Pesquisar neste blogue

domingo, dezembro 12, 2010

cortes nos orçamentos

Há décadas que o Estado social está a ser assaltado por individuos que realizam negócios e sugam lucros ilegais do erário público, gerido por amigalhaços. Ex-administrador da EDP recebeu "como contrapartida da adesão ao plano delituoso gizado por Manuel Godinho (figura de referência junto do Partido Socialista segundo as investigações do processo Face Oculta) um automóvel da marca Mercedes, modelo SL500 no valor de 50 mil euros. E ainda outras contrapartidas para favorecer outras empresas do mesmo Godinho (CM). Existem centenas e centenas de casos similares nunca julgados, ou outros de reduzida importância que o foram, não existindo porém ninguém de relevo condenado por corrupção.

Para pagar os custos desta e de outras vicissitudes, o Governo resolveu torpedear o contrato assinado para 2011 com um honesto grupo de Teatro e cortar-lhe 23 por cento da verba a receber (ler manifesto). É uma opção política. Trata-se, evidentemente, de censura financeira à liberdade de criação. Mas os 150 mil euros que o Teatro Municipal de Almada não irá receber dará para pagar 3 Mercedes a furtempresários godinhos "socialistas".

Os politicos nos governos, não acreditam que são meros funcionários das vontades com que foram eleitos. Que fazer com vigaristas que, uma vez chegados aos postos de gestão pública rasgam os votos e trabalham em programas de sentido diametralmente oposto à da vontade popular expressa em eleições? - Jorge Palma, ontem em Almada: "queremos o nosso dinheiro de volta!"



Éramos mais de mil os que fomos dar um abraço (azul, da cor do seu Teatro) à obra de 40 anos do Joaquim Benite, para que "seja desmascarada a politica encapotada de enfraquecimento das Companhias teatrais livres (e outras obras da cultura, cortando as verbas dos miseráveis contributos do Ministério de 0,7% para 0,4%) com o pretexto da crise. Atendendo ao total do orçamento de Estado de 177.000 milhões de euros ( que inclui blindados, submarinos e contrapartidas) estes subsidios quadrienal representam 0,0016%, o que é uma verba insignificante. No Público saiu a noticia do acção de protesto no TMA (manipuladora como sempre) com metade do espaço gráfico ocupado com a fotografia da Ministra em pose de mona lisa.

Com passo firme se passeia hoje a injustiça
Os opressores se dispõem a dominar por dez mil anos mais
A violência traz a garantia: “tudo continuará igual”
E não existe outra voz senão a dos dominadores
E no mercado grita a exploração: “Agora é que vou começar!”
E entre os oprimidos, muitos dizem agora:
“Jamais se logrará atingir o que queremos”

Quem ainda estiver vivo não diga nunca “jamais”
O que é firme não é firme
Tudo não continuará igual
Quando quem fala são os que dominam
¿Quem pode atrever-se a dizer “jamais”?
¿ De quem depende que a opressão continue?
De nós mesmo
¿ De quem depende que ela acabe?
De nós mesmo também

Que se levante aquele que se sente abatido
Aquele que está perdido que combata!
¿ Quem poderá deter aquele que conhece a sua condição?
Se os vencidos de hoje são os vencedores de amanhã
E o jamais se converte em hoje mesmo

Bertolt Brecht, Ode à Dialéctica, 1932

Sem comentários: