“Eu penso que estamos precisamente no início da fase que chamo de Nova Idade Média” (Parag Khanna, in "How to Run the World: Charting a Course to the Next Renaissance”)A primeira experiência prática do Neoliberalismo foi feita na América Latina, como modus operandi do capitalismo na apropriação de recursos pelo imperialismo norte americano . A doutrina foi aplicada no Chile depois da operação paramilitar do secretário de Estado Henry Kissinger e da CIA no derrube do governo pró-socialista de Salvador Allende em 1973 (em circunstâncias actualmente ainda a ser investigadas pela reabertura do processo-crime contra os responsáveis pelo assassinato do presidente eleito). Na Argentina não houve necessidade de intervenção violenta na forma mediática. Estabelecida a ditadura do coronel Videla os crimes foram sendo ocultados e o Neoliberalismo foi instalado por via administrativa no inicio da década de 1990. Entre 1992 e 1998 a economia cresceu a um ritmo de 6% ao ano, financiada pelo FMI-Banco Mundial, acumulando um défice de mais de 60 mil milhões de dólares. No ano 2.000, a Argentina declarava a bancarrota. Os responsáveis pelos milhares de assassinatos na Argentina continuam a ser julgados.
Este processo de apropriação de recursos naturais e contenção sociológica dos regimes neo-colonianistas na América Latina foi concebido no desígnio capitalista de angariar meios que pudessem sustentar a voracidade do sistema de dominação global, como antes tinham sido chamados a pagar as crises os países emergentes da Ásia (1992) o Japão (1994) a Rússia (1996) o México e o Brasil (1998) e a supracitada Argentina (2001), pela via económica,,, e depois o Afeganistão (2001), o Iraque (2004) e a Libia (2011) pela via militar.
a argentinização da Europa
No inicio do século XXI o mundo financeiro de Wall-Street e os seus acólitos determinaram que quem haveria de pagar a crise eminente no sistema-mundo ocidental seria a Europa. Criaram o Euro. E as zonas de economia frágil situadas na periferias europeias ficaram à mercê de uma moeda excessivamente forte, que lhes impediu o crescimento. Em Portugal ficámos exactamente no mesmo ponto da Argentina quando aceitou equiparar a moeda local, o Peso, ao Dólar, e lançou o programa radical da direita, de desestruturação do sector produtivo, de privatizações das empresas públicas, de desregulação do mercado de trabalho e de abertura incondicional ao capital externo. Actualmente o equivalente a 80% do PIB da dívida externa portuguesa é detida por investidores estrangeiros; na Grécia 75%, na Irlanda 83%, enquanto nos EUA a divida na mão de estrangeiros é apenas de 31% (fonte). Os resultados na Argentina são conhecidos: desembocaram no “cazarolazo” e na adesão massiva da classe média ao protesto como forma de tentar evitar a extinção do seu modo de vida.
3 comentários:
Governados por políticos amadores pagos como se de profissionais se tratassem, é o que nos espera.
crise qual crise? os hotéis no Algarve estão a abarrotar por estes dias e o Cuentrão é + importante para o futuro do país.
isto é que vai uma crise
ora essa
o melhor remédio para a crise é dar-lhe férias. Devemo-nos recusar a trabalhar o mais possivel para evitar que nos extraiam mais valias e nos roubem impostos para sustentar parasitas. Boicote completo a este governo. Devemos produzir apenas o minimo para a auto-sustentação das familias
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