como a burguesia»


Afinal, Xatoo, pé ante pé, vais ficando de acordo comigo.

xatoo disse...

carissimo Diogo
a abolição das classes sociais será o fim último do comunismo. Não se pode estar de acordo com alguém que se manifesta anti-comunista e que pensa que a tecnologia venha a assumir o primado perante o trabalho do Homem na transformção da natureza em se beneficio geral. Ainda mais, não se pode estar de acordo com alguém que cita o fundador da Ford Foundation e o Klu Klus Klan como fontes como se coubesse aos patrões a condução do processo de libertação dos trabalhadores. Por último, cabe lembrar que a chave para a compreensão do aqui citado está no estudo e interpretação do marxismo.

xatoo disse...

o que é o Marxismo-Leninismo?
http://accioncomunista.jimdo.com/clases-de-comunismo/marxismo-leninismo/

CRN disse...

Pode mesmo passar por aqui: "O que é necessário no imediato não é reclamar ao Estado capitalista mais proteccionismo, mais nacionalizações..."

Saudações